Lula vomita contra a decência, enquanto Petrobras é rebaixada e o brasileiro paga a conta

Enquanto Lula vomitava no ato em defesa da impunidade, com elogios ao genocida Saddam Hussein, a Moody’s rebaixava a Petrobras ( Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo)
Enquanto Lula vomitava no ato em defesa da impunidade, com elogios ao genocida Saddam Hussein, a Moody’s rebaixava a Petrobras ( Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo)

 

 

Jornalista e blogueiro Reinaldo Azevedo
Jornalista e blogueiro Reinaldo Azevedo

Enquanto Lula vomitava

Por Reinaldo Azevedo

 

Parecia roteiro de filme barato, mas era verdade. Nesta terça, enquanto Luiz Inácio Lula da Silva, cercado por milicianos truculentos, comandava um ato no Rio contra a Operação Lava Jato, contra a imprensa e contra a decência, a agência de classificação de risco Moody’s rebaixava uma vez mais, a exemplo do que fizera em janeiro, a nota da estatal, que já estava em Baa3, o último patamar do chamado grau de investimento. Agora, na Moody’s, a estatal está no grau especulativo — ou por outra: a agência está dizendo aos investidores do mundo inteiro que pôr dinheiro na Petrobras não é seguro. A agência está dizendo ao mundo inteiro que emprestar dinheiro para a Petrobras é arriscado.

Desta feita, não foi uma queda qualquer: a Moody’s botou a Petrobras dois degraus abaixo de uma vez só. Em vez de cair para Ba1, o que já seria catastrófico, a empresa despencou para Ba2, e a agência ainda cravou um viés negativo no caso de uma futura avaliação. Só para vocês terem uma ideia: acima dessa nota, há outras… 11. Abaixo dela, apenas 9. Na Fitch e na Standard & Poor’s, a Petrobras está também a um rebaixamento apenas de passar para o grau especulativo.

A partir de agora, tudo se torna mais difícil para a empresa. A maioria dos fundos proíbe investimento em empresas nessa categoria. Pior: em alguns casos, a ordem é se desfazer dos papéis, ainda que amargando prejuízos. Para se financiar dentro e fora do Brasil, a Petrobras terá de pagar juros mais elevados. E isso se dá num momento em que a empresa já teve de reduzir ao mínimo seus investimentos na área de exploração e refino de petróleo, suas atividades principais.

O mais impressionante é que o rebaixamento veio duas semanas depois de Dilma trocar toda a diretoria da Petrobras. Isso reflete a confiança do mercado na nova equipe. A operação foi desastrada. Com ou sem razão — e nós veremos —, o juízo unânime é que a governanta escolheu um presidente para maquiar no balanço as perdas bilionárias decorrentes da corrupção e da gestão ruinosa do PT.

E não se enganem: atrás do rebaixamento da nota da Petrobras, pode vir o rebaixamento da nota do Brasil. Na própria Moody’s, já não é grande coisa. O país é “Baa2”. Ainda é “grau de investimento”, mas bem modesto. Se o país cair mais dois, vai para a categoria dos especulativos. O mesmo acontece na Fitch (BBB): um próximo rebaixamento (BBB-) poria o país a um passo da zona vermelha. Na Standard & Poor’s, a posição do país é mais preocupante: rebaixado em março, caiu de “BBB” para “BBB-”, mesma nota da Petrobras. Nessa agência, uma próxima queda conduziria o país para “BB+”, primeiro nível do grau especulativo. Foi o que já fez a agência britânica Economist Intelligence Unit na semana retrasada:  o rebaixamento, de BBB para BB, lançou o Brasil no grupo dos potenciais caloteiros.

Não obstante, naquele espetáculo de pornografia desta segunda, Lula vituperou contra a investigação e contra a imprensa e conclamou João Pedro Stedile a pôr seu exército na rua — sim, ele empregou a palavra “exército”. Aquele que a ex-filósofa Marilena Chaui disse “iluminar o mundo” quando fala ainda encontrou tempo para especular sobre a situação no Iraque. E disparou: “Já tem gente lá com saudade do Saddam Hussein, porque no tempo dele se vivia em paz”.

