O mercado e Lula (I)
O mercado. Em Campos, a referência imediata é ao Mercado Municipal. Cuja revitalização do seu prédio histórico é tão cobrada quanto sonegada. Na verdade, mercado significa qualquer troca voluntária de bens e serviços, em espaço físico ou virtual. Segundo grande empregador de Campos, o comércio vive do primeiro, a Prefeitura. Esses lojistas, como os demais empresários da cidade, também compõem o mercado. Nele, é quase certo que a maioria dos 63,14% de votos válidos que Jair Bolsonaro (PL) teve dos campistas, no 2º turno presidencial de 2022 vencido por Lula (PT), tenha sido ainda maior. Provavelmente, bem maior.
O mercado e Lula (II)
Em contrapartida, entre os servidores públicos, como os da Prefeitura, também é quase certo que Lula tenha conseguido no 2º turno de 2022 bem mais do que os 36,86% dos votos válidos dos campistas. E, provavelmente, ainda mais entre os servidores de outros dois importantes empregadores do município e da região: o IFF e a Petrobras. Servidores públicos, de qualquer esfera, sempre estiveram entre os principais nichos eleitorais do PT. Como, entre os principais nichos antipetistas, sempre estiveram os empregadores da iniciativa privada. Que vão muito além do mercado financeiro, sinônimo quase exclusivo de “mercado” a Lula e ao PT.
O mercado e Lula (III)
A definição de mercado restrita ao financeiro, não é exclusiva do presidente e o PT. Prova disso foi a pesquisa do instituto Quaest Pesquisa e Consultoria, feita do dia 4 a 8 de maio, com 92 entrevistas em fundos de investimento de São Paulo e Rio, sobre as perspectivas econômicas do governo Lula. Divulgada na quarta (10), revelou cenário bem mais pessimista do que todas as pesquisas feitas em 2023 com o eleitor médio. E, em busca de equilíbrio, foi analisada para a coluna por dois campistas: o geógrafo William Passos, com especialização doutoral em estatística pelo IBGE; e o especialista em finanças Igor Franco, professor do Uniflu.
O mercado e Lula (IV)
Comparada com a pesquisa Quaest de março junto ao mesmo setor, o mercado financeiro demonstrou em maio tendência de queda na avaliação negativa do governo Lula. Ainda assim, se mantém extremamente alta: de 90% aos atuais 86% de negativo. O regular oscilou para cima, de 10% a 12%, com apenas 2% de avaliação positiva. Em contrapartida, melhorou muito a avaliação do mercado financeiro ao trabalho do ministro da Fazenda Fernando Haddad. A positiva cresceu dos 10% de março aos 26% de maio. Ainda majoritária, a negativa oscilou de 38% aos atuais 37%. É mesmo número do regular, mas que era de 52% há apenas dois meses.
O mercado e Lula (V)
Principal motivo de ataque de Lula ao Banco Central independente, diferente do que era em seus dois primeiros governos (2003/2010), a manutenção da taxa de juros Selic em 13,75% é considerada certa para 91% do mercado financeiro. Ainda esmagadora no setor, essa aprovação mostra tendência de queda: era de 95% em março. Para 88%, os juros cairão ainda este ano. O que, para a maior fatia de 34%, deve ocorrer em agosto. Os números são parecidos na avaliação da direção econômica do país: ainda errada para 90% (eram 98% em março) e certa para 10% (eram apenas 2% há dois meses) do mercado financeiro.
O mercado e Lula (VI)
“Não é segredo que os agentes do mercado são, majoritariamente, antipáticos ao atual governo. A nostalgia pela postura liberal, pelo menos retórica, do ex-ministro Paulo Guedes, é combinada pela lembrança trágica da recessão do governo Dilma (2011/2016). Durante e imediatamente após o pleito eleitoral, o mercado financeiro entendeu que Lula poderia reeditar o pragmatismo, principalmente, do seu primeiro mandato. Com o início do governo e a reedição de iniciativas que fracassaram há poucos anos, hoje é realista quem qualificam o Lula 3 como uma reedição do pesadelo econômico de Dilma”, avaliou o liberal Igor Franco.
O mercado e Lula (VII)
“A pesquisa foi feita com representantes de fundos de investimento de São Paulo e Rio. Cuja opinião, no entendimento da Quaest, representa a visão do mercado financeiro. Em comparação a março, houve leve melhora da avaliação econômica do Lula 3. E uma importante melhora da avaliação da atuação do ministro da Fazenda Fernando Haddad, de mais 16 pontos percentuais. A maioria dos ouvidos projeta queda da taxa Selic em agosto, já no início do segundo semestre. A média da nova taxa possível apontada pelos representantes do mercado ficou em 12,47%”, destacou o nacional-desenvolvimentista William Passos.
O mercado e Bolsonaro
Da economia à política, a pesquisa Quaest também registrou que o mercado financeiro começa a admitir seu erro eleitoral em 2022. Quando naufragou junto com o então presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem apoiou majoritariamente. E viu se tornar o primeiro presidente da História do Brasil a tentar e não conseguir se reeleger. Diante dos graves problemas jurídicos do capitão e seu entorno, 48% do mercado já vê o governador de São Paulo, Tarcísio Freitas (Rep), ex-ministro de Bolsonaro, como o principal líder da oposição nos próximos quatro anos. Papel que 34% hoje projetam no ex-presidente. O dono da banca também perde apostas.
Publicado hoje na Folha da Manhã.
Aluysio,
Tomei um susto ao saber da subida do Ícaro só hoje 18/5/23, que tão pequeno conheci no colo de Dora no meu tempo na Epidemiologia e sempre via em cada criança uma luz que me ofuscava e permanecia em mim. Depois lá estavam eles saudáveis e felizes, enormes e inteligentes com sorrisos que compensam qualquer estresse. Receba meu sincero abraço, você, Dora,Aquilles,Diva, toda família e todos que com ele conviveram na Folha. Passei por vários problemas de saúde. Tenho evitado noticiários que chocam tentando me isolar um pouco da dureza da realidade do cotidiano. Mas ainda em tempo de dizer da minha tristeza sincera e expressar meu abraço na esperança irreal de confortá-lo nessa difícil mas não verdadeira separação porque a saudade e boas memórias a morte não pode levar.
Beth Tudesco Tinoco