Você é a favor ou contra o impeachment de Dilma? Por quê?

Joseli Mathias

 

Sou a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff, apesar de não me agradarem as personagens na linha sucessória. O processo em andamento no Congresso aponta fortes indícios de irregularidades no âmbito da administração federal. Acredito, entretanto, que, depois de todos os esquemas expostos pela Operação Lava Jato, o ideal seria um processo mais abrangente, considerando também os desvios de conduta mais graves e outros nomes da política nacional, o que poderia levar à queda de toda a chapa e a uma nova eleição. Vivemos uma democracia, e o eleitor pode ser perseguido por quatro anos pelo fantasma do arrependimento no caso de uma administração ineficiente, mas tem o direito de querer seu líder deposto se constatada uma atuação fraudulenta e criminosa.

Joseli Matias, jornalista

 

 

 

Suzy Monteiro 2

 

 

Sou contra ao impeachment por não haver crime de responsabilidade comprovada contra a presidente. Um governo ruim não justifica ser cassado. Crise econômica não justifica cassação. Contra a presidente não há nem investigação até o momento, quanto mais condenação. Caso haja e ela seja condenada, aí, sim. Mas, até aí tem que haver crime de responsabilidade. Afinal, quantos políticos — senadores, deputados, governadores, prefeitos, vereadores — têm condenação e continuam no mandato? Acho que está acontecendo uma precipitação em função de desejo político de assumir a presidência do Brasil, isso por parte da oposição e de parte da própria base aliada. É preciso apurar tudo e com o máximo de isenção possível.

Suzy Monteiro, jornalista

 

 

 

Você é contra ou a favor do impeachment de Dilma? Por quê?

Vitor Menezes enquete

 

Sou contrário ao impeachment de Dilma. Não há objeto concreto que justifique o ato extremo de depor um presidente. Independentemente do pretexto que venha a ser politicamente escolhido, se a presidenta cair, será mais pelas suas virtudes do que pelos seus defeitos. Será por não ter tido a “habilidade” para fazer a política fisiológica com o Congresso, por ter garantido autonomia para as investigações e por ter resistido o máximo tempo que pôde em alimentar a polarização que acabou por se dar. Até prova em contrário — e contra a presidente não há sequer investigações, muito menos provas reunidas legalmente —, tenho Dilma Rousseff na conta de uma pessoa honesta e dona de uma trajetória que deve ser motivo de orgulho para os brasileiros.

Vitor Menezes, presidente da Associação de Imprensa de Campos (AIC)

 

 

 

Wellington Cordeiro

 

Sou a favor. Analisando apartidariamente, pois não me coloco contra o PT e muito menos a favor do PSDB, penso que o país não suportará mais ser usado como ferramenta de manutenção de poder. No caso específico do governo atual, que utilizam-se de tamanhas artimanhas para sustentar esta manutenção, entre tantas outras, as chamadas “pedaladas fiscais”, tão bem referendadas na ação do renomado jurista Hélio Bicudo. Concordo que a linha sucessória, perpassa por políticos também questionáveis. Porém, acredito que o processo de impeachment poderia ser um marco simbólico para se mostrar que ninguém está acima do bem e do mal, nem mesmo no mais alto grau do poder no país.

 

Wellington Cordeiro, diretor de cultura da Associação de Imprensa de Campos (AIC)

 

Dornelles: situação financeira do Estado do Rio é trágica!

Dornelles

 

 

“A situação (financeira do Estado do Rio de Janeiro) é trágica. Nunca vi nada igual no Brasil nem no estado. E nós temos que atuar agora junto ao governo federal, defendendo uma política de desenvolvimento, de concessão de serviços públicos. Examinar se há alguma coisa a privatizar. No ramo imobiliário, ver se há algo a vender”.

 

Confira aqui a entrevista do governador em exercício Francisco Dornelles (PP), publicada hoje em O Globo

 

 

Você é a favor ou contra o impeachment de Dilma? Por quê?

“Um orador sem megafone” (“Kêryx mè stentóreios”). Na definição do filósofo grego Aristóteles (384/322 a.C.), esse deveria ser o limite da democracia. Na tentativa de superar o clima de rinha de galo que tomou conta das discussões do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), mas em busca do seu debate, este “Opiniões” tenta fazer jus ao nome para servir de megafone à dialética legada pela ágora grega, berço da democracia.

O objetivo não é tentar convencer ninguém, mas esclarecer a todos, a partir das respostas distintas às mesmas perguntas: 1) Você é contra ou a favor do impeachment? 2) Por quê?

