Artigo do final de semana — Não!

 

Página 11 da edição da Folha da Manhã de 5 de setembro de 2020

 

Jefferson Manhães de Azevedo, professor e reitor do IFF

“Não há soluções mágicas e de curtíssimo prazo. Caso alguém apresente, desconfie”. Em 5 de setembro de 2020, em plena campanha eleitoral, o alerta foi ecoado (confira aqui) na Folha da Manhã pelo reitor do Instituto Federal Fluminense (IFF), professor Jefferson Manhães de Azevedo. Foi em um painel, entre os 11 promovidos (confira aquiaquiaquiaquiaqui, aquiaqui, aqui, aquiaqui e aqui) pelo jornal de 18 de julho a 26 de setembro, dedicados à busca de soluções para a grave crise financeira de Campos. A advertência do gestor da maior instituição de ensino da região servia não só aos 11 candidatos a prefeito do município, como também aos seus 810 candidatos a vereador. E, a julgar pela semana que se encerra, no momento mais tenso dos cinco primeiros meses dos novos Executivo e Legislativo goitacá, carecerá de melhor entendimento entre os representantes eleitos aos dois Poderes — independentes, mas harmônicos entre si.

Naquela série de painéis da Folha, a voz não foi a do jornal. Tampouco a do reitor do IFF, apenas uma na polifonia de 34 representantes da sociedade civil organizada, entre outros gestores universitários, economistas, sindicalistas, empresários, servidores, juristas, jornalistas, cientistas políticos, antropólogos e sociólogos. A despeito das muitas diferenças de formação e visão entre eles, houve consensos. Não só sobre a gravidade da crise enfrentada desde o final de 2014 por meio milhão de campistas, com a queda nas receitas do petróleo, mas para alternativas a ela: resgate da secular tradição agropecuária do município, adoção integral do pregão eletrônico nas compras do poder público e parceria deste com as universidades.

 

(Foto: Petrobras)

 

Ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

Esse tipo de respeito às diferenças de experiência e opinião, na busca de consensos mínimos, deveria servir de exemplo. Não só a um Brasil que, também desde 2014, se divide entre petismo e antipetismo, virando o lado do disco em 2018 à bipolaridade entre bolsonarismo e antibolsonarismo. Mesmo que, a cada novo depoimento da CPI da Covid no Senado, seja cada vez mais difícil não classificar como criminosa a condução da pandemia no país. Tanto quanto foi, em passado recente, não enxergar a corrupção sistêmica dos 13 anos do PT no poder, a despeito dos erros também inegáveis da operação Lava Jato. Ou a desastrosa condução nacional da economia no governo Dilma Rousseff. Que não alcança resultados muito melhores agora, nas mãos do liberal Paulo Guedes.

Entre um e outro extremo da política tupiniquim, ressalvado que Lula foi preso sem nunca atentar contra as instituições como Bolsonaro, a lição mais valiosa talvez esteja nos erros do centro. Que, se marchar novamente dividido a mais uma eleição presidencial, como indicam até aqui todas as pesquisas, deve assistir a outro segundo turno entre o lulopetismo — agora com a “lâmpada” no lugar do “poste” — e o bolsonarismo. Do Planalto Central à planície goitacá, políticos jovens como o prefeito Wladimir Garotinho (PSD), o virtual secretário estadual de Governo Rodrigo Bacellar (SD) e o secretário de Ciência e Tecnologia de Niterói, Caio Vianna (PDT), poderiam aprender.  E buscar consensos mínimos, no lugar de ter dois se opondo a um pelo que também seriam obrigados a fazer, se as urnas lhes tivessem sorrido. Caso contrário, prevalecerá a ressalva de Mahatma Gandhi: “Olho por olho e acabará todo mundo cego”.

 

 

Fábio Ribeiro, vereador e presidente da Câmara de Campos

De uma geração anterior à dos três, o presidente da Câmara Municipal Fábio Ribeiro (PSD) parece ter aprendido a lição de uma semana conturbada. Em que, a despeito do governo ter aprovado 12 dos seus 13 projetos, três deles com cortes a servidores, outra contabilidade revela o preço: uma situação que tinha no último domingo 22 vereadores e chega a este sábado com apenas 15. No programa Folha no Ar de ontem, na Folha FM 98,3, falando sobre a aprovação parcial do pacote de Wladimir, Fábio admitiu o erro (confira aqui) de não dar aos seus colegas edis mais tempo para apreciação devida dos projetos. E garantiu que não irá repeti-lo.

