Wladimir em Brasília e questionamentos ainda sob análise

 

Edmundo Siqueira, Wladimir Garotinho, Gilberto Gomes, George Gomes Coutinho e Alcimar das Chagas Ribeiro (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

“Wladimir erra no método, mas acerta na finalidade. Alguém investido no Executivo de uma cidade precisa deixar as portas abertas no Congresso e no Governo Federal. E atrair emendas parlamentares tem se mostrado uma das estratégias de Wladimir para administrar a cidade e, claro, tentar se reeleger. No mesmo dia que conversou com bolsonaristas em Brasília, se encontrou com um ministro de Lula. Em um Brasil de agressividade política, se mostrar um político aberto ao diálogo é um ponto positivo, e ele soube manter os encontros em tons institucionais. Campos e o país precisam de encontros institucionais para podermos sair do abismo dos últimos anos”. Foi o que disse o jornalista, servidor federal e blogueiro do Folha1, Edmundo Siqueira, sobre a cobrança que Wladimir recebeu do PT local (confira aqui) por receber apoio dos Bolsonaro e investimentos do governo Lula 3, pelos quais não daria o devido crédito.

Edmundo fez, no entanto, algumas críticas ao roteiro cumprido na semana passada em Brasília pelo prefeito de Campos:

— Quando decidiu dar ênfase a um encontro com Michelle Bolsonaro, e em tom elogioso fazer crer que ela e o ex-presidente Bolsonaro estão sendo injustiçados, onde ela seria atacada por ser esposa de um político, coloca o governo passado em um lugar de normalidade. E não foi! O comprovado ímpeto golpista de Bolsonaro e de boa parte de seu governo não pode nunca ser colocar em lugar de normalidade. Erra, portanto, no método, Wladimir, pois quis mostrar que há diálogo com os dois lados, mas favoreceu um dos lados, que não valoriza a democracia. Encontrar-se com alguém com mandato é uma coisa, enaltecer a figura de alguém sem cargo público que participou ativamente da cúpula que promoveu um golpe de Estado, como demonstram as informações que temos até aqui, é outra.

Os questionamentos a Wladimir partiram inicialmente (confira aqui) do secretário de Comunicação do PT de Campos, assessor da Câmara de Deputados, pré-candidato a vereador e também blogueiro do Folha1, Gilberto Gomes. Na quinta passada (22), ele escreveu:

— Em 2023, o saldo de investimentos do governo Lula em Campos alcançou a marca histórica de pouco mais de R$ 1,3 bilhão. Deste montante, pouco ou nenhum destaque foi feito pelo governo Wladimir creditando o governo federal. A apropriação de programas federais pelo governo municipal tem sido tática frequente de um prefeito intimamente ligado ao bolsonarismo, mas que se beneficia com emendas, maquinários, obras e tantos outros investimentos garantidos com a retomada dos investimentos públicos nos municípios pelo governo Lula.

No link do Blog do Gilberto no Instagram, Wladimir respondeu (confira aqui) em comentário:

— Gilberto, pelo respeito com que sempre nos tratamos, fiz questão de vir aqui comentar. Eu estou prefeito e tenho obrigação de dialogar com todos pelo bem da cidade, assim faço e assim sempre farei. Quanto ao investimento do governo federal na cidade, foram praticamente repasses obrigatórios por lei e não investimentos propriamente. Mas caso eles venham, e estou trabalhando muito para isso, darei o crédito e o mérito sempre, pois é assim que se deve agir. Forte abraço!

Ouvido pelo blog Opiniões, o cientista político George Gomes Coutinho, professor da UFF-Campos, analisou (confira aqui) o episódio:

— Nessa discussão, o Wladimir mais uma vez soube sair sem a menor dificuldade da armadilha. E, sim, ele tem razão. Ele é prefeito de uma cidade média. Precisa manter um diálogo plural e adotar o pragmatismo. Sem falar que a polarização (entre Lula e Bolsonaro), calcificação nos termos de Felipe Nunes (cientista político e CEO do instituto Quaest Pesquisa e Consultoria), não irá necessariamente pautar todas as eleições nos mais de 5.000 municípios. Em Campos mesmo, não sei se é adequado recorrer à polarização para este pleito de 2024. Penso que discussão local utilizará outras variáveis: aprovação ou não da gestão do incumbente e comparação ainda com a gestão traumática de Rafael Diniz (Cidadania). A grande polarização nacional talvez não seduza o eleitor comum campista, mais preocupado com seu cotidiano; aliás, o que não é pecado algum. O PT local tem o dever, sim, de buscar projeção na discussão pública local. Pretendem concorrer com Wladimir e estão em disputa pela atenção do eleitor. Ok. A questão é a eficiência do argumento em tela para além da militância.

