Cobiça pela vice de Wladimir, que debate com o PT e Rafael

Wladimir Garotinho, Frederico Paes, Rosinha Garotinho, Tassiana Oliveira, Rodrigo Bacellar, Eduardo Paes, Rafael Diniz e Jefferson Manhães de Azevedo (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Campos e Rio de 2024 no RJ de 2026

Na sua edição de 3 de junho, esta coluna adiantou (confira aqui) sobre a eleição a prefeito de Campos em 6 de outubro de 2024, daqui a pouco mais de 15 meses: “salvo o imponderável, dois nomes hoje parecem certos: Wladimir Garotinho (PP), na tentativa natural de reeleição, e o professor Jefferson Manhães de Azevedo (PT), reitor do IFF”. O debate gerado a partir dali movimentou o tabuleiro político da cidade. Que tem não só as eleições municipais de Campos do próximo ano, mas também a prefeito da cidade do Rio de Janeiro, como ponto de partida para o pleito estadual de 2026. E na definição da vice na chapa de Wladimir uma disputa à parte.

 

Frederico, Bacellar, Rosinha e Tassiana

O próprio Wladimir é categórico: “Só serei candidato a prefeito com Frederico Paes como vice. Em time que está ganhando, não se mexe”. No entanto, vereadores do grupo dos Bacellar passaram a debater o apoio à tentativa da reeleição do prefeito, mas desde que indiquem o vice da chapa. Nessa iniciativa, também estaria embutido um acordo para a próxima eleição da Mesa Diretora da Câmara Municipal, em 2025. Já no grupo dos Garotinho, se especulam para vice a ex-prefeita Rosinha (União), que estaria liberada pela Justiça até outubro de 2024, assim como a primeira dama Tassiana Oliveira (União). Wladimir nega as duas possibilidades.

 

Sarrafo de Rodrigo e Wladimir

O deputado estadual Rodrigo Bacellar (PL) elevou seu sarrafo desde que passou a ocupar, em 2021 (confira aqui), a secretaria estadual de Governo do governador Cláudio Castro (PL). Que subiu ao se eleger neste 2023 presidente da Alerj. De onde pode mirar a vaga de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), ou até a sucessão ao Palácio Guanabara. Se reeleito prefeito de Campos em 2024, sobretudo em turno único, Wladimir também pode subir o seu. E, como representante do interior do RJ, vir candidato numa chapa a governador em 2026. Daí a importância redobrada do seu candidato a vice em 2024. Pode ser o prefeito dois anos depois.

 

Eduardo Paes Rio/RJ

Por enquanto, tudo são só especulações. Mas elas estão no radar do poder no RJ, que Castro não poderá disputar em 2026. E dos dois principais líderes políticos de Campos: Rodrigo e Wladimir. Este, com pais ex-governadores que ainda têm muitos votos na populosa Baixada Fluminense. A depender do sucesso do governo Castro, principal fiador da pacificação entre Garotinhos e Bacellar, seus dois aliados campistas podem ascender no jogo estadual. Daí sua projeção em 2026 passar, em 2024, pela reeleição de Eduardo Paes (PSD) a prefeito do Rio. Como Wladimir, caso Paes se reeleja bem, aumenta suas chances de subir outro degrau.

 

No campo: Jefferson e transporte

Na célebre advertência do gênio Mané Garrincha à preleção detalhada do técnico Vicente Feola, de como o Brasil faria para vencer a União Soviética na Copa do Mundo de futebol de 1958: “O senhor combinou com os russos?” Para todos aqueles que hoje sonham em entrar no campo para brilhar no pleito estadual 2026, há antes as eleições municipais de 2024. Em Campos, Wladimir reagiu à reafirmação da possibilidade de Jefferson ser candidato a prefeito do PT de Campos, por parte do seu secretário de Comunicação, Gilberto Gomes (confira aqui). Assim como às críticas que este fez, no Folha no Ar de sexta (9), ao transporte público do município.

 

Réplica do prefeito

O prefeito foi bem (confira aqui) ao detalhar seus projetos para a mobilidade, para além do transporte público. Mas pagou recibo ao chamar Gilberto de “palpiteiro”. Bem como ao tentar ironizar a possível candidatura petista a prefeito de Campos: “Algum secretário está preocupado em Jefferson ser candidato? Eu desconheço e chego a achar que é uma invenção para ver se cola (risos)”. No grupo de WhatsApp do Folha no Ar e do blog Opiniões, o ex-vereador e secretário de gabinete do prefeito, Thiago Ferrugem (União), tentou contemporizar: “Sobre o professor Jefferson, tem nosso total respeito. E, se for candidato, teremos um debate de alto nível”.

 

Rafael em debate com o PT

O pior erro do prefeito, porém, foi colocar seu antecessor, Rafael Diniz (Cidadania), em um debate com o PT, que não tinha nada a ver com o ex-prefeito. Bem verdade que as deficiências do transporte público de Campos passaram os quatro anos de vacas magras de Rafael sem resolução. Mas vinham desde que a realidade econômica implodiu a passagem a R$ 1,00 dos governos municipais Rosinha. Wladimir disse: “Temos um projeto e está sendo colocado em prática, requer tempo, mas a direção sempre é mais importante do que a velocidade. Não adianta ser afobado, fazer errado, como fez Rafael, e caotizar todo o sistema”.

 

Réplica do ex-prefeito

Se tem evitado o debate político, desde que ficou em 4º lugar na sua tentativa de reeleição a prefeito em 2020, Rafael (confira aqui) dessa vez não se calou: “Essa reação de Wladimir só demonstra que na atual gestão sobra dinheiro e falta coragem. Não tem coragem para encarar os desafios impostos pelo sistema de transporte. Nossa gestão, mesmo sem recursos, dobrou a frota de ônibus na área central e teve coragem para mudar o papel das vans”. O ex-prefeito também provocou o atual sobre Jefferson: “Em 2020, fez de tudo para fugir dos debates comigo. E, agora, deve morrer de medo de debater com alguém capacitado como o professor Jefferson”.

 

A tréplica e os erros

Wladimir fez uma tréplica (confira aqui). Não só a Rafael, como ao ex-procurador-geral deste, José Paes Neto, que tinha debatido com Ferrugem no grupo de WhatsApp do Folha no Ar: “A opinião deles pode ter algum peso depois do desastre que proporcionaram a esta cidade?” Mas reviu sua ironia ao reitor do IFF: “Sobre Jefferson, eu não o critiquei. Ao contrário, disse que ele pode ter futuro no legislativo estadual ou federal”. Foi uma provocação desnecessária de Wladimir a Rafael que gerou, em reação excessiva de Rodrigo, a pior crise entre Garotinhos e Bacellar antes da pacificação. Para que esta se mantenha, necessário não repetir os mesmos erros.

 

Publicado hoje na Folha da Manhã.

 

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Este post tem um comentário

  1. Marcos Vinício R.Tavares

    Independente do desrespeito à democracia, realmente há várias pastas do governo que precisam de atenção. O transporte continua precário,.postos de saúde sem médicos e remédios, faltam vacinas. Está na hora do governo retirar a maquiagem e trabalhar de cara limpa.

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