Não foi um ano fácil. Dos 48 que tenho de vida, certamente foi o mais difícil ao mundo. E não creio que ninguém abaixo da casa dos 80 e poucos anos, que traga alguma memória de infância da II Guerra Mundial (1939/1945), possa dizer diferente. Foi o ano da Covid-19, doença que data em seu nome o ano em que surgiu. Para parar o mundo no ano seguinte, ainda presente, a menos de 48 horas de se tornar passado.
O blog faz a partir de hoje uma pequena pausa. Para retornar à ativa no dia 4. Enquanto 2021 não vem, o desejo sincero é de que ele chegue com realizações, paz e muita saúde a você, leitor. De coração, que seja um ano menos difícil para todos.
E, especialmente a você, que passou o ano pregando contra o uso da máscara e o isolamento social, que primeiro defendeu a Cloriquina como “cura” à Covid, para depois questionar a vacina como cura, peço, por favor: reflita! Ainda há tempo.
O pedido não é só por você. “I believe in you my soul, the other I am” (“Eu creio em ti alma minha, o outro que sou”) versejaria Walt Whitman, poeta maior dos EUA. É por alguém que sente dor, amor, ódio, alegria, tristeza, desejo, saudade e sofre, exatamente como você.
Caso contrário, você nunca sairá de 2020. Este ano terrível jamais o abandonará, preso como uma bola de ferro acorrentada ao pé da sua alma. Em nome dela, que é o outro, peço mais uma vez: por favor, reflita! Ainda há tempo.
Se Deus quiser, até um ano melhor. Para você, para mim e o outro. Inté!
A eleição a presidente dos EUA sempre chamou a atenção do mundo. Mas nunca tanto quanto a de 2020, vencida pelo democrata Joe Biden sobre o polêmico republicano Donald Trump — primeiro presidente a perder a reeleição em seu país desde George Bush para Bill Clinton, em 1992, há 28 anos. No Brasil e em Campos, o interesse não foi diferente, e chegou a se igualar ao gerado pelas eleições municipais de 15 de novembro. Doze dias antes, o pleito presidencial estadunidense se deu em 3 de novembro. Mas com cédulas de papel e apuração manual, onde se vota de membro de conselho tutelar a presidente, o resultado só seria confirmado (confira aqui) no dia 7. Ao leitor da Folha da Manhã, a certeza foi dada (relembre aqui) um dia antes (06), desde que a fatura do complexo colégio eleitoral dos EUA foi matematicamente definida com a virada democrata no estado da Geórgia, tradicionalmente republicano. No resultado final, totalizado só em 13 de novembro, a vitória de Biden foi incontestável: 306 votos dos delegados estaduais, contra apenas 232 de Trump. No voto popular, em que Trump já havia perdido em 2016, a diferença quatro anos depois foi ainda maior: 7 milhões de eleitores a mais para Biden.
O adiantamento de um jornal de Campos à mídia internacional, sobre o resultado da eleição ao cargo mais importante da Terra, não se deu por acaso. Mas, em 6 de novembro, culminou uma cobertura jornalística em tempo real, que se iniciou desde as convenções democrata (confira aqui) e republicana (confira aqui) de agosto. E passou pelos debates presidenciais de 29 de setembro (confira aqui) e 22 de outubro (confira aqui), até chegar à eleição e sua lenta apuração (confira aqui, aqui, aqui e aqui). Prevista em todas as pesquisas, Trump chamou sua derrota de “fraude”, sem apresentar uma única prova e com derrotas em todas suas ações na Justiça.
O artifício de Trump também era previsível. Sabendo que perderia, ele conclamou seus eleitores a votarem no dia do pleito, expondo-os ao risco de contaminação pela Covid. E acusou de “fraude” os votos antecipados pelos Correios, estimulados pelos democratas para proteger a população, prática do país desde sua Guerra Civil (1861/1865) e que havia sido autorizado por sua Suprema Corte. Como os votos presenciais são contabilizados antes, Trump apostou na vantagem inicial, como de fato se deu, para tentar parar a apuração nos estados com denúncias sem provas de “fraude”, antes de entrarem os votos pelos Correios.