Apesar da crítica pelas palavras que dedicou a Michelle, Wladimir também teve o objetivo da sua viagem a Brasília defendida por Edmundo. Que não deixou de cobrar do prefeito de Campos compromisso com a democracia no país:

— Em uma realidade onde o orçamento do país foi sequestrado pelo Congresso, fortalecido, e muito, no governo Bolsonaro, se aproximar de congressista é bem-vindo para o município. Isso pode servir facilmente de uma justificativa plausível para um prefeito de uma cidade média como Campos. Mas mesmo sendo prefeito de uma cidade muito conservadora, é preciso manter algumas linhas traçadas no chão e jamais ultrapassa-las. A defesa da democracia é uma delas, e talvez a principal.

Também ouvido por este Opiniões, o economista Alcimar das Chagas Ribeiro, professor da Uenf, fez outros questionamentos:

— Mais do que a chegada dos recursos e de sua origem, o importante é como esses recursos são usados. Em benefício da população ou em benefício do próprio grupo que está no poder?

 

Reitor do IFF e prefeitável do PT no Folha no Ar desta sexta

 

(Arte: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Pré-candidato a prefeito de Campos pelo PT e reitor do IFF, que passa o cargo em abril ao reitor eleito (confira aqui) pela oposição, o professor Jefferson Manhães de Azevedo é o convidado para fechar a semana do Folha no Ar nesta sexta (1º), ao vivo, a partir das 7h da manhã, na Folha FM 98,3. Ele falará de como pegou a maior instituição de ensino de Campos e região em 2016, e de como a entregará ao sucessor em 2024.

Jefferson também analisará o governo Lula 3 e as polêmicas criadas pelas falas do presidente, assim como a resiliente popularidade (confira aqui e aqui) do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e as investigações que o envolvem numa tentativa de golpe de estado no Brasil. Por fim, falará de Campos, da sua pré-candidatura e outras a prefeito pelo PT, e das eleições municipais de 6 de outubro, daqui a 7 meses e 7 dias.

Quem quiser participar do Folha no Ar desta sexta poderá fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, na página da Folha FM 98,3 no Facebook.

 

Por Paula Vigneron, poética da natureza de Aluysio Abreu

 

Ator Yve Carvalho interpreta o poema “estiagem” no espetáculo “Pontal”, dirigido por Antônio Roberto Kapi e encenado no verão de 2010, no antigo Pontal de Atafona hoje submerso pelo oceano (Foto: Diomarcelo Pessanha)

 

Paula Vigneron, escritora, jornalista e graduanda de Letras no IFF

Poética da natureza

Por Paula Vigneron

 

A natureza está para a poesia de Aluysio Abreu Barbosa assim como está para a música de Tom Jobim e para os versos de Manoel de Barros. Apresenta-se, muitas vezes, como ponto de partida e de chegada de sua arte, sendo ela também arte por si mesma. Nascido em Niterói, criado em Campos e consagrado a Atafona, o poeta faz desta a grande Musa de seus versos, coroados pelo vento Nordeste, pelas casuarinas e por todas as formações geográficas — passadas, presentes e futuras — que moldam o cenário do balneário sanjoanense.

Fugindo aos debates conceituais relacionados a ambas, é inevitável associar música e poesia. Assim, é igualmente inevitável a associação entre compositores e poetas, sobretudo aqueles que trazem semelhanças em seu cantar e em seu viver. Um dos mais importantes músicos brasileiros de todos os tempos, o compositor e cantor Tom Jobim reflete, em suas letras, sua íntima relação com a natureza, na qual encontrava a serenidade que tanto buscava. Os pássaros, as matas, as paisagens e também as conhecidas Águas de Março, com suas “promessas de vida”, compõem não apenas o homem Tom, mas também a obra do Maestro Soberano.

Quando jovem, era um belo e exímio nadador, como conta a sua irmã, Helena Jobim, no livro Antônio Carlos Jobim, um homem iluminado: “Dunas. Águas verdes, azuis, transparentes. Cardumes de minúsculos peixes passavam rente às pernas. Tom subia nas ondas, radiante e livre de toda a dor. Caminhava por aquelas areias até o Arpoador, subia nas pedras e mergulhava do alto. Via passar a sombra do cação.”.

Tal como Tom, Aluysio também se renova em sua relação com a natureza, poesia em estado primeiro; renasce nas ondas, nas areias, nas pedras e nos mergulhos. E é dela que, muitas vezes, extrai elementos para a sua escrita. Prova disso é o poema estiagem, que data do ano 2000 e foi concebido em Atafona, resultante do olhar do poeta sobre um dia de chuva. Do texto, depreendemos os cheiros, os sons, as sensações e o ciclo da vida, em uma experiência sensorial que nos transporta para nossas próprias lembranças desde os primeiros versos: “depois da chuva são moscas/ mosquitos obstinados à caça de sangue/ depois da chuva são poças/ cheiro de terra, ciclo de rastros (…)”.

