Campista quer paz, com seus políticos em pé de guerra

 

Wladimir Garotinho, Marquinho Bacellar, Maicon Cruz, Fábio Ribeiro e Anthony Garotinho; Rodrigo Bacellar, Filippe Poubel, Rodrigo Amorim, Raphael Thuin e Jair Bolsonaro (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Campos entre paz e guerra

Após as três pesquisas quantitativas de avaliação de governo e intenção de voto às eleições de prefeito e vereador de Campos (confira aqui) em 6 de outubro de 2024, daqui a pouco mais de 11 meses, duas outras pesquisas qualitativas foram feitas recentemente. Uma pelos Garotinho, outra pelos Bacellar. E ambas revelaram o mesmo: o campista está farto de brigas políticas e quer paz. A polarização acirrada que deu o tom das eleições municipais de Campos em 2016 e 2020, assim como das presidenciais de 2018 e 2022, ficou para trás. Ainda assim, aparece à frente da cidade, desde o fim da pacificação entre Garotinhos e Bacellar, decretada (confira aqui) no último dia 11.

 

CPI da Educação

Fruto do fim dessa pacificação que os adversários dos dois grupos políticos sempre encararam como mera trégua, está a CPI da Educação proposta pela oposição. Por ter passado à frente de outras três — da Violência Contra a Mulher, da Enel e da Arteris, cobradas nesta mesma coluna (confira aqui) desde 24 de dezembro —  que tinham sido pedidas antes e foram arquivadas sem apreciação em plenário, a nova deve enfrentar o questionamento jurídico do governo Wladimir Garotinho (PP). Que também tentou retirar assinaturas de vereadores antes favoráveis à sua criação. Mas sem impedir, até o presente momento, que ela (confira aqui) prossiga.

 

Valor do voto e dos questionamentos

Além de enfrentar a CPI na Justiça e na política, a bancada governista também ameaça abrir questionamentos na Câmara à gestão de Marquinho Bacellar (SD) na presidência. Eleito a ela com o voto polêmico de minerva do vereador Maicon Cruz (sem partido), que não por acaso agora recebeu a presidência da CPI da Educação, Marquinho também já questionou o biênio do seu antecessor, Fábio Ribeiro (PSD). Que está licenciado do Legislativo na secretaria de Obras de Campos. Mas, como os questionamentos de Marquinho a Fábio, até agora, não deram em nada, difícil saber aonde eventuais questionamentos governistas a Marquinho darão.

 

Garotinho liberado pelo STF

Os atritos entre Garotinhos e Bacellar tendem a se acirrar. Na segunda (16), o ex-governador Anthony Garotinho (União) conseguiu (confira aqui) liminar do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que suspendeu decisão do TJ-RJ que o impedia de publicar em seu blog e redes sociais as denúncias que vinha fazendo contra o deputado estadual Rodrigo Bacellar (União), presidente da Alerj. Ontem mesmo, Garotinho voltou à carga, falando de um suposto depoimento de Rodrigo à Polícia Federal (PF). Cuja assessoria se limitou em informar à Folha: “A PF não divulga informações sobre eventuais investigações em andamento”.

 

Quem quebrou a placa de Marielle?

Como não há nada que não possa piorar, nesta sexta (20) a Câmara promove audiência pública sobre desordem urbana com os deputados estaduais bolsonaristas Filippe Poubel (PL) e Rodrigo Amorim (PTB), aliados de Rodrigo na Alerj. Poubel chegou a ser lançado pelo jornal carioca Extra como pré-candidato a prefeito de Campos. O que, até como tubo de ensaio, só cola com quem nada conhece da política goitacá. Por sua vez, além das recentes confusões de rua em que se meteu, Amorim é mais conhecido por ter quebrado na eleição de 2018 a placa da ex-vereadora carioca Marielle Franco (Psol), executada a tiros em março daquele ano.

 

Surpresas da sexta

Após ofender Wladimir na tribuna da Alerj, como resposta à defesa do prefeito e sua família feita pelo deputado Bruno Dauaire (União) em 2021, Amorim é conhecido dos Garotinhos. Se vier dar sua contribuição contra a desordem urbana no entorno da Pelinca denunciada (confira aqui) por seu correligionário, vereador Raphael Thuin (PTB), o deputado pode ser uma surpresa positiva. Mas se vier para dar uma de “valente”, esperando a mesma passividade da placa de uma mulher assassinada, pode ter uma surpresa negativa na cidade que tem por lema: “Ipsae matronae hic pro jure pugnant” (“Até as mulheres aqui pelo direito lutam”). A ver.

 

CPI pede indiciamento de Bolsonaro

Enquanto bolsonaristas são esperados como reforço político em Campos, o que talvez se justifique pelos 63,14% de votos válidos do município dados ao capitão no segundo turno presidencial de 2022, ontem não foi um bom dia ao ex-presidente. Primeiro do Brasil a tentar e não se reeleger, Jair Bolsonaro (PL) foi também o primeiro a ter seu indiciamento pedido (confira aqui) por crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de estado. Foi o resultado do relatório final da senadora Eliziane Gama (PSD/MA), aliada do governo Lula (PT), na CPI do 8 de janeiro. Que, disparada pela oposição, saiu com o tiro pela culatra.

 

Desenvolvimento e mobilidade

Unidos no apoio que deram a Bolsonaro no segundo turno presidencial de 2022, Garotinhos e Bacellar parecem ignorar juntos o desejo de paz política manifestado pelo campista nas pesquisas qualitativas dos dois grupos políticos. Que voltaram a apontar o transporte público e a mobilidade urbana entre os principais problemas do município. Neste sentido, com apoio da Prefeitura de Campos, boa oportunidade de debate será o 1º Seminário de Desenvolvimento Sustentável, Mobilidade Urbana e Cidades Responsivas. Será realizado das 8h às 19h da quinta-feira de 9 novembro, no Teatro Trianon. Pela internet, as inscrições (confira aqui) são gratuitas.

 

Publicado hoje na Folha da Manhã.

 

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