Wladimir em Brasília e questionamentos ainda sob análise

 

Edmundo Siqueira, Wladimir Garotinho, Gilberto Gomes, George Gomes Coutinho e Alcimar das Chagas Ribeiro (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

“Wladimir erra no método, mas acerta na finalidade. Alguém investido no Executivo de uma cidade precisa deixar as portas abertas no Congresso e no Governo Federal. E atrair emendas parlamentares tem se mostrado uma das estratégias de Wladimir para administrar a cidade e, claro, tentar se reeleger. No mesmo dia que conversou com bolsonaristas em Brasília, se encontrou com um ministro de Lula. Em um Brasil de agressividade política, se mostrar um político aberto ao diálogo é um ponto positivo, e ele soube manter os encontros em tons institucionais. Campos e o país precisam de encontros institucionais para podermos sair do abismo dos últimos anos”. Foi o que disse o jornalista, servidor federal e blogueiro do Folha1, Edmundo Siqueira, sobre a cobrança que Wladimir recebeu do PT local (confira aqui) por receber apoio dos Bolsonaro e investimentos do governo Lula 3, pelos quais não daria o devido crédito.

Edmundo fez, no entanto, algumas críticas ao roteiro cumprido na semana passada em Brasília pelo prefeito de Campos:

— Quando decidiu dar ênfase a um encontro com Michelle Bolsonaro, e em tom elogioso fazer crer que ela e o ex-presidente Bolsonaro estão sendo injustiçados, onde ela seria atacada por ser esposa de um político, coloca o governo passado em um lugar de normalidade. E não foi! O comprovado ímpeto golpista de Bolsonaro e de boa parte de seu governo não pode nunca ser colocar em lugar de normalidade. Erra, portanto, no método, Wladimir, pois quis mostrar que há diálogo com os dois lados, mas favoreceu um dos lados, que não valoriza a democracia. Encontrar-se com alguém com mandato é uma coisa, enaltecer a figura de alguém sem cargo público que participou ativamente da cúpula que promoveu um golpe de Estado, como demonstram as informações que temos até aqui, é outra.

Os questionamentos a Wladimir partiram inicialmente (confira aqui) do secretário de Comunicação do PT de Campos, assessor da Câmara de Deputados, pré-candidato a vereador e também blogueiro do Folha1, Gilberto Gomes. Na quinta passada (22), ele escreveu:

— Em 2023, o saldo de investimentos do governo Lula em Campos alcançou a marca histórica de pouco mais de R$ 1,3 bilhão. Deste montante, pouco ou nenhum destaque foi feito pelo governo Wladimir creditando o governo federal. A apropriação de programas federais pelo governo municipal tem sido tática frequente de um prefeito intimamente ligado ao bolsonarismo, mas que se beneficia com emendas, maquinários, obras e tantos outros investimentos garantidos com a retomada dos investimentos públicos nos municípios pelo governo Lula.

No link do Blog do Gilberto no Instagram, Wladimir respondeu (confira aqui) em comentário:

— Gilberto, pelo respeito com que sempre nos tratamos, fiz questão de vir aqui comentar. Eu estou prefeito e tenho obrigação de dialogar com todos pelo bem da cidade, assim faço e assim sempre farei. Quanto ao investimento do governo federal na cidade, foram praticamente repasses obrigatórios por lei e não investimentos propriamente. Mas caso eles venham, e estou trabalhando muito para isso, darei o crédito e o mérito sempre, pois é assim que se deve agir. Forte abraço!

Ouvido pelo blog Opiniões, o cientista político George Gomes Coutinho, professor da UFF-Campos, analisou (confira aqui) o episódio:

— Nessa discussão, o Wladimir mais uma vez soube sair sem a menor dificuldade da armadilha. E, sim, ele tem razão. Ele é prefeito de uma cidade média. Precisa manter um diálogo plural e adotar o pragmatismo. Sem falar que a polarização (entre Lula e Bolsonaro), calcificação nos termos de Felipe Nunes (cientista político e CEO do instituto Quaest Pesquisa e Consultoria), não irá necessariamente pautar todas as eleições nos mais de 5.000 municípios. Em Campos mesmo, não sei se é adequado recorrer à polarização para este pleito de 2024. Penso que discussão local utilizará outras variáveis: aprovação ou não da gestão do incumbente e comparação ainda com a gestão traumática de Rafael Diniz (Cidadania). A grande polarização nacional talvez não seduza o eleitor comum campista, mais preocupado com seu cotidiano; aliás, o que não é pecado algum. O PT local tem o dever, sim, de buscar projeção na discussão pública local. Pretendem concorrer com Wladimir e estão em disputa pela atenção do eleitor. Ok. A questão é a eficiência do argumento em tela para além da militância.

Apesar da crítica pelas palavras que dedicou a Michelle, Wladimir também teve o objetivo da sua viagem a Brasília defendida por Edmundo. Que não deixou de cobrar do prefeito de Campos compromisso com a democracia no país:

— Em uma realidade onde o orçamento do país foi sequestrado pelo Congresso, fortalecido, e muito, no governo Bolsonaro, se aproximar de congressista é bem-vindo para o município. Isso pode servir facilmente de uma justificativa plausível para um prefeito de uma cidade média como Campos. Mas mesmo sendo prefeito de uma cidade muito conservadora, é preciso manter algumas linhas traçadas no chão e jamais ultrapassa-las. A defesa da democracia é uma delas, e talvez a principal.

Também ouvido por este Opiniões, o economista Alcimar das Chagas Ribeiro, professor da Uenf, fez outros questionamentos:

— Mais do que a chegada dos recursos e de sua origem, o importante é como esses recursos são usados. Em benefício da população ou em benefício do próprio grupo que está no poder?

 

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Este post tem um comentário

  1. FABIO NAZARENO

    Boa noite , depois de uma atuação PÍFIA, como deputado federal, e um ☝ problema da ignorância da população não acompanhar e cobrar de seus representantes na Câmara Federal. O TERRENO É FEDERAL, A UFF recursos Federal, e nosso ALCAÍDE, toma para si,o velho personalismo e que uma marca de sua família . Faça uma pesquisa sobre a ponte de foi realizada sem nenhum estudo, haja visto o transtorno que causa, quando chove. A população conhece que a ponte é ROSINHA OU LEONEL DE MOURA BRIZOLA? PORQUE NÃO SE COLOCOU O MESMO NO ELEFANTE BRANCO QUE É O CEPOP?

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