Juninho e Thiago Virgílio erraram
Primos, o vereador Juninho Virgílio (União) e o ex-vereador Thiago Virgílio lideraram a desmontagem de um protesto na manhã de ontem, no Boulevard Francisco de Paula Carneiro. Os dois erraram. Sobretudo porque um está na Câmara Municipal e o outro, além de já ter estado e hoje presidir o Agir na cidade, é um dos principais articuladores políticos do governo Wladimir Garotinho (PP). Se o protesto contra o abandono do Centro de Campos não tinha autorização e atrapalhava o direito de ir e vir do campista, cabia à Postura, à Guarda Municipal e/ou à Polícia Militar encerrá-lo. Não a partidários ou oposicionistas do prefeito. E ponto.
Coincidência? (I)
Ainda que tenha errado, necessário registrar a versão de Juninho: “Ligamos para o Edvar Júnior, presidente da CDL-Campos, e ele disse que não sabia ser protesto de nenhum comerciante. Edvar, inclusive, estava reunido naquele momento, de manhã, com o prefeito Wladimir, junto a outros empresários do Centro de Campos, para discutir melhorias para a área. O que deixa claro não ser coincidência, mas fruto de orquestração política: o prefeito debate melhorias com o setor produtivo para o Centro, no mesmo momento em que se promove uma manifestação no Centro?”, indagou o vice-líder do governo na Câmara.
Coincidência? (II)
Após a repercussão do episódio da manhã, ruim para o governo, Wladimir gravou e divulgou um vídeo à tarde nas suas redes sociais. Em que disse: “Algumas pessoas que gostam e são parte do governo, revoltados com aquela situação, desmontaram a manifestação que estava sendo feita. Eu, como democrata, respeito todo e qualquer direito à manifestação, que é legítima. Mas quem representa de verdade os comerciantes, quem representa de verdade o Centro da cidade, no mesmo exato momento da manifestação, estava aqui comigo na Prefeitura trabalhando e propondo melhorias para o Centro da cidade”.
Motivação política? (I)
Em seu vídeo, o prefeito também classificou o protesto como “um ato isolado, de uma pessoa que até conheço, mas não cabe dizer o nome. Até porque essa pessoa já se candidatou a vereador por partidos e grupos contrários ao meu”. Um dos organizadores do protesto no Centro, o comerciante Josias Silva disse que o fato dele ter sido realizado na mesma manhã em que comerciantes discutiam com o prefeito melhorias ao Centro “foi só uma coincidência”. Ele negou qualquer motivação política. Que atribuiu à CDL-Campos: “Orlando Portugal presidiu a CDL e foi para o governo municipal; Marcelo Mérida, idem. Política é na CDL”.
Motivação política? (II)
Não há como saber a quem o prefeito se referiu. O fato é que o comerciante Josias Silva foi candidato a vereador pelo PTC (hoje, o Agir de Thiago Virgílio) em 2020, quando apoiou Dr. Bruno Kalil no primeiro turno a prefeito, e Caio Vianna (hoje, PSD) no segundo. Membro da Assembleia de Deus Central, ele disputaria espaço político na igreja com o vereador governista Marcos Elias (PSC). Embora tenha dito que, no momento do protesto de ontem, este fosse composto por “cinco ou seis pessoas”, Josias garantiu à coluna que o movimento seria fruto de 265 moradores e comerciantes do Centro não filiados à CDL, Acic, Carjopa e Sindvarejo.
Thiago Rangel
Do varejo ao atacado da política goitacá, na quinta (15) o deputado estadual Thiago Rangel hoje teve o aval do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), por 7 a 0, para sair do Podemos. Segundo ele, sua decisão de concorrer ou não a prefeito de Campos em 2024 dependerá de conversa que terá na próxima semana com o governador Cláudio Castro (PL). Thiago pretende buscar o Republicanos. Mas, Wladimir já se aproximou do partido ligado à Igreja Universal, através do seu presidente estadual, Waguinho, prefeito de Belford Roxo. A intenção do prefeito de Campos seria fechar a entrada do possível concorrente na legenda.
Bruno e Caio Vianna
Ontem, quem esteve no Rio para conversar sobre as eleições municipais de 2024 foi o vereador campista Bruno Vianna. Ele se reuniu com o presidente estadual do seu PSD e prefeito do Rio, Eduardo Paes. Especula-se que, se o deputado federal Caio Vianna não quiser disputar a Prefeitura de Campos pelo PSD no próximo ano, Paes poderia querer usar Bruno como substituto. Mas, como o jovem político não se elegeu à Alerj em 2022, tende a optar em 2024 pela tentativa de reeleição a vereador. Por sua vez, Caio disse à coluna: “estou focado no mandato de deputado federal. Em momento oportuno, debateremos a eleição municipal”.
Frederico Paes
Ainda sobre a eleição a prefeito de Campos em 2024, daqui a pouco mais de 15 meses, a coluna divulgou na quarta (14) especulações internas no grupo dos Garotinho. Que davam conta do desejo da ex-governadora Rosinha Garotinho ou da primeira-dama Tassiana Oliveira, ambas no União, para vice-prefeita na chapa de Wladimir. Como este já é prefeito, sua mãe e sua esposa teriam as candidaturas vedadas pelo parágrafo 7, artigo 14 da Constituição Federal. Como o prefeito garantiu, seu vice-prefeito, Frederico Paes (MDB) segue mais firme do que nunca. “Só serei candidato a prefeito com Frederico como vice”, repete Wladimir desde 2020.
Publicado hoje na Folha da Manhã.