A tática trumpista deu tão errado, eleitoral e juridicamente, quanto sua estratégia sanitária de combate à Covid-19, considerada responsável pelos EUA serem o país do mundo mais afetado pela doença. Que, com suas devastadoras consequências também econômicas, foi o principal adversário de Trump, não Biden. Coube a este apostar na esperança e na promessa de enfrentamento franco à pandemia, subordinado à ciência. E não ao seu negacionismo por ideologia política que pode ainda viralizar como fake news nas redes sociais, mas é incapaz de combater um vírus real, no mundo real. Presidente eleito mais velho da história dos EUA, o democrata venceu nas urnas com 77 anos e assumirá a Casa Branca em 20 de janeiro aos 78, após aniversariar em 20 de novembro.
Vice-presidente nos dois mandatos de Barack Obama, Biden elegeu na sua chapa uma ex-adversária dura nas primárias democratas, a ex-senadora da Califórnia Kamala Harris, como a primeira mulher, primeira negra e primeira de ascendência asiática, como vice-presidente dos EUA. Os jovens que tomaram as ruas do país no movimento “Black Lives Matter” (“Vidas Negras Importam”), após a morte do negro George Floyd por um policial branco em 25 de maio, entenderam o recado. E, em um país onde o voto não é obrigatório, compareceram em massa nas urnas de novembro. Assim como os negros, a quem o presidente eleito dos EUA agradeceu por sempre tê-lo apoiado em seu discurso de vitória.
Considerado um moderado em seus 47 anos de vida pública, Biden acenou à diversidade de gênero, além da racial. Tanto no discurso de vitória, quanto na sua equipe de transição, à qual nomeou Shawn Skelly, militar veterana transexual, para um dos setores mais emblemáticos ao poder que os EUA ainda exercem no mundo: seu Departamento de Defesa. Além das questões identitárias, o presidente eleito fez promessas ousadas enquanto candidato: além de enfrentar a Covid, revitalizar o Obama Care dilapidado por Trump em um país sem SUS, taxar as grandes fortunas para bancar a assistência social aos mais pobres e impor um salário mínimo aos EUA de US$ 15 por hora. E o democrata será tão cobrado para implementá-las, quanto se não surtirem o efeito desejado, após assumir a Casa Branca.
Fruto da primeira revolução do Iluminismo, com sua mesma Constituição aprovada desde 1787, elegendo George Washington seu primeiro presidente em 1789 — quando só então se deu a Revolução Francesa —, os EUA são a democracia mais longeva do mundo. E, nestes mais de 230 anos, Trump foi seu primeiro presidente a usar a Casa Branca como palco do lançamento da sua candidatura à reeleição. Como foi o primeiro ao não admitir sua derrota nas urnas, o primeiro a atacar sua própria democracia e, ao fazê-lo, o primeiro a ter um pronunciamento ao vivo cortado, por mentir descaradamente, pelas principais redes de TV do seu país. Mesmo com o apoio do governo democrata Lyndon Johnson ao golpe militar no Brasil em 1964, em plena Guerra Fria (1947/1991), Trump também foi o primeiro a permitir tanto a aproximação de um presidente brasileiro: seu fã confesso Jair Messias Bolsonaro (sem partido).
Estimulado por essa proximidade pessoal com Trump, que só rendeu vantagens comerciais aos EUA e nenhuma ao Brasil, será difícil que Bolsonaro e seus apoiadores voltem, por exemplo, a ameaçar veladamente um golpe militar, como fizeram em manifestações públicas em abril e maio de 2020. Após Biden assumir o poder em 2021, a “brincadeira” bolsonarista de golpe acaba — por bem ou por mal. Sobretudo após o presidente brasileiro ameaçar os EUA com “pólvora” em 11 de novembro. E ser repreendido internamente pelo núcleo militar do seu governo, por ter conseguido ridicularizar as Forças Armadas Brasileiras em todo o mundo.
A bravata foi uma tentativa de resposta a Biden, já presidente eleito dos EUA, que aventou punir o Brasil com sanções comerciais, caso não cessem as queimadas criminosas da Amazônia. Só que o democrata disse isso quando ainda era candidato, no debate com Trump de 29 de setembro, 43 dias antes da “ameaça” de Bolsonaro. O que não torna tão estranho que o presidente brasileiro só tenha admitido a vitória eleitoral de Biden em 15 de dezembro, 44 dias após seu anúncio oficial. O tempo de reação do capitão teve retardo quase igual.
