Hoje, a 26 dias da urna de 6 de outubro, o cenário eleitoral de Italva repete o de outros 8 municípios da região: com um governo popularmente bem avaliado, o prefeito Léo Pelanca (PL) é favorito à reeleição. Pesquisa do instituto Novo Correio Fluminense deu Pelanca com 74,20% de intenção de voto na consulta estimulada (com apresentação dos nomes dos candidatos), ou 78,94% de intenção de voto válido (descontados brancos e nulos). A vantagem é fruto da avaliação do governo de Italva: 81% da população aprovam a atual gestão, entre os 54,80% que a consideram boa e os 26,20% que a consideram ótima.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Aprovação de governo = intenção de voto — Na consulta estimulada, bem atrás dos 74,20% de intenção de voto do prefeito, vieram Alcirley Lima (União), com 13% (ou 13,83% de intenção de voto válido); e Claudinei Melo (Avante), com 6,80% (ou 7,23% dos válidos). Outros 3,80% disseram que votarão em branco ou nulo, enquanto 2,20% não opinaram. Na avaliação de governo, além da maioria de 81% que considera o governo de Italva bom (54,80%) e ótimo (26,20%), outros 9,60% acham que é regular; com 4,80% de ruim, 4,20% de péssimo e 0,40% que não souberam opinar.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Dados da pesquisa — A pesquisa Novo Correio Fluminense a prefeito de Italva foi feita com 500 eleitores do município, entre 3 e 4 de setembro. Sob registro RJ-02256/2024 no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ela tem margem de erro de 4,3 pontos para mais ou menos.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Correlação é regra no NF — Presente em Italva, a correlação entre aprovação de governo e favoritismo do prefeito à reeleição se repete em outros 5 municípios do Norte Fluminense. Em Campos, Wladimir Garotinho (PP) tem 63% de intenção de voto na estimulada, com aprovação de governo de 76,3%; em São João da Barra, Carla Caputi (União) tem 71,12% de intenção, com aprovação de governo de 86,88%; em Macaé, Welberth Rezende (Cidadania) tem 70,3% de intenção, com aprovação de governo de 85%; em Cardoso Moreira, a prefeita Geane Vincler (União) tem 68,2% de intenção, com aprovação de governo de 74,8%; em Conceição de Macabu, o prefeito Valmir Lessa (Cidadania) tem 41,2% de intenção, com aprovação de governo de 68,4%.
Prefeitos do Norte Fluminense e Região dos Lagos com governos bem avaliados pela população e favoritos nas pesquisas à reeleição: Wladimir Garotinho em Campos dos Goytacazes, Carla Caputi em São João da Barra, Geane Vincler em Cardoso Moreira, Valmir Lessa em Conceição de Macabu, Fábio do Pastel em São Pedro da Aldeia, Marcelo Magno em Arraial do Cabo e Maira de Jaime em Silva Jardim (Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Também na Região dos Lagos — A mesma correlação entre aprovação popular de governo e favoritismo do atual prefeito candidato à reeleição também se repete em 3 municípios da Região dos Lagos. Em São Pedro da Aldeia, Fábio do Pastel (PL) teve 56% de intenção de voto, com aprovação de governo de 77,2%; em Arraial do Cabo, Marcelo Magno (PL) teve 62% de intenção de voto na consulta estimulada, com aprovação de governo de 79,8%; em Silva Jardim, Maira de Jaime (MDB) teve 51,2% de intenção de voto, com aprovação de governo de 75,1%.
