As besteiras de Lula (I)
A quem votou em Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno de 2022, como 63,15% do eleitorado de Campos, a má vontade com o presidente Lula (PT) é regra. Mas mesmo entre os 36,86% dos campistas que votaram no petista, sobretudo aos que o fizeram por rejeição a Bolsonaro, incomodam as besteiras que Lula anda dizendo. Que ganharam projeção mundial. Após visitar a China, Lula esteve no domingo (16) em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. Onde acusou os EUA e a Europa de darem “contribuição para a continuidade” da Guerra da Ucrânia. E nivelou a invasora Rússia à vizinha invadida: “a decisão da guerra foi tomada por dois países”.
As besteiras de Lula (II)
A primeira declaração polêmica de repercussão internacional foi dada por Lula ainda na China. Na última quinta (13), ele defendeu o uso de uma moeda alternativa ao dólar no comércio internacional entre os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Pode ter sido só uma bravata para agradar os chineses, em guerra comercial aberta com os EUA. Mas o petista desempenhou seu papel como presidente do Brasil em visita ao seu maior parceiro comercial. Trouxe uma tática geopolítica embutida: pois Lula não conseguiu nada de concreto ao Brasil dos EUA, em sua visita anterior, de fevereiro. E trouxe R$ 50 bilhões em acordos com a China.
As besteiras de Lula (III)
Até que Lula desembarcou nos Emirados Árabes no domingo. Onde também conseguiu fechar parcerias no valor de R$ 12 bilhões. Mas disse suas besteiras sobre a Guerra da Ucrânia. Não só porque passou do limite na provocação aos EUA, metendo também a União Europeia (UE) no bolo, como por princípio ético universal: colocou no mesmo patamar a agressora Rússia à agredida Ucrânia, como se esta fosse culpada por reagir à invasão armada ao seu território. Em paralelo ao que condena a esquerda identitária que votou em peso na sua eleição, Lula culpou a vítima pelo estupro. Prática, aliás, disseminada entre os soldados russos na Ucrânia.
As besteiras de Lula (IV)
As provocações aos EUA e à UE foram ainda mais desastrosas pelo contexto. Lula falou em Abu Dhabi já sabendo que o ministro das Relações Exteriores da Rússia, o experiente Sergey Lavrov, estaria no Brasil na segunda (17). Na qual o principal parceiro de Putin na Guerra da Ucrânia iniciou um tour entre os seus aliados latino-americanos: além do Brasil do Lula 3, as ditaduras de esquerda da Venezuela de Nicolás Maduro, da Nicarágua de Daniel Ortega e da Cuba de Miguel Díaz-Canel, herdeiro dos irmãos Castro. O que, junto à retomada das invasões do MST no Brasil, oferece roteiro perfeito às teorias da conspiração “comunistas” da extrema direita.
As besteiras de Lula (V)
Ex-agente da KGB, antigo serviço secreto da extinta União Soviética, quem acredita que Putin é de “esquerda” precisa rever as fotos e vídeos de Bolsonaro babando diante dele, na sua visita à Rússia em fevereiro de 2022. Quando o brasileiro ainda era presidente, em tom politicamente apaixonado, definiu o encontro de “casamento perfeito”. Distinto de Lula nas críticas devidas às ditaduras da Venezuela, Nicarágua, Cuba e Rússia, assim como à Guerra da Ucrânia, a moderna esquerda do presidente do Chile, Gabriel Boric, não deu a menor pelota para Lavrov. E espelhou, no mesmo reflexo latino-americano, como o lulopetismo envelheceu.
As besteiras de Lula (VI)
Fato é que as declarações de Lula em Abu Dhabi no domingo, seguidas da visita de Lavrov ao Brasil na segunda, geraram réplicas neste mesmo dia. Tanto os EUA, quanto a UE, deram respostas oficiais e duras ao boquirroto presidente brasileiro. “Repete a propaganda russa e chinesa como papagaio, sem olhar para os fatos”, acusou o porta-voz do Conselho Nacional da Casa Branca, John Kirby. “Não é verdade que os EUA e a UE estejam a prolongar o conflito. A verdade é que a Ucrânia é a vítima de uma agressão ilegal, uma violação da ONU”, retificou o porta-voz para Negócios Estrangeiros e Política de Segurança da UE, Peter Stano.
As besteiras de Lula (VII)
Constrangedor assistir à entrevista ao vivo do ex-ministro das Relações Exteriores de Lula, Celso Amorim, hoje assessor especial, à GloboNews na tarde de ontem. Em segredo depois revelado, ele viajou a Moscou em janeiro, para se reunir com Putin e Lavrov. E, questionado por que não foi também à Ucrânia, não teve resposta. Eleito em outubro com apenas 1,8 ponto de vantagem — ou “um espirro de pulga”, na definição do jornalista progressista André Trigueiro —, Lula precisa descer do céu de brigadeiro de 2003, quando assumiu como presidente a primeira vez. Para aterrissar no Brasil e no mundo de duas décadas depois.
As besteiras de Lula (VIII)
No mundo virtual de hoje, onde a primeira-dama Janja define se o comércio varejista da China vai ou não ser taxado, pelos prejuízos que causa diariamente ao comércio brasileiro que paga CLT no Brasil, Carluxo apitando no Governo Federal não é monopólio da extrema direita. Após ter a orelha puxada pelos EUA e UE, Lula deu para trás. Ontem, em almoço no Palácio do Itamaraty para Klaus Werner Iohannis, presidente da Romênia, vizinha da Ucrânia, o petista foi obrigado a ler para se redizer: “Ao mesmo tempo em que meu governo condena a violação da integridade territorial da Ucrânia, defendemos a solução política negociada para o conflito”.
Publicado na Folha da Manhã.
hum… eu não estou nem um pouco assustado com o que o Lula está fazendo… O Léo Boff falou que ele iria fezer exatamente o que está fazendo. cade aquele cara que fez o artigo “Porque empresário vota em Lula”?