Lula ou Bolsonaro? “Wladimir tem razão. PT precisa ir além da militância”

 

George Gomes Coutinho, Wladimir Garotinho, Gilberto Gomes, Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

“Wladimir mais uma vez soube sair sem a menor dificuldade da armadilha. E sim, ele tem razão. Ele é prefeito de uma cidade média. Precisa manter um diálogo plural e adotar o pragmatismo (…) O PT local tem o dever, sim, de buscar projeção na discussão pública local (…) A questão é a eficiência do argumento em tela para além da militância”.

Foi o como o cientista político George Gomes Coutinho, professor da UFF-Campos, analisou a cobrança (confira aqui) do petista Gilberto Gomes, pré-candidato a vereador, ao prefeito Wladimir Garotinho (PP). Sobre este receber recursos do governo Lula para Campos enquanto busca o apoio político dos Bolsonaro à sua reeleição.

— Em 2023, o saldo de investimentos do governo Lula em Campos alcançou a marca histórica de pouco mais de R$ 1,3 bilhão. Deste montante, pouco ou nenhum destaque foi feito pelo governo Wladimir creditando o governo federal. A apropriação de programas federais pelo governo municipal tem sido tática frequente de um prefeito intimamente ligado ao bolsonarismo, mas que se beneficia com emendas, maquinários, obras e tantos outros investimentos garantidos com a retomada dos investimentos públicos nos municípios pelo governo Lula — cobrou ontem Gilberto, em seu blog hospedado no Folha1.

— Gilberto, pelo respeito com que sempre nos tratamos, fiz questão de vir aqui comentar. Eu estou prefeito e tenho obrigação de dialogar com todos pelo bem da cidade, assim faço e assim sempre farei. Quanto ao investimento do governo federal na cidade, foram praticamente repasses obrigatórios por lei e não investimentos propriamente. Mas caso eles venham, e estou trabalhando muito para isso, darei o crédito e o mérito sempre, pois é assim que se deve agir. Forte abraço! — respondeu Wladimir em comentário ao link da postagem de Gilberto no Instagram.

— Nessa discussão, o Wladimir mais uma vez soube sair sem a menor dificuldade da armadilha. E, sim, ele tem razão. Ele é prefeito de uma cidade média. Precisa manter um diálogo plural e adotar o pragmatismo. Sem falar que a polarização (entre Lula e Bolsonaro), calcificação nos termos de Felipe Nunes (cientista político e CEO do instituto Quaest Pesquisa e Consultoria), não irá necessariamente pautar todas as eleições nos mais de 5.000 municípios. Em Campos mesmo, não sei se é adequado recorrer à polarização para este pleito de 2024. Penso que discussão local utilizará outras variáveis: aprovação ou não da gestão do incumbente e comparação ainda com a gestão traumática de Rafael Diniz (Cidadania). A grande polarização nacional talvez não seduza o eleitor comum campista, mais preocupado com seu cotidiano; aliás, o que não é pecado algum. O PT local tem o dever, sim, de buscar projeção na discussão pública local. Pretendem concorrer com Wladimir e estão em disputa pela atenção do eleitor. Ok. A questão é a eficiência do argumento em tela para além da militância — avaliou, na íntegra, o cientista político George, professor da UFF-Campos.

 

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