Enquanto comete sucessivos erros que atrasam também a vacinação da população brasileira contra a Covid, que até Trump tentou abreviar nos EUA, Bolsonaro pode ser obrigado a repensar a presença em seu governo de ministros negacionistas como Ernesto Araújo, nas Relações Exteriores, e Ricardo Salles, no Meio Ambiente. Além de reafirmar que seu governo exercerá liderança firme no combate ao aquecimento global, Biden nomeou John Kerry como seu “czar do clima”.
Ex-governador e ex-senador de Massachusetts, ex-candidato democrata a presidente em 2004 — quando perdeu por diferença inferior a Trump em 2020 — e ex-secretário de Estado do governo Obama, Kerry é também um veterano condecorado por bravura na Guerra do Vietnã (1955/1975). Que se tornou um líder no movimento contra aquela guerra, ao voltar ao seu país e entrar na política. O “czar do clima” de Biden tem o seu aval. E muito mais experiência de fogo que Bolsonaro. A partir de 20 de janeiro, quando mudam os ocupantes e os rumos da Casa Branca, 2021 promete. Aos EUA e ao mundo.
Anunciado aqui, desde 15 de dezembro, está praticamente confirmado: o vereador Fábio Ribeiro (PSD) será o novo presidente da Câmara Municipal de Campos. Além do PDT de Campos oficializar ontem (confira aqui) o apoio aos Garotinho que a Folha havia adiantado em detalhes (confira aqui e aqui) desde o final de semana, hoje o vereador Nildo Cardoso (PSL) também confirmou seu voto em Fábio para presidente:
— Já tinha dito, só vou votar em quem me pedir voto. Fábio me pediu há cerca de duas semanas. Como nenhum outro candidato a presidente da Câmara se apresentou, confirmei hoje: meu voto será dele. Agora, que já defini, não mudo nem se outro candidato aparecer e me pedir. Mas fechei meu voto a presidente em separado, como serão os votos de cada um dos 25 vereadores, a cada cargo da Mesa Diretora. O resto da chapa, pelo meu voto, vamos ainda analisar — ressalvou Nildo.
Junto com Fábio, praticamente certo à presidência da Casa do Povo — com 23 votos, à exceção talvez dos votos dos ainda em aberto dos edis Abdu Neme (Avante) Marquinho Bacellar (SD) —, o mais provável para o resto da Mesa Diretora é: Juninho Virgílio (Pros) na 1ª vice-presidência, Leon Gomes (PDT) como 1º secretário, Maicon Cruz (PSC) como 2º vice-presidente, e Dandinho Rio Preto (PSD) como 2º secretário.
Na segunda-feira retrasada (21), através deste blog, a Folha anunciou (confira aqui) “a reunião ontem (20) entre o prefeito Wladimir Garotinho (PSD) e seu adversário no segundo turno, o ex-prefeitável Caio Vianna (PDT)”. Assim como seu efeito prático: “a confirmação do apoio dos vereadores pedetistas Marquinhos do Transporte, Luciano Rio Lu e Leon Gomes à candidatura do garotista Fábio Ribeiro (PSD) à presidência da Casa”.
No último sábado (26), na nota intitulada “Acordo entre Wladimir e Caio deve garantir a Câmara aos Garotinho”, o blog adiantou (confira aqui) como se daria a oficialização da aliança entre os dois que disputaram o segundo turno a prefeito de Campos: “A aliança deve ser oficializada em uma nota do PDT, com a anuência de Rodrigo Neves, prefeito de Niterói e principal apoiador de Caio”.
No último domingo (27), o blog adiantou (confira aqui) como se daria a participação do PDT na nova Câmara presidida por Fábio, ao relembrar o “acordo no último domingo (20) com seu adversário (Wladimir) no segundo turno a prefeito, Caio Vianna (PDT). Que fez quatro vereadores e, na nova Mesa Diretora, deve ter Leon Gomes (PDT) como 1º secretário”.
