Protestos de lojistas e de alunos da FMC contra o direito de ir e vir

 

Protestos de sexta, dos comerciantes da rua Barão de Miracema, e de segunda, dos alunos da FMC, impediram o direito de ir e vir de outros cidadãos de Campos (Fotos: Redes sociais e Rodrigo Silveira/Folha da Manhã)

 

 

O limite dos protestos

Comerciantes do entorno da rua Barão de Miracema ficaram insatisfeitos com as novas ciclofaixas. Estudantes da Faculdade de Medicina de Campos (FMC) ficaram insatisfeitos com o aumento da mensalidade. Como quaisquer outras categorias dentro de uma democracia, têm todo o direito de reclamar e protestar. Mas não têm o direito de cercear o direito de ir e vir de outras pessoas. Como fizeram os comerciantes que queimaram pneus na tarde de sexta (1º) para fechar uma via pública. Ou os estudantes da FMC que tentaram, na noite de segunda (4), impedir a saída do prédio dos conselheiros da Fundação Benedito Pereira Nunes (FBPN).

 

Resposta dura

Sobre os excessos dos comerciantes, o prefeito Wladimir Garotinho (PP) deu resposta dura na própria sexta: “As ruas e os espaços públicos não são garagens, pertencem a todos os cidadãos! A cidade cresceu e é necessário adaptar sua mobilidade urbana. As ciclofaixas beneficiam milhares de ciclistas e trabalhadores. Temos a cultura de estacionar na porta do local de destino, contrária à de qualquer cidade mediana que evoluiu. Não adianta depredar patrimônio público ou destruir o que está sendo realizado, até em movimentos orquestrados por políticos de oposição. Vamos identificar e multar os responsáveis”, prometeu.

 

Exemplo e motivação

Queimar pneus para interditar vias públicas já foi prática do próprio grupo dos Garotinho. Que fechou a BR 101 quando a então prefeita Rosinha (hoje, União) foi afastada do cargo, em 2010. Foi tão errado lá quanto é 13 anos depois, na adoção do mesmo método por lojistas contra uma decisão do governo do filho de Rosinha. Ademais, nem todos os contrários à ampliação das ciclofaixas, certos ou errados, têm opinião ditada pela oposição. “Lamento que a questão esteja sendo politizada pelo poder público. Boa parte de pessoas que reclamam não tem interesse político-partidário na questão”, ressaltou o advogado criminalista Felipe Drumond.

 

“A vanguarda do atraso”

Mesmo quem é contrário à ampliação das ciclofaixas condenou a forma do protesto: “Fogo na rua é absurdo!”, denunciou Felipe Drumond. À maioria que apoia as ciclofaixas, a condenação foi geral: “Retrato de um dos tipos de comerciantes da área nobre de Campos. Amanhã, os vizinhos que não foram consultados irão cobrar pelo prejuízo à pintura das suas fachadas”, lembrou a professora Luciana Portinho. “Triste episódio. O prefeito tenta oferecer uma alternativa ao trânsito de Campos e assistimos a esse ato de vandalismo. Querem que Campos continue sendo a vanguarda do atraso”, sentenciou o economista José Alves de Azevedo Neto.

 

Direito de protestar e de ir e vir

Da rua Barão de Miracema à avenida Alberto Torres, onde fica a FMC, alunos desta fizeram manifestação na segunda contra o aumento da mensalidade. Que a FBPN alega ter sido “apenas o reajuste mínimo baseado no IPCA de outubro de 2023: 4,82% (…) Caso a FBPN/FMC não cumpra o reajuste, estaria implicando em renúncia de receitas”. Isso não isenta a instituição dos protestos dos alunos. Desde que estes não se sintam no direito de arbitrar quem pode ou não sair do prédio. Deveria ser simples, a comerciantes, a futuros médicos e a qualquer cidadão: o direito de protestar não se sobrepõe ao direito de ir e vir de ninguém.

 

Wladimir nas pesquisas

“As pesquisas (a prefeito em 2024) mostram que o abismo entre Wladimir e o segundo colocado vem das ações do governo. Falam que o prefeito é sortudo, mas tem que falar da sua capacidade de administração. É reabrir uma UBS por mês, o HGG, clínica de hemodiálise, SOS Coração. Na educação, crianças de comunidade com tablet. E há a desarticulação da oposição. Os Bacellar não conseguiram ainda criar um nome. Acho que o de Carla (Machado, PT) é para segurar uma vaga. O principal adversário se aproxima, que é Caio Vianna (PSD)”. Foi o que disse ao Folha no Ar de ontem (5) o jornalista Gustavo Matheus, secretário de Comunicação.

 

No primeiro turno?

Indagado sobre a possibilidade de Wladimir se reeleger em turno único em 2024, na projeção das pesquisas de 2023, o secretário de Comunicação disse: “Tenho plena confiança de que é possível. Nem todos os players estão no jogo ainda. Mas o que talvez confirme essa possibilidade de primeiro turno é que o governo não teve, como o Botafogo (no Campeonato Brasileiro), um momento de pipocada. Quando a gente acha que vai ter uma crise, o governo responde bem, com fatos políticos novos. Hoje, a realidade é de vitória no primeiro turno. Agora, como o prefeito falou, o que não pode acontecer é qualquer tipo de soberba”.

 

Crescimento na “pedra”

Sobre o crescimento de Wladimir que as pesquisas registraram na “pedra”, a 98ª Zona Eleitoral de Campos, que sempre foi refratária aos Garotinho, Gustavo ponderou: “O Wladimir tinha muito a sombra do pai, mas eles têm perfis diferentes. O prefeito sempre foi um conciliador dentro dos limites da razoabilidade, sempre tentou o caminho da construção. Claro, Frederico (Paes, MDB) contribuiu tanto na eleição quanto contribui hoje. Na política, a rejeição é complexa, difícil de tirar. Acho que foi a habilidade dele em dialogar com o terceiro setor, com o comércio, com todo mundo. Wladimir não deixou ninguém de fora desse governo”.

 

Publicado hoje na Folha da Manhã.

 

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Este post tem um comentário

  1. Manoel dos Santos Ribeiro

    no trecho da mesma Ten Cel Cardoso depois do Mercado municipal, os comerciantes não deixaram fazer ciclofaixa pra estacionar os carros em frente às suas lojas. nenhum cliente consegue estacionar por ali. tem que fazer ciclofaixa sim… isso tudo é gente que vai de carro pra academia…

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