Espontânea em Italva — Como também acontece nesses outros oito municípios, em Italva o prefeito Léo Pelanca também lidera a consulta espontânea (onde o eleitor fala em quem vai votar da própria cabeça), com 69,40% de intenção de voto cristalizada, com pouca chance de mudança até 6 de outubro. Ele também veio seguido à distância por Alcirley, com 9,40%; e por Claudinei, com 4,40%; enquanto 16,80% não opinaram.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Rejeição — No índice negativo da rejeição, quem lidera em Italva é Alcirley, com 28% de italvenses que não votariam nele a prefeito. Ele foi seguido por Claudinei, com 21,60%; e pelo prefeito Pelanca, com apenas 9,60% de rejeição. A maioria de 40,80%, no entanto, não opinou na consulta Novo Correio Fluminense sobre qual dos candidatos a prefeito de Italva não votaria em 6 de outubro.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
William Passos, geógrafo com especialização doutoral em estatística pelo IGBE
Análise do especialista — “Com grau de confiança de 95,0% e 500 entrevistas de rua, face a face, a pesquisa apresenta boa qualidade técnica, com margem de erro de 4,3 pontos. Com 12.146 eleitores habilitados no TSE para votar em 6 de outubro, Italva tem eleição de turno único a prefeito. A pesquisa aponta à reeleição do prefeito Léo Pelanca, com 69,40% das intenções na consulta espontânea, 74,20% na estimulada e para 78,94% nos votos válidos. A probabilidade de reeleição do atual prefeito é explicada pelos 81,00% da soma de bom e ótimo da avaliação da administração municipal pelo eleitorado”, explicou William Passos, geógrafo com especialização doutoral em estatística no IBGE.
Delegada de Polícia Civil e candidata a prefeita de Campos, a Delegada Madeleine (União) é a convidada do Folha no Ar desta terça (10), ao vivo, a partir das 7h da manhã, na Folha FM 98,3. Ela dá sequência à série de entrevistas do Grupo Folha com todos os candidatos a prefeito Campos, com ordem estabelecida em sorteio (confira aqui) no último dia 22, diante da presença dos representantes de todas as candidaturas.
Madeleine avaliará os erros e acertos da gestão Wladimir, o cenário apontado pelas pesquisas eleitorais (confira aqui e aqui) e sua nominata de vereadores. Ela também falará das suas propostas para saúde, educação, transporte público e segurança. E, por fim, do que propõe à revitalização do Centro, à retomada da vocação agropecuária do município, à geração de empregos e à construção do futuro de Campos para além dos royalties do petróleo.
Quem quiser participar ao vivo do Folha no Ar desta terça poderá fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, nos domínios da Folha FM 98,3 no Facebook e no YouTube.
Pablo Marçal e Jeca Tatu, perosnagem de Monteiro Lobato imortalizado no cinema brasileiro por Amácio Mazzaropi (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Edmundo Siqueira, jornalista e servidor federal
Pablo Marçal: o Jeca Tatu de terno slim
Por Edmundo Siqueira
Não é difícil decifrar o código de Pablo Marçal, principalmente vendo as dezenas de entrevistas que tem dado. Ele é alguém que domina as redes sociais, e que entendeu o mindset desta quadra da história, onde vídeos de 30 ou 90 segundos são produtos de comunicação de massa. Portanto, os cortes são mais importantes que o conteúdo. Lacrar é o que vale.
“Código”, “mindset”, “cortes” e “lacrar”. Peço desculpas ao leitor, mas é proposital inserir estrangeirismos e expressões fáceis. Esse é o terreno onde as narrativas (palavra proposital, de novo) de Marçal são férteis. Ele pode ser caricato, com direito a sotaque caipira e aura de coach charlatão. Mas é inegável: ele tem dominado não apenas as entrevistas, desconcertando jornalistas experientes, mas também o debate público do país.
Marçal entra na política com a pose de quem decifrou o segredo do universo. De terno slim, olhar focado e discurso motivacional, acredita que São Paulo — cidade que ele diz ser o espelho do Brasil — pode ser domada como uma reunião de negócios. Moderno, um homem versão 4.0, que acha que a política pública é uma planilha de Excel. Basta incluir alguns números, uma centena de metas e objetivos, e pronto. O gráfico final será “abençoado” com um crescimento vertiginoso.
Mas o que ele parece negar com a cortina de exagero que usa, é que sua alma carrega algo mais ancestral, um resquício perdido do Brasil profundo. Sim, Pablo é o Jeca Tatu da era digital.