Pois ontem (28), uma semana após a Folha anunciar o acordo entre Wladimir e Caio, e dois dias depois de adiantar que esse mesmo acordo seria oficializado em uma nota do PDT, o partido escolheu um site local para divulgar a mesma nota. E causou tanta repercussão, que o blog só foi informado hoje, por terceiros, da oficialização do que já havia adiantado em detalhes.
De qualquer maneira, a divulgação seletiva do PDT de Caio, do que o blog adiantou que faria, serviu para explicar o motivo do vereador Leon Gomes ter desmarcado às 20h44 de ontem (28) sua participação no Folha no Ar da manhã de hoje. Isso, após ter confirmado, às 14h03 do mesmo dia, sua participação no programa da Folha FM 98,3. Em que Caio, democraticamente, participou duas vezes (confira aqui e aqui) como candidato a prefeito, como todos os outros.
Nas três notas que adiantou o que e como a bancada do PDT de Campos agiria em relação à eleição da Mesa Diretora, foram geradas, como manda a ética jornalística, pedidos de posicionamento a Caio. Por WhatsApp, todas as mensagens foram visualizadas, mas nenhuma respondida. O ex-prefeitável, lógico, está no seu direito. Se também é limitar a divulgação dos atos oficiais do PDT, isso é uma outra conversa. Cuja decisão, e seu ônus, cabem ao PDT.
Todavia, até como conselho de final de ano ao promissor político campista de apenas 32 anos, completos no último dia 8, fica o conselho dado um mês antes pelo prefeito da Filadélfia, o veterano democrata Jim Kenney, ao ainda presidente dos EUA, o republicano Donald Trump. Foi depois que este não se conformou com sua derrota nas urnas presidenciais (relembre aqui) para o democrata Joe Biden, em 3 de novembro:
— Precisa vestir as calças de menino grande — ponderou Kenney a Trump.
Sobre a Câmara Municipal, honrar o que acordou, do que foi seguida e até publicamente acusado de não fazer nas últimas eleições de Campos, seria um passo talvez interessante ao jovem pedetista para 2021.
Já escrevi, mais do que gostaria, que nada evidencia o tempo passando por nós, do que quando ele deixa de passar a quem nos servia de referência. Alguém que você namorou sempre será uma referência. Ana Cristina Barreto Guimarães era uma referência boa na minha vida, em que buscava porto após atravessar os mares sempre tempestuosos da paixão. Tínhamos perdido contato nos últimos anos, nessas coisas da vida que acontecem sem você saber por quê. Ela faleceu na manhã de hoje, no Hospital da Unimed, com apenas 46 anos, em consequência de um AVC. Este, por sua vez, consequência da Covid que a acometeu em agosto e matou seus pais. O pai naquele mesmo mês, a mãe em setembro, com os quais morava desde que nasceu e dedicava sua vida.
Formada em Direito pela FDC, Ana Cristina não chegou a exercer a profissão. Mas teve atuação ativa na Câmara Júnior, instituição tradicional de Campos, da qual foi a primeira mulher presidente, em 2002, aos 28 anos. Foi então que a conheci, mulher grande, com porte de guerreira Valquíria e voz doce, jovem promessa de liderança da cidade. Através de amigos comuns, como o advogado Andral Tavares Filho, ex-presidente da OAB-Campos, além do falecido economista Irezê Mesquita, ambos também da Câmara Júnior, minha relação com ela se aproximou. A amizade e atração mútua se consumariam depois em namoro, logo após eu ter saído do meu segundo casamento. Este com a maior e, talvez, única paixão que tive na vida.
Era o ano de 2005, quando eu e Ana Cristina namoramos. E o fato dela lembrar muito fisicamente minha segunda ex-esposa, não de rosto, mas de porte, acabou minando qualquer possibilidade de sucesso do nosso namoro. Em algo involuntário, mas tremendamente injusto, buscava o que nela me lembrava outra pessoa. E não pude me focar na pessoa maravilhosa que Ana Cristina era por si mesma. Lembro muito das nossas conversas alongadas, já madrugada alta, dentro do meu carro, após sairmos juntos à noite, quando ia deixá-la para dormir na casa dos seus pais, no Parque São Caetano. Independente do tema do papo, a doçura era sempre sua principal característica.