 

Celso Cordeiro Filho

 

 

“Sou a favor porque está previsto na Constituição brasileira. Tecnicamente, as chamadas pedaladas da presidente Dilma Rousseff foram suficientes para abertura do processo. Vamos ver agora como se comporta a Câmara Federal. Evidente, que além da justificativa jurídica, o processo tem fortes componentes políticos e o momento se mostra desfavorável ao governo. É uma saída para a crise brasileira? Honestamente, que tenho minhas dúvidas, mas dizer que ‘é golpe’ vai uma distância muito grande. Temos a Lava Jato com desdobramentos imprevisíveis e uma atmosfera econômica irrespirável. Como se vê, o futuro do nosso país se mostra bastante sombrio”.

Celso Cordeiro Filho, jornalista

 

 

 

 

Rodrigo Gonçalves 1

 

“Sou contra o impeachment, mas é indiscutível e urgente a necessidade de se definir um novo rumo para o Brasil. A discussão tem de ser realmente sobre de qual forma isso vai ser feito, pois não dá mais para trocar seis por meia dúzia. E é isso que vai acontecer sem qualquer alteração nas bases do Congresso. Trocar o PT pelo PMDB não vai trazer de volta a governança e nem cessar os escândalos que atravancam a instável economia. Trocar Dilma Rousseff por Temer é ignorar toda a trajetória do PMDB, que sempre esteve na base e passeia por escândalos há anos e nos mais variados governos, além de suas atuais representações na Câmara Federal e no Senado. Por mais radical e moroso que seja, vejo como caminho o cancelamento por parte do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) da eleição que elegeu Dilma e Temer, ambos apontados entre os beneficiados por um pleito viciado”.

Rodrigo Gonçalves, jornalista

 

 

 

Ricardo André Vasconcelos 1

 

“A linha sucessória  — Temer, Cunha e Renan — já justifica ser contra o impedimento. Sou contra também porque, apesar de entender que o processo é político, impeachment exige de crime de responsabilidade. A denúncia sobre pedaladas é vazia e as contas não foram julgadas pelo Congresso. Portanto, não há crime. O Congresso não vota contas de presidente algum desde Collor. Dilma já não governa, o PT acabou e o PMDB, co-autor nas falcatruas, vai cair fora com pose de vestal. O fim, por impeachment, renúncia ou cassação, parece inevitável. A preocupação é com o dia seguinte: como ficarão as ruas quando os atores trocarem de papéis? Queria o Moro na Receita Federal, porque sonegação é tão deletéria quanto a corrupção. Só não sei se a Fiesp e seus seguidores concordam”.

Ricardo André Vasconcelos, jornalista

 

 

R$ 1 milhão da Odebrecht a Garotinho no mesmo dia de “laranjas” ao PR

O possível uso das empresas Leyroz e Praiamar como “laranjas” para os repasses da Obebrecht. Esse será o primeiro fio que os vereadores de oposição tentarão puxar para descobrir a verdade por trás das doações ao hoje secretário de Governo Anthony Garotinho (PR), à sua esposa e prefeita, Rosinha Garotinho (PR), e à sua filha e deputada federal, Clarissa Garotinho (PR), todas feitas pela maior empreiteira do país — segundo evidenciam as planilhas com doações da Odebrecht a cerca de 300 políticos brasileiros, apreendidas na 23ª fase da operação Lava-Jato.

A Leyroz e Praiamar são distribuidoras de bebidas que trabalham com marcas do grupo Petrópolis, da cerveja Itaipava. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a Leyroz, por exemplo, doou R$ 800 mil ao diretório estadual do PR, em 1º de setembro de 2010, enquanto a Praiamar, no mesmo dia, fez uma doação registrada ao mesmo beneficiário no valor de R$ 200 mil.

 

No TSE, onde não constam doações da Odebrecht a Garotinho em 2010, a Leyroz (R$ 800 mil) e Praiamar (R$ 200 mil) repassam ao PR estadual o valor total de R$ 1 milhão em 1º de agosto de 2010 (reprodução do TSE)
No TSE, onde não constam doações da Odebrecht a Garotinho em 2010, a Leyroz (R$ 800 mil) e Praiamar (R$ 200 mil) repassaram ao PR estadual o valor total de R$ 1 milhão em 1º de agosto de 2010 (reprodução do TSE)

 

Já nas planilhas da Odebrecht apreendidas pela Lava-Jato, Garotinho aparece como “beneficiário” de uma doação no valor de R$ 1 milhão em 1º de setembro de 2010 — mesmo dia e valor das duas doações somadas da Leyroz e Praiamar. Ambas foram declaradas pelo PR ao TSE, que não registrou nenhuma doação da Odebrecht a Garotinho em 2010, ano em que disputou e ganhou seu último mandato, como deputado federal.

