A confirmação da morte de mais uma brasileira, entre as mais de 3 mil vidas humanas perdidas desde os ataques terroristas do grupo palestino Hamas no último sábado (7), respondidos desde domingo (8) com o cerco e o bombardeio da Faixa de Gaza por Israel. Até o final da tarde de ontem (13), era o saldo da nova guerra na Terra Santa para judeus, muçulmanos e cristãos, que adoram o mesmo Deus de Abraão. Enquanto, no mundo dos homens, crescem as denúncias de crimes de guerra praticados pelos dois lados até aqui envolvidos no conflito.
TERCEIRA BRASILEIRA MORTA — Sepultada ontem, no sul de Israel, a brasileira Karla Stelzer Mendes, carioca de 42 anos, teve sua morte confirmada ontem pelo filho, que serve no Exército de Israel, e pelo Itamaraty. Foi na mesma festa rave, perto de Gaza, na qual já tinham sido confirmadas as mortes da também carioca Bruna Valeanu e do gaúcho Ranani Nidejelski Glazer, respectivamente, de 23 e 24 anos.
FAB TRAZ BRASILEIROS DE ISRAEL, OS DE GAZA ESPERAM — Dos brasileiros que estavam em Israel, a ação do governo Lula, do Itamaraty e da Força Aérea Brasileira (FAB) já conseguiu repatriar 711. Incluídos os 207 que embarcaram ontem em Tel Aviv, capital israelense, no quarto voo da FAB. E chegam na madrugada de hoje (14) ao aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. Enquanto isso, na Faixa de Gaza, cerca de 20 outros brasileiros esperam a liberação de Israel, para sair pela fronteira da região com o Egito. País do qual o avião presidencial do Brasil, em Roma, na Itália, espera liberação para fazer a viagem.
MAIS DE 3,2 MIL MORTOS — Até o final da tarde brasileira de ontem, quando acabou o prazo de 24h dado por Israel para 1,1 milhão de palestinos saírem da cidade de Gaza para o sul da região cercada, já eram mais 3,2 mil vidas humanas perdidas com a guerra. Cerca de 1,9 mil palestinas, incluídas de 614 crianças; e 1,3 mil israelenses, sem divulgação de idade, mas com crianças confirmadas entre os mortos. Incluindo três bebês, dois deles carbonizados, que tiveram suas fotos divulgadas na quinta (12) pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
BEBÊS DEGOLADOS? — Divulgada na terça (10), a informação de que 40 bebês israelenses teriam sido decapitados pelos terroristas do Hamas no kibutz (modelo de fazenda coletiva autossuficiente que marca o início do moderno estado de Israel) de Kfar Aza, próximo à Faixa de Gaza, não foi, no entanto, confirmada. Como demanda confirmação por fontes independentes as imagens de bebês mortos divulgadas por Netanyahu, cada vez mais sob pressão do próprio povo de Israel que dividiu na tentativa de controlar o Judiciário do país, para evitar ser preso por corrupção.
ISRAEL NA FAIXA DE GAZA — Esperada a qualquer momento, o ritmo da invasão de Israel por terra à Faixa de Gaza, da qual se retirou em 2005, deve ditar os próximos passos do conflito. Pela densidade de construções como na cidade de Gaza, continuamente habitada há 3,6 mil anos, uma guerra de guerrilha pode dificultar a imposição da superioridade do Exército de Israel, com 486 mil soldados mobilizados, sobre as forças paramilitares do Hamas, estimada entre 20 a 40 mil homens armados. Isso, além dos cerca de 120 reféns capturados para serem usados como escudos humanos. Segundo o Hamas, 13 deles já teriam sido mortos pelos bombardeios israelenses.
A FACÇÃO E O CAMPO DE CONCENTRAÇÃO — O que Israel hoje mais teme é que o conflito se abra em duas ou mais frentes. Sem nunca formar um estado de fato, a Palestina se divide em duas áreas. Entre o centro-oeste e o sudoeste da Terra Santa, a Faixa de Gaza é controlada com mão de ferro pelo Hamas, desde que o grupo fundamentalista islâmico lá chegou ao poder nas eleições palestinas de 2006. Na região, 2,3 milhões de palestinos são empilhados por Israel num campo de concentração a céu aberto de 365 km2, onze vezes menor que o município de Campos.
ISRAEL NA CISJORDÂNIA — A outra área da Palestina é a Cisjordânia. Com 5.860 km2, não tem ligação terrestre com a Faixa de Gaza e é bem maior que esta. No centro-leste da Terra Santa, é controlada militarmente por Israel. Que tem seus limites territoriais bíblicos reivindicados pela extrema-direita de fundamentalismo religioso judeu, aliada de Netanyahu, na expansão de assentamentos sobre o território palestino ocupado. Ontem, na repressão de manifestações de apoio aos palestinos de Gaza, os israelenses mataram 11 palestinos na Cisjordânia.
ISRAEL, LÍBANO, HEZBOLLAH E IRÃ — A outra possível frente mais temida por Israel é sua fronteira norte com o Líbano, onde atua o Hezbollah, financiado pelo Irã. Grupo paramilitar de extremismo islâmico, como o Hamas, o Hezbollah é muito mais poderoso. Tem cerca de 100 mil homens armados, testados na Guerra Civil da Síria, e mais de 150 mil mísseis. Que são capazes de derrubar prédios em Tel Aviv como Israel tem feito em Gaza. Os enfrentamentos na região ainda são pontuais. Mas ontem, no sul do Líbano, causaram a morte do cinegrafista Issam Abdallah, da agência britânica Reuters.
ESPERAS — O Hezbollah, como seu patrocinador Irã, que teriam dado autorização para a ação terrorista do Hamas contra Israel no último sábado, parecem esperar para ver como as coisas andarão na invasão terrestre da Faixa de Gaza. Onde, desde domingo, 2,3 milhões de seres humanos são bombardeados e confinados pelos israelenses sem água, comida, remédios, energia elétrica ou corredor humanitário.