No final de semana prolongado pelo feriado de 15 de novembro, que caiu na terça daquele ano de 2005, Andral e Irezê, junto ao petroleiro hoje aposentado Rubens Muniz Filho, alugaram uma casa na praia de Geribá, em Búzios. E convidaram a mim e Ana Cristina. Reunidos em quatro casais, passamos ótimos momentos juntos. Lembro de uma noite em que, após algumas doses de whisky — bebida que, naquele tempo, eu ainda consumia —, convidei a todos para comer escargot no Chez Bigitte, na Rua das Pedras. E com a maioria de nós já alterada pelo destilado escocês, e pouca intimidade com a arte de segurar a concha do caramujo com uma pinça para retirar com um garfo de duas pontas a lesma preparada à base de manteiga e ervas, reproduziam-se cenas muito engraçadas. Não raro, protagonizadas por um caracol catapultado do prato pela mesa, como se vivo e transformado em animal ligeiro na pegada errada da pinça.
Àquela época, eu ainda praticava caça submarina. E independente do quanto a noite a madrugada anterior tivessem se estendido, Ana Cristina não só atendia ao pedido de me acordar assim que o sol nascia, melhor horário para a prática do esporte, quando os peixes maiores do oceano ainda se sentem seguros em suas incursões noturnas à beira mar. Após me despertar, o que nunca era fácil, ele me acompanhava até a praia de Ferradura, fundo de mar que até hoje eu talvez melhor conheça. E de cima de uma pedra esperava paciente e solitária, por horas, até que eu regressasse das águas azuis mais ou menos abençoado de sorte, em peixes vazados de arpão e pendurados pela fieira atada à cintura. Sempre me recebia de volta do mar com uma toalha seca e um beijo molhado de orgulho.
Ana Cristina morreu hoje como prova viva do poder destruidor da Covid. Capaz de dizimar uma família inteira, não só pelo que provoca no corpo, mas na alma humana de quem sobrevive. Não por mim ou nenhum outro idiota com quem se relacionou, ela morreu pela mulher e o homem que lhe deram a vida.
A partir das 7h da manhã desta segunda (28), o convidado do Folha no Ar será o professor Almy Junior, ex-reitor da Uenf e secretário de Agricultura confirmado (confira aqui) do governo eleito Wladimir Garotinho (PSD). Ele falará sobre o que pretende fazer para resgatar a vocação agropecuária de Campos, eixo econômico do município do séc. 17 até os anos 1990, e desde então abandonada pelo dinheiro fácil do petróleo.
Almy também analisará outra alternativa para Campos sair da crise financeira: a parceria do poder público municipal com as universidades instaladas na cidade. E como, em sua pasta, fará isso no equilíbrio entre o agronegócio e a agricultura familiar. Por fim, ele falará da importância que a cana ainda tem na economia campista, cuja safra movimentou este ano, com apenas duas usinas, em torno de R$ 500 mil (confira aqui), cerca de 1/3 do orçamento previsto para a cidade (confira aqui) em 2021.
Quem quiser participar ao vivo do Folha no Ar desta segunda pode fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, na página da Folha FM 98,3 no Facebook.
Desde 15 de dezembro, o blog anunciou (confira aqui): Fábio Ribeiro (PSD) será o novo presidente da Câmara. O acordo então feito entre o prefeito eleito Wladimir Garotinho (PSD) e o deputado estadual Rodrigo Bacellar (SD) azedou, depois que o grupo político do último, que elegeu seis vereadores, passou a exigir (confira aqui) a 1ª vice-presidência na nova Mesa Diretora. Mas Wladimir flanqueou os Bacellar, como a tática militar chama o movimento para evitar o confronto frontal e cercar o inimigo, ao firmar um acordo no último domingo (20) com seu adversário no segundo turno a prefeito, Caio Vianna (PDT). Que fez quatro vereadores e, na nova Mesa Diretora, deve ter Leon Gomes (PDT) como 1º secretário. O 1º vice-presidente, cargo que os Bacellar queriam, será do garotista Juninho Virgílio (Pros).