Antes que me acusem do mesmo, de exagero, repare bem: o Jeca não era burro, muito pelo contrário. Sua ignorância era estratégica, um recurso para fugir do desconforto da civilização. E Marçal, com todo seu apetite por clichês de autoajuda, faz o mesmo. Promete o impossível, faz de conta que está em controle absoluto, algo como um Jeca Tatu que trocou o banquinho de madeira pelo assento de couro no Uber Black.
Mas é preciso ir além: Jeca Tatu não queria a cidade grande, ele a temia. E Marçal, com seu discurso de modernidade, não quer a cidade, ele a finge. Finge que entende seus dramas, suas mazelas e seus engarrafamentos. Pensa que tudo se resolve com um vídeo motivacional, com a revolução que só existe na cabeça de quem nunca tomou o metrô na hora do rush. O Jeca de Marçal usa termos como “disrupção” e “empreendedorismo”, mas na verdade, é a pura e velha preguiça de encarar o real.
No fundo, Pablo Marçal é o Jeca que trocou a enxada pelo celular, o calo na mão pela palestra em auditório climatizado. Seu projeto de São Paulo não é urbano, é bucólico. Ele quer um campo verdejante e teleféricos rasgando os céus, onde os problemas desaparecem com um clique e as crises são solucionadas com frases de efeito.
Só que São Paulo não precisa de um Jeca de paletó e gravata, nem de um falso profeta das redes sociais. Precisa de quem a entenda em toda sua complexidade — suas feridas abertas, seus becos sem saída. E até aqui, Marçal continua acreditando que é possível governar essa cidade com a força do pensamento positivo.
As pesquisas e a religião
Embora Pablo acredite que as eleições já estão ganhas e que terá eleitores suficientes para vencer no primeiro turno da maior cidade do país, o cenário da última pesquisa Datafolha (divulgada nesta quinta, 5) mostra que não é tão fácil como um vídeo de 30 segundos.
Guilherme Boulos (PSOL), aparece com 23% (eram 23%), Ricardo Nunes (MDB), com 22% (eram 19%), Pablo Marçal (PRTB) apresentou 22% (eram 21%) e Tabata Amaral (PSB), 9% (eram 8%).
No segundo turno, Marçal perde em todos os cenários testados pelo Datafolha, explicado em grande parte pelos números de rejeição: 38%, 4 pontos percentuais a mais que na última pesquisa, liderando a rejeição.
O Jeca Tatu Digital se preparou para essa jornada, e com visual e retórica ajustados e milimetricamente pensados, consegue visibilidade. “A moleza tinha desaparecido e ele passava o dia inteiro trabalhando. Não exagerava mais na bebida. Ninguém mais o reconhecia, trabalhava tanto que até preocupava as pessoas. Ele, a mulher e os filhos andavam agora calçados”, escreveu Monteiro Lobato, no livro Urupês, na criação do alter ego rejeitado de Marçal.
Além do sotaque de paulista do interior, Marçal apela à religião. Diz constantemente que irá “abençoar” as favelas, e coloca “Deus” em diversas frases. Evangélico, Marçal comunica como poucos a ideia de prosperidade que igrejas neopentecostais protestantes utilizam desde os anos 1930. Com esse perfil, facilmente atrairia eleitores. Porém, a soberba o fez tropeçar com o público religioso.
“O Salomão tinha jato? Salomão já acalmou piloto de helicóptero? Salomão escreveu três livros, eu escrevi 45. Eu tenho só uma mulher, Salomão tinha mil e não encontrou a paixão da vida dele. Salomão não tem 2,4 bilhões de marcações no TikTok”, disse Marçal em um vídeo, viralizado recentemente. O ex-coach ainda chama o rei de Israel de “neném”.
Ironicamente, o próprio Salomão ensina que a soberba precede a ruína. Talvez o fato de ser muito conhecido ajude Marçal, e há chances de ele ganhar as eleições em São Paulo, e com isso se cacifar como um sério candidato da direita para 2026. Embora Bolsonaro e Tarcísio de Freitas apoiem Ricardo Nunes à reeleição, uma vitória de Marçal certamente mudaria o jogo e a única opção do bolsonarismo seria mudar o mindset e apoiar cegamente o ex-coach.
