Lula da Silva, Jair Bolsonaro e Sergio Moro (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Como todas as demais pesquisas presidenciais, a Atlas divulgada hoje mostrou Lula (PT) e Jair Bolsonaro (que hoje se filiou ao PL) isolados, respectivamente, na primeira e segunda posições na corrida de 2022. O ex-presidente teve 42,8% de intenções de voto, contra 31,5% do atual. A novidade foi a terceira posição também isolada de Sergio Moro (Podemos), com 13,7%. Desde que sua filiação ao Podemos foi anunciada, o ex-juiz federal e ex-ministro da Justiça já aparecia em terceiro lugar em todas as pesquisas. Mas foi a primeira em que já desgrudou do empate técnico, na margem de erro, do ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT), que ficou em 4º, com 6,1 %.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Em 5º lugar ficou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), com 1,7%; seguido do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (0,9%); e o cientista político Felipe D’Avilla (Novo), com 0,1%; além de 3,2% que não souberam responder, ou declararam que votarão em branco ou nulo. A pesquisa foi realizada entre 27 e 29 de novembro, com consulta online a 4.401 eleitores de todas as regiões do país, e margem de erro de um ponto percentual, para mais ou menos.
Na série de pesquisa Atlas, fica claro o viés de crescimento de Lula e de queda de Bolsonaro. Em janeiro deste ano Bolsonaro liderava a corrida, com 34,5% das intenções de voto, chegou a bater 37% em maio. Para, nos últimos seis meses, sangrar 5,5 pontos percentuais de popularidade. Em janeiro deste ano, Lula estava em segundo lugar na corrida, com 22,3% das intenções de voto. E, deste então, apresenta crescimento constante. Nos últimos 10 meses, o petista cresceu nada menos que 20,5% pontos percentuais. Moro, por sua vez, já parte de 13,7%, mais que o dobro das intenções de voto de Ciro.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Além da liderança isolada para o primeiro turno presidencial, Lula venceu em todas as simulações de segundo turno: 50,5% a 36% contra Bolsonaro (com 13,5% de não sei/branco/nulo); 46,4% a 29,2% contra Moro (com 24,4% de não sei/branco/nulo); 42,3% a 21,3% contra Ciro (com 36,4% de não sei/branco/nulo); e 47,2% a 15,4% contra Doria (com 37,4% de não sei/branco/nulo).
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Já Bolsonaro perderia, além de Lula, perdeu também as simulações de segundo turno para Moro (30,9% a 35,2%, com 33,9 de não sei/branco/nulo) e para Ciro (35,4% a 42,7%, com 21,9% de não sei/branco/nulo). Hoje, o presidente só venceria o segundo turno contra Doria, mas ainda assim em empate técnico: 35,7% a 34,7%, com 29,6% de não sei/branco/nulo).
A partir das 7h da manhã desta quarta (1º), o convidado do Folha no Ar, na Folha FM 98,3, é o empresário Marcelo Mérida (PSC), secretário de Desenvolvimento Econômico de Campos. Ele falará do Fórum do Empreendedor de Campos, dentro do Plano de Retomada Econômica goitacá. Falará também da sua atuação, dividida entre a condição de líder lojista e integrante do primeiro escalão do poder público municipal.
Por fim, Mérida analisará os 11 anos do governo Wladimir Garotinho (PSD) e tentará projetar as eleições de 2022, na qual é pré-candidato a deputado federal. Quem quiser participar ao vivo do Folha no Ar desta quarta pode fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, na página da Folha FM 98,3 no Facebook.
Com a liberação hoje do último paciente de Covid na UTI do Centro de Controle e Combate ao Coronavírus (CCC), a Saúde Pública de Campos zerou seus pacientes de Covid. Ainda há quatro internados em UTIs do município com a doença: três no hospital conveniado Álvaro Alvim e um no particular da Unimed. A notícia foi passada pelo vice-prefeito de Campos, Frederico Paes (MDB), egresso da experiência de dirigente hospitalar.
— Não dá para a gente sair soltando fogos em comemoração, porque ainda existe gente internada. Mas, o fato de não haver, hoje, nenhuma pessoa internada em leito clínico é uma coisa muito importante. Raramente o paciente entra direto na UTI, ele entra através do leito comum, leito clínico. Infelizmente, quando o quadro evolui, passa para a UTI. Eu acredito que, até o final do ano, a gente possa estar com essa situação zerada.
