Unidos na fé
A celebração pelos 46 anos da Igreja Universal promoveu um encontro de políticos em Campos. Que, no último domingo (9), deixaram as diferenças de lado para prestigiar o dublê de vereador e pastor Anderson de Matos (Republicanos), líder da oposição na Câmara. O prefeito Wladimir Garotinho (PP) assistiu ao culto ao lado do presidente do Legislativo, Marquinho Bacellar (SD). Ambos postaram fotos também com outros vereadores e parabenizaram a Universal. “Que Deus continue usando essa importante congregação para evangelizar. A palavra que mais me marcou no dia de hoje foi sobre sacrifício”, disse Wladimir.
Comentários
A postagem do prefeito tem 140 comentários, entre eles o de Anderson: “Receber presença do senhor celebrando os 46 anos de existência da Igreja Universal é de grande relevância para o nosso município. Muito obrigado por sua presença, prefeito”. O agradecido líder da oposição segue no Republicanos, partido que Wladimir garante já ter fechado apoio à sua reeleição. Mais discreto na publicação, Marquinho postou as fotos só no story: “Prestigiando o meu amigo Anderson de Matos nos 46 anos da Universal, que exerce um papel muito importante para nossa cidade, com trabalho social, evangelizando e confortando nossos munícipes”.
Wladimir com os Bacellar
“É bastante possível com uma aliança com os Bacellar. Torna isso provável na medida em que não exista uma alternativa forte. Num cenário em que Wladimir não enfrente nenhum candidato com potencial que o ameace, a tendência é realmente que ele seja reeleito com uma votação expressiva. Se os grupos (Garotinhos e Bacellar) se unirem na próxima eleição, o cálculo do Wladimir está correto: ele deve, sim se reeleger”. No Folha no Ar da última quinta (6), foi o que o geógrafo William Passos, com especialização doutoral em estatística pelo IBGE, projetou sobre a eleição a prefeito de Campos em 6 de outubro de 2024, daqui a 14 meses.
Outros atores
No Folha no Ar do dia seguinte, na sexta (7), uma análise em sentido contrário foi feita pelo campista Frederico Monteiro, secretário parlamentar da Câmara dos Deputados em Brasília. “Eu projeto uma eleição (a prefeito de Campos em 2024) com dois turnos. Porque acho que os atores agora vão começar a surgir, a formar essa frente de oposição. Hoje, esses atores estão muito focados nas suas respectivas funções. Caio (Vianna, PSD), com o mandato dele de deputado federal. Jefferson (Manhães de Azevedo, PT) está focado na questão da reitoria (do IFF). Thiago Rangel (sem partido) está focado no seu mandato de deputado estadual. E por aí vai”.
Crias do IFF
Cria do IFF, onde se graduou em engenharia elétrica, Frederico entrou na política no governo Rafael Diniz (Cidadania), passando de 2020 a 2022 pela gestão Eduardo Paes (PSD) na cidade do Rio de Janeiro, antes de ir para Brasília, onde assessora os deputados federais Daniel Soranz (PSD/RJ) e Caio Vianna. William também é cria do IFF. Geógrafo, reforçou a compreensão da ciência humana também pelos números, em sua especialização doutoral como estatístico na grande escola do IBGE. Como colaborador da Folha, ele fez um trabalho tecnicamente irretocável na análise das pesquisas a presidente, governador e senador, no pleito de 2022.
Jefferson por William
Com origem em Rafael e atualidade em Caio na assessoria política, Frederico nunca escondeu sua orientação antigarotista, desde quando foi blogueiro do Folha1. Íntimo dos números, William levanta em grupos de debate a bandeira econômica do nacional-desenvolvimentismo, historicamente ligada à esquerda. Sua advertência sobre o pleito a prefeito de 2024, contudo, foi para o PT de Campos. “Entendo que Wladimir está correto quando disse que a eventual candidatura do Jefferson pode ser queimar cartucho antes da hora. É muito mais fácil disputar contra o dono da máquina no segundo mandato, do que numa tentativa de reeleição”.
Jefferson por Frederico
Com o olhar de Brasília sobre Campos, Frederico também trouxe sugestões ao reitor do IFF e sua provável candidatura a prefeito em 2024. “Para esse jogo ir ao segundo turno, talvez Jefferson tenha que sair do PT. Os números provam que o PT tem uma resistência forte em Campos. Jefferson deveria sair do PT, mantê-lo no bloco, e ir a um partido de centro-esquerda, como o PSB. Acho que o PT tem que focar mais na sua candidatura proporcional, onde traz um bom nome, que é o Gilberto (Gomes). Esse jogo vai começar a dar liga a partir daí, dos movimentos do Jefferson, do Caio, do Thiago Rangel, do próprio Sérgio Mendes (Cidadania)”.
“Provavelmente no 1º turno”
William foi bem mais comedido na sua projeção de segundo turno à eleição a prefeito de Campos em 2024. “Por tudo que existe por trás de uma eleição, estrutura partidária, recursos, a gente precisa entender que o candidato é só a ponta de uma cadeia. Neste momento, quem tem mais possibilidade de disputar de maneira viável uma vitória eleitoral, no caso de Campos, são os Garotinhos e os Bacellar. Uma vez que exista essa pacificação, uma vez que Wladimir se lance candidato em aliança com os Bacellar, é muito difícil, neste momento, apontar um cenário que não seja a reeleição do prefeito. Muito provavelmente no primeiro turno”.
Com o jornalista Rodrigo Gongalves.