“A gente vai apresentar, no mandato de Lindbergh (Farias, deputado federal do PT/RJ) uma emenda, em parceria com a Uenf, para a aquisição de um ônibus urbano. A situação do transporte público está tão grave na Uenf, com estudantes chegando atrasados às aulas, dá 21h e não tem ônibus, nos cursos noturnos todo mundo fica dependendo de uber, custos altíssimos. Vamos adquirir um ônibus urbano e fazer uma linha de transporte universitário gratuito”. Foi o que Gilberto Gomes, secretário de Comunicação do PT de Campos e assessor parlamentar da Câmara de Deputados, disse que faria no Folha no Ar da última sexta (9).
Quatro dias depois, ao lado de Lindbergh e do professor Jefferson Manhães de Azevedo, reitor do IFF e provável candidato do PT de Campos a prefeito em 2024, foi o que Gilberto confirmou ontem (13), em Brasília. A emenda é no valor de R$ 500 mil e projeção é que a linha passe a operar até o final do ano.
— Estou aqui com o nosso companheiro, o deputado federal Lindbergh Farias, que é historicamente um parceiro da educação em Campos, das universidades em Campos. E eu não poderia deixar de apresentar para a ele essa emenda importantíssima, relacionada à assistência estudantil à Uenf, onde, entre outras coisas, a gente vai fazer a aquisição de um ônibus para transporte universitário. Você sabe que o transporte público de Campos é um problema, né, Lindbergh? — indagou Gilberto ontem em Brasília.
— Jefferson, você sabe que eu era senador e Gilberto era do movimento estudantil, do DCE (da Uenf). E a gente fez uma emenda em cima do Restaurante Universitário da Uenf. Então, vocês podem contar a gente, aqui em Brasília, agora estamos no governo do presidente Lula. E podem contar com as minhas emendas para ajudar a Uenf. Assim como a gente sempre trabalhou, Jefferson, em relação aos Institutos Federais — lembrou Lindbergh.
— Posso garantir, deputado, que para o movimento estudantil, duas questões são basilares na assistência: a alimentação, que você fez uma emenda importante para o bandejão da Uenf, e a questão do transporte. E, neste momento, conseguir essa emenda para a Uenf vai fazer com que a nossa juventude universitária exerça o direito de chegar à universidade e desenvolva seu talento, para ajudar o Brasil a se transformar — pregou Jefferson.
— Estou muito feliz de te receber aqui em Brasília, Jefferson, te admiro há muito tempo, e ao Gilberto também, companheiro de muito tempo. E vocês podem estar certos que o Lula sempre olhou pelo Rio de Janeiro. E a gente vai sempre procurar oportunidades de investimentos para Campos, para a área da educação e outras áreas. Temos que pensar o desenvolvimento dessa região — prometeu Lindbergh.
— Recebi um pedido especial do DCE da Uenf, para alinhar através de uma emenda parlamentar do companheiro Lindbergh Farias, a aquisição de um ônibus urbano novinho, para operar um novo programa de assistência estudantil da universidade, o transporte gratuito de estudantes, visando atenuar a grave crise que o transporte público de Campos atravessa. O modelo é similar ao já operado pela UFF, em Niterói. O programa, que ainda terá seu formato e operação desenhado numa comissão entre os estudantes e a Uenf, poderá atender também estudantes se outras universidades públicas que tiverem a Uenf como destino — explicou Gilberto em nota.
Confira abaixo o vídeo com os depoimentos de Gilberto, Lindbergh e Jefferson:
Uma lástima. É de fato o mais grave problema de gestão o transporte público, que remonta há cerca de 40 anos, onde operavam no sistema de transporte público 14 empresas de ônibus. A partir do ano de 2010, foi incorporado o sistema de vans por decreto. Eram as vans que operavam clandestinamente. Isso, somado ao subsídio tarifário, agravou a crise, onde em 2013 foi publicado o edital 001/2013, na tentativa de salvar o sistema de transporte. Porém, com uma fórmula sem equilíbrio habilitou precariamente – por descumprimento de itens do edital, a frota por exemplo (menos 100 ônibus do que deveria) – 7 das 14 empresas em 3 consórcios. De lá para cá o subsídio tarifário foi interrompido por não atender a demanda da população, foi intensificado o combate ao transporte clandestino e, o sistema de vans foi licitado. Contudo, diante da falta de condição técnico-operacional, comum a todas as empresas, mas com mais agravantes em umas do que outras, esta medida que acertou na fórmula – sistema tronco-alimentador – não foi suficiente. Quando de minha gestão no IMTT, idealizei uma fórmula assemelhada, informada ao prefeito por ofício, porém, com a substancial diferença de indicar um novo processo licitatório para o sistema de ônibus.
Nesta gestão atual, tentaram mascarar o problema, com o subsídio do diesel e, o edital da bilhetagem eletrônica. Acontece que o sistema está capenga, composto por menos de 1/3 da frota de ônibus definido no edital de 2013. Frota está em grande parte além da vida útil. Uma falência que o relatório que produzi em 2017 indicava a possibilidade.
Hoje, 14/06/23, foi anunciado com relativo destaque, que a UENF receberá um ônibus para o transporte de seus estudantes. Nada mais ruim neste momento crítico. Primeiro devido a inserção truncada nas rotas das concessionárias e permissionários; segundo, devido a quantidade estudantes x lotação do único ônibus ser assimétrica. Isso para não incluir a superfície territorial do município.
Outra medida isolada essa da UENF, que, se tem algo de bom, é o reconhecimento tácito de que o sistema de transporte ruiu.
A medida pode inclusive -mal- inspirar outras instituições a fazerem o mesmo, cabendo só para citar, por semelhança: UFF, IFF, UCAM, ISECENSA, UNIVERSO, UNIFLU e ESTÁCIO. Ou seria isso o prometido reforço na fronta anunciado pelo prefeito? Imagino que não.
Cabe contudo ressaltar que é legítimo o direito de buscar melhorias que garantam o transporte público coletivo, desde que, no âmbito coletivo do debate público. Que se habilite a Câmara Municipal de Vereadores – onde estão vocês, nobres edis? -, para promover o debate, na forma e onde ele deve ocorrer, inclusive para cobrar a implantação do COMURB – Conselho Municipal de Mobilidade Urbana – Lei 8754/2017.
O mais é apenas uma disputa vã – não confundir com van – de continuar a tratar um problema sério de gestão como se fosse cabível, no “achismo”. Um jogo político que não interessa.