O exercício afetivo se faz presente ao longo da leitura e invoca memórias no leitor, de modo semelhante ao que ocorre também na leitura dos versos de Infância, de Manoel de Barros, apaixonado pelo Pantanal mato-grossense e para quem a natureza figura igualmente como um dos elementos basilares: “Coração preto gravado no muro amarelo./A chuva fina pingando… pingando das árvores…/ Um regador de bruços no canteiro./ Barquinhos de papel na água suja das sarjetas…/ Baú de folha-de-flandres da avó no quarto de dormir./ Réstias de luz no capote preto do pai./ Maçã verde no prato (…)”.

Estiagem representa a natureza em sua expressão plena: o verde, a chuva, os insetos e tudo que compõe o meio em que vive o homem. Parte dos textos que originou o espetáculo Pontal, o poema ecoou ao público na voz do saudoso ator Yve Carvalho, em montagens realizadas entre os anos de 2010 e 2017. Para além dos aspectos artísticos e afetivos, tanto a peça quanto o poema nos levam a outro lugar de reflexão: a relação do homem com a natureza.

Encenado inicialmente em um Pontal agora submerso pelas águas do Atlântico, estiagem fala da esperança que se renova no depois, no verde pós-chuva. Entre 2000 e 2024, quase duas décadas e meia se passaram. Com elas, casas, ruas e comércios atafonenses foram engolidos pelo mar. Além de Atafona, também o verde desaparece, dia a dia, em atos humanos que encaminham para um desgaste definitivo a fauna e a flora, em um desequilíbrio cada vez mais nítido e alarmante.

A arte não existe para determinada função. Ela não é necessariamente utilitária. Tendo isso em mente, não se pode desconsiderar que ela interfere na vida e a vida, nela. A comunhão e a troca entre ambas, muitas vezes, é um pontapé para que o homem reflita acerca dos mais diversos aspectos do mundo interior e exterior. Estiagem nos permite vivenciar, pela plenitude dos sentidos, a partir do jogo de imagens e palavras do autor, o que a natureza é capaz de proporcionar quando em ordem, em seus ciclos; quando há a chuva e o depois. Os poetas cantam-na em suas diversas formas, mantendo-a viva. Assim, talvez, em um futuro em que o verde não estará tão presente, ainda resista a poesia, como resiste Atafona. Assim, talvez, os poetas possam continuar a cantá-lo como Aluysio canta, em versos, as memórias de uma Atafona que, hoje, erode entre histórias e ruínas.

 

Ponta de areia da antiga ilha da Convivência entre a foz do rio Paraíba do Sul e o oceano Atlântico, Atafona, manhã 6 de julho de 2020 (Foto: Ícaro Barbosa)

 

Poema de Aluysio Abreu Barbosa(*):

 

estiagem

 

depois da chuva são moscas

mosquitos obstinados à caça de sangue

depois da chuva são poças

cheiro de terra, ciclo de rastros

depois da chuva são sapos

corte a amantes dentro do mato

depois da chuva são cantos

folhas mais leves prenhes de pássaros

depois da chuva são vidas

formas moldadas no meio da lama

depois da chuva são gotas

pendendo em extinção da borda da telha

depois da chuva são cores

reflexos de luz na umidade do ar

 

depois da chuva?

a gratidão é verde depois da chuva

 

atafona, 05/12/2000

 

(*)Poeta, jornalista e membro da Academia Campista de Letras (ACL)

 

Folha Letras da edição de hoje da Folha da Manhã

 

Força de Bolsonaro na Paulista e apoio de Flávio a Wladimir

 

Na última quinta (22), Michelle Bolsonaro e Wladimir Garotinho em Brasília (Foto: Instagram)

 

 

A força de Bolsonaro na Paulista

A despeito de ter dado, em seu discurso, mais elementos à Polícia Federal (PF) sobre o seu papel na tentativa de golpe de estado no Brasil, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) demonstrou força (confira aqui) na manifestação na av. Paulista na tarde do último domingo (25). Se os presentes foram de 600 mil a 750 mil, segundo os cálculos da PM do governador bolsonarista Tarcísio de Freitas (Rep), ou os 185 mil contabilizados em levantamento da Universidade de São Paulo (USP), a dúvida é: que outro político brasileiro, mesmo apeado há mais de um ano do poder, seria capaz de pôr tanta gente na rua? Além de quatro governadores de estado?