O presidente da Câmara faria outro favor ao prefeito se, antes deste esgotar sua complexa pauta administrativa, não desengavetasse mais a pauta política de tentar aprovar retroativamente as contas de 2016 da ex-prefeita Rosinha (Pros). O ex-governador Anthony Garotinho (sem partido) quer porque quer. E, pelo bem do governo do filho, tem que finalmente aprender a ouvir: não!

 

Publicado hoje (29) na Folha da Manhã

 

Semana mais tensa do governo Wladimir Garotinho sob análise

 

Prefeito Wladimir Garotinho (Foto: Genilson Pessanha/Folha da Manhã)

 

Era uma sexta-feira 13 de dezembro de 2019, quando oito vereadores decidiram romper com o governo Rafael Diniz (Cidadania) e barraram seu pacote de oito projetos de austeridade. Nas sessões de terça (25) e quarta (26) da semana até aqui mais tensa do governo Wladimir Garotinho (PSD), este conseguiu aprovar 12 dos 13 projetos do seu pacote de austeridade. Os três mais polêmicos, de cortes em benefícios do servidor, pelo placar de 14 a 9. Mas teve que tirar da pauta a proposta de alteração do Código Tributário, porque nela perderia os votos dos vereadores Fred Machado (Cidadania), Raphael Thuin (PTB) e Bruno Vianna (PSL), que apoiaram a posição contrária do setor produtivo da cidade. As dificuldades do Executivo no Legislativo existiram porque outros seis edis romperam com o governo. O que com Rafael demorou quase três anos para acontecer, não esperou cinco meses com Wladimir.

 

Mobilização do setor produtivo de Campos na Câmara na quarta (26) foi fundamental para o projeto de alteração do Código Tributário ser retirado de pauta (Foto: Folha da Manhã)

 

Deputado estadual e virtual secretário de Governo do RJ, Rodrigo Bacellar

Oposição de Rodrigo

O governo acusou interferência do deputado estadual Rodrigo Bacellar (SD), que teria estimulado a ruptura de vereadores até esta semana governistas: Helinho Nahim (PTC), Maicon Cruz (PSC), Thiago Rangel (Pros), Rogério Matoso (DEM), Anderson de Matos (Republicanos) e Igor Pereira (SD). Este, aliado antigo dos Bacellar, anunciou na segunda (24) que deixava a Fundação Municipal da Infância e Juventude para voltar à Câmara. E votar contra a gestão que abandonava. Em 2019, Igor liderou o racha na base legislativa de Rafael.

Wladimir reagiu exonerando os DAS indicados pelos seis edis que votaram contra seu pacote, prometendo fazer o mesmo com os RPAs. O golpe pareceu doer na quarta, quando a imprensa carioca deu como perdida a pretensão de Rodrigo de ser secretário estadual de Governo. Mas em reviravolta na quinta (27), a mesma mídia da capital noticiou que o deputado de Campos ganhou a pasta que queria do governador Cláudio Castro (PSC). Nela poderá abrigar os demitidos pelo prefeito de Campos. E alimentar a oposição goitacá.

 

Página 11 da Folha da Manhã de 5 de setembro de 2020

 

Crise sem “solução mágica”

Para submeter as disputas políticas à demanda da sociedade que os políticos deveriam servir, entre julho e setembro de 2020, a Folha promoveu uma série de 11 painéis (confira aquiaquiaquiaquiaqui, aquiaqui, aqui, aquiaqui e aqui) sobre a grave crise financeira de Campos. Que serviu de freio à boca de qualquer “solução mágica” dos 11 candidatos a prefeito da cidade, na eleição vencida por Wladimir. Naquele trabalho de três meses, foram ouvidos 34 representantes da sociedade civil organizada. Quatro deles voltaram para analisar os cinco meses, pontuados neste final de maio tenso, do governo eleito nas urnas de novembro. Em ordem alfabética, falaram o economista Alcimar Chagas, professor da Uenf; o advogado Cléber Tinoco, especialista em Direito Público; o cientista político Hamilton Garcia, outro professor da Uenf; e o jornalista político e servidor federal Ricardo André Vasconcelos.

