Rodrigo e Paes podem mudar Campos? Por que sim? E por que não?

 

Rodrigo Bacellar, Eduardo Paes, Wladimir Garotinho, Caio Vianna, Carla Machado, Gilberto Kassab, Antonio Brito e Flávio Bolsonaro (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

 

As pesquisas, a urna e o quente da cama

Todas as pesquisas de 2023 apontaram o favoritismo do prefeito Wladimir Garotinho (PP) à reeleição (confira aqui) em 6 de outubro, daqui a pouco mais de 6 meses. Com possibilidade de conclusão ainda no primeiro turno. À espera das pesquisas de 2024, uma única certeza, da qual bem se lembram os petistas de 2018 e os bolsonaristas de 2022: quem contesta pesquisa e bravateia “eleição é na urna”, depois desta vai chorar no lugar quente da cama. Como a eleição de prefeito de Campos lecionou em 2020, para haver segundo turno com o líder, geralmente é preciso não só mais um, mas dois outros candidatos com dois dígitos de voto.

 

Rodrigo Bacellar e Eduardo Paes

Wladimir não se elegeu já no primeiro turno de 2020, ficando com 42,94% dos votos válidos, não só porque Caio Vianna (hoje, PSD) fez 27,71%. Mas porque Dr. Bruno Kalil (hoje, a caminho do MDB) fez outros 13,17% dos votos, apoiado por Rodrigo Bacellar (hoje, União). Por essa razão matemática, o encontro na quinta (7) entre Rodrigo — secretário estadual de Governo em 2022 e, hoje, presidente da Alerj — e o prefeito carioca Eduardo Paes (PSD) tem o potencial para alterar o tabuleiro a prefeito de Campos em outubro. Se Paes, que é o dono de fato do mandato de deputado federal de Caio, forçasse este a concorrer contra Wladimir.

 

Carla Machado e Caio Vianna?

Caso a deputada estadual Carla Machado (PT) se lançasse a prefeita de Campos, além de Caio, seriam dois candidatos com potencial de dois dígitos de voto contra Wladimir neste 2024. O que, em tese, poderia gerar um resultado parecido com o de 2020. A não ser ele próprio, que não deixaria o poder na Alerj, Rodrigo não tem hoje um nome em seu grupo com o mesmo potencial eleitoral local de Carla e Caio. Poderia ser o do seu irmão, Marquinho Bacellar (SD), presidente da Câmara Municipal. Mas ele patinou em curva descendente de 1 dígito em todas as pesquisas de 2023. Só com isso, não abandonará a perspectiva real da reeleição a vereador

 

Os problemas da oposição

Há, porém, problemas de ordem prática para se lançar Carla e Caio em duas chapas de oposição para tentar o segundo turno em Campos. O primeiro e mais difícil? Toda a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal (STF) diz que Carla, por já ter sido reeleita prefeita de SJB em 2020, não pode ser candidata a prefeita três vezes seguidas em 2024. Nem em Campos, nem em nenhum outro município brasileiro. O que ela poderia é fazer campanha até 16 de setembro. Mas daria lugar a outro nome no prazo legal de até 20 dias antes da urna. O que levaria ao segundo problema: o PT aceitará isso?

 

Detalhe: busca do partido a vice

Um detalhe significativo? Foi o prefeito carioca quem postou a foto com o presidente campista da Alerj na quinta. Por quê? Porque Paes quer fazer o deputado federal Pedro Paulo (hoje, PSD) vice em sua chapa de reeleição. Que mira em turno único para se lançar candidato a governador em 2026, deixando a Prefeitura do Rio com alguém da sua estrita confiança. Para ampliar seu leque partidário, e como o PT quer sua vice para apoiá-lo, Paes já tentou emplacar Pedro Paulo no PP de Wladimir, sem sucesso. O União de Rodrigo seria não só alternativa, como demonstração de força. Para, em troca, tentar fazer Caio vir a prefeito em Campos.

 

Mais problemas e mais pesquisas

Eleito só terceiro suplente, Caio não quer deixar de ser deputado federal. Para isso, não pode contrariar Paes. Mas, como fez com o PL do senador Flávio Bolsonaro, o acordo de Wladimir com Caio foi costurado por cima, em Brasília. Com o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, e o líder do partido na Câmara Federal, deputado Antonio Brito (BA). Só depois os dois políticos campistas se reuniram com Paes. Esse é o terceiro problema para se lançar Caio e Carla em chapas distintas de oposição para levar a eleição a prefeito de Campos ao segundo turno. A não ser, óbvio, que as pesquisas mostrem algo diferente nos próximos seis meses.

 

Publicado hoje na Folha da Manhã.

 

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