 

Jair Bolsonaro conseguiu arregimentar apoiadores na casa da centena de milhar, no domingo da av. Paulista

 

Complicações com a PF e eleições

Ao admitir na Paulista que sabia da minuta do golpe, apreendida pela primeira vez na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, e ao reforçar sua ligação com os presos pela invasão das sedes dos Três Poderes na Brasília de 8 de janeiro de 2023, aos quais pediu anistia no domingo, Bolsonaro pode ter se complicado ainda mais nas investigações da PF. Mas mostrou um capital eleitoral que pode ser decisivo nas urnas municipais de 6 de outubro, daqui a exatos 7 meses e 8 dias. Assim como, mesmo inelegível até 2030, pode definir os candidatos da direita nas eleições a governador de muitos estados e a presidente da República em 2026.

 

A governador e presidente em 2026

Além de Tarcísio, estiveram na Paulista os governadores de Minas Gerais, Goiás e Santa Catarina, respectivamente, Romeu Zema (Novo), Ronaldo Caiado (União) e Jorginho Mello (PL). Pesquisa da mesma USP com o público presente revelou (confira aqui) que, sem Bolsonaro, 61% querem hoje Tarcísio a presidente em 2026. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) veio em 2º, com 19%; seguida de Zema, com 7%. Como poderá ser candidato à reeleição a governador de SP, como Jorginho em SC, Tarcísio só se aventuraria a presidente se o cavalo passasse selado. Governadores já reeleitos, Zema e Caiado teriam pouco a perder. Michelle é uma incógnita.

 

Almoço de domingo antes da Paulista: Tarcísio de Freitas, senador Rogério Marinho, Romeu Zema, Jair Bolsonaro e Jorginho Mello (Foto: X/Twitter)

 

A prefeito em outubro de 2024

A popularidade de Bolsonaro e sua capacidade de transferência poderão ser medidas nas eleições municipais de 6 de outubro. Presente à Paulista, o prefeito paulistano Ricardo Nunes (MDB) não discursou. Mas, sem os votos bolsonaristas, talvez não se elegesse vereador. Para se manter prefeito, deve enfrentar a candidatura do deputado federal Guilherme Boulos (Psol), com a ex-prefeita Marta Suplicy (PT) de vice. É uma aposta pessoal de Lula. Como foi em 2022 a candidatura a governador de Fernando Haddad (PT), hoje ministro da Fazenda, após ser derrotado no segundo turno por Tarcísio com o apoio de Bolsonaro.

 

Ronaldo Caiado e Ricardo Nunes, respectivamente, governador de Goiás e prefeito de São Paulo (Foto: Instagram)

 

Lula x Bolsonaro a prefeito

Cientistas políticos, Antonio Lavareda e Felipe Nunes comandam, respectivamente, o Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) e o Quaest Pesquisa e Consultoria. Com base nos últimos 8 anos, ambos afirmam que a eleição municipal de 2016 foi marcada pelo “novo” — o que explica a conquista da Prefeitura de Campos em turno único por Rafael Diniz (Cidadania) — e a de 2020 pela pandemia da Covid 19. Aos dois, a urna municipal de outubro será da bipolaridade política nacional: esquerda x direita, Lula x Bolsonaro. Quanto maior a cidade, mais isso se acentuará. Quanto menor, se acentuarão as questões locais.

 

Cientistas políticos Felipe Nunes e Antonio Lavareda

 

Força de Bolsonaro em Campos

Com 370.623 eleitores aptos a votar em outubro, Campos é um município médio. Mas, diferente de Ricardo Nunes na maior cidade da América Latina, todas as pesquisas de 2023 mostraram que o prefeito Wladimir Garotinho (PP) tem votos próprios (confira aqui) para se reeleger. Hoje, seu maior desafio seria fazê-lo em turno único. O que, a exemplo do prefeito Eduardo Paes (PSD) na cidade do Rio, cacifaria a voos maiores em 2026. Para tentar liquidar a fatura de 2024, seria importante a Wladimir o apoio dos Bolsonaro. Sobretudo porque o chefe do clã teve 63,14% dos votos válidos dos campistas no segundo turno presidencial de 2022.

 

Apoio de Flávio e foto com Michelle

Nesse pragmatismo político, Wladimir divulgou na quarta (21) o vídeo de apoio do senador Flávio Bolsonaro (PL) à sua pré-candidatura de reeleição a prefeito. Como reforçou esse apoio na quinta (22), ao postar foto junto de Michelle Bolsonaro, externando por ela sua admiração. Do Rio a Campos, questionamentos foram feitos. De deputados bolsonaristas aliados do presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (União). E de integrantes do PT goitacá, insatisfeitos pela afinação com os Bolsonaro enquanto Campos recebe investimentos do governo Lula, aos quais o prefeito não estaria dando o devido crédito.