Lula, este celerado, tem uma noção muito particular de paz. Pelo menos 300 mil pessoas, árabes, foram assassinadas pelo regime de Saddam. Nessa conta, não estão pelo menos 100 mil curdos, vítimas dos gases mostarda, sarin e tabun. É o que Lula chama de “viver em paz”.

Foi o regime criado por esse cara que quebrou a Petrobras. Agora os brasileiros começam a pagar a conta de sua irresponsabilidade, de sua ignorância e de sua estupidez.

 

Publicado aqui, no Blog do Reinaldo Azevedo

 

Da filosófica admoestação de batedor de carteira da presidenta Dilma

Antropólogo Roberto DaMatta
Antropólogo Roberto DaMatta

Depende…

Por Roberto DaMatta

 

“O Brasil está na idade da tramela!”, dizia um grande intelectual. Tendo estudado nos Estados Unidos e lá, como dizia Monteiro Lobato, fora lapidado, pois jamais rejeitara o seu lado brasileiro (o qual foi, ironicamente, intensificado na convivência por contraste com o que, àquela época, chamava-se de “países adiantados”), ele era capaz de enxergar o que todo mundo simplesmente via como as nossas arqueológicas tramelas.

Quem saiu do Brasil para as “Europa” ou “América” até os anos 60 (como foi o meu caso), ficou espantado com a ausência das “tramelas” e das gigantescas chaves de ferro; esses instrumentos dos superiores que permitiam abrir ou fechar portas, cadeias, porões, dispensas e gavetas. Esses compartimentos que até hoje são vedados a quem continua a ser tratado como “povo”, pois jamais foi lapidado ou visto como cidadão.

Quando visitei os Estados Unidos pela primeira vez, recebi a chave não só do meu modesto escritório mas — eis o susto — a do prédio do famoso Departamento de Relações Sociais de Harvard!

No Brasil, receber essas máquinas “depende”.

O ministro tem a chave de todos os prédios e somente ele abre a sua porta. Nas democracias, todos têm precisamente a chave da porta dos que governam, já que presidentes, ministros, governadores, senadores e deputados servem ao povo. É, pois, do povo a propriedade das chaves!

batedor de carteira1Não há, nenhum “depende…” a condicionar a transparência. Não existe o famoso, lamentável e onipresente “eu não sabia” ou a divisão permanente entre “público interno e externo”, rotineiros na ditadura militar e no lulopetismo.

O roubo público, o assalto irresponsável em escala bíblica e pornográfica aos bens coletivos e à Petrobras — símbolo de independência econômica que suicidou quem teve honra e foi incestuosamente agredida por quem não sabe o significado dessa palavra — continuam sujeito ao “depende…”

Depende de quem. Se foi do tempo deles vale, se foi nessa nossa década de poder, não vale. Na Alemanha nazista, todos os males eram atribuídos aos judeus vistos como agentes de impureza diante da superioridade indiscutível da raça germânica. Os judeus eram o veneno ao lado dos homossexuais, dos ciganos e dos deficientes. Eles conspurcavam a “raça superior” — emblemática de uma integração perfeita porque seria biológica, entre o indivíduo e a coletividade. Esse problema de todas as nossas antropologias e sociologias que, em geral, leem o individuo como algo separado do grupo quando de, fato, seja nas suas formas mais ativas (como na América sem tramelas) ou brandas, como no Brasil relacional das trancas e frestas, o individuo é a expressão de uma cosmologia ou ideologia. A redução individualista é dominante na vida moderna que, conforme sabem alguns, não é, como o jazz, tão moderna assim.

Sem o “depende” não se entende a hipocrisia política dominante. Ela é a chave que abre ou fecha os baús de escândalos que, de tão rotineiros, chegaram ao carnaval, uma celebração aberta a tudo, mas hoje manchada pelo financiamento questionável.