Alcimar Chagas, economista e professor da Uenf

— O pacote do governo não traz impactos relevantes nas receitas correntes e cria conflitos desnecessários com os servidores e a população. No pacote tributário que foi retirado, fica evidente a inobservância sobre a baixa relevância das receitas próprias como elemento de base de cálculo. Em 2020, o município recolheu R$ 71 milhões de IPTU e R$ 14 milhões de ITBI, equivalentes, respectivamente, a 4,16% e 0,83% das receitas correntes. A tentativa de economia com pessoal é outro equívoco. A justificativa do prefeito, de se tratar de cobrança do TCE-RJ sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal, não é razoável. Em 2020, as despesas com pessoal e encargos representaram 55,47% das receitas correntes realizadas, acima do limite de 49%, em função do início da pandemia. Mas em 2019, ano anterior à pandemia, as mesmas despesas representaram 45,03% das receitas correntes. Apesar da pandemia, a economia vem dando algumas respostas. Para o município existe a expectativa de crescimento das receitas correntes em torno de 17% em relação ao ano passado — analisou em números o economista Alcimar Chagas.

Cléber Tinoco, advogado especialista em Direito Público

— Se o município pode contratar pagando menos com o pregão eletrônico, por que ainda usa a forma presencial, que é menos eficiente? Não fazendo economia, o governo perde legitimidade para adotar medidas amargas contra servidores e contribuintes. A Câmara está claramente dividida, não existe consenso sobre as propostas do Executivo, especialmente quanto à elevação da carga tributária. A oposição, para se livrar das críticas, deve propor um debate público sobre o orçamento, envolvendo a sociedade civil e servidores, em busca de soluções para a queda da arrecadação. Deve discutir o pregão eletrônico e cobrar o cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal, a começar pela divulgação de documentos de transparência, que permitem diagnosticar problemas e apontar soluções. Utilizar cargos e empregos precários, como RPAs, em troca de apoio político, embora seja prática antiga, não deixa de ser uma forma de corrupção. Em todo cenário de crise econômica e fiscal, as discussões se tornam mais duras e ásperas. Em Campos não é diferente — observou o jurista Cléber Tinoco.

 

Caio Vianna, ex-candidato a prefeito e secretário de Ciência e Tecnologia de Niterói

Oposição de Caio

Durante a semana, quem também tentou engrossar a oposição a Wladimir foi seu adversário no segundo turno de 2020, mais disputado da história política de Campos: Caio Vianna (PDT). Na segunda (24), véspera da votação do pacote da Prefeitura na Câmara, o hoje secretário de Ciência e Tecnologia de Niterói divulgou comunicado oficial como presidente do PDT goitacá. Nele tentou orientar a bancada do partido: “Voto contrário a todo e qualquer projeto que implique no corte de direitos e salários dos servidores municipais, bem como o voto contrário a qualquer projeto que proponha aumento de tributo”. E os três vereadores pedetistas, Luciano Rio Lu, Marquinho do Transporte e Leon Gomes, ignoraram solenemente o filho do ex-prefeito Arnaldo Vianna (PDT). Não só votaram para aprovar os três projetos com cortes ao servidor, como votariam pela alteração do Código Tributário, não fossem Fred, Thuin e Bruno.

Em 2020, Caio e Rodrigo ensaiaram uma aliança, em que o primeiro apoiaria o segundo a prefeito. Mas que acabou desfeita quando o pedetista rejeitou os termos do acordo do deputado. Especula-se que, se confirmada, a união poderia ter mudado o rumo dos acontecimentos. O fato é ambos hoje parecem estar juntos, ainda que não necessariamente aliados, na oposição a Wladimir. Não só contra o pacote, como em relação à nova votação das contas de 2016 da ex-prefeita Rosinha Garotinho (Pros), cuja reprovação foi recomendada pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), confirmada pela Câmara Municipal em 2018, sendo anulada na atual em fevereiro deste ano, sob presidência do vereador Fábio Ribeiro (PSD). Foi a primeira polêmica da nova Legislatura, que influenciou diretamente na mais recente.

 

Anthony Garotinho, ex-governador do Rio

Reunião com Garotinho

O plano inicial do governo era fazer em sequência as votações do pacote e das contas de Rosinha. Mas como estas precisariam de 17 vereadores para serem aprovadas, por conta do parecer contrário do TCE, e o governo só conseguiu 14 para aprovar parcialmente o pacote, a pauta política foi engavetada para aguardar momento mais favorável. Antes disso, na noite do dia 15, um domingo, o assunto foi tema de uma reunião na casa mais famosa da Lapa. Liderada pelo ex-governador Anthony Garotinho (sem partido), junto a Wladimir, Fábio e outros 13 vereadores então governistas. Muitos achavam que seria para discutir o pacote, mas ao defender unicamente a aprovação das contas da esposa, Garotinho advertiu aos edis: “Não é bom brigar com o governo. Ele tem dentes. E pode morder”. A declaração foi interpretada como ameaça e começou a gerar as distensões nos parlamentares em dúvida ou já dispostos a não votar contra o parecer do TCE, para se manterem aliados ao governo.