Mas aos olhos de hoje, Marçal não vence. E a julgar pelas comparações salomônicas recentes, talvez consiga aumentar sua rejeição a ponto de inviabilizar qualquer chance futura. “Pobre Jeca Tatu! Como és bonito no romance e feio na realidade”.
A contar de hoje (7), são 29 dias às urnas de Campos em 6 de outubro. A definição da vontade soberana dos 373.553 campistas aptos a votar deveria se pautar pelo debate de projetos ao município. Como sua sobrevivência sem os recursos finitos dos royalties do petróleo advindos de uma Bacia de campos já maduros. No lugar disso, a discussão eleitoral tem sido vulgarizada na bacia das almas. Como foi ontem, ao ser atribuída a ligação com um grupo político da cidade de um bombeiro militar apontado como suspeito do homicídio de um motoboy. Mesmo que a suposta motivação, pelo que se sabe até aqui, nada tenha a ver com política ou eleição.
Mais vulgarização
Esse baixo nível de debate pode até ser do interesse do público. Mas não é de interesse público. E não é monopólio de um lado. Do outro, já houve até importação, do Rio a Campos, de políticos notoriamente desqualificados para se ofender a honra da primeira-dama e do prefeito. Como a insistência na denúncia, por um chefe de Poder, de um suposto crime ambiental nas atividades industriais do vice-prefeito, mesmo após o Instituto Estadual do Meio Ambiente (Inea) ter negado existir. Ou até do envolvimento de filhos de adversário político numa empresa com veículo envolvido na fatalidade de um acidente automobilístico.
Polarização sem desqualificação
A menos de um mês do pleito, a tendência é de polarização entre os dois maiores grupos políticos da cidade, de expressão também estadual. Os Garotinho, que já tiveram dois governadores. E hoje têm no filho Wladimir (PP) o prefeito e líder em todas as pesquisas (confira aqui) à tentativa de reeleição. E os Bacellar, que presidem os Legislativos fluminense e goitacá, respectivamente, com os irmãos Rodrigo e Marquinho. Que têm na candidatura a prefeita da Delegada Madeleine (União) a única na oposição, até aqui, a também apresentar 2 dígitos de intenção de voto. Nos dois lados, polarização não precisa rimar com desqualificação.
Para nivelar o debate
Ciente do seu papel de liderança moral, numa comunidade de maioria ainda católica, a Diocese promoveu encontro (relembre aqui) em 25 de novembro de 2023 com os pré-candidatos a prefeito de Campos em 2024. À proposta de nivelar por cima o debate eleitoral, atenderam, então, o prefeito Wladimir e outros dois prefeitáveis hoje confirmados em convenção: Professor Jefferson (PT) e Dr. Buchaul (Novo). Este, em ordem definida em sorteio, abriu ontem a série do Folha no Ar de entrevistas com os candidatos a comandar o maior município do Norte Fluminense. Que, com o objetivo de discutir propostas, segue nesta terça (10) com Madeleine.
Odontólogo e candidato a prefeito de Campos, Dr. Buchual (Novo) é o convidado do Folha no Ar desta sexta (6), ao vivo, a partir das 7h da manhã, na Folha FM 98,3. Ele abre a série de entrevistas que o Grupo Folha fará com todos os candidatos a prefeito Campos, com ordem estabelecida em sorteio (confira aqui) no último dia 22, com a presença dos representantes de todas as candidaturas.
Buchaul avaliará os erros e acertos da gestão Wladimir, o cenário apontado pelas pesquisas eleitorais (confira aqui e aqui) e sua nominata de vereadores. Ele também falará das suas propostas para saúde, educação, transporte público e segurança. E, por fim, do que propõe à revitalização do Centro, à retomada da vocação agropecuária do município, à geração de empregos e à construção do futuro de Campos para além dos royalties do petróleo.
Quem quiser participar ao vivo do Folha no Ar desta sexta poderá fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, nos domínios da Folha FM 98,3 no Facebook e no YouTube.