 

 

Questionamentos bolsonaristas

Ainda na quinta, o controverso deputado estadual Rodrigo Amorim (PTB), mais famoso por ter quebrado a placa da ex-vereadora carioca Marielle Franco (Psol) na campanha eleitoral de 2018, chamou o prefeito de Campos de “Wladimir ‘Molequinho’”. Já o também controverso deputado Alan Lopes (PL) ameaçou: “A Comissão de Combate às Desordens vai voltar lá (a Campos) para ver se essa questão da farra do RPA já acabou”. A despeito da posição dos dois polêmicos parlamentares ligados aos Bacellar, e mesmo que o apoio partidário do PL não se concretize, o que importará ao eleitor bolsonarista de Campos é o apoio dos Bolsonaro.

 

Ao lado do ex-deputado federal Daniel Silveira, o deputado estadual Ricardo Amorim quebra placa de Marielle Franco na campanha eleitoral de 2018 e sorri (Foto: Facebook)

 

Gilberto Gomes, secretário de Comunicação do PT de Campos e pré-candidato a vereador

Questionamento petista

Também na quinta, o secretário de Comunicação do PT de Campos, Gilberto Gomes, criticou a aparente dualidade de Wladimir: “Em 2023, o saldo de investimentos do governo Lula em Campos alcançou R$ 1,3 bilhão. Pouco ou nenhum crédito foi dado ao governo federal. A apropriação dos seus programas pelo município tem sido tática de um prefeito intimamente ligado ao bolsonarismo”. Wladimir respondeu em comentário: “Tenho obrigação de dialogar com todos pelo bem da cidade. Quanto ao governo federal, foram praticamente repasses obrigatórios por lei. Mas, caso esses investimentos venham, darei o crédito sempre”.

 

George Gomes Coutinho, cientista político e professor da UFF-Campos

A ciência política e o pragmatismo

Na sexta (23), outro cientista político, o George Gomes Coutinho, professor da UFF-Campos, analisou os argumentos de Gilberto —  que é pré-candidato a vereador — e de Wladimir sobre o apoio político dos Bolsonaro ao prefeito com investimentos do governo Lula ao município: “Wladimir mais uma vez soube sair sem a menor dificuldade da armadilha. E sim, ele tem razão. Ele é prefeito de uma cidade média. Precisa manter um diálogo plural e adotar o pragmatismo (…) O PT local tem o dever, sim, de buscar projeção na discussão pública local (…) A questão é a eficiência do argumento em tela para além da militância”.

 

Publicado hoje na Folha da Manhã.

 

Bolsonaro mostrou força na Paulista. Mas o que mudou?

 

Jair Bolsonaro conseguiu arregimentar apoiadores na casa da centena de milhar, ontem, na av. Paulista

 

De 600 mil a 750 mil pessoas presentes na tarde de domingo (25) à av. Paulista (confira aqui), segundo a Polícia Militar do governador bolsonarista Tarcísio de Freitas (Rep), ou os 185 mil contabilizados (confira aqui) no estudo da USP coordenado pela excelência do filósofo Pablo Ortellado? Quaisquer que sejam os números reais, a certeza: mesmo apeado do poder há mais de 1 ano, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) mostrou ainda ter considerável força popular e política, com a presença também de quatro governadores de estado.

 

O que mudou?

Prestígio de Bolsonaro posto e racionalmente aceito, resta outra pergunta: o que o ato de domingo muda nas investigações que têm o ex-presidente e seus generais como alvo da cada vez mais evidenciada tentativa de golpe de estado no Brasil? Segundo apurado (confira aqui) junto a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) pelo jornalista Guilherme Amado, ao site Metrópoles, é como cantou Léo Jaime nos anos 1980: “nada mudou”.

Do grupo majoritário do STF, composto pelos ministros Gilmar Mendes, Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Luiz Fux, Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin e Flávio Dino, não foi nominado quem disse o quê. Mas o juízo geral do que foi dito não é nada favorável ao capitão:

— Bolsonaro está se sentindo emparedado. O discurso mais contido, sem ataques diretos, mostra isso.

— Isso ocorre porque o próprio saberia que a prova para condená-lo não é mais teórica, de uma suposta influência intelectual sobre todo o esquema para o golpe, como o domínio do fato usado para condenar petistas no Mensalão. A prova agora é material.

— Bolsonaro procurou terceirizar para o pastor Silas Malafaia os ataques ao STF, mas sem gerar o mesmo efeito na multidão. Ministros veem nessa estratégia a aposta de que Malafaia teria uma blindagem, por ser religioso, mas concordam que isso tem limite. Se Malafaia usar dinheiro de sua igreja ou de associações privadas para financiar os atos, será envolvido.

— A baixa adesão de políticos ocorreu porque muitos têm complicações eleitorais no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e temem o efeito que isso teria sobre seus casos.

—  O efeito deste tipo de ato era um com Bolsonaro presidente. É outro com ele fora do poder.

 

Falas da Paulista compremetem Bolsonaro?