 

Na planilha da Odebrecht apreendida pela Polícia Federal, uma doação a Garotinho não registrada no TSE no mesmo dia (1º de agosto de 2010) e com o mesmo valor total (R$ 1 milhão) das feitas por Leyroz e Praiamar ao PR (reprodução da Lava-Jato)
Na planilha da Odebrecht apreendida pela Polícia Federal, uma doação a Garotinho não registrada no TSE no mesmo dia (1º de agosto de 2010) e com o mesmo valor total (R$ 1 milhão) das feitas por Leyroz e Praiamar ao PR (reprodução da Lava-Jato)

 

O uso das duas empresas distribuidoras de bebida como “laranjas” das doações da empreiteira, numa transação que pode ter superado a casa dos R$ 30 milhões, foi fartamente noticiado (aqui) pela mídia nacional. Dos seus supostos esquemas, teriam ser beneficiado também os senadores Aécio Neves (PSDB/MG) e Aloizio Mercadante (PT/SP), além do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB).

Um pedido de informação sobre os contratos de licitação da Prefeitura de Campos com a Odebrecht sobre o conjunto das obras do “Morar Feliz”, no valor total de quase R$ 1 bilhão, já foi protocolado na Câmara Municipal pelo vereador Marcão (Rede). Como a Folha relembrou aqui, em matéria da jornalista Suzy Monteiro que rendeu a manchete da capa do último domingo (27/03), o resultado da primeira fase da licitação do “Morar Feliz”, no valor de R$ 357,9 milhões, tendo com a Obebrecht como ganhadora, foi antecipado pela coluna “Ponto final” em quase quatro meses.

 

Em 29 de maio de 2009, quando anda tinha à frente o jornalista Aluysio Cardoso Barbosa, o “Ponto final” adiantou o resultado da licitação do “Morar Feliz” para a Odebrecht (repordução)
Em maio de 2009, quando ainda tinha à frente o jornalista Aluysio Cardoso Barbosa, o “Ponto final” adiantou o resultado da licitação do “Morar Feliz” para a Odebrecht (reprodução)

 

Em 29 de maio de 2009, a coluna de opinião da Folha noticiou que a Odebrecht ganharia a licitação. Essa revelação pública pelo jornal teria gerado o atraso na abertura dos envelopes, feita apenas em 23 de setembro daquele mesmo ano, confirmando o que previra o jornal. As notas do “Ponto final” mostraram ainda que o ex-secretário municipal de Obras e então coordenador da mesma secretaria, Antonio José Petrucci Terra, o Tom Zé, havia trabalhado na Odebrecht antes de ingressar no governo Rosinha.

 

 

Em setembro de 29 quase quatro meses depois, a confirmação da vitória da Odebrecht que a Folha havia adiantado (reprodução)
Em setembro de 2009, quase quatro meses depois, a confirmação da vitória da Odebrecht, como a Folha havia adiantado (reprodução)

 

Aqui e aqui, respectivamente, os jornalistas e blogueiros Fernando Leite e Alexandre Bastos foram os primeiros a adiantar a investida da bancada de oposição goitacá sobre as relações entre os Garotinho, a Prefeitura de Campos e a Odebrecht, a partir dos documentos apreendidos pela Lava-Jato na residência de Benedicto Barbosa da Silva Júnior, um dos diretores da empreiteira. Segundo fontes, ele seria figura conhecida também em Campos.

 

Confira amanhã (29/03) a reportagem sobre o caso na Folha da Manhã

 

João Peixoto com Rogério Matoso de vice à sucessão de Rosinha?

Deputado João Peixoto e vereador Rogério Matoso (montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Deputado João Peixoto e vereador Rogério Matoso (montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

O deputado estadual João Peixoto (PSDC) a prefeito e o ex-vereador Rogério Matoso (PMB) como vice? Segunda as conversas de bastidor mais recentes, essa seria a mais nova costura à sucessão da prefeita Rosinha Garotinho (PR) em outubro. Peixoto confirma que estaria quase tudo acertado, enquanto Matoso admite a conversa, assim como com outras correntes de oposição, mas acha que ainda é muito cedo para definir.

 

Confira amanhã (29/03) a reportagem completa na Folha da Manhã