Confira abaixo o vídeo de Frederico Paes sobre as boas novas de hoje sobre a pandemia:
Por fim, Edvar falará dos seus projetos na CDL e tentará projetar as eleições estaduais e federais de 2022. Quem quiser participar ao vivo do Folha no Ar desta terça pode fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, na página da Folha FM 98,3 no Facebook.
Lula da Silva, Jair Bolsonaro, Sergio Moro e Ciro Gomes (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
A popularidade do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) continua a sangrar. Pela primeira vez, desde que assumiu o comando do país em 1º de janeiro de 2019, a aprovação à sua gestão baixou a casa dos 20%. Hoje, apenas 19% dos brasileiros consideram o governo Bolsonaro ótimo ou bom. Foi o que mostrou a pesquisa Atlas, feita entre 23 e 26 de novembro, ouvindo online 4.921 eleitores, com margem de erro de um ponto percentual para mais ou menos.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Pelo mesmo instituto, os brasileiros que consideravam a administração Bolsonaro boa ou ótima eram 31% há um ano, em novembro de 2020. Em janeiro de 2019, quando assumiu a presidência da República, o capitão tinha 39% do bom ou ótimo. Hoje, 60% da população consideram seu governo ruim ou péssimo, enquanto outros 20% o acham regular.
LULA E BOLSONARO
A pesquisa Atlas não colheu intenções de voto a presidente para 2022. Mas fez outras interessantes perguntas sobre alguns dos seus principais pré-candidatos. Líder isolado em todas as pesquisas presidenciais, Lula (PT) tem imagem positiva para 48% da população, negativa para 49%, com 3% que não souberam responder.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Bolsonaro, por sua vez, tem imagem positiva para 32% da população (17 pontos a menos que Lula), negativa para proibitivos 65%, com também só 3% que não souberam responder. Em outras palavras, sobre Lula ou Bolsonaro, há muito pouca dúvida na população.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Na série Atlas, a imagem de Bolsonaro já foi positiva para 47% dos brasileiros em maio de 2019, caindo relevantes 15 pontos de lá para cá. Por outro lado, a imagem de Lula já foi negativa para 63% do eleitorado, em julho de 2020, melhorando 14 pontos de lá para cá. O que Bolsonaro perdeu é quase o mesmo que Lula se recuperou em sua imagem popular.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
PRISÃO DE LULA?
Outras perguntas específicas da pesquisa Atlas revelam que o Brasil está literalmente dividido quanto a Lula: 45% da população são a favor da sua prisão, enquanto iguais 45% são contra, com 10% que não souberam responder.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
IMPEACHMENT DE BOLSONARO?
É o mesmo eleitorado nacional que hoje formou maioria contra Bolsonaro: 56% dos brasileiros são hoje favoráveis ao seu impeachment, com ainda relevantes 39% contrários e apenas 5% que não souberam responder.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
TERCEIRA VIA: MORO E CIRO
Na disputa do terceiro lugar, e de opção mais da terceira via entre Lula e Bolsonaro, o ex-juiz federal Sergio Moro (Podemos) apareceu na Atlas com imagem positiva para 30% da população, negativa para 55% (7 pontos a mais que Lula), com 15% que não souberam responder.
Já Ciro Gomes (PDT) tem imagem positiva para 30%, negativa para 48% (quase o mesmo de Lula), com 22% que não souberam responder. Respectivamente terceiro e quarto colocados, mas em empate técnico, em todas as pesquisas, Moro e Ciro têm mais dúvidas no eleitor a explorar na campanha.
Já escrevi mais de uma vez que considero Elio Gaspari o maior jornalista brasileiro vivo. Em O Globo e na Folha de S. Paulo, seus artigos, publicados às quartas, e sua coluna de meia página, aos domingos, são sempre um farol sobre os fatos nacionais e do mundo. Sempre com estilo próprio, quase literário, cultura vastíssima e faro apurado dos fatos presentes.
Seus cinco livros “A Ditadura Envergonhada”, “A Ditadura Escancarada”, “A Ditadura Derrotada”, “A Ditadura Encurralada” e “A Ditadura Acabada” são, acima de qualquer historiador, a obra definitiva sobre a última ditadura militar do Brasil (1964/1985). Fruto de intensa pesquisa e da condição de jornalista de confiança, sem que isso signifique alinhamento político, de dois generais: o ex-presidente Ernesto Geisel e o ex-ministro da Casa Civil Golbery do Couto e Silva, maior teórico da ditadura e da redemocratização brasileiras.