Ao admitir em seu discurso na Paulista que sabia da minuta do golpe, cuja primeira cópia foi encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, Bolsonaro pode ter (confira aqui) se complicado juridicamente na assunção de crime. Ademais, ao pedir anistia aos presos pela invasão e depredação das sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023, o ex-presidente reforçou para Polícia Federal (confira aqui) sua ligação direta e posição de liderança do evento golpista.

 

Herdeiros em 2024 e 2026

Com Bolsonaro inelegível até 2030, a sua popularidade é disputada por quem pretende herdar seus votos. Na próxima eleição municipal daqui a exatos 7 meses e 10 dias, a Paulista apresentou o fio da navalha — no qual é fácil cair ou cortar o pé — como piso ao prefeito paulistano Ricardo Nunes (MDB). Que sem os votos de Bolsonaro, talvez não se elegesse nem a vereador. E que, em sua tentativa de se manter prefeito, enfrenta em sua cidade uma rejeição ao ex-presidente consideravelmente maior do que no resto no estado de São Paulo.

Já a eleição a presidente e governador de 2026, noves fora a certeza de que Bolsonaro não participará, além de mais distante, é mais complexa. A não ser que o cavalo lhe passe selado, o que os atuais índices de aprovação popular de Lula e seu governo não indicam, Tarcísio de Freitas tentará a reeleição como governador de São Paulo. Também presentes, Romeu Zema (Novo) e Ronaldo Caiado (União) já são governadores reeleitos, respectivamente, de Minas Gerais e Goiás. Entre eles, hoje, se projeta o candidato da direita a presidente, daqui a dois anos e meio. A ver.

 

Aqui, o jornalista, blogueiro do Folha1 e sevidor federal Edmundo Siqueira também analisou os fatos de ontem.

 

Guiomar Valdez — Lula, Netanyahu, Brasil, Israel e mundo

 

Lula e Netanyahu na Jerusalém de 2010 (Foto: Gil Cohen Magen/Reuters)

 

Guiomar Valdez, historiadora e professora do IFF

Lula, Netanyahu, Brasil, Israel e mundo

Por Guiomar Valdez

 

Um pouquinho de minha opinião sobre o atual discurso do Lula sobre a situação em Gaza, a resposta imediata do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e ao seu governo. Assim como à repercussão nacional e internacional da crise diplomática entre Brasil e Israel.

Quanto ao discurso do Lula, achei imprudente e intempestiva a forma; mas não o conteúdo. É necessário aproveitar todas as oportunidades para denunciar o massacre de vidas humanas na região, a forma desproporcional em resposta ao ataque terrorista. Na qual milhares de seres humanos inocentes são destruídos, enquanto pouco sabemos dos terroristas mortos e/ou capturados. Não apenas Lula, mas outros chefes de Estado e de Governo também vêm denunciando e pedindo o cessar-fogo. Como relevantes organizações não governamentais por mundo a fora, bem como a ONU.

Considerando o processo histórico de Israel, em especial o político e o geopolítico, Netanyahu e seu governo impopular de extrema direita estão pautadas no fundamentalismo da ideologia sionista. Extremismo e fundamentalismo que já havia sido identificado ainda em 1948 pelo cientista Albert Einstein e a filósofa Hannah Arendt, através de uma carta conjunta com muitos outros pensadores enviada ao jornal New York Times sobre os perigos contidos na fundação do Partido Liberdade no recém-criado Estado de Israel:

— Entre os fenômenos políticos mais perturbadores de nossos tempos está o surgimento no recém-criado Estado de Israel do “Partido da Liberdade” (Tnuat Haherut), um partido político muito parecido em sua organização, métodos, filosofia política e apelo social aos partidos nazistas e fascistas. Foi formado a partir da adesão e seguimento do antigo Irgun Zvai Leumi, uma organização terrorista, de direita e chauvinista na Palestina […] Hoje falam de liberdade, democracia e anti-imperialismo, quando até há pouco tempo pregavam abertamente a doutrina do Estado fascista. É nas suas ações que o partido terrorista trai o seu verdadeiro caráter; a partir de suas ações passadas, podemos julgar o que se pode esperar que ele faça no futuro.

Por que chamo atenção para este fato? Apenas para compreendermos que partidos políticos possuem tendências que lutam internamente pela direção hegemônica da instituição; que os judeus em Israel e os que estão em outros países se dividem nas opiniões político-ideológicas. Ora, nesse sentido, existem organizações judaicas que não são sionistas, muito menos fundamentalistas/extremistas. Inclusive que defendem a criação do Estado Palestino e que condenam o massacre em Gaza. E que não apoiam o caráter imperialista regional.

Sofrem em suas memórias e marcas no corpo e na alma decorrentes do Holocausto, mas não caem nas artimanhas político-ideológicas dos que procuram minimizar ou negar o fato.  E, em Israel, obviamente, não é diferente.