Livro infantil “Ururau Pançudo” e suas criadoras, as professoras de História, escritoras e integrantes da Academia Campista de Letras (ACL) Carmen Eugênia Sampaio Gomes e Sylvia Paes
Por Carmen Eugênia Sampaio Gomes e Sylvia Paes
A literatura oral, o contar histórias, sejam elas lendas, contos, histórias de família, é como a varinha mágica que nos remete a um tempo espaço diferenciado e único, um momento de encantamento e afetividade. É essa oralidade que primeiro toca as crianças em seu mundo de fantasias. São elas que se transformam em ururau para nadar no rio, voam em dragões e comem doces junto com João e Maria. Enquanto crianças vivemos esse universo sobrenatural de encantamento e de magia que carrega o mundo real sem a sua crueldade.
No Paleolítico o homem produziu esculturas, pintou paredes de cavernas e dançou ao redor do fogo. Ele se tornou nômade no neolítico e construiu habitações fixas em áreas férteis junto aos rios, domesticou animais e grãos, cresceu demograficamente. Iniciou trocas comercias, a divisão do trabalho e, por conseguinte, a interpretação do místico e do sagrado. Os cultos agrários foram a origem das festas populares com danças e cânticos incorporando máscaras e outros adereços. Para Nitzsche “a arte é a única justificativa possível para o sofrimento humano”. (apud Murray 2005)
Segundo documento da Unesco o Patrimônio Cultural Imaterial representam as práticas, as expressões e os conhecimentos técnicos de um grupo social, pelos quais os indivíduos se reconhecem como sendo parte desse grupo. Esse patrimônio que se transmite de geração para geração está constante recriação de acordo com a visão de mundo de cada um desses grupos. Portanto esse patrimônio é flexível uma vez que está em constante processo de mutação de valores. (Guidolin e Zanotto 2016:79)
É na infância que nossas varinhas mágicas, muitas vezes feitas de um galho qualquer, têm o poder da transformação de imaginação em “realidades” únicas e individuais. Nossas bonecas falam, o lobo mal está escondido atrás da porta, animais falam. A literatura trás na sua essência a capacidade de transformar tudo isso em objetos de afeto depois da chupeta e mamadeira. A literatura oral remete a momentos de transformação e encantamentos, o alumbramento do momento mágico. (Rios 2013)
A oralidade como patrimônio imaterial podem ajudar aos alunos a construir a sua história, a história da família, a história da nação. Os registros de memória são objetos de memória que contextualizam o tempo e o espaço. A memória popular está contida na memória familiar por meio das festas e podem ser também memórias coletivas. A memória pública está nos locais consagrados à preservação da memória. (Del Priore e Horta 2005)
Importância da memória para formação da identidade
Os estudos da neurociência tratam a memória como um fenômeno resultante de um sistema dinâmico e assim se associam as ciências humanas e sociais.
Para Pierre Janet (apud Le Goff, 1996 : 242) o ato da memória está diretamente ligado ao comportamento narrativo, sendo a linguagem produto das relações sociais. Primeiro se fala, depois se escreve, diz Henri Atlan, sendo a escrita uma extensão da memória. “Isto significa que antes de ser falada ou escrita, existe uma certa linguagem sob a forma de armazenamento de informações na nossa memória.” (Atlan, 1972 : 461 apud Le Goff, 1996 : 425)
Contudo a memória pode sofrer perturbações causadas pelas nossas emoções, por exemplo, que podem apagar certos detalhes ou por outro lado dar destaque demasiado a certos fatos. Também pode sofrer pela afasia[1] ou pela amnésia a perda de referenciais importantes.
Transformações significativas acontecidas na memória coletiva possibilitaram o aparecimento da escrita. Ou seja, para não se perder ou para evitar transtornos na memória social do grupo, houve a necessidade da produção de símbolos que dessem sentido à memória coletiva, à escrita. E a memória coletiva foi então gravada em muros das cidades e dos templos para sua perpetuação.
