Quem mandou matar Marielle?
Quem mandou matar Marielle? A pergunta ecoava há seis anos, desde que a ex-vereadora carioca Marielle Franco (Psol) e seu motorista, Anderson Torres, foram executados a tiros em 14 de março de 2018. E ficou mais próxima da resposta no último domingo (24). Quando foram presos como mandantes o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão, seu irmão e deputado federal Chiquinho Brazão (União), e o ex-chefe de Polícia Civil do RJ Rivaldo Barbosa. Este, indicado ao cargo dois dias antes do crime pelo então interventor federal na Segurança Pública do RJ, general Walter Braga Netto.
Quem deu voto a quem matou Marielle?
Não é segredo que Braga Netto depois seria ministro da Casa Civil e da Defesa do governo Jair Bolsonaro (PL). Como depois seria, em 2022, candidato a vice do ex-presidente em sua chapa derrotada à reeleição. O que não evidencia nenhuma ligação com o crime. Seu mentor, antes de assumir como conselheiro do TCE, Domingos Brazão foi eleito cinco vezes consecutivas deputado estadual. E Domingos conquistou belíssimas votações em Campos dos Goytacazes nas três últimas. O que ecoa outra pergunta a quem, desde domingo, lembra dessa conexão goitacá de Domingos: quem deu tantos votos em Campos a quem mandou matar Marielle?
“Milagre” da multiplicação em Campos
Carioca, Domingos Brazão foi eleito as duas primeiras vezes à Alerj com votações pífias em Campos. Em 1998, dos seus 27.287 votos, apenas 49 foram de Campos. Em 2002, dos seus 68.300 votos, apenas 60 foram de Campos. Até que o “milagre” da multiplicação de votos passou a se operar às margens do Paraíba do Sul a Domingos Brazão. Em 2006, dos 73.263 votos do seu terceiro mandato de deputado estadual, 2.637 foram de Campos. Em 2010, dos seus 91.774 votos, 2.905 foram de Campos. Em 2014, quando se elegeu pela última vez à Alerj, dos seus 70.314 votos, manteve a constância: 2.464 foram de Campos.
De Domingos a Chiquinho
A reprodução de votos aos Brazão em Campos, no entanto, minguaria na primeira das duas eleições de Chiquinho a deputado federal. Em 2018, pouco mais de seis meses após a morte de Marielle, o irmão de Domingos se elegeu com 25.817 votos, mas só 95 de Campos. O que houve? Domingos estava afastado do TCE desde abril de 2017, por corrupção. De volta ao cargo de conselheiro em 2021, por decisão do ministro Nunes Marques, indicado do Supremo Tribunal Federal (STF) por Bolsonaro, Domingos voltou a operar “milagre” em 2022 às margens do Paraíba: dos 77.367 votos que reelegeram seu irmão Chiquinho, 4.935 foram de Campos.
O voto e a conta
Após apoiarem a reeleição de Dilma Rousseff (PT) a presidente em 2014, que sofreria impeachment em 2016 sem deixar saudade, os irmãos Domingos e Chiquinho apoiaram Bolsonaro na vitória de 2018 e na derrota de 2022. Um operador dos “milagreiros” da multiplicação dos votos aos Brazão na planície goitacá, mesmo que prefira atuar nas sombras, também assumiu voto em Bolsonaro no segundo turno da eleição presidencial de 2022. Nas redes sociais, disse que era “contra a corrupção”. Foi a pregação de quem, desde 2006, faz conta de multiplicar votos em Campos a quem mandou matar Marielle.
Brasil 3 a 3 Espanha
O Brasil arrancou um empate emocionante no 3 a 3 do início da noite de ontem (26) contra a Espanha. Que jogou melhor, embora tenha marcado dois gols em pênaltis inexistentes, num jogo sem VAR e com árbitro português visivelmente inseguro para apitar lances decisivos por conta própria. O maestro espanhol Rodri, que não tem nada a ver com isso, converteu os dois. Os brasileiros também tiveram um pênalti ao seu favor, mas real, aos 51’ da etapa final. Convertido com direito a paradinha pelo volante Lucas Paquetá, que deu números finais ao amistoso no Santiago Bernabéu, em Madri.
A estrela de Endrick
Os lances mais belos, após Rodri abrir o placar aos 12’, vieram de bola rolando. Aos 35’, o camisa 10 Dani Olmo driblou dois marcadores brasileiros na área para fazer 2 a 0 com um golaço. A reação veio aos 39’, em outro lance de categoria, quando Rodrygo encobriu o goleiro espanhol, após interceptar sua saída de bola com o pé. Aos 4’ do segundo tempo, Endrick concluiu em lance de oportunismo na área. E de estrela, após já ter marcado, aos 17 anos, o gol do 1 a 0 sobre a Inglaterra, dentro de Wembley, em Londres, no sábado (24). Três dias depois, no Bernabéu, Rodri e Paquetá fecharam o placar em cobranças de pênalti.
Roteiro do Brasil de Dorival
O fato é que foi o segundo jogo do treinador Dorival Júnior no comando do Brasil. E foram dois jogos sem perder contra seleções europeias fortes. Em 6º lugar nas Eliminatórias Sul-Americanas à Copa do Mundo de 2026, onde o Brasil vem do ineditismo histórico de três derrotas em sequência, a Copa América nos EUA a partir de junho servirá para testar o time em jogos oficiais. Antes de retomar as Eliminatórias em 5 de setembro. Até aqui, após a vitória sobre a Inglaterra e o empate com a Espanha em amistosos, dá para dizer que é um começo. Sem previsão do retorno do pop-star Neymar, já aos 32 anos, talvez um recomeço. A ver.
Publicado hoje na Folha da Manhã.