Todos nós admitíamos cinicamente o financiamento carnavalesco de estabelecidos “contraventores”. Notem que não usamos a palavra “bandido” para os que se legitimavam como mecenas das escolas de samba. Por meio do carnaval e do até hoje não legalizado jogo do bicho, eles eram nossos “heróis-bandidos” ou simplesmente malandros, dentro da ética de ambiguidade que proíbe ou torna reacionário dizer isso “não pode!” ou, o muito mais sério, “isso eu não faço!” Mas quando uma escola de samba tradicional é financiada por uma ditadura estrangeira, chegamos ao fundo do poço porque o “depende” tem desculpa: afinal é (ou era) carnaval.

Ao se despedir, o professor Richard Moneygrand riu de sua profecia segundo a qual o fim do carnaval, conforme revelei na semana passada, assinalava o fim da ordem brasileira. Mas até mesmo a ordem, para vocês, disse ele, depende…

O “depende”, em paralelo ao “desculpável”, é parte do nosso Direito fundado no purgatório. Se os extremos e os limites são evitados, como não aceder a filosófica admoestação de batedor de carteira da presidenta Dilma, quando afirma que se a Petrobras tivesse sido investigada no governo Fernando Henrique Cardoso, toda essa roubalheira teria sido evitada?

E por que não nesses 12 anos de PT? Mas isso seria o questionamento do cronista reacionário que publica mas não é ouvido porque a preferência “depende” de quem fala e não do que é dito.

 

Publicado aqui, na globo.com

 

O “crime” da mídia brasileira é publicar as maiores barbaridades perpetradas contra o Brasil

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Artista plástico João Ricardo Moderno
Artista plástico João Ricardo Moderno

Movimento contra a liberdade de imprensa

Por João Ricardo Moderno

 

O desprezo pela liberdade de imprensa e de expressão cresce nos políticos radicais brasileiros; e, no Facebook, valendo-se da liberdade da internet, militantes engrossam a voz contra a mídia. O sonho totalitário é tornar a grande imprensa brasileira de timbre estatal, buscando a “harmonia” ditatorial. Assim, jamais teríamos reportagens estarrecedoras sobre a progressiva e interminável cultura da corrupção, do furto aberto ao dinheiro público e a desavergonhada sucessão de crimes, em uma escalada reconhecida por especialistas como talvez a maior da história da humanidade.

Contudo, nada parece abalar a convicção que a preservação e a expansão política e demográfica do homo corruptus depende da destruição da liberdade. Em latim, corrumpere significa destruir. Assim, corromper a liberdade é a garantia quase constitucional de expandir a corrupção do dinheiro público. O mantra liberticida faz alusão ao “controle social da mídia” ou “regulação da mídia”, eufemismos para a repressão. Controle social da mídia faz o consumidor, que escolhe livremente seus veículos de comunicação. Os trabalhadores dos meios de comunicação de massa são oriundos dos mais diversos estados da federação, das mais diferentes origens sociais, econômicas, ideológicas, culturais e políticas.

A guerra de posição gramsciana contra a liberdade de imprensa já começou por meios econômicos, políticos, psicossociais e culturais. Quanto mais são divulgados os malfeitos criminosos, maior o movimento contra a imprensa livre. O “crime” da mídia brasileira é publicar as maiores barbaridades perpetradas contra o Brasil. A chamada revolução bolivariana na América Latina tem especial objetivo de calar a liberdade para implantar uma imprensa subserviente, obediente, corrupta, chapa-branca e autoritária. A liberdade de expressão é a pedra no sapato dos totalitarismos. Por isso, todos os países do eixo bolivariano formam um bloco unido contra a crítica da imprensa.

A guerra contra a mídia atinge diretamente a liberdade da arte, da cultura, da ciência, da religião, da economia, da política, do esporte e demais atividades humanas. O fanatismo ideológico associado ao furor da paixão pelo crime financeiro, o materialismo mais hediondo da adoração ao bezerro de ouro e uma vontade patológica de poder se associam para condenar os mais elevados valores e princípios do Estado Democrático de Direito. É nosso dever, pois, defender a liberdade de imprensa e de expressão de toda tentativa de repressão autoritária, e de todas as agressões explícitas ou dissimuladas. Mais vale corrigir alguns excessos inerentes à democracia que aprovar a exceção do fim da liberdade no Brasil. Democracia é contradição.

