Pesquisa a prefeito entre atores e sociedade, decoro pela academia

 

Wladimir Garotinho, Thiago, Rangel, Jefferson Manhães, Sérgio Mendes, Caio Vianna e Arnaldo Vianna; Cléber Tinoco, Priscila Marins, João Paulo Granja, Rodrigo Bacellar, Anthony Garotinho e Juninho Virgílio; Geraldo Coutinho, Edmundo Siqueira, George Coutinho, Hamilton Garcia, Igor Franco e Fabrício Maciel (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Pesquisa a prefeito: palavras e silêncio

A eleição a prefeito de Campos é em 6 de outubro de 2024, daqui a pouco mais de 13 meses. Mas o favoritismo que Wladimir Garotinho (PP) tem hoje à reeleição, mais que nas palavras do seu grupo político, é aferida por formadores de opinião não alinhados. Como pelo silêncio do grupo dos Bacellar sobre a pesquisa Iguape a prefeito (confira-a na íntegra aqui) que encomendaram. E nela colocaram entre as opções de prefeito ao eleitor, em consulta estimulada, o presidente da Câmara Municipal, vereador Marquinho Bacellar (SD), e seu pai, o ex-vereador Marcos Bacellar (SD). Assim como a deputada estadual Carla Machado (PT), mesmo impedida de concorrer.

 

Prefeitáveis que sabem falar

Marquinho, Marcos e Carla não são obrigados a falar com ninguém. Como quem lhes ofereceu voz, através de suas assessorias, não é obrigado a ignorar o que o silêncio ensurdecedor dos três quer dizer. Através dos números, hoje muito favoráveis a Wladimir, há caminhos para se afirmar o óbvio: nada está definido. Foi o que refletiram sobre a pesquisa Iguape prefeitáveis (confira aqui) como o deputado estadual Thiago Rangel (sem partido). Assim como o professor Jefferson Manhães (PT), reitor do IFF, e o ex-prefeito Sérgio Mendes (Cidadania). Que levantaram o histórico eleitoral dos Garotinho e fizeram vários questionamentos ao governo Wladimir.

 

Caio lança Arnaldo inelegível

Segundo colocado em todas as pesquisas, o deputado federal Caio Vianna (PSD) tentou criar um fato novo. No lugar de analisar a larga distância que hoje o separa de quem perdeu por margem estreita o segundo turno a prefeito de 2020. Em agosto de 2023, Caio quis lançar seu pai, o ex-prefeito Arnaldo Vianna (hoje, PDT), a prefeito em 2024. Mas, sem apresentar nenhum jurista a endossá-lo, teve sua pretensão confrontada por documentos jurídicos analisados (confira aqui) por advogados politicamente independentes e conceituados de Campos: Cléber Tinoco, Priscila Marins e João Paula Granja. Aos três, Arnaldo seguirá inelegível até o pleito.

 

Exemplo de Rodrigo e análise de Juninho

Recorrer aos juristas é o caminho que um hábil advogado e hoje presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (União), usou para parar na Justiça (confira aqui e aqui) as denúncias contra ele que vinham sendo feitas por Anthony Garotinho (União), pai de Wladimir. O que reforça o favoritismo deste, com possibilidade de conclusão no primeiro turno. Como projetou a pesquisa Iguape que nenhum dos vereadores do grupo dos Bacellar quis comentar à coluna. Ao contrário do edil governista Juninho Virgílio (União): “O prefeito reconhece que existem coisas a resolver, mas o saldo de realizações é positivo. Esse crédito de confiança da população salta nos números da pesquisa”.

 

Desafio do segundo governo

Para formadores de opinião do setor produtivo do município, a partir do que mostrou a pesquisa Iguape, o grande obstáculo do prefeito não seria nem sua reeleição. Mas o que seria seu segundo governo. “A eleição será o problema menor, o futuro mandato será o maior desafio. Este último turno é que definirá os movimentos seguintes na trajetória de Wladimir. Se até agora bastou se apresentar melhor que seu antecessor (Rafael Diniz, Cidadania), para boa avaliação no segundo mandato terá que se superar. E para isso precisa inovar, surpreender. Mais do mesmo será mal visto”, advertiu o industrial Geraldo Coutinho.

 

Longe da agressividade

Outro formador de opinião independente politicamente, o servidor federal, jornalista e blogueiro do Folha1, Edmundo Siqueira, também não se furtou em analisar à coluna a pesquisa Iguape: “Os números e a presença carismática do prefeito nas redes sociais e ruas tendem a manter a oposição apagada, as críticas necessárias melindradas e a tal pacificação mantida. O cenário tende a se perpetuar, e a vitória em primeiro turno só não se concretiza pelo imponderável. E mesmo que a pacificação se desfaça, Wladimir vem conseguindo se manter afastado do denuncismo do pai e de sua agressividade. Isso é bem visto pelo eleitorado”.

 

Decoro na política goitacá (I)

A linha no chão à agressividade na política goitacá vem sendo riscada pelo polo universitário do município. No Folha no Ar do dia 8, foi o cientista político George Coutinho (confira aqui), professor da UFF: “Disputa de adversários é legítima. Mas sem utilizar recursos vis como a intimidação”. No dia 15, outro cientista político, Hamilton Garcia (confira aqui), professor da Uenf: “Garotinho, que flecha o Bacellar por acusações que têm que ser provadas, também respondeu à Justiça”. No dia 22, o especialista em finanças Igor Franco (confira aqui), professor do Uniflu: “A manifestação de (Marcos) Bacellar (contra Rosinha) tem que ser rechaçada. O passo atrás dele deve ser a linha no chão”.

 

 

Decoro na política goitacá (II)

No Folha do Ar da manhã de ontem (29), foi a vez do sociólogo Fabrício Maciel, outro professor da UFF-Campos, tentar lecionar razão aos desatinos verbais trocados justamente por alguns dos políticos mais experientes de Campos: “Fiquei pensando: talvez seja uma estratégia do Garotinho e Bacellar pai manter essa briga e uma visibilidade, enquanto os filhos fazem a pacificação na prática. E a imagem do Wladimir não fica deteriorada. Só que, se for uma estratégia, ela peca ao ignorar que o não decoro na política pode ter efeitos irreversíveis na forma como a sociedade pensa a política. E isso é bastante grave!”

 

Publicado hoje na Folha da Manhã.

 

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