Se as votações mais importantes da Câmara de Campos têm se definido pela margem mínima de 13 votos a 12, a eleição por voto popular a vereador hoje se desenha, a pouco mais de 13 meses da urna de 6 de outubro de 2024, com larga vantagem aos possíveis candidatos apoiados por Wladimir Garotinho (PP). A mesma pesquisa Iguape feita em 10 de julho, com 1.001 campistas, que projetou em três cenários estimulados a reeleição do prefeito no primeiro turno, com quase 60% dos votos válidos, desenhou um cenário ainda mais dominante a vereador. Dos 25 possíveis candidatos mais citados na consulta espontânea ao Legislativo, 18 deles (ou 72%) estão no grupo político de Wladimir. Ressalvado que as 25 cadeiras da nova Câmara não serão definidas em eleição majoritária, mas proporcional, sempre mais complexa.
AVALIAÇÃO DA CÂMARA, MELHOR E PIOR DE WLADIMIR — Encomendada pelo grupo dos Bacellar, a pesquisa Iguape também revelou que o eleitor considera as Obras como a melhor área de atuação do prefeito. Assim pensam 32,4%, quase um terço dos campistas. A segunda melhor área de atuação é a Saúde Pública, que é apontada como a maior virtude de Wladimir por outros 12,2% da população. Que, curiosamente, é também a pior área de atuação do prefeito para 36%, mais de um terço do eleitorado. Fica à frente do Transporte Coletivo, principal problema do governo para outros 10,8%. Comandada por seu presidente, Marquinho Bacellar (SD), a atual Câmara Municipal é reprovada por 38,6% da população, enquanto 35,5% aprovam e 26% não souberam opinar.
APROVAÇÃO DO GOVERNO E ELEIÇÃO ABERTA — Como a Folha da Manhã revelou (confira aqui) no último sábado (26), a mesma pesquisa Iguape registrou a aprovação do governo Wladimir por 74,7% da população. É ótima para 12,6%, boa para 38,5% e regular positiva para 23,6%. Os 22% que reprovam o governo municipal se dividem entre os 9,7% de regular negativo, 6,2% de ruim e 6,1% de péssimo. A partir dessa aprovação, além dos três cenários estimulados, o prefeito também liderou isolado a consulta espontânea, com 27,8% de intenções de voto consolidadas. Muito embora, sem apresentação de nomes dos prefeitáveis, a maioria de 52,7% não soube opinar. O que revela uma eleição matematicamente ainda aberta.
IMPORTÂNCIA ELEITORAL DA SAÚDE — O que está ainda aberto ao pleito do próximo ano pode ser definido pela Saúde Pública. Além da Iguape ter indagado qual a melhor e a pior área de atuação do prefeito, também perguntou, sem associar a ele, qual o maior problema do município. E 39,1% dos campistas disseram ser a Saúde Pública. Que veio seguida de Transporte Coletivo (13,9%), Segurança Pública (13,4%), Oportunidade de Emprego (8,1%) e Saneamento Básico (6,4%).
LISTAS DO PIOR E MELHOR DO PREFEITO — Quando posta na conta de Wladimir, a queixa popular obedece à ordem e números parecidos, com algumas pequenas diferenças. Além da Saúde Pública aparecer como pior área de atuação do prefeito (36%), seguida do Transporte Coletivo (10,8%), a lista negativa trouxe ainda Segurança Pública (7,3%), Educação (6,2%) e Emprego (2,4%). Na melhor área de atuação do chefe do Executivo, depois de Obras (25,2% + 4,5% de Asfaltamento + 2,7% de Pavimentação = 32,4% de Obras) e Saúde Pública (12,2%), vieram Educação (8,3%, em outra medição aparentemente contraditória entre virtude e defeito), Áreas de Lazer (4,3%) e Limpeza Pública (2,8%).
MARCOS ELIAS, KASSIANO, PEZÃO E JUNINHO LIDERAM A VEREADOR — Na corrida sempre complexa à Câmara Municipal, o líder nas intenções de voto é o vereador governista Pastor Marcos Elias (PSC), com 1,2% de intenção de voto na consulta espontânea. Puxada por ele, os quatro líderes da corrida são todos da bancada da situação. Do segundo ao quarto lugar, vêm KassianoTavares (PSD), com 1,1%; Bruno Pezão (PL), com 1,0%; e Juninho Virgílio (União), com 0,9%.