 

Publicado aqui, na globo.com

 

Só falta agora que, abandonada por Lula e odiada pelo povo, Dilma engorde tudo de novo

Bolha assassina

 

 

Jornalista e escritor Ruy Castro
Jornalista e escritor Ruy Castro

A bolha assassina

Por Ruy Castro

 

A presidente Dilma emagreceu 13 quilos em menos de dois meses. Puxados pelos índices econômicos, seu governo, sua força no Congresso e sua popularidade também emagreceram em escala equivalente. Essas quedas bruscas podem ser enganadoras, mas os observadores mais independentes consideram que Dilma já não tem muita gordura para queimar e garantem que seus índices continuarão caindo. Ainda mais agora, por ter contra si um partido capaz de tudo quando se encontra na oposição: o PT.

E é isto que torna a coisa intrigante. Dilma foi criação exclusiva de Lula — fundador, perpétuo inspirador e sinônimo do PT. Feita de barro e posta a andar com um sopro, ocupou cargos-chave nas duas administrações do criador e, por sua identificação com os princípios, programas e posturas do PT, foi duas vezes escolhida candidata à Presidência pelo partido. Em ambas as campanhas, e nos dois turnos de cada, foi solidamente instrumentalizada pelos ideólogos e marquetólogos petistas — nenhuma frase, palavra ou ideia lhe saiu pela boca sem aprovação oficial.

Instrumentalização esta que atravessou seu primeiro governo e se materializou na chuva de benesses populistas, redução de taxas, estímulo ao consumo, vivas ao desperdício e bolsas a cair do céu para tantas categorias. Tudo proposto e aprovado triunfalmente pelo PT, e executado por milhares de militantes ocupando cada espaço da administração e reafirmando ser aquilo apenas uma fiel continuação do governo Lula.

Se, de repente, descobre-se que tal triunfalismo não passava de uma bolha, que a bolha estourou e é preciso conter o pus, por que espremer somente Dilma se, em quatro anos, ela só fez o que os companheiros achavam justo e certo?

Só falta agora que, abandonada por Lula, desprezada pelos companheiros e odiada pelo povo, Dilma engorde tudo de volta.

 

Publicado aqui, na folhadesaopaulo.com

 

Inflação — Dilma recebeu de Dilma uma herança pesada. E o público pagante somos nós

Jornalista Miriam Leitão
Jornalista Miriam Leitão

Público pagante

Por Miriam Leitão

 

A inflação chegou a 7,36% com a economia estagnada. Foi o dado do IPCA-15 divulgado ontem. Em dois meses, a taxa acumulada é metade da meta do ano. O aumento da energia elétrica em 12 meses é de quase 30%. Dez de 11 capitais pesquisadas pelo IBGE têm inflação acima do teto da meta. O IPCA-15 de 1,33% deve ser confirmado no IPCA do mês de fevereiro.

Até recentemente os economistas brasileiros achavam muito altas as taxas de inflação da Índia, que oscilaram de 7% a 11% entre 2006 e 2012. Os indianos eram o patinho feio inflacionário dos Brics, ao lado da Rússia, pois tinham taxas mais altas quando comparadas às da China, Brasil, e África do Sul. Hoje, a inflação no Brasil é maior que a da Índia, que tem se beneficiado muito da queda dos preços do petróleo, dos alimentos e da energia. O BC indiano está cortando juros.

Nas 11 capitais pesquisadas, apenas Salvador não está com a inflação acima do teto da meta, com 6,19%. As outras 10 estão com índices acima de 6,5%. O Rio de Janeiro é quem sofre mais com a alta dos preços, que dispararam 8,84% em um ano. O Rio passou quase todo 2014 com a inflação acima do teto, e agora se aproxima de 9%. Goiânia e Porto Alegre também têm índices na casa dos 8%. Recife, Brasília, Belém, Curitiba e São Paulo marcam inflação na casa de 7%.

