PF na casa da Lapa
O dia de ontem amanheceu movimentado em Campos (confira aqui e aqui) com a operação Rebote, da Polícia Federal (PF), na casa mais famosa da Lapa. O motivo foi uma suposta fraude na PreviCampos em 2016, durante o governo da ex-prefeita Rosinha Garotinho (hoje, União), que teria deixado um rombo de cerca de R$ 383 milhões. Ao todo, foram cumpridos 18 mandados de busca e apreensão, 12 deles em Campos, a casa de Rosinha entre eles. Não foi a primeira operação policial em Campos relativa ao caso. Em 12 de abril de 2018, na operação Encilhamento, a PF já tinha cumprido (relembre aqui) mandado de busca e apreensão na sede da PreviCampos.
Garotinho e Rosinha em live
Após a saída da PF da casa da Lapa, o ex-governador Anthony Garotinho (União) e Rosinha gravaram lá uma live, divulgada em suas redes sociais. “Houve hoje, em nossa residência, um mandado de busca e apreensão, cujo objetivo era recolher algum tipo de documento, qualquer tipo de prova que tentasse envolver Rosinha numa apuração” disse Garotinho. Para perguntar e responder a si mesmo: “Quem é o autor dessa denúncia, feita em 2017? É o ex-prefeito Rafael Diniz (Cidadania). E qual denúncia ele fez: houve uma fraude, um rombo, no Fundo de Previdência (dos Servidores Municipais de Campos, PreviCampos)”.
Versão da defesa
Depois, Garotinho passou a questionar na live a suposta responsabilização jurídica de Rosinha nos fatos. Mas isso se explica melhor no que o advogado Rafael Faria disse em defesa da ex-prefeita: “Os supostos fatos que ‘justificaramֹ’ a busca e apreensão na casa de Rosinha teriam ocorridos cerca de 10 anos atrás. A única explicação ao que aconteceu na Lapa foi criar um constrangimento à família, pois o fato é completamente atemporal. Não queremos acreditar que seja retaliação ou intimidação política. A única questão imputada à ex-prefeita é ela ter indicado pessoas sem qualificação técnica para a diretoria e o conselho da PreviCampos”.
Rafael Diniz como Geni
De volta à live, Rosinha aproveita a deixa de Garotinho: “E logo quem que fez a denúncia? Um ex-prefeito que desmoralizou a cidade, foi o pior prefeito que Campos teve, que deixou pagamentos atrasados, o senhor Rafael Diniz”, disse a ex-prefeita. É fato que Rafael deixou ao governo Wladimir (hoje, PL), filho de Rosinha e Garotinho, duas folhas de pagamento do servidor atrasadas. E que, ao juízo soberano do mesmo eleitor que elegeu Rafael à Prefeitura de Campos em 2016, ainda no 1º turno, com 151.462 votos, ele foi um prefeito ruim. Na tentativa de se reeleger em 2020, teve só 13.530 votos. Perdeu em quatro anos quase 138 mil votos.
O que é subjetivo e objetivo?
Dizer que Rafael foi o pior prefeito de Campos é, no entanto, subjetivo. Aos Garotinhos, esse posto sempre foi ocupado pelo prefeito que sucederam, mesmo os que ajudaram a eleger: Sérgio Mendes, Arnaldo Vianna, Alexandre Mocaiber. Ademais, por pior prefeito que Rafael tenha sido, isso não invalida sua denúncia. Questionar a responsabilidade de Rosinha, também subjetiva, é válido. O que não dá para negar é a perda objetiva, no apagar das luzes do governo dela, dos investimentos da PreviCampos. Que, em 31 de dezembro de 2015, tinha investimentos de R$ 1,3 bilhão. E despencou, em 31 de dezembro de 2016, a R$ 804 milhões.
Década de Letras no IFF
Aberta no dia 7, a programação pelos 10 anos do curso de Letras do IFF traz hoje a palestra “Partilhar a língua: apontamentos sobre a literatura brasileira contemporânea”, da professora Stefania Chiarelli, da UFF. Começa às 19h, no auditório Miguel Ramalho. “Abordará a produção literária do Brasil nos últimos tempos, com uma perspectiva crítica a todos os interessados nas questões literárias”, definiu o professor Ronaldo Freitas, coordenador do curso de Letras do IFF. Cujas comemorações se encerram amanhã, com a mesa “Essa história é só o começo: Apontamentos e desafios para o profissional de Letras 10 anos depois”, a partir das 18h.
Canudos da Folha à Harvard
Em 2002, após expedição a Canudos, no sertão da Bahia, a Folha publicou um caderno especial sobre os 100 anos de “Os Sertões”. A obra de Euclides da Cunha narra a Guerra de Canudos (1896/1897), testemunhada por ele. Um dos personagens do caderno foi o sertanejo Paullo de Régis, então com 14 anos, descendente dos personagens do livro e residente do Parque Histórico de Canudos. Hoje, aos 35, ele lá trabalha. E teve sua história e do seu povo também contada este mês pela Universidade de Harvard, dos EUA, em publicação sobre a América Latina. O texto (confira aqui) é da brasileira Anita Rivera Guerra, doutoranda em Português e Espanhol em Harvard.
Arte da baixaria
Um artista veterano da cidade se torna parceiro de um artista jovem de município vizinho, após este convidar aquele a participar de um show. O jovem leva de “paga” do veterano uma boquinha na Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL). Até que o jovem alega que a “parceria artística” foi longe demais. E, com receio de perder a boca, abre a sua: a ex-esposa teria sido assediada pelo veterano dentro do Palácio da Cultura. Mesmo antes deste ser reaberto ao respeitável público. Como arte nem sempre rima com caráter, não há certeza. Só duas. Além da tremenda baixaria, que a FCJOL precisa ter mais critério com quem emprega sem concurso.
Publicado hoje na Folha da Manhã.