Uma pesquisa do PT para abril e a vinda de Lula a Campos, ainda a ser confirmada. Foi o que o assessor da Câmara de Deputados e secretário de comunicação do PT goitacá, Gilberto Gomes, projetou no Folha no Ar de ontem (19) a este ano eleitoral de 2024. Com objetivo às urnas de 6 de outubro, daqui a exatos 6 meses e 17 dias. Tanto na disputa pela Prefeitura de Campos, em que o jovem petista projeta um segundo turno ainda não indicado em pesquisa, quanto pela Câmara Municipal. Nesta, o próprio Gilberto é pré-candidato e aposta na conquista de duas cadeiras petistas: uma direto e outra na sobra.
Na eleição majoritária, o jovem petista moderou sua fala de 13 de dezembro, quando afirmou aqui: “não há a menor possibilidade de uma estratégia que busque lançar uma candidatura virtual, sem chances de se eleger, para ser substituída às vésperas”. À época, referiu-se à postulação da deputada Carla Machado (PT), que toda a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal (STF) dizem não poder se candidatar a prefeita de nenhum município brasileiro em 2024, por já ter sido reeleita prefeita de São João da Barra em 2020. Três meses depois, Gilberto incluiu ontem o nome de Carla entre os três pré-candidatos petistas à Prefeitura de Campos, junto ao professor Jefferson de Azevedo, reitor do IFF, e ao sindicalista Helinho Anomal.
Três pré-candidaturas do PT a prefeito de Campos — Com a confirmação da (pré-)candidatura (a prefeita) da Madeleine (Dykeman, União), uma surpresa para muitos, a candidatura do PT, na forma como está sendo construída, vai ser a grande novidade dessas eleições, principalmente porque nós temos Lula presidente. Nós temos três pré-candidaturas no PT. A Carla Machado, quando o Tezeu (Bezerra, presidente do Sidipetro NF) usa o termo “nuances”, a gente sabe que tem essas questões jurídicas que ainda precisam ser analisadas. Mas, eu sempre pontuo que a Carla Machado, com seus quatro mandatos de prefeita de São João da Barra, como deputada estadual, tem currículo mais que suficiente. O que se precisa aguardar é, realmente, se ela teria essa condição. Mas, independente da condição de Carla ou não, a gente também tem na figura do professor Jefferson (de Azevedo) um quadro extremamente qualificado, técnico, competente, que elevaria o nível do debate em nossa cidade e poderia trazer uma série de soluções alternativas que a cidade de Campos merece e precisa. E na figura do Helinho Anomal, eu sempre pontuo o seguinte: ele é um soldado à disposição do nosso partido. Ele se colocou em 2020 à disposição, como pré-candidato (a prefeito) junto a Zé Maria e Odisséia, e se coloca novamente à disposição agora, ao lado de Carla e de Jefferson.
Peso da máquina e dos RPAs — A gente vai ter, naturalmente, uma presença da máquina municipal muito intensa nessa disputa. Eu venho pontuando que a gente fechou 2021 com um orçamento previsto de R$ 16 milhões para os RPA’s. Nós tivemos agora, em 2023, uma dotação de R$ 88 milhões para os RPA’s. É um crescimento muito considerável. Nós estamos com quase 10 mil RPA’s na cidade. O prefeito avançou, de fato, num ajustamento para que possa, eventualmente, depois terceirizar e a questão dos concursos. Mas, eu acho preocupante também a questão da terceirização, porque aumenta ainda mais esses custos. A própria questão sobre como os RPA’s podem ser utilizados no processo eleitoral, para mim, é muito preocupante. Os RPA’s, naturalmente, têm uma relação de dependência financeira, porque são pessoas muito simples, muito humildes, muito vulneráveis na maior parte das vezes. Se cria, sim, uma relação de dependência financeira com a Prefeitura, e a gente sabe que a relação política que constitui essa dependência financeira pode ter um peso significativo nessas eleições. Tenho estimulado o próprio Jefferson, com quem mantenho mais contato, falando que nós precisamos ter muita atenção com esse debate. Quando a gente fala de quase 10 mil RPA’s, a gente está falando talvez mais de 50 mil pessoas, porque as famílias desses RPA’s são impactadas por essa relação de dependência financeira.
Calcanhar de Aquiles do governo Wladimir — Você vai conversar com a população no dia a dia, você vê críticas muito intensas ao Transporte Público, que é o grande calcanhar de Aquiles do governo Wladimir, porque ao longo desses quatro anos não conseguiu apresentar nenhuma solução. Hoje, a única possível solução que resta para Wladimir resolver a questão do transporte é se for atendida a solicitação dele para o PAC, de R$ 500 milhões, para aquisição de 350 novos ônibus. É uma solicitação muito considerável para o governo Lula. É até difícil, é um valor muito alto para ser contemplado no PAC a uma cidade do interior. Eu torço para que ele tenha sucesso no pleito, para que o Governo Federal possa ajudar a cidade de Campos, mas acho muito difícil. Essa é a única solução que resta. Então, se você conversa com a população sobre o Transporte, sobre a Saúde, a população tem muitas críticas. É onde reside, talvez, a maior rejeição no sentido do governo. A gente precisa de novas pesquisas, claro, para confirmar isso; pesquisas um pouco mais até qualitativas, para a gente ter um pouquinho mais dessa percepção.