A inflação é mais um caso de Dilma versus Dilma. Ela errou no governo passado, e a conta chegou no atual mandato. Os preços administrados foram contidos artificialmente e agora estão sendo corrigidos. Têm subido muito os grupos transporte e habitação.

Nos transportes, é o efeito da alta da gasolina e da volta da Cide, mas, em fevereiro, foi principalmente aumento de ônibus em todas as cidades pesquisadas. Há dois anos, o então ministro da Fazenda Guido Mantega ligou para prefeitos e governadores pedindo para que eles não reajustassem as tarifas de transporte público. Queria evitar que a inflação do mês de janeiro fosse alta demais. Em junho de 2013, no meio dos protestos, o governo segurou os pedágios nas rodovias federais.

Dilma e inflação

Preço que é contido em um momento aparece em outro. A gasolina e o diesel foram mantidos com preços abaixo do que a Petrobras pagava no mercado internacional. Agora, quando cai a cotação lá fora, os combustíveis sobem aqui dentro. A consequência se viu ontem nas estradas: os caminhoneiros pararam rodovias em oito estados protestando contra o aumento do diesel e a alta dos pedágios. Além disso, o frete, o que eles recebem, não subiu. A paralisação em si já provoca efeitos econômicos. Há cidades desabastecidas e preços subindo. Isso produzirá mais inflação.

Há aumentos que acontecem num período do ano, como o do item educação, o que mais subiu no IPCA-15 de fevereiro. Há outros que vão incomodar o ano inteiro, como a energia. Além dos 29,5% de alta nos últimos 12 meses, o item vai continuar subindo pelos reajustes nas datas de cada concessionária e elevações extraordinárias que estão previstas. Vão subir porque o governo derrubou o preço artificialmente, desequilibrou as empresas financeiramente, deixou que elas pegassem empréstimos para serem cobrados do consumidor. É isso que fará o item habitação ficar alto o ano inteiro.

As projeções para a inflação de 2015 estão se distanciando do teto da meta de 6,5%. O economista chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otávio Leal, estima que a inflação vá terminar o ano entre 7,5% e8%. O Itaú Unibanco estima alta de 7,4%, a mesma projeção da consultoria Rosenberg Associados.

O IPCA-15 é uma espécie de prévia. Pega a metade de um mês e a metade do outro. E subiu em relação ao IPCA de janeiro, que deu 1,24%. Mesmo se essa aceleração não continuar, o IPCA do mês de janeiro deve ficar acima de 1%, o que elevaria a taxa em 12 meses para 7,6%.

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, já havia avisado que esse seria o pior bimestre do ano e que em março a inflação em 12 meses começaria a cair. Tomara que seja só um momento ruim. Há muita pressão de alta. Uma delas é a do dólar. Há dias de queda, como ontem, mas a tendência tem sido de fortalecimento da moeda americana. O aumento do dólar tem efeito em vários produtos, inclusive a tarifa da energia de Itaipu. Dilma recebeu de Dilma uma pesada herança. E o público pagante somos todos nós.

 

Publicado hoje na Folha da Manhã

 

Facebook e tweets são muito mais usados para ofender e ridicularizar do que trocar ideias

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Marisa von Büllow, professora na UNB e doutora em Ciências Socias
Marisa von Büllow, professora na UNB e doutora em Ciências Socias

O Desafio da Geração @: como transformar indignação em mudança?

Por Marisa von Büllow

 

Da Turquia aos Estados Unidos, do Chile ao Brasil, nos últimos anos temos visto a intensa presença da juventude nas ruas, mobilizada para pedir mudanças que buscam diminuir a desigualdade econômica e melhorar o funcionamento da democracia.

O discurso homogeneizador e simplista (tão comum há pouco tempo) de que a juventude é apática, egoísta e desinteressada da política não soa mais verdadeiro. Pelo menos não para a juventude que aprendeu a usar as plataformas da Internet para o ativismo político, e que em junho de 2013 viu como essas mídias sociais podem ser utilizadas, com muito sucesso, para organizar protestos.