Em reconhecimento tácito da derrota, Rodrigo Bacellar liberou seus vereadores antes do Natal para a eleição interna pela Câmara Municipal. Dois deles, Silvinho Martins (MDB) e Rogério Matoso (DEM) indicaram ontem (confira aqui) que podem seguir o exemplo de Marcione da Farmácia (DEM), apoiando os Garotinho na disputa pela Mesa Diretora. Hoje, outro vereador dos Bacellar, Igor Pereira (SD) revelou ao blog que seguirá o mesmo caminho. Após chegar a ser apontado como alternativa dos Bacellar como candidato à presidência contra Fábio Ribeiro, o edil Nildo Cardoso negou a possibilidade. E revelou que Fábio, em quem admitiu poder votar, “foi o único a pedir meu voto para presidente”.
Se conseguir o apoio até de Nildo, Fábio poderia chegar a 23 entre os 25 votos. Caso consiga, hoje ficariam de fora apenas os vereadores Marquinho Bacellar (SD) e Abdu Neme (Avante). Helinho Nahim (PTC), primo de Wladimir, chegou a ser dúvida, depois que seu pai, o ex-prefeito Nelson Nahim (MDB), usou as redes sociais na noite de ontem para declarar, antes de apagar a postagem na manhã de hoje:
— Quero pedir desculpas a todas as pessoas que pedi para votar em Wladimir no segundo turno para prefeito de Campos. Desejo a ele sucesso na administração da nossa cidade, mas não posso admitir a ingratidão a meu filho Hélio que fez de tudo para ajudá-lo não só na sua difícil eleição, mas também no sentido de levar o maior número de vereadores para apoiar o seu governo. Vida que segue. Vá em frente meu filho. Conte sempre com seu pai. Deus te abençoe — desejou Nelson Nahim.
Mas, após a divulgação da postagem, Helinho entrou em contato com o blog para esclarecer que a posição do pai nada tem a ver com a sua na eleição da Mesa Diretora:
— Política é feita de conversa. O único candidato (a presidente da Câmara) com que falei, o único candidato que até agora se apresentou, é Fábio Ribeiro. A manifestação do meu pai nas redes sociais reflete sua insatisfação pela maneira que ele entende que os vereadores que apoiaram Wladimir no segundo turno a prefeito estão sendo agora tratados, em detrimento de vereadores quem apoiaram o outro candidato. Mas nada tem a ver com a eleição da Mesa Diretora — garantiu o vereador eleito e filho de Nelson Nahim.
Vereadores com reduto eleitoral na Baixada Campista, Igor e Nildo também se posicionaram hoje ao blog:
— Eu gosto de política de grupo. Wladimir ganhou a eleição, mas sabe que não foi uma vitória fácil ou confortável. Por mais que consiga parcerias, não vai ter o dinheiro que precisa para administrar a cidade. Conversei com ele e estou conversando ainda, até o dia 1º (de janeiro). Política é conversa. Mas vou votar em Fábio a presidente. Nele e em sua chapa — declarou Igor Pereira, considerado um dos vereadores mais próximos aos Bacellar.
— A Mesa está decidida, a presidência é de Fábio Ribeiro. Há muitos vereadores de “primeira viagem”, que não têm como bancar oposição, nem mesmo uma postura independente, no primeiro biênio. Até 1º de janeiro, tudo será definido. Não pedi voto a ninguém (para presidente). Então não tem sentido alguém ficar dizendo se vai votar em mim, ou não. Rogério (Matoso, que declarou ontem que não votaria em Nildo), quem ajudou a colocar no governo Rafael (Diniz, Cidadania) fui eu. Até agora, Fábio foi o único a pedir meu voto a presidente, em duas conversas reservadas. Se não aparecer nenhuma novidade, voto nele. Não vou fazer oposição em uma cidade quebrada, não vou radicalizar, até porque sei que o município precisa da nossa experiência. Mas também não vou ser um “puxadinho” do Executivo — contrapôs Nildo Cardoso.
Atualizado às 13h23 para incluir a posição de Helinho Nahim.