Na sua dimensão política, o patrimônio é a memória que revive é uma história remanipulada, reprimida. Os documentos antigos sejam eles escritos, iconográficos, arquitetônico, paisagem saberes e fazeres, a própria oralidade é uma herança comum. Dizem Mary Del Priore e Maria de Lourdes Horta (2005) que: “A memória é a faculdade de lembrar e conservar estados de consciência passados e tudo quanto a ele está relacionado”.
Leitura e identidade: Coleção “Tô Chegando”
Chegou o momento de contarmos um pouco de o nosso caminhar acerca da contação de histórias das investidas referentes à preservação da nossa cultura. Aliadas às nossas memórias locais, ao nosso patrimônio material e imaterial e, portanto, a nossa história e identidade enquanto cidadãs do maior município do Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, nos lançamos nessa aventura de promover para estudantes da educação básica material para didático que comtemple um pouco dessa nossa história e tradição cultural.
Em 2012 sentindo a dificuldade de colegas professores de história, em obter material apropriado para o trabalho da história local, resolveram escrever para os pequenos. Então nasceu a Coleção “Tô Chegando” e o primeiro livro “Ururau Pançudo” foi lançado na Bienal do Livro de Campos em 2014. Todos os livros da Coleção “Tô Chegando” tratam do patrimônio cultural local/regional com ênfase no patrimônio intangível, contudo não deixam de abordar o patrimônio ambiental e material, sobretudo o arquitetônico.
Podemos dizer que os livrinhos têm marcas identificadoras; toda coleção tem ilustrações de Alício Gomes; tem links com imagens dos personagens; as histórias sempre terminam à noite por entendermos que o amanhã nos traz sempre uma nova história; ao final da história mantemos um glossário que sempre traz a linguagem regional; também um exercício é proposto para fixação dos saberes adquiridos com a leitura.
Bem, parece que foi ontem, mas já se passaram 10 anos do lançamento do primeiro livro da coleção “Tô Chegando”, Ururau Pançudo. Então, as autoras resolveram comemorar de forma a envolver a comunidade escolar. Dessa forma, fomos em busca de oportunidade e ela chegou quando do lançamento do programa Mais Ciência na Escola, promovido pela secretaria municipal de Educação, Ciência e Tecnologia (Seduct), que disponibilizou a área de Ciência Humana e de Interdisciplinaridade. Foi neste contexto que o projeto “Ururau Pançudo: a lenda continua…” foi agregado.
Neste momento, encontramo-nos em fase de escrita da lenda (continuação) por parte dos estudantes. Aguardamos o encaminhamento das três (03) melhores histórias de cada unidade escolar. As três (03) histórias escolhidas pela comunidade escolar serão analisadas por um grupo de especialistas da Seduct e das autoras do livro. Dessas (03) histórias, sairá apenas uma que vai disputar com as demais produções das outras escolas.
Propomos que os estudantes envolvidos no projeto pudessem valorizar o patrimônio cultural regional/local, descrevendo o espaço vivido e as características do território. A narrativa deve ser focada na realidade deles, oportunizando a observação e analise da comunidade. A questão de pertencimento e de identidade está em pauta.
A produção que ganhar o primeiro lugar terá sua história ilustrada pelo profissional Alício Gomes, responsável pela produção visual da coleção “Tô Chegando”. E terá a sua disponibilização em forma de e-book, além de outros prêmios.
Considerações finais
Enquanto componentes do Grupo Unsum, estamos há 10 anos na caminhada objetivando promover a valorização da cultura e da tradição local. Entendemos que não se pode amar uma história e uma tradição se não as conhecemos. Refletir que num mundo globalizado e cheios de atrativos efêmeros e transitórios de valores, buscar na memória do coletivo próximo, dos grupos em que pertencemos, os elementos que nos unem e tecem identidades específicas de dessa comunidade é de vital importância. Um povo sem memória é um povo sem alicerce e facilmente manipulado pelos interesses de grupos economicamente globalizantes, que visam apenas os interesses das grandes empresas. E assim, nós nos tornamos presas fáceis senão nos apegarmos aos nossos valores, tradições e cultura e nos fortalecermos enquanto grupos.