A questão é que desde então parece haver uma percepção de que a Internet basta. Não são mais necessárias organizações da sociedade civil. Não são mais necessárias assembleias longas e nem a eleição de líderes. Esvaziam-se as organizações estudantis, mas não tem problema. Porque temos a Internet.

Com efeito, as mídias sociais são excelentes para juntar pessoas que pensam de forma similar sobre algum tema, ou que estão interessadas em uma mesma atividade, mas que não se conhecem. Sem a criação de comunidades virtuais, por meio de páginas de eventos do Facebook ou do uso de hashtags do Twitter, seria impossível imaginar as massivas explosões de mobilização que vivemos em 2013.

No entanto, esses espaços são muito menos eficientes quando trata-se de dar o salto das grandes consignas — como “o gigante acordou” — a demandas específicas sobre o quê mudar. As páginas no Facebook e os tweets têm sido usados mais para ofender, ridicularizar e denunciar do que para persuadir, trocar ideias ou informar. Além disso, é preciso considerar as próprias limitações dessas plataformas, que na verdade não foram pensadas para o debate informado de ideias.

A questão é que ir para as ruas a partir de um chamado (geral e vago) veiculado nas mídias sociais não é apenas ineficiente. O paradoxal é que, em vez de abrir as portas para a democratização da política, pode aprofundar o autoritarismo.

O salto qualitativo que possibilita realmente construir movimento social (e mudar a realidade) requer debate, confrontação de ideias, definição de estratégias, construção de acordos. Em outras palavras, requer organização.

Sem representantes eleitos, os oportunistas, aqueles que têm maior número de seguidores no Twitter, ou os que criam a página de algum evento no Facebook, acabam se posiconando de forma privilegiada frente aos demais. Algumas demandas e consignas ganham as primeiras páginas dos jornais, sem que tenha havido qualquer tipo de discussão sobre o que se quer dizer ou sobre quem pode dizer o quê.

Ações de protesto baseadas na Internet podem ser importantes e são sem dúvida legítimas, mas não estão imunes à hierarquia, ao individualismo, ao autoritarismo. Pelo contrário.

 

Publicado aqui, no Blog do Noblat

 

 

Junto e misturado com Collor, não se sabe se Lula escapará da lama mais uma vez

Collor e Lula

 

 

Jornalista e blogueiro Ricardo Noblat
Jornalista e blogueiro Ricardo Noblat

Collor e Lula, mais próximos do que parecia possível

Por Ricardo Noblat

 

Quem diria que Fernando Collor, um dia, seria apontado como suspeito de ter se beneficiado de dinheiro sujo da Petrobras no governo do seu ex-desafeto Luiz Inácio Lula da Silva?

Quem viu não esquece. Em 1989, na primeira eleição presidencial pelo voto direto depois do fim da ditadura de 64, Collor derrotou Lula jogando sujo. Jogando sujo, não. Jogando muito, muito sujo.

Pagou a Míriam Cordeiro, mãe de Lúrian, filha de Lula, para que dissesse na televisão que Lula a pressionou para que abortasse. E para que acusasse Lula de ser racista.

Na reta final do segundo turno, inventou que Lula garfaria a caderneta de poupança dos mais pobres. E que desapropriaria grandes imóveis para abrigar famílias sem teto.

A combinação de mentiras tão poderosas e destrutivas deu a Collor uma vitória apertada sobre Lula. (Isso lembra alguma coisa?). Mais tarde, Lula seria uma das cabeças do impeachment de Collor.

Quem imaginaria ver Lula e Collor de mãos dadas e, depois, eventualmente sujeitos às consequências do maior escândalo da história do Brasil?

O doleiro Yousseff já meteu Collor na lama. Disse que ele recebeu grana.

Não se sabe se Lula escapará da lama mais uma vez.

 

Publicado aqui, no Blog do Noblat