THIAGO RANGEL — Eleito como vereador em 2020, e em 2022 como deputado estadual, Thiago Rangel (sem partido) também foi citado a vereador, com 0,7% de intenção de voto. Mas ele busca uma legenda para se candidatar a prefeito contra Wladimir. E, certamente, não largaria a Alerj para tentar voltar à Câmara Municipal.
BRUNO VIANNA COM COTHE E PAULO HENRIQUE — Ligado ao grupo dos Bacellar, o mais bem colocado foi o jovem vereador Bruno Vianna (PSD). Ele ficou em 5º lugar, com 0,4% e empatado com outros dois, atualmente sem mandato. Mas que também estão no grupo político de Wladimir: Paulo Cothe (sem partido), que tem seu reduto político em Guarus; e Paulo Henrique (sem partido), da Penha.
DANDINHO E MATOSO — Atrás dos três, vêm também empatados dois outros edis ligados aos Bacellar: Dandinho Rio Preto (PSD) e Rogério Matoso (União). Cada um com 0,3% de intenção de voto. Com 0,2%, surgem 17 nomes. Destes, 12 são governistas. Dos quais sete já são vereadores: Álvaro Oliveira (PSD), Cabo Alonsimar (Podemos), Marcione da Farmácia (União), Nildo Cardoso (União), Paulo Arantes (PDT), Fábio Ribeiro (PSD) e Leon Gomes (PDT). Os dois últimos, licenciados para ocupar, respectivamente, a secretaria de Obras e a Fundação da Infância e Juventude.
SEM MANDATO, COM INTENÇÃO DE VOTO — Atualmente sem mandato, mas igualmente abrigados no grupo dos Garotinho e com 0,2% de intenção de voto a vereador, apareceram na pesquisa Iguape Alexandre Biscoito, Bruno Invik, Duda de Ururaí, Geraldinho de Santa Cruz e o ex-vereador Roberto Pinto. Como os outros governistas eleitos em 2020, todos esperam a definição do arco de apoio a Wladimir para definirem seu partido de destino em 2024.
OUTROS DOS BACELLAR — Também com 0,2% de intenção de voto, mas do grupo dos Bacellar, ficaram os vereadores Marquinho e Igor Pereira (SD). Muito embora o atual presidente da Câmara tenha seu nome especulado para uma eventual candidatura a prefeito, caso a pacificação com os Garotinho azede. Sem mandato, mas em busca de um, Marlon Guido também aparece nessa lista com 0,2% de intenção de voto e ligado aos Bacellar.
AINDA 83,8% INDECISOS — O 25º nome mais citado na Iguape a vereador, com os mesmos 0,2% de intenção de voto dos sete edis que tentarão a reeleição no próximo ano, é Gordinho da Empada. É o único que não seria ligado, pelo menos atualmente, aos Garotinho ou aos Bacellar. Mas, se a eleição a prefeito está aritmeticamente indefinida, com 52,7% de indecisos na consulta espontânea, tanto mais a vereador. Sempre mais complexa, pelo cálculo proporcional dos partidos e suas alianças, ou pelo fato de que 83,8% dos campistas ainda não sabem em quem votarão para representá-los na Câmara Municipal.
ANÁLISE DO ESTATÍSTICO — “A apuração da intenção de votos para cargos legislativos é muito mais difícil do que para cargos executivos no Brasil. Por razões históricas e culturais, o grosso do voto a vereador, deputados e senador costuma ser definido na última hora. Por isso, os institutos só costumam fazer pesquisa espontânea e nelas a intenção é muito pulverizada. O único ponto positivo da espontânea é a consolidação da intenção. Dificilmente, a pouco mais de 13 meses das urnas, o voto definido pelo eleitor ao Legislativo municipal é alterado. Com isso, o resultado da espontânea para vereador pode ser utilizado como um piso da intenção de voto. Outro dado relevante é a vantagem de quem tem mandato. Quem é vereador é mais conhecido, aparece mais, pode explorar mais a própria influência, realizar entregas durante o mandato e tem mais capacidade de mobilizar recursos financeiros e partidos”, explicou William Passos, geógrafo com especialização doutoral em Estatística pelo IBGE.