Natal vira inferno com “rolezinho” na Campos sem LOA e com Enel

 

Com dezenas de motos, planejamento em redes sociais e até pistola 9mm com 18 munições e numeração raspada, dezenas de jovens transformaram em inferno as últimas quatro noites de Natal de mais de 500 mil campistas (Fotos: Reprodução de vídeo)

 

 

“Rolezinho”: Natal virou inferno

O Natal virou inferno. É o que Campos vive desde 2020 (relembre aqui e aqui), na virada da noite em que se celebra o nascimento de Jesus. Quando uma cidade de mais de meio milhão de cidadãos vira refém de algumas dezenas de jovens. Que, com motos de escapamento aberto, aceleram, buzinam e as empinam pelas ruas e avenidas da cidade. A Polícia Militar, a Guarda Civil Municipal, o IMTT e o Ministério Público têm se mostrado ineficazes para combater o chamado “rolezinho”. Como seus integrantes, além de planejarem, gravam e exibem imagens dos seus “feitos” nas redes sociais, um pouco de inteligência do Poder Público seria mais eficaz que a simples repressão.

 

Confira nos vídeos abaixo os flagrantes da noite de Natal de 2023:

 

 

Coisa de bandido!

Este ano, embora insuficiente para impedir que Campos fosse mais uma vez aterrorizada na noite de Natal, uma ação da PM revelou (confira aqui) a verdadeira face do problema. Não apenas direção perigosa, perturbação do sossego, licenciamento atrasado, falta de CNH, de placa e acessórios obrigatórios, como farol, retrovisor e capacete. Uma moto em alta velocidade, das tantas que infernizaram a cidade, foi interceptada na avenida São Fidélis, no Parque Nova Brasília. Seu condutor portava uma pistola calibre 9mm, com 18 munições e numeração raspada. O que extrapola qualquer rebeldia juvenil em busca de atenção. É coisa de bandido!

 

Confira nos vídeos abaixo mais flagrantes da noite de Natal de 2023:

 

 

A esquerda e a ironia

Bandido bom não é bandido morto. Mas tem que ser tratado com todo o rigor da lei. Parte da esquerda atribui o problema ao jovem da periferia. Cuja minoria generaliza para tentar relativizar o terror imposto à cidade. Nas ruas e dentro das residências invadidas na noite de Natal pelo buzinaço e aceleração de motos com escapamento aberto, imitando dolosamente o barulho de tiros. Ironicamente, foi um desses mesmos vândalos de moto que roubou e quebrou (relembre aqui) a bandeira de uma militante de Lula, xingando o então candidato a presidente. Foi em 21 de outubro de 2022, no cruzamento das avenidas José Alves de Azevedo e 28 de Março.

 

Confira no vídeo abaixo a ação política dos vândalos de moto em 2022:

 

Contra as ciclofaixas, comerciantes incendiaram pneus para fechar a rua Barão de Miracema em 1º de dezembro (Foto: Redes sociais)

A direita e a ironia

No mesmo tipo de generalização que confunde minoria com regra, parte da direita atribui o “rolezinho” aos motoboys. Que, realmente, cometem abusos diários no trânsito de Campos. Incentivados pela mesma falta de fiscalização do Poder Público. Como são os pais de classe média e classe média alta que param o carro em fila dupla na rua, em frente às escolas particulares, para deixarem e buscarem os filhos. Ou os comerciantes que atearam fogo em pneus para fecharem (confira aqui) a rua Barão de Miracema, em 1º de dezembro, em protesto contra a instalação de ciclofaixas. Que lhes tiraram a via pública como estacionamento privado.

 

Novela da LOA

Entrevistado ontem no Folha no Ar, o vereador de oposição Helinho Nahim (de mudança ao PL) disse que não há data para colocar em votação a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2024. Mais tarde, na sessão da Câmara, o presidente de oposição Marquinho Bacellar (SD) repetiu a na tribuna: enquanto o prefeito Wladimir Garotinho (PP) não se sentar para conversar com a oposição sobre o que considera erros do governo na proposta na LOA, esta não entra em pauta. A oposição não detalha os erros. O governo diz não existirem. Sem erro, Wladimir tem hoje, em qualquer votação, a maioria de 15, talvez 16 votos, contra apenas 9 da oposição.

 

Apoe e o dedo na ferida

Helinho também garantiu na Folha FM 98,3, que nenhuma instituição de assistência do município será afetada pela não votação da LOA. Presidente da Apoe, além de advogada com a experiência de ex-procuradora da Câmara de São João da Barra, Pryscila Marins tem opinião diferente. No Folha no Ar da última quinta (21), ela foi taxativa (confira aqui): “Não é questão de estar ou não estar do lado do prefeito, é questão de estar do lado do povo. Se uma decisão vai impactar a população, não é porque eu sou da oposição que eu vou continuar com uma postura inflexível. Essa queda de braço não ajuda o político A ou o político B, ela prejudica o povo”.

 

Pryscila Marins, advogada e presidente da Apoe, uma das 13 instituições de assistência de Campos que podem sofrer as consequências da não votação da LOA (Foto: Divulgação)

 

Audiência, CPI e judicialização

Helinho e Marquinho também criticaram a CDL-Campos. Que hoje, às 17h, sedia a audiência pública marcada por Wladimir e convocada em Diário Oficial, necessária à votação da LOA do ano eleitoral. Aparentemente, o caminho escolhido pelo governo é a judicialização. Na certeza de que quem perde é a população, difícil prever quem vencerá essa disputa. O Judiciário, por exemplo, em 8 de novembro suspendeu (confira aqui) a CPI da Educação da oposição em decisão liminar da 4ª Vara Cível de Campos. E, em 18 de dezembro, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ) derrubou (confira aqui) a liminar e liberou a CPI. O governo recorre e, na defensiva, aguarda.

 

Enquanto a Casa do Povo passou por cima do pedido de CPI da Enel, o péssimo serviço da concessionária deixou as comunidades de Itereré e da Linha com o Natal sem luz elétrica, provocando protestos na RJ 158 e na BR 101 (Fotos: Rodrigo Silveira/Folha da Manhã)

 

A Enel, o povo e a Casa do Povo

No mesmo 10 de outubro em que anunciou (confira aqui) o fim da pacificação com os Garotinhos, Marquinho tirou da caixa de ferramentas a CPI da Educação. Questionada porque o presidente pulou três pedidos anteriores de CPI, sem apreciação. Entre eles, o pedido de CPI da Enel, feito pelo líder governista Álvaro Oliveira (PSD). Ontem, pelos péssimos serviços prestados pela Enel, moradores da comunidade de Itereré fecharam pela manhã (confira aqui) a RJ 158, em protesto. À tarde, moradores da comunidade da Linha fecharam (confira aqui) a BR 101 pelo mesmo motivo. Revoltados pelo Natal sem luz, essas parcelas do povo campista não têm representação na Casa do Povo de Campos.

 

Publicado hoje na Folha da Manhã.

 

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