No processo histórico do Partido Liberdade, chegamos ideologicamente ao partido Likud (fusão de outros existentes) e ao longo governo de Netanyahu (líder do partido) já caracterizado acima, cuja tendência hegemônica é o sionismo fundamentalista. Sua resposta ao discurso intempestivo de Lula, já relatado em comentários no grupo, vejo como desproporcional, típico de quem já observa a fragilidade de apoio à continuidade de seu massacre em Gaza.

Concordo que Lula “deu uma deixa” para Netanyahu e seu governo aparecerem; uma pena. Entretanto, observo que até o dia de hoje a repercussão intensa e repetida em pautas nas mídias mais tradicionais e nas redes sociais é muito mais no nível nacional do que internacional — posso estar enganada. Um exemplo foi o encontro do G-20 ocorrido no Rio de Janeiro, que terminou na quinta sem formalizar nenhum documento tratando de Lula/Netanyahu, mas, sim, sobre o urgente cessar-fogo.

Recordo que a extrema direita no mundo cresceu e cresce com apoios ‘em redes’. A vitória desses líderes não acontece apenas com apoio interno de cada nação. Assim, os governos e líderes nacionais e internacionais de extrema direita, como o caso de Israel, dialogam, trocam experiências, promovem ações nas redes sociais e nas mídias hegemônicas em geral. Então, é possível pensar que o extremismo de considerar o chefe de Estado e de Governo do Brasil, o Lula, como ‘persona non grata’, pode ajudar o ex-presidente daqui em sua manifestação neste domingo de 25 de fevereiro.

Também não podemos desconsiderar que Bolsonaro já pousou em foto com deputada neta de ministro de Hitler. Ou que seu secretário de Cultura fez discurso semelhante ao discurso no ministro da Propaganda de Hitler, Joseph Goebbels. Êta, contradições!

Por fim, se há uma crise diplomática, os nossos embaixadores e afins vão atuar altivamente, reafirmando a nossa história neste âmbito. E não de maneira submissa. O que importa é o processo histórico que está e será analisado; o que importa em primeiro lugar é a empatia e compaixão para com as vidas inocentes ceifadas nas mais de dezenas de guerras acontecendo pelo mundo, sem ter como hierarquizá-las; o que importa são ações objetivas e urgentes para cessá-las.

O que é também urgente e necessário é denominar as razões e os autores que promovem essas mortes, seja nas nossas periferias, seja com os nossos indígenas, seja em Gaza, seja na Ucrânia, seja na Síria, seja no Sudão, seja no Iêmen, seja em Myanmar, seja em qualquer lugar do mundo.

Sobre essa Guerra e a Paz é preciso denunciar e termos a capacidade de anunciar novos tempos. Somos e seremos capazes? Aí são outros quinhentos. Sigamos em frente, atentos aos fatos e aos seus contextos.

 

Publicado hoje na Folha da Manhã.

 

Felipe Fernandes — Pobres criaturas: sexo e libertação

 

 

Felipe Fernandes, filmmaker publicitário e crítico de cinema

Baseado no livro de Alasdair Gray, o longa é uma releitura pós-moderna do mito de Frankenstein. Tirando o aspecto decadente daquela sociedade e a natureza violenta que acompanha a criatura, entrando uma fábula fantástica e o sexo como forma de libertação.

O diretor Yorgos Lanthimos adota uma jogada com as cores que não é nada original, mas que funciona bem narrativamente, já que acompanhamos a história através do ponto de vista da protagonista Bella. Todo o primeiro ato é preto em branco, quando ela sai da mansão de seu criador e conhece o mundo, tudo passa a ser colorido e vibrante.

Vale destacar o maravilhoso design de produção, que constrói diferentes capitais da Europa, agregando o tom fantástico, mas sem descaracterizar os locais. Interessante como a tecnologia remete a visuais de época, fugindo do aspecto clean da modernidade, trazendo objetos e embarcações com um visual retrô, meio antiquado.

O filme acompanha o desenvolvimento de Bella. Primeiro como uma criança em um corpo de mulher e seu desenvolvimento a cada nova descoberta. A descoberta do sexo lhe traz prazer e tal qual uma criança, livre de amarras sociais, ela só quer repetir o máximo a experiência.

Essa abordagem direta, naturalizando a nudez e o sexo em várias cenas, é importante por novamente mostrar a forma natural e prática como a protagonista encara tudo que envolve o sexo. Bella é livre de qualquer amarra ou convenção social, característica sempre interessante e aqui funciona para dialogar com a libertação não só do corpo feminino, mas da mulher, seus desejos e pensamentos em uma sociedade machista e controladora.

