Campos dos Goytacazes, 29/06/2018
O filme queimado de Garotinho
“Mas é engraçado que (…) tenta jogar todos os governadores e prefeitos no mesmo saco, porque todos estão enfrentando crises. Ora, uma coisa é a crise econômica do país e a queda do preço do petróleo, que afetou os royalties. Porém, no (…) a pior crise é a do governo pelo caos nas contas públicas, pela dívida contraída antes da crise econômica, pela irresponsabilidade fiscal de (…) e (…), pela improbidade nos contratos e isenções fiscais, pela farra de mordomias com o dinheiro público. (…) ainda vai ficar pior na foto, mas não pode culpar ninguém a não ser ele(a) próprio(a) e (…), que arrasaram com as contas do (…)”
Para o campista, que vê um governo municipal de orçamento bilionário, mas aparentemente falido, tentando vender na Bolsa de Nova York as receitas futuras da cidade, seria muito fácil completar com os nomes da prefeita Rosinha Garotinho (PR), do seu marido e secretário de Governo, Anthony Garotinho (PR), e do governo municipal de Campos dos Goytacazes, aquilo que foi suprimido entre parênteses no texto acima. No entanto, o texto foi escrito, ou pelo menos assinado pelo próprio Garotinho, e publicado aqui em seu blog, para tratar do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), do ex Sérgio Cabral (PMDB) e do Estado do Rio de Janeiro.
Como exemplificou recentemente o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), quando a presidente Dilma Rousseff (PT) quis jogar para antes da ascensão do PT ao poder, em 2002, a origem da corrupção federal trazida a furo pelo Petrolão, quando se contrapõem os atos administrativos e financeiros do governo Rosinha ao texto de Garotinho sobre Pezão, não é difícil se chegar por analogia à mesma cara de pau do punguista da anedota, que bate sua carteira, enquanto sai gritando “pega ladrão!”.
Violão, fogueira e poesia no luau em homenagem a Neivaldo no Pontal
Cerca de 30 pessoas se confraternizaram ontem no Pontal de Atafona, após o pôr do sol, no Bar do Júnior, no luau organizado em homenagem a Neivaldo Paes Soares, o “Bambu”, de 56 anos, desaparecido desde 21 de junho na foz do rio Paraíba do Sul. Violão, poesia e muitas, muitas histórias ouvidas e contadas em torno da fogueira, compuseram a beleza da noite de lua crescente e céu estrelado, espraiada sobre o encontro das águas do Paraíba com o Atlântico. Por volta das 20h, o ator Yve Carvalho interpretou dois poemas da peça “Pontal”, encenada no verão de 2010, no bar de Neivaldo no Pontal, antes de ser destruído pelo avanço do mar. Depois, Élvio Paes Soares, o “Estranho”, irmão de Neivaldo, distribuiu rosas vermelhas, que foram atiradas na mesma foz de rio em homenagem a quem, navegando nela, foi visto pela última vez.
Abaixo, alguns registros feitos pela repórter-fotográfica Michelle Richa:
Artigo do domingo — Campos tem solução sem os Garotinhos
Por Wilson Diniz e Ranulfo Vidigal
Surge na Espanha, nova proposta de uma esquerda consciente que ao chegar ao poder aplica políticas que atendem às demandas da sociedade em uma nova ordem mundial de queda da atividade econômica, sem gerar choques de classes sociais, entre as elites e os segmentos dos mais pobres que mais sofrem os efeitos das crises e dos desgovernos corruptos que se apoderam do poder e saqueiam os cofres públicos.
Na Espanha, nascem duas estrelas políticas oriundas dos movimentos sociais. As prefeitas de Madri, a juíza aposentada, Manuela Carmena, 71, e de Barcelona, Ada Colau, 41, eleitas há cinco semanas, revolucionam o sistema político espanhol. Elas, líderes dos movimentos dos indignados — com a Espanha em recessão com mais de 50% os jovens desempregados e suas famílias sendo despejadas, sem poder de pagar a casa própria. As duas prefeitas, ao assumirem os cargos, colocaram em prática um amplo programa de reformas de saneamento das finanças e se aproximarem de todas as classes sociais.
Manuela e Ada, nos primeiros dias de seus governos, cortaram seus salários em 75%, reduziram os gastos com a Câmara dos Vereadores, eliminaram mordomias do secretariado e acabaram com a farra dos automóveis utilizados pelos funcionários públicos. As duas andam a pé, de bicicleta e no seu próprio carro nas ruas de Madri e de Barcelona.
Quando analisamos a administração dos Garotinhos na cidade de Campos, o caos financeiro e de gestão propaga-se em todos os segmentos do poder público. Com discurso populista, provinciano e cheio de rótulos e clichês, enganam a população ao permitir a desindustrialização da cidade e a redução do emprego formal. O ilusionismo impera com suas políticas de Cheque Cidadão, de distribuição da tarifa social nos transportes, do programa Morar Feliz, de colocar 1.714 funcionários com gratificação e da contratação de mais de 6.000 trabalhadores terceirizados. No lugar poderíamos ver políticas estruturantes visando criar empregos e políticas sociais progressistas como a de Manuela e a de Ada.
Mais grave ainda, a atual atriz coadjuvante que comanda a cidade de Campos tenta impor um arriscado endividamento em dólar, escondendo o fracasso da gestão e o caos financeiro colocando a culpa na crise da queda do preço do petróleo. Ludibria a população de baixa renda que recebe esmolas via programas sociais, tornando-os reféns do jogo político e do caciquismo eterno, dependentes dos cofres da Prefeitura para sobreviver. Em contrapartida, desestimula o lado empreendedor da cidade contrariando a tendência vigente em São João da Barra e Macaé.
Contudo, Campos passa por momento político histórico ímpar. Chega o momento que as classes sociais — média e alta — devem se unir ao sentimento popular, na forma de um projeto único para salvar a sociedade das mãos da gestão da prefeita que quebrou a cidade.
A oposição fragmentada e sem projeto de união, com vários candidatos, pode colocar a população nos bancos dos réus, caso não chegue a um candidato de consenso. É preciso cuidado com falsas candidaturas de oposição, clonadas no berço da família que protagonizou o modelo venezuelano na cidade.
O novo prefeito que será eleito em 2016, não precisa ser como Manuela e Alda, pois os movimentos sociais campistas não passam por quem é de direita ou de esquerda, mas pela coalizão com a sociedade, o Estado e a União.
Campos só terá solução de políticas públicas se implantar, por exemplo, o Orçamento Participativo; cortar mordomias de carros para secretários; ser administrada com o máximo de 12 secretarias; criar a função do agente comunitário local; transformar o cheque Cidadão em Bolsa Escola; acabar com o subsídio para empresários de ônibus; fazer o Carnaval fora de época com artistas locais; reduzir de R$ 600 milhões para R$ 250 milhões os gastos na conta Administração, cortar 40% dos gastos em obras públicas ‘faraônicas’, priorizar a Saúde, e finalmente elevar as despesas da Educação que é de R$ 350 milhões, para 30% dos gastos das contas públicas como teto mínimo.
Campos têm solução e jeito, mas é preciso superar a decadente oligarquia que tentou fazer da cidade mero trampolim para o secretário de Governo retornar o Palácio Guanabara. Concluindo: que a oposição marche unida com apoio da sociedade e da imprensa pode acabar com essa oligarquia familiar que nasceu há 30 anos.
Publicado hoje (26/07) na Folha da Manhã
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