Hamilton Garcia, cientista político e professor da Uenf

— Garotinho luta por seu legado, o que é natural, assim como o opositor de Wladimir o faria diante de seu genitor. O que não deveria ser natural, embora o seja, é a aceitação popular dessas práticas. O custo delas, de certo modo, estava embutido na eleição de Wladimir, e seus custos serão rateados por todos no futuro. Assim como os custos do passado estão sendo no presente. Os vereadores ligados aos Vianna foram coerentes com o legado do patriarca do grupo, apesar de terem passado por cima da orientação do herdeiro, no papel de opositor. Caio, se estivesse no poder, certamente agiria da mesma maneira que Wladimir, diante da ameaça a seu legado familiar, com o apoio do pai provavelmente. E sofreria a mesma ação “oposicionista” dos Garotinho. Só vejo prejuízos para a governabilidade, na medida em que essa tentativa de autoproteção clânica arranha a imagem de um governo empenhado em mudanças de rumo. O que, guardadas as devidas proporções, encerra perigos semelhantes aos que acometeram o governo Bolsonaro — comparou o cientista político Hamilton Garcia.

Ricardo André Vasconcelos, jornalista, servidor federal e ex-secretário de Comunicação do primeiro governo Anthony Garotinho em Campos

— O jovem e até então promissor prefeito estava conseguindo construir uma imagem de administrador sensível em cinco meses de governo. Até que a politicagem colocou uma pedra em seu caminho. Essa história de anular a sessão realizada da Legislatura anterior que aprovou o relatório do TCE, que indicava reprovação das contas da mãe do prefeito, foi um tiro no pé. Seria o caso, por exemplo, se Caio tivesse vencido a eleição e convencesse a Câmara a anular a reprovação das contas de seu pai, Arnaldo, e votar de novo. A manobra não se sustenta juridicamente, revela a subordinação de parte da Câmara aos caprichos garotistas e desnuda o prefeito como fiador da malsinada tentativa. Aí se vê, pela primeira vez desde que Wladimir assumiu o governo, as digitais de Garotinho pai e muitos eleitores que acreditaram na prometida independência de Garotinho filho podem abandoná-lo. Isso, com certeza, vai criar obstáculos ao clima que estava se criando no município para reconciliação da sociedade civil com a política em busca de uma solução a médio prazo para a crise econômica — concluiu o jornalista Ricardo André Vasconcelos.

 

Página 2 da Folha da Manhã de hoje (29)

 

Reviravolta: Rodrigo Bacellar secretário de Governo de Cláudio Castro

 

Deputado estadual Rodrigo Bacellar (Foto: Divulgação)

 

Deputado estadual de Campos, Rodrigo Bacellar (SD) será o secretário estadual de Governo. Foi o que anunciou agora à tarde (confira aqui) a jornalista Berenice Seara, do jornal carioca Extra. Segundo ela, a nomeação será publicada amanhã em Diário Oficial. A se consumar, será uma reviravolta, depois de veículos que cobrem a política do Rio (confira aqui e aqui) terem anunciado ontem que o secretário de Governo seria outro deputado estadual: Márcio Pacheco (PSC). Segundo Berenice, ele “abriu mão e preferiu continuar como líder do governo na Assembleia Legislativa”.

Rodrigo recusou a oferta da secretaria estadual de Cidades e, ao que parece, ganhou a queda de braço no governo Cláudio Castro (PSC). Com isso, os vereadores de Campos Igor Pereira (SD), Helinho Nahim (PTC), Maicon Cruz (PSC), Thiago Rangel (Pros), Rogério Matoso (DEM) e Anderson de Matos (Republicanos), que perderam seus cargos de DAS na administração Wladimir Garotinho (SD), após votarem contra seu pacote de projetos (confira aqui e aqui), agora podem ter suas indicações políticas abrigadas no governo estadual. O que reforça a oposição ao governo municipal.