A terceira consonância de visão com Gaspari se deu neste final de semana. O fato foi o tropeço democrático de Lula em entrevista ao jornal espanhol El Pais, quando tentou relativizar as ditaduras “companheiras” de Daniel Ortega, na Nicarágua; de Nicolás Maduro, na Venezuela; e de Miguel Días-Canel, em Cuba; chegando a comparar o primeiro à chanceler alemã Angela Merkel. Que foi tratado no artigo “De Ortega a Merkel, Lula ‘estava indo tão bem!’”, publicado no sábado (27) na Folha da Manhã e neste blog. E foi análise muito parecida a que o grande jornalista trouxe na abertura da sua coluna de hoje (28), intitulada “Os saltos altos do PT”, no Globo e Folha de S. Paulo.
Confira abaixo o texto do Gaspari sobre a derrapada democrática do “Nosso Guia”, como o mestre do jornalismo brasileiro se refere a Lula — Fernando Henrique Cardoso, em seus tempos de presidente, era tratado de “FFHH”. Na sequência, para desmontar as falsas alegações lulopetistas de que se tirou de contexto as palavras do seu “mito”, o vídeo com a íntegra da entrevista deste às jornalistas Pepa Bueno e Lucía Abellán, do espanhol El Pais.
Elio Gaspari, jornalista e escritor
Os saltos altos do PT
Por Elio Gaspari
O PT subiu num salto alto à sua maneira. Num pé calçou um modelo Sabrina, no outro, um Stiletto. Como eles têm alturas diferentes, incomodam pouco para quem joga sentado, mas atrapalham, e muito, quem tiver que se mover numa campanha eleitoral.
Em menos de um mês, o comissariado amarrou-se a uma incompreensível, porém deliberada, defesa de regimes ditatoriais ditos de esquerda. Primeiro, um comissário saudou a vitória de Daniel Ortega numa eleição que lhe rendeu o quarto mandato à custa da prisão de postulantes. A presidente do PT disse que o festejo não havia passado pelo crivo da direção.
Passaram-se semanas e Lula foi confrontado pelo caso nicaraguense por duas entrevistadoras do jornal El Pais. Numa resposta marota de palanque, bateu no cravo e acertou Ortega defendendo a alternância dos governantes no poder. Na ferradura, lembrou que Angela Merkel ficou 16 anos no poder. Adiante, repetiu o truque ao dizer que a democracia em Cuba depende do fim do bloqueio econômico dos Estados Unidos. Nenhuma das duas coisas tem a ver com a outra.
Nosso Guia foi prejudicado pela retórica de que se vale nos discursos. As repórteres Pepa Bueno e Lucía Abellán, contudo, eram entrevistadoras.
Dois dias depois, a ex-presidente Dilma Rousseff participava de um debate sobre o livro “China, o Socialismo do Século 21” e disse o seguinte: “A China representa uma luz nessa situação de absoluta decadência e escuridão que é atravessada pelas sociedades ocidentais”.
Internet censurada, partido comunista (o único) controlando empresas e roubalheiras sazonais iluminam pouca coisa, mas se a doutora gosta dessa penumbra, o problema é dela. Mais intrigante foi a contraposição que ela pôs na mesa: a “absoluta decadência e escuridão que é atravessada pelas sociedades ocidentais”.
Há sociedades ocidentais que passam por crises. Se algumas podem até estar em decadência, não são todas e, no conjunto, ela não é “absoluta”.
Desde que há Ocidente há quem o veja como decadente. Essa ideia popularizou-se a partir de 1918, quando o pensador alemão Oswald Spengler escreveu o seu “A Decadência do Ocidente”. Simplificando, ele previa a ascensão ao poder de partidos cesaristas. O doutor morreu em 1936, quando havia césares na Alemanha, Itália e União Soviética. Nove anos depois, viu-se no que deu. Nenhum dos partidos que produziram os césares de Spengler existe hoje.
Há no PT quem concorde com Dilma e Lula, e os dois podem dizer que governaram o Brasil por 13 anos sem agredir e nem mesmo ameaçar as instituições democráticas. O declínio do PT foi influenciado pelos episódios em que se lambuzou. Com poucas exceções, sua ala radical passou pessoalmente incólume pelas lambanças. Isso proporcionou-lhe uma autoridade moral nas discussões internas, mas não resultou numa linha que permita ao PT entrar numa campanha eleitoral com um pé num salto Sabrina e outro num Stiletto.