Seja para prefeito, vereador ou Mesa Diretora do Legislativo, eleição só acaba quando termina. Mas salvo algo muito fora da curva nos próximos quatro dias, o prefeito eleito Wladimir Garotinho (PSD) venceu a queda de braço com o deputado estadual Rodrigo Bacellar (SD) pelo controle da Câmara Municipal de Campos, que deve mesmo ser presidida pelo vereador Fábio Ribeiro (PSD). A sensação entre os 25 vereadores eleitos, é que Wladimir venceu a disputa após selar um acordo no dia 20 (relembre aqui) com seu adversário no disputado segundo turno a prefeito, Caio Vianna (PDT), que fez três vereadores. A aliança deve ser oficializada em uma nota do PDT, com a anuência de Rodrigo Neves, prefeito de Niterói e principal apoiador de Caio.
Ciente da derrota, Rodrigo Bacellar já teria liberado antes do Natal seus seis vereadores. À exceção de Marquinho Bacellar (SD), irmão de Rodrigo, que deve ficar na oposição, o deputado estadual teria liberado os outros cinco edis eleitos por seu grupo político, para a eleição da nova Mesa Diretora. Assim, além dos 18 vereadores que a candidatura de Fábio a presidência já teria — contando com Bruno Pezão (PL), mais os pedetistas Marquinhos do Transporte, Luciano Rio Lu e Leon Gomes — os edis do grupo dos Bacellar também podem apoiar os Garotinho no Legislativo, fazendo a conta chegar a 21 ou 22. Marcione da Farmácia (DEM) já é considerado certo, em acordo costurado também pelo vice-prefeito eleito Frederico Paes (MDB). Silvinho Martins (MDB), Rogério Matoso e Helinho Nahim (PTC), podem seguir o mesmo caminho.
— Rodrigo conversou com a gente antes do Natal e nos liberou. Caminharíamos com uma candidatura própria do grupo à mesa diretora se tivéssemos chance. Mas eles (os Garotinho) já têm 18 vereadores. O xeque-mate foi o acordo entre Wladimir e Caio. Agora, o que nós ainda tentamos pleitear é a segunda secretaria da mesa diretora. Acredito que Marquinho (Bacellar) vai ficar na oposição. Mas isso é uma opinião pessoal minha — disse o edil Silvinho Marins, aliado dos Bacellar
— Para nosso grupo disputar a presidência da Casa, tem que definir quem seria o presidente. Quem seria? Em Marquinho, eu talvez votasse. Mas não em Abdu Neme (Avante) ou Nildo Cardoso (PSL). Com todo o respeito que eu tenho aos dois, por que votaria em um deles? Com quem eles caminharam no segundo turno a prefeito? E como eu vou explicar isso ao meu eleitor e ao meu grupo político, depois de ter apoiado Dr. Bruno Calil (SD) no primeiro turno, mas apoiando publicamente Wladimir no segundo? Como eu vou apoiar um candidato a presidente do Legislativo só porque ele (Nildo) foi o último voto a se definir? Isso não é critério. Se ele foi o último eu sou o penúltimo voto. Campos precisa de paz, de diálogo — pregou Rogério Matoso, que também confirmou a reunião em que Rodrigo Bacellar teria liberado os votos na Mesa Diretora.
Com a admissão, dentro do grupo dos Bacellar, de que os Garotinho devem vencer a disputa pela Mesa Diretora, esta tem duas contas praticamente fechadas: Fábio Ribeiro na presidência e Juninho Virgílio (Pros) na 1ª vice-presidência. Confirmado o acordo com Caio, também seria certo um dos três vereadores do PDT na 1ª secretaria. As outras duas vagas ainda dependem de composição. Maycon Cruz (PSC) surge com força para a 2ª vice presidência, enquanto a 2ª secretaria pode ficar com Dandinho do Rio Preto (PSD), embora este possa ceder o cargo para algum vereador que vier dos Bacellar.
— Só posso elogiar a maturidade de Caio nas negociações. Após um segundo turno a prefeito bastante acirrado, ele demonstra capacidade de articulação e seu compromisso com a governabilidade. Até por ter ficado próximo de levar a Prefeitura, ele sabe o tamanho das dificuldades que teremos pela frente. Teremos Poderes independentes, sim, mas trabalhando em harmonia pela cidade. Não podemos ser oposição a Campos. E Caio até aqui tem mostrado estar bem ciente disso — ressaltou Fábio Ribeiro.