Demandado pelo blog na terça (25) e na quarta (26) sobre a exoneração dos seus DAS no Executivo goitacá, o edil Igor Pereira só retornou hoje, poucos minutos depois do Extra noticiar a confirmação de Rodrigo na secretaria de Governo de Cláudio Castro. Antigo aliado político dos Bacellar e presidente da Fundação Municipal da Infância e Juventude de Wladimir até a última segunda (24), Igor disse três dias depois: “O jogo só está começando. Vamos que vamos”.

 

Fábio Ribeiro fecha semana política tensa no Folha no Ar desta 6ª

 

(Arte: Joseli Mathias)

 

A partir das 7h da manhã desta sexta (28), no Folha no Ar, da Folha FM 98,3, quem fechará a conturbada semana política goitacá será um dos seus protagonistas: o vereador Fábio Ribeiro (PSD), presidente da Câmara Municipal de Campos. Ele analisará o racha na base governista (confira aqui, aqui, aqui e aqui) por conta da votação do pacote do prefeito Wladimir Garotinho (PSD).

Fábio falará também sobre a polêmica das contas de 2016 da ex-prefeita Rosinha Garotinho (Pros), cuja rejeição na Legislatura passada (confira aqui) foi anulada pela atual (confira aqui) e que agora deve esperar momento mais favorável para ser novamente votada. Por fim, analisará a exoneração dos DAS dos vereadores (confira aqui e aqui) que votaram contra o pacote, além do papel do deputado estadual Rodrigo Bacellar (SD, confira aqui) e do ex-candidato a prefeito Caio Vianna (PDT, confira aqui) no episódio.

Quem quiser participar ao vivo do Folha no Ar desta quinta pode fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, na página da Folha FM 98,3 no Facebook.

 

Vereadores perdem DAS, com menos chance de abrigá-los no RJ

Wladimir Garotinho, Rodrigo Bacellar, Igor Pereira, Helinho Nahim, Rogério Matoso, Thiago Rangel e Anderson de Matos (Montagem: Joseli Mathias)

Como o blog adiantou ontem (confira aqui) os vereadores governistas que votaram contra (confira aqui) o pacote do governo Wladimir Garotinho (PSD) tiveram seus indicados políticos em cargos de DAS exonerados da Prefeitura. Entraram na guilhotina do Diário Oficial do município as indicações dos vereadores Igor Pereira (SD), Helinho Nahim (PTC), Rogério Matoso (DEM), Thiago Rangel (Pros) e Maicon Cruz (PSC). Amanhã (27), são esperadas as exonerações dos DAS indicados por Anderson de Matos (Republicanos). O único poupado será Marcione da Farmácia (DEM), que estrategicamente se ausentou da votação.

 

Bacellar preterido no governo Cláudio Castro

Como o blog também revelou ontem, especulava-se nos bastidores que esses vereadores contavam em abrigar os demitidos por Wladimir no governo estadual Cláudio Castro (PSC), se o deputado estadual Rodrigo Bacellar (SD) assumisse a secretaria estadual de Governo. Mas tudo indica que a cobiçada pasta ficará (confira aqui) com o também deputado estadual Márcio Pacheco (PSC). A Rodrigo teria sido oferecida a menos prestigiada secretaria estadual das Cidades, mas ele teria declinado.

O jornalista Robson Bonin, da revista Veja, informou hoje (confira aqui) que “a mudança nas indicações (entre Bacellar e Pacheco) teria sido acertada em uma conversa do governador com o presidente da Alerj, André Ceciliano (PT), que, por sua vez, negou que tenha feito força para derrubar o nome de Bacellar na disputa”. Antigos aliados, como o blog registrou aqui, Rodrigo e Ceciliano bateram boca em plena sessão da Alerj no último dia 28.

 

Fábio x Rodrigo

Após ser acusado no sábado (22), pelo presidente da Câmara de Campos, Fábio Ribeiro (PSD), de fazer (confira aqui) “carga pesada para desestabilizar o governo Wladimir”, Rodrigo Bacellar respondeu ao blog na segunda (24):

— O presidente da Câmara de Campos me acusou de ser contra aumento de impostos e de medidas contra os servidores públicos? Isso foi uma crítica ou um elogio? (…) Enquanto o presidente da Câmara de Campos está defendendo aumento de impostos e cortes contra servidores da Saúde, nosso grupo tem debatido sobre geração de empregos com a chegada de novos investidores, parcerias e desenvolvimento para Campos e região.

