Feita na quarta (14), o link da postagem do blog (confira aqui) que noticiou uma emenda parlamentar para a aquisição de um ônibus para oferecer transporte universitário gratuito aos alunos da Uenf, gerou, só no Instagram, 337 likes. A interação indica a aprovação majoritária à iniciativa do secretário de Comunicação do PT de Campos, Gilberto Gomes, como assessor parlamentar do deputado federal Lindbergh Farias (PT/RJ), que assina a emenda no valor de R$ 500 mil. Mas nem todos concordam:
— Uma lástima. É de fato o mais grave problema de gestão o transporte público, que remonta há cerca de 40 anos, onde operavam no sistema de transporte público 14 empresas de ônibus. A partir do ano de 2010, foi incorporado o sistema de vans por decreto. Eram as vans que operavam clandestinamente. Isso, somado ao subsídio tarifário, agravou a crise, onde em 2013 foi publicado o edital 001/2013, na tentativa de salvar o sistema de transporte. Porém, com uma fórmula sem equilíbrio habilitou precariamente 7 das 14 empresas em 3 consórcios. De lá para cá o subsídio tarifário foi interrompido por não atender à demanda da população, foi intensificado o combate ao transporte clandestino e, o sistema de vans foi licitado. Contudo, diante da falta de condição técnico-operacional, comum a todas as empresas, essa medida que acertou na fórmula não foi suficiente. Nesta gestão atual, tentaram mascarar o problema, com o subsídio do diesel e o edital da bilhetagem eletrônica. Acontece que o sistema está capenga, composto por menos de 1/3 da frota de ônibus definido no edital de 2013. Frota está em grande parte além da vida útil. Uma falência que o relatório que produzi em 2017 indicava a possibilidade. Hoje (na quarta, dia 14), foi anunciado que a Uenf receberá um ônibus para o transporte de seus estudantes. Nada mais ruim neste momento crítico. Primeiro devido a inserção truncada nas rotas das concessionárias e permissionários; segundo, devido à quantidade estudantes x lotação do único ônibus ser assimétrica. Isso para não incluir a superfície territorial do município. Essa medida isolada da Uenf, se tem algo de bom, é o reconhecimento tácito de que o sistema de transporte ruiu. A medida pode inclusive mal inspirar outras instituições a fazerem o mesmo, cabendo só para citar, por semelhança: UFF, IFF, Ucam, Isecensa, Universo, Uniflu e Estácio. É legítimo o direito de buscar melhorias que garantam o transporte público coletivo, desde que, no âmbito coletivo do debate público. Que se habilite a Câmara Municipal para promover o debate, na forma e onde ele deve ocorrer, inclusive para cobrar a implantação do Comurb (Conselho Municipal de Mobilidade Urbana), pela Lei 8754/2017. O mais é apenas uma disputa vã de continuar a tratar um problema sério de gestão com achismo. É um jogo político que não interessa — disse em comentário no blog (confira aqui) e nas redes sociais o arquiteto urbanista Renato Siqueira, que foi diretor do IMTT no governo Rafael Diniz (Cidadania).
Nos comentários do link da postagem no Instagram, Gilberto Gomes questionou o arquiteto:
— Renato, sua leitura é equivocada devido à compreensão limitada do que se propõe este programa de assistência estudantil. Ele não pretende substituir a operação regular. Porém, enquanto perdurar a situação crítica, atenuar essa crise. Os horários serão pré-definidos e limitados aos períodos de maior gargalo. A operação se dará nos mesmos moldes em que a UFF já opera há anos em Niterói. E com sucesso. A situação grave só transporte já perdura há pelo menos 8 anos em Campos. Isso impactou diversos estudantes que, devido aos custos com transporte, não puderam se formar. É muita pretensão acreditar que apenas um ônibus, com horários limitador, atendendo somente uma linha, com claro objetivo de atender estudantes específicos, irá prejudicar de alguma forma a luta pelo sistema de qualidade. Pelo contrário, o programa deve ter prazo pra acabar, que será enquanto o novo modelo de transporte não estiver plenamente funcionando. Vamos esperar mais quantos estudantes desistirem de universidade? Até lá, o programa irá atender todos e todas que precisarem desta alternativa. Culpar essa iniciativa é culpar as vítimas. Essa alternativa teve que ser pensada porque a cidade não leva os debates de mobilidade urbana e passe livre universitário a sério. Recomendo a leitura da matéria em totalidade e aguardar a conclusão da construção do programa, que levará em consideração agentes municipais. Outro equívoco é dizer que a Uenf não cuida de sua frota. Essa leitura ainda é da época que você me deu aula de desenho técnico na Uenf. De lá pra cá muita coisa mudou. A frota é nova e com manutenção em dia. Estou à disposição para um diálogo mais profundo se preferir — propôs o jovem petista, em defesa da sua iniciativa.
— Gilberto, o debate fora do campo onde e deve ocorrer fica muito prejudicado. Em especial com o componente político, do qual fica evidente você estar participando. Lamentável também. O tema é de política pública, para ser debatido neste contexto. Os debates para a elaboração do Plano de Mobilidade local, aprovado em 2022, ocorreram entre os anos de 2018 a 2022. Não o vi em nenhum deles, embora tenham sido amplamente anunciados. Mas, se essa é a sua convicção, lamento. Volto a dizer, é uma atitude equivocada da Uenf que esbarra também na gestão da própria universidade, que é de domínio público, não só relacionado à frota. O problema do transporte público no município, Gilberto, data de pelo menos 40 anos. Busque se informar — cobrou Renato Siqueira.
Confira abaixo o vídeo divulgado pelo Gilberto na terça (13), gravado em Brasília. Em que ele, o deputado federal Lindbergh Farias e o professor Jefferson Manhães de Azevedo, reitor do IFF e provável candidato do PT a prefeito em 2024, defendem a iniciativa de adquirir um ônibus para oferecer transporte universitário gratuito à Uenf:
Vdd
Transporte coletivo se pressupõe atendimento .maior número de cidadãos….
Iniciativa paliativa mas com interferência negativa no contexto coletivo, a ser discutido
Iniciativa isolada
Coletivamente discutível