Geração de emprego — A gente tem hoje o município de Campos gerando pouquíssimos empregos. Eu fiz uma matéria para a Folha, no nosso blog, comparando a geração de emprego de Campos com uma cidade da Bahia, em que há uma pujança industrial muito maior do que a cidade de Campos, que poderia estar pleiteando esse desenvolvimento, gerando mais emprego, mais renda. Hoje, o maior empregador da cidade de Campos é a Prefeitura. É muito grave quando a gente vê que quem mais emprega na cidade é a Prefeitura, com seus quase 10 mil RPA’s, sem falar dos outros cargos comissionados, que são naturais para a operação e para o funcionamento da máquina pública, dos cargos técnicos que precisam ser ocupados nas secretarias, naturalmente. E eu acredito que o PT pode apresentar soluções, principalmente nesses dois eixos: emprego e renda, e mobilidade urbana. Nós temos currículo e histórico nessas áreas. Se a gente observar a cidade de Maricá, nós temos hoje um sistema de transporte que é exemplo para qualquer cidade média no Brasil, onde a gente consegue operar transporte gratuito. E aí, algumas pessoas podem falar que Maricá está recebendo muitos royalties. E Campos não recebeu muitos royalties por muito tempo? Campos ainda não recebe muitos royalties? É claro que não recebe tanto como já recebeu, mas já recebeu muito. Qual foi o legado de político estruturante que a nossa cidade teve desses royalties? Nenhum!
Segundo turno — Não acredito em vitória (de Wladimir) no primeiro turno. Eu acho que o segundo turno é um fato, dado inclusive agora o número de (pré-)candidatos confirmados que nós temos. Com um número mais enxuto de candidatos que a gente tinha até pouco tempo atrás, talvez o Wladimir pudesse pensar em primeiro turno. Mas, agora, eu acho que o segundo turno começa a se mostrar um pouco mais inevitável. E a gente quer estar nesse segundo turno debatendo a cidade de Campos com a candidatura do PT, qualificando principalmente essas áreas em que nós já temos experiência: qualificando o debate sobre emprego, qualificando o debate sobre Transporte Público na nossa cidade. Eu acho que vão ser bandeiras essenciais, inclusive para qualquer candidato debater. Mas, nós temos currículo e bagagem nesses pontos.
Atrás dos 100 mil votos de Lula em Campos — Os 100 mil votos para o Lula no segundo turno (de 2022) aqui em Campos não foram somente de petistas; muitos foram votos contrários ao bolsonarismo, É por isso que eu acho, inclusive, que a gente pode ter na nossa cidade o efeito de uma grande votação para a candidatura que mais rejeite o bolsonarismo, que eu acredito que vai ser a candidatura do PT. Uma resolução do PT estadual, inclusive, deixa claro que o PT não estará nem irá compor, nem terá qualquer proximidade, nem receberá nas suas nominadas qualquer tipo de candidato que esteja no mínimo próximo ao bolsonarismo. Não terá! Então, a gente consegue explorar um pouco, para o bem e para o mal, essa polarização na nossa cidade. A candidatura da Madeleine surge nesse momento, de fato, como essa candidatura que o Bacellar já teve com o (Dr. Bruno) Calil (em 2020), que tende a desidratar a candidatura do Wladimir, principalmente nesse voto bolsonarista. Inclusive com a Madeleine desidratando esse voto bolsonarista de forma mais qualificada. Muita gente esperava um bolsonarista mais radical, alguém como o (deputado estadual Filippe) Poubel (PL de Maricá). Não, pelo contrário! Acho que isso também vai contribuir com o debate na cidade. E entre essas três a quatro candidaturas, eu acho que o PT vai conseguir correr por fora. O nosso objetivo é chegar no segundo turno; é capturar o máximo possível desses votos que o Lula teve na cidade. Pesquisa do PT — O PT-RJ vai encomendar uma pesquisa agora para o mês de abril, em que a gente vai fazer alguns testes, dessa correlação da votação do Lula com a nossa candidatura. A gente vai poder ter uma boa métrica disso para poder falar isso até com mais propriedade. Mas, eu acredito que a gente vai ter um processo eleitoral que pode repetir, sim, esse cenário. Existe a possibilidade de Caio (Vianna) concorrer novamente, a gente tem observado isso voltando para o debate. Acredito que se isso ocorrer, pode contribuir ainda mais para esse cenário, se de fato concorrer. E a gente tem aí a possibilidade da candidatura do PT, além de Madeleine, possivelmente Caio. Eu acho que, das outras candidaturas bolsonaristas, o Clodomir não acredito que vai ter algum desempenho muito considerável. O Sérgio Mendes gravou um vídeo ontem (18) dizendo que permanece pré-candidato.