 

Posição dos vereadores

— Não existe nenhuma conversa nesse sentido. Não tenho aproximação com o deputado Rodrigo. Reitero que o nosso movimento é apenas para que o Executivo respeite nosso mandato — disse Thiago Rangel sobre sua posição na Câmara Municipal.

— A minha postura na Câmara Municipal é pautada exclusivamente nos interesses da população. Meu voto não é negociado. Não almejo nenhum cargo no governo do Estado — garantiu Maicon Cruz.

— Não tomei nenhum posicionamento por conta do deputado. O que houve foi uma união de pensamentos para impor respeito ao prefeito. Não irei votar contra minhas convicções por DAS e RPAs — reafirmou Helinho Nahim.

Além dos DAS, os RPAs indicados pelos vereadores que votaram contra o pacote do governo também têm suas exonerações esperadas.

 

Atuaização às 20h26: demandas foram geradas também aos vereadores Igor Pereira, Rogério Matoso e Marcione da Farmácia, que não retornaram até o presente momento. Já o edil Anderson de Matos preferiu não se pronunciar.

 

Volta às aulas na visão dos pais de alunos no Folha no Ar desta 5ª

 

(Arte: Joseli Mathias)

 

A partir das 7h da manhã desta quinta (27), o convidado do Folha no Ar, na Folha FM 98,3, será o advogado Hanania Monjan, presidente da Associação de Pais de Alunos de Escolas Particulares de Campos (Apaep). Ele falará sobre o dilema entre imunização dos professores e volta às aulas, das discrepâncias nas condições para o ensino híbrido entre escolas públicas e privadas, e do impacto da pandemia da Covid-19 na formação de crianças e adolescentes.

Quem quiser participar ao vivo do Folha no Ar desta quinta pode fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, na página da Folha FM 98,3 no Facebook.

 

Cristovam Buarque dá nota 0 a Bolsonaro e prega união da oposição

 

Cristovam Buarque (Foto: Twitter)

“Eu dou nota 0 ao governo Jair Bolsonaro (sem partido). E olha que, no começo, eu pensava que daria nota 2 ou 3, porque achava que eles iriam ter responsabilidade fiscal, mas nem isso estão tendo. É um desastre e dou 0 porque não se pode dar uma nota negativa. Mas, na verdade, o governo Bolsonaro é um retrocesso tremendo, que vai ficar como uma marca muito, muito negativa, na história do Brasil. E, sobretudo, porque foi eleito. Ele não chegou em cima de tanques de guerra, chegou em cima de urnas. E, portanto, nós, brasileiros, somos responsáveis: os que votaram nele e os que não conseguiram se opor a ele a ponto de impedir sua vitória”. Foi a avaliação feita na manhã de ontem (25), no programa Folha no Ar, da Folha FM 98,3, feita pelo professor Cristovam Buarque (Cidadania), ex-reitor da Universidade de Brasília (UnB), ex-governador de Brasília, ex-senador por dois mandatos e ex-ministro da Educação do governo Lula (PT).

Apesar da sua ligação histórica com o PT, do qual saiu em 2005, e com o meio universitário, Cristovam também cobrou de ambos a autocrítica que considera tão devidas, quanto ignoradas:

— Eu não fulanizo e nunca acusei o Lula de corrupção. Agora, houve corrupção no governo dele. Se não, não teríamos visto aquelas malas de dinheiro, dinheiro voltando de contas na Suíça. Um governo do PT aqui em Brasília (onde reside e deu a entrevista via Skype) construiu um estádio (o Mané Garrincha) que custou R$ 2 bilhões, em uma cidade que praticamente não tem futebol. Só quem joga nesse estádio são o Flamengo e o Corinthians, quando vêm aqui. E a Universidade de Brasília não fez uma manifestação contra isso. E o mais grave é que, ao não fazer, prejudicou o PT; tinha que alertar. Esse erro das universidades não é só em relação à corrupção do dinheiro, mas está concentrado na acomodação ideológica. As universidades foram cooptadas ideologicamente pelas esquerdas, não é nem só o PT, e perderam a perspectiva de crítica. Nós, de esquerda, não percebemos as mudanças que ocorreram na história. Não adianta ficar mais naquela polarização de Rússia, ou China, com os Estados Unidos. Houve a globalização. A inteligência artificial e a robótica vieram para ficar. Não adianta querer manter as leis trabalhistas (da CLT) de 1943. Naquela época, todo o elevador tinha ascensorista, hoje temