Faleceu, aos 60 anos, o músico campista José Rubens Rio da Rocha. Mais conhecido por amigos e ouvintes como Zé Rubens, seu corpo foi encontrado ontem (9) por familiares, na casa em que residia sozinho, no Jardim Aeroporto. Após oração de corpo presente, ele será sepultado às 15h30 de hoje (10), na quadra R do Cemitério do Caju. Solteiro, deixa a filha Millena, de 38 anos, e três netos: Kaio, Yuri e Rayza.
Egresso da classe média goitacá, Zé Rubens era conhecido desde jovem por seu grande talento musical. Fruto de uma geração anterior à minha, o conheci no final dos anos 1980, em barzinhos e festas na noite de Campos, ou em luaus nos verões de Atafona e Grussaí. Da geração dele à minha, como as anteriores e posteriores, era figura querida, sempre muito simpático, risonho e solícito a pedidos de música entre rock, pop-rock, blues e MPB do seu vasto repertório.
Particularmente, guardo con carinho uma noite com Zé no bar que os irmãos Cacazinho e Claudinho Vianna abriram na avenida Liberdade, mais conhecida como Rua do Clube, quase em frente ao Clube de Grussaí. Era o verão de 1991. Ele, Cacazinho, Claudinho, eu e mais alguns viramos a noite tomando cerveja e papeando, com Zé tocando violão e cantando até o dia raiar.
Em dado momento daquela noite emendada com amanhecer, Zé passou o violão a outro, e começou a fazer uma percussão com duas colheres. Lembro, como se fosse agora, de ver e ouvir ele improvisar o refinamento inesperado à música, usando apenas dois talheres de metal e as mãos. E, com a convicção dos jovens, sentenciei em pensamento: “Que sujeito talentoso!”
Voltaríamos a nos encontrar, sempre nas noites, nos anos 1990 e 2000. Nossos contatos ficaram mais escassos na última década e meia, nessas coisas da vida cujo motivo nunca sabemos. Ao saber hoje da sua morte, que é também um pouco a da sua geração em Campos e tudo que ela representou em liberdade de costumes, pensei no legado da vida de Zé Rubens.
E veio à cabeça o juízo que o poeta pernambucano João Cabral de Mello Neto fazia de outro grande poeta modernista brasileiro, o carioca Dante Milano. Que, por opção, morreria recluso em Petrópolis:
— Ele vivia para a poesia no sentido de viver em poesia, e não no sentido de se dar a conhecer como poeta. Ele era sob certo ponto de vista, vamos dizer, moral, o poeta puro por excelência.
Músico, Zé Rubens viveu como poeta. Que vá em paz!
Eu como filha de Zé Rubens, e em nome dos meus filhos e familia, agradeço o carinho com que foi redigida essa matéria.
Papai era muito querido por todos os que o conhecia.
Minha eterna gratidão por cada palavra aqui descrita.
Achei sensível e profunda a forma que você retratou o tio Zé Rubens. E essa questão geracional foi muito bem retratada e observada. Concordo com tudo.
Os verões eram sempre os mesmos e graças a Deus eu consegui viver um pouco, do muito, que era essa turma poesia!
Quero agradecer o conforto em ler suas palavras.
Pra sempre Zé Rubens