Referências
GUIDOLIN, Camila e ZANOTTO, Gisele. Patrimônio Imaterial. In: Mapeamento do Patrimônio Imaterial de Passo Fundo/RS. Passo Fundo: Projeto Passo Fundo, 2016.
HORTA, Maria de Lourdes Parreiras. Os lugares de memória. Memória patrimônio e Identidade. Ministério da Educação: Boletim 4, abril 2005.
LE GOFF, Jacques. História e Memória. Campinas/São Paulo: Editora da UNICAMP, 1996.
MURRAY, Charles. As Festas Populares como objetos de memória. Memória patrimônio e Identidade. Ministério da Educação: Boletim 4, abril 2005.
RIOS, José Arthur. Objetos não são coisas. Rio de Janeiro: José Arthur Rios, 2013.
SANTOS, Isabela de Oliveira. A Contação de Histórias da Educação Infantil. Monografia apresentada ao Centro de Ciências do Homem (CCH), da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, como requisito para obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia. Campos dos Goytacazes – RJ junho2018.
[1] É a perda do poder de captação de expressão da palavra ou símbolos que podem ocorrer em casos de lesões em centros celebrais, mas que não acontecem por defeito ou perda auditiva ou do mecanismo fonador.
Felipe Fernandes, cineasta publicitário e crítico de cinema
Angústia, desconforto e excentricidade
Por Felipe Fernandes
Situada no início dos anos 90, “Longlegs: Vínculo mortal” é um thriller que reverencia duas obras seminais do gênero lançadas naquele período, os clássicos “O silêncio dos inocentes” e “Seven”. Não por acaso, na cena de apresentação do caso, o chefe da polícia afirma que o trabalho deles é bater de porta em porta, como nos filmes. Um diálogo preguiçoso, que reforça sua base cinematográfica.
O filme trabalha sua linha temporal através dos detalhes. Abre com uma razão de aspecto diferente, que por associação e pelo trabalho do design de produção, nos remete aos anos 70 e com a curiosa escolha de expor ambientes com quadros dos presidentes estadunidenses vigentes. Com a figura de Bill Clinton surgindo constantemente nos escritórios do FBI. Uma forma curiosa de estabelecer o período que a história se passa. Uma decisão que soa mais como um capricho, já que não encontra relevância na trama.
A obra abraça mais as características do cinema de horror que as de investigação policial. O longa constrói uma atmosfera angustiante, um local frio, nublado, com ruas sempre vazias, um local aparentemente sem vida. A característica é compartilhada com a protagonista, representada em uma transição da personagem para uma árvore sem vida.
A protagonista Lee Harker é uma mulher claramente deslocada. Parece uma pessoa sem energia, sem vivacidade. Ela apresenta uma espécie de clarividência, que traz à tona uma pegada sobrenatural, que se expande na reta final da trama. Sua vida também parece ser consequência de um trauma, característica recorrente nesse estilo de personagem.
O filme é um recorte de elementos de filmes do gênero e a direção de Osgood Perkins reflete muito isso. Os zooms sutis e constantes, as câmeras subjetivas, os enquadramentos que apresentam espaços vazios, de onde algo pode surgir, emulam um estilo de direção muito comum no cinema de terror desse início de século. A referência temática são os anos 90, mas a direção dialoga com o terror atual.
Praticamente todo o marketing do longa foi feito sobre a atuação de Nicolas Cage. O próprio filme brinca com isso, já que por mais da metade do filme acompanhamos o assassino sem de fato ver o seu rosto. Uma decisão eficiente em criar um suspense sobre o personagem, mas que termina em uma revelação anticlimática de um personagem de visual pouco inspirado. Parece um rockeiro andrógeno, sensação reforçada pelos posters em seu quarto e na constrangedora cena em que ele canta.
Conhecido por seu estilo por vezes excêntrico e exagerado em suas atuações, nos últimos anos, Cage se tornou meio cult justamente por isso. Aqui, ele tem um papel que permite utilizar esses exageros em uma composição interessante, compondo um personagem ora ameaçador, ora meio patético.