Conforme amadurece, Bella ganha outras preocupações, conhecendo o lado mais cruel do mundo. Essas transformações acontecem de forma gradual, com a personagem crescendo junto com as temáticas da narrativa.

Os homens do longa são vistos por um prisma distorcido, seja na desfigurada figura paterna, no malandro que lhe apresenta o mundo e faz de sua masculinidade uma posição de poder, mas se torna uma grande caricatura da fragilidade masculina quando seus encantos simplesmente não causam efeitos em Bella.

Culminando no surgimento de um novo personagem no terceiro ato, que basicamente é uma versão do marido, que acredita ter posse sobre a mulher, funcionando como o único personagem abertamente vilanesco e unidimensional.

O elenco como um todo está muito bem, Dafoe brilhante como sempre, trazendo afeto para um cientista completamente amoral, Mark Ruffalo diverte com seu malandro exagerado. Mas o filme é de Emma Stone, que tem o grande trabalho de sua carreira. Sem nunca deixar a personagem cair no ridículo, ela realiza uma transformação física que impressiona, construindo uma personagem complexa e poderosa.

Para uma geração que entende o sexo como desnecessário em obras audiovisuais, Lanthimos escancarada o sexo na tela e usa a fantasia e o bizarro para falar da libertação da mulher em todos os aspectos. É sintomático que “Pobres criaturas” e “Barbie” tenham sido lançados no mesmo ano. Sinal de que a sociedade está mudando (lentamente) e o cinema segue como ferramenta de reflexão.

 

Publicado na Folha da Manhã.

 

Assista ao trailer do filme:

 

 

Lula ou Bolsonaro? “Wladimir tem razão. PT precisa ir além da militância”

 

George Gomes Coutinho, Wladimir Garotinho, Gilberto Gomes, Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

“Wladimir mais uma vez soube sair sem a menor dificuldade da armadilha. E sim, ele tem razão. Ele é prefeito de uma cidade média. Precisa manter um diálogo plural e adotar o pragmatismo (…) O PT local tem o dever, sim, de buscar projeção na discussão pública local (…) A questão é a eficiência do argumento em tela para além da militância”.

Foi o como o cientista político George Gomes Coutinho, professor da UFF-Campos, analisou a cobrança (confira aqui) do petista Gilberto Gomes, pré-candidato a vereador, ao prefeito Wladimir Garotinho (PP). Sobre este receber recursos do governo Lula para Campos enquanto busca o apoio político dos Bolsonaro à sua reeleição.

— Em 2023, o saldo de investimentos do governo Lula em Campos alcançou a marca histórica de pouco mais de R$ 1,3 bilhão. Deste montante, pouco ou nenhum destaque foi feito pelo governo Wladimir creditando o governo federal. A apropriação de programas federais pelo governo municipal tem sido tática frequente de um prefeito intimamente ligado ao bolsonarismo, mas que se beneficia com emendas, maquinários, obras e tantos outros investimentos garantidos com a retomada dos investimentos públicos nos municípios pelo governo Lula — cobrou ontem Gilberto, em seu blog hospedado no Folha1.

— Gilberto, pelo respeito com que sempre nos tratamos, fiz questão de vir aqui comentar. Eu estou prefeito e tenho obrigação de dialogar com todos pelo bem da cidade, assim faço e assim sempre farei. Quanto ao investimento do governo federal na cidade, foram praticamente repasses obrigatórios por lei e não investimentos propriamente. Mas caso eles venham, e estou trabalhando muito para isso, darei o crédito e o mérito sempre, pois é assim que se deve agir. Forte abraço! — respondeu Wladimir em comentário ao link da postagem de Gilberto no Instagram.

— Nessa discussão, o Wladimir mais uma vez soube sair sem a menor dificuldade da armadilha. E, sim, ele tem razão. Ele é prefeito de uma cidade média. Precisa manter um diálogo plural e adotar o pragmatismo. Sem falar que a polarização (entre Lula e Bolsonaro), calcificação nos termos de Felipe Nunes (cientista político e CEO do instituto Quaest Pesquisa e Consultoria), não irá necessariamente pautar todas as eleições nos mais de 5.000 municípios. Em Campos mesmo, não sei se é adequado recorrer à polarização para este pleito de 2024. Penso que discussão local utilizará outras variáveis: aprovação ou não da gestão do incumbente e comparação ainda com a gestão traumática de Rafael Diniz (Cidadania). A grande polarização nacional talvez não seduza o eleitor comum campista, mais preocupado com seu cotidiano; aliás, o que não é pecado algum. O PT local tem o dever, sim, de buscar projeção na discussão pública local. Pretendem concorrer com Wladimir e estão em disputa pela atenção do eleitor. Ok. A questão é a eficiência do argumento em tela para além da militância — avaliou, na íntegra, o cientista político George, professor da UFF-Campos.