A partir das 7h da manhã desta segunda (29), o convidado para abrir a semana do Folha no Ar, na Folha FM 98,3, é o empresário Renato Faria, presidente da Sociedade Portuguesa de Beneficência de Campos. Ele falará da importância que o Centro de Controle e Combate ao Coronavírus (CCC), na Beneficência, teve no combate à pandemia da Covid-19 em Campos. Também falará do papel e da situação dos hospitais conveniados da Saúde Pública do município.
Por fim, Renato falará do pleito na próxima quarta (1º) à presidência da Sociedade Portuguesa, no qual disputará a reeleição. Quem quiser participar ao vivo do Folha no Ar desta segunda pode fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, na página da Folha FM 98,3 no Facebook.
Lula da Silva, Jair Bolsonaro, Sergio Moro e Ciro Gomes (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
“Estava indo tão bem!”. Diria o Professor Raimundo, personagem do genial Chico Anysio, ao seu aluno Sandoval Quaresma, interpretado pelo comediante Brandão Filho. Este sempre acertava as perguntas iniciais do mestre. Mas quando caminhava para ganhar um 10, se saía uma pataquada sem tamanho na última questão, comprometendo sua aprovação no teste oral. Ainda a pouco mais de 10 meses, é o que se pode dizer da viagem de Lula à Europa. Que após reforçar a imagem do ex-presidente como estadista, terminou reforçando as dúvidas do seu compromisso real e do PT com a democracia.
Após ser recebido como chefe de estado pelos líderes da Alemanha, Olaf Scholz; da França, Emmanuel Macron; da Espanha, Pedro Sánchez; e de ter sido aplaudido de pé no Parlamento Europeu, na Bélgica; Lula foi entrevistado em Madri. Pelas jornalistas Pepa Bueno e Lucía Abellán, do El Pais, maior jornal espanhol.
Ao indagar sobre a deterioração democrática na América Latina, Lucía Abellán pediu a Lula o diagnóstico da eleição presidencial da Nicarágua, não reconhecida pela comunidade internacional e com os opositores presos a poucos dias do pleito. Na qual o ex-guerrilheiro sandinista e hoje ditador Daniel Ortega “concorreu” com cinco candidatos de fachada, para ter seu quarto mandato consecutivo. Lula respondeu:
— Não posso interferir nas decisões de um povo. Por que Angela Merkel pode ficar 16 anos no poder, e Daniel Ortega não? Por que Margaret Thatcher pode ficar 12 anos no poder, e Chávez não? Por que Felipe González aqui (na Espanha) pôde ficar 14 anos no poder?
No que Lula foi lembrado do que deveria ser óbvio a qualquer democrata verdadeiro:
— Sim, mas Angela Merkel governou por 16 anos, Felipe González por 13, na Espanha, e não mandaram nenhum dos seus opositores ao cárcere — desenhou Pepa Bueno.
Lula e o ditador “companheiro” da Nicarágua, Daniel Ortega
Lula respondeu lembrando sua própria prisão. E aproveitou para desejar sorte a outro ditador “companheiro” de esquerda, Nicolás Maduro, nas eleições regionais da Venezuela:
— Não posso julgar o que aconteceu na Nicarágua. Eu fui preso no Brasil. Não sei o que essas pessoas fizeram. Só sei que eu não fiz nada. Na Venezuela espero que se Maduro ganhar (nas eleições regionais) se acate o resultado, e se perder também.
Nicolás Maduro, ditador “companheiro” da Venezuela, e Lula (Foto: Ricardo Stuckert)
O desejo de Lula foi atendido. Com métodos semelhantes aos da Nicarágua de Ortega, Maduro elegeu 20 dos 23 governadores da Venezuela que o chavismo transformou no país mais pobre da América Latina. As contradições do ex-presidente em seu próprio continente, falando a outro, geraram mais um incômodo. Lucía Abellán lembrou que, na semana anterior à entrevista ao El Pais, houve a proibição dos protestos de rua em Cuba. O petista respondeu:
— É engraçado porque a gente reclama de uma decisão que evitou os protestos em Cuba, mas não reclama que os cubanos estavam preparados para dar a vacina e não tinham seringas, e os americanos não permitiam a entrada de seringas. Eu acho que as pessoas têm o direito de protestar, da mesma forma que no Brasil. Mas precisamos parar de condenar Cuba e condenar um pouco mais o bloqueio dos Estados Unidos.
E, constrangedoramente, foi mais uma vez lembrado por Pepa Bueno do que deveria ser óbvio a qualquer democrata:
— Mas, presidente Lula, é possível fazer as duas coisas: condenar o bloqueio e pedir liberdade nas ruas aos opositores.