Na mistura de thriller com elementos sobrenaturais, “Longlegs: Vínculo mortal” é um longa que cultua clássicos e busca uma subversão ao misturar elementos do cinema de horror. O saldo final é um longa com boas ideias, algumas inconsistências de roteiro e sem muita personalidade. Que não se sustenta nem pela atuação de Nicolas Cage. É mais um terror mediano, em um ano repleto deles.
Os movimentos entre 2024 e 2026 são especulações. Que esbarram na ressalva do gênio do futebol Mané Garrincha na Copa do Mundo de 1958 ao técnico Vicente Feola, que arquitetava planos para o Brasil vencer a União Soviética: “O senhor já combinou com os russos?” Clube que revelou Garrincha, o Botafogo lecionaria no Brasileirão de 2023: não existe campeão de véspera. Sobre a projeção de teto (máximo) de votação pelas pesquisas Paraná e Big Data, em 2º lugar entre 17,9% e 15% de intenção do voto (ou entre 20,81% e 17,44% de voto válido) na estimulada, a Delegada Madeleine (União) preferiu não comentar. Mas garantiu: “a surpresa ficará para 6 de outubro”.
Projeção de tetos de votação
No último sábado (31), para além das suas intenções de voto, o teto de Madeleine foi projetado entre os campistas que hoje não aprovam o governo Wladimir: 23,6% na pesquisa Paraná e 27% na Big Data. Sobre esses parâmetros, opinaram os estatísticos Eduardo Shimoda, professor da Candido Mendes; e William Passos, do Nuperj da Uenf; o diretor do instituto de pesquisa Pro4, Murillo Dieguez; os cientistas políticos George Gomes Coutinho e Hugo Borsani, professores da UFF-Campos e da Uenf; e o sociólogo Roberto Dutra, outro professor da Uenf. Os seis especialistas projetaram a possibilidade da reeleição de Wladimir em turno único.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Jefferson e números de indecisos
Em 3º lugar na corrida a prefeito de Campos, entre 2,7% e 4% de intenção de voto nas consultas estimuladas Paraná e Big Data, Professor Jefferson comentou: “As pesquisas captam o momento presente, não o futuro. A campanha está em aberto, o voto não está cristalizado na maior parte do eleitorado. As projeções indicam que essa decisão se cristaliza nos últimos 15 dias antes da eleição. Mais de 50% dos entrevistados ainda não definiram o seu voto”, apostou com base nos 53,9% de indecisos na consulta espontânea Paraná, reduzidos a 30% na Big Data. Indecisão que, nas consultas estimuladas, cai para apenas 5,8% e 6% dos eleitores.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Sem “já ganhou”
“Esse clima de ‘já ganhou’ (em relação ao favoritismo de Wladimir nas pesquisas) não é o que sentimos nas ruas. Tenho andado por toda a Campos, ouvindo e conversando com pessoas em diferentes contextos sociais. A propaganda na TV acabou de começar e aos poucos nosso nome e nossa imagem já ganham mais visibilidade. Tenho absoluta certeza de que teremos tempo para apresentar nossas propostas e vamos chegar ao 2º turno. Nós temos o melhor programa para o enfrentamento dos problemas estruturais do nosso município, com justiça social e equidade”, pregou Jefferson.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Dr. Buchaul e Pastor Fernando
Entre 0,6% e 1% nas estimuladas Paraná e Big Data, Dr. Buchaul (Novo) disse: “Eleição é decidida nas urnas, poucos dias antes do pleito. A população nem sabe direito quem são os candidatos. As entrevistas só começaram e os debates ainda não foram marcados”. Já o Pastor Fernando (PRTB), entre 0,1% e 1% de intenção de voto, disse: “Sou pastor há 40 anos e toda a minha vida foi dedicada a servir. Construímos um programa de governo que atenderá às necessidades da população. Aceitei o desafio como uma missão”. Os candidatos Raphael Thuin (PRD), entre 1,1% e 1%; e Fabrício Lírio (Rede), entre 0,7% e 1%, preferiram não comentar.