Lula em Campos? — Eu estive com a Gleisi (Hoffmann, presidente nacional do PT), o Tezeu esteve com a Gleisi (na sexta, dia 15) e tudo o que ouvimos é que realmente o diretório nacional vai ter uma presença significativa nas eleições aqui. A gente quer trazer o Lula a Campos antes da eleição para uma agenda importante. Estamos construindo para ele vir. Tivemos uma reunião há pouco tempo, muito breve, em Brasília. A gente está propondo. O que eu posso dar de informação é que a gente vai apresentar uma proposta de agenda solicitada pelo (deputado federal) Lindbergh (Farias, PT/RJ). Ele vai fazer contato com a assessoria da presidência da República apresentando essa proposta de agenda, que dialoga com uma tarefa que o Lula tem seguido, que é visitar territórios mais marcados pela presença do bolsonarismo. Ele já fez isso com os governadores, quando ele fez aquela série de agendas passando pelo Tarcísio (Freitas, Republicanos), pelo Cláudio Castro (PL), pelo (Romeu) Zema (Novo), que são governadores eleitos ainda muito aliados ao bolsonarismo. Isso faz parte de uma estratégia de ampliar o próprio campo do PT, e com as prefeituras a tendência é repetir essa estratégia. A gente acredita que dá para trazer ele a Campos. É muito difícil a gente bater o martelo agora. Mas a gente tem prédio novo da UFF para inaugurar. Não tenha dúvida de que Wladimir (que conduziu, como deputado federal, a emenda de bancada para conclusão da obra) estará convidado a estar ao lado de Jefferson, Carla, Helinho.
Nominata do PT — O objetivo é fazer duas cadeiras, estamos focados nisso. Acho que isso é reconhecido. Eu sou pré-candidato nessa nominata. Acredito que a gente faz as duas cadeiras; uma cadeira e uma na sobra. É a conta que o professor Luciano D’Ângelo (ex-diretor da antiga Escola Técnica Federal de Campos, atual IFF, e articulador do PT local) vem conduzindo. A gente está com uma montagem de uma nominata muito competitiva, muito equilibrada. A gente passou por um momento muito ruim em 2020. Em 2016, foi por muito pouco que a gente não elegeu o Professor Alexandre (atual, PDT). Odisseia, o ex-reitor da Uenf Raul Palacio, o próprio professor Alexandre, se não confirmados, estão próximos. O caso da Natália (Soares, Psol), o PT sempre deixou as portas abertas, mas, de fato, passa muito pelas discussões que ela vai ter com a própria base, com o próprio Psol. Há, de fato, um compromisso não somente pragmático, mas ideológico dela com o Psol. Então, eu acredito que é um peso e que deve ter nesse processo. Mas, independente da candidatura de Natália ou não com o PT, a gente tem muita clareza da possibilidade dessas duas cadeiras. A partir do dia 6 de abril, vão começar a surgir alguns nomes que, por uma questão até de estratégia, estarão conosco nessa nominata e não ventilamos ainda, para não dar tanto do nosso mapa. Vamos sair este ano, se Deus quiser, com a nominata completa, junto com os nossos companheiros do PCdoB e do PV, que também compõem a Federação conosco, estão apresentando também os seus nomes. O PT ontem fez uma atividade muito boa de formação com os seus pré-candidatos da nominata. Fui candidato em 2020 e serei candidato agora, em 2024. Há uma diferença muito grande realmente no trabalho. Em 2020, no meio do governo Bolsonaro, a gente estava com um pouco mais de dificuldade. Zé Maria (Rangel, atual gerente executivo de Responsabilidade Social da Petrobras) e eu ainda fizemos uma boa votação, mas, infelizmente, o restante do nominata não teve as condições necessárias. A nominata saiu com menos de 1/3 do que poderia lançar. Esse fato não vai se repetir. Acho que 2020 é um ano para se esquecer do ponto de vista de montagem de nominata. Em 2020, a gente disputou com mais de 800 candidatos a vereador. A gente já vai ter um número mais enxuto nessa eleição, e acho que isso também vai ampliar um pouco o campo que a gente tem de disputa. Inclusive, há a necessidade de a gente eleger mulheres para essa Câmara, que tem 25 homens. A gente precisa diversificar, precisa qualificar. A gente precisa que essa Câmara reflita um pouco mais a cidade de Campos.
No vídeo abaixo, a entrevista do Gilberto Gomes, na manhã de ontem, ao Folha no Ar:
Esse é o presidente que disse que roubar um celular não é crime, hoje Travessão está de luto pela morte de Fernando,que deixa dois filhos pequenos sem pai.Viva o PT que recebeu aplausos de (trecho excluído pela moderação) com a vitória de Lula.