Lula entre os ditadores “companheiros” de Cuba, o ex-presidente Raúl Castro e o atual, Miguel Díaz-Canel (Foto: Site do PT)
Noves fora quem demande vacina contra febre aftosa, no lugar de contra a Covid-19, não se espera nenhum compromisso democrático de Jair Bolsonaro (sem partido). A não ser aquele que fez dele e seus filhos uma franquia político/eleitoral bancada pelo peculato das “rachadinhas”. Ou os que foram empurrados sua goela abaixo, nestes últimos dois anos e 11 meses, pela sociedade civil organizada, a imprensa profissional e as instituições do Estado Democrático de Direito. Neste, incluída a compra do Congresso Nacional com as emendas do Orçamento Secreto. Que já custaram mais de R$ 20 bilhões do contribuinte em 2020 e 2021, para impedir que um dos mais de 120 pedidos de impeachment do presidente seja aberto.
Acreditar que Lula “não fez nada”, como ele disse às duas afiadas jornalistas do El Pais, requer a mesma inversão de demanda de imunizante, entre Covid e aftosa, dos bolsonaristas “democratas”. Está aí a montanha de evidências da corrupção sistêmica do PT em seus 13 anos de poder, que quase jogou a Petrobras na bancarrota, com a devolução judicial de bilhões roubados dela por empreiteiros. Bem como os benefícios pessoais de Lula, no sítio de Atibaia reformado pelos mesmos empreiteiros para que ele gozasse do lazer com a família. Como é fato que a Vaza Jato revelou a parcialidade, tornada oficial pelo Supremo Tribunal Federal (STF), do então juiz federal Sergio Moro no julgamento e na condenação do ex-presidente.
Lula não é inocente. Mas sua condenação foi anulada por motivo justo, jurídica e moralmente. De volta ao jogo, ele o lidera com folga em 2021. Exatamente como fazia 2018, até ser sacado do campo por quem depois entraria nele como ministro da Justiça do principal beneficiado. Retirar o petista novamente da disputa seria inaceitável. Ao mundo e a qualquer brasileiro cujo senso de justiça supere a paixão política. Quem brada contra o fato, ou contra todas as pesquisas que o revelam, teria atitude mais produtiva se estocasse lenços para 2022.
Com rejeição acima dos 50% em todos os institutos, a reeleição de Bolsonaro hoje é aritmeticamente impossível. Os R$ 400,00 do Auxílio Brasil podem mudar isso? Podem! Assim como a influência da eventual vitória do candidato de extrema-direita José Antonio Kast, no segundo turno presidencial do Chile, em 19 de dezembro próximo. Já no provável segundo turno brasileiro de 30 de outubro de 2022, a melhor chance para Lula não estar é ele não querer. E a melhor chance dele não querer é se as pesquisas apontarem, até as convenções partidárias entre 20 de julho e 5 de agosto, que seu adversário não será Bolsonaro. Distante dele, todas as pesquisas e movimentos partidários/eleitorais colocam Moro (Podemos) como a opção de terceira via mais viável, ainda em empate técnico com Ciro Gomes (PDT).
Reichstag sob a bandeira dos conquistadores de Berlim, em 1º de maio de 1945 (Foto: Yevgeny Khaldei)
Não há nada hoje que indique isso. A não ser movimentos como a desistência do União Brasil, na união entre o DEM e o PSL, ex-partido de Bolsonaro, em lançar seu ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta a presidente, para provavelmente apoiar Moro. Mas Lula deve saber melhor do que ninguém: se ele perdesse no voto de 2022, para o seu algoz na Lava Jato, isso teria o mesmo efeito presente e à História que o Exército Vermelho tomando Berlim em 1945 teve ao nazismo. Protagonista daquela vitória na Europa, o “socialismo real” acabaria com a extinção da União Soviética em 1991, dois anos após a queda do Muro de Berlim.
Queda do Muro de Berlim em 11 de novembro de 1989 (Foto: Gerard Malie/AFP)
Por um anacronismo ideológico há 30 anos, Lula não deveria, após se apresentar como craque geopolítico nos gramados da Europa, isolar a bola do estádio diante das duas “Martas” do El Pais. Como diria o Professor Raimundo: “Estava indo tão bem!”.
Comparar Ortega com Merkel, que saiu da socialista Alemanha Oriental para consolidar a reunificação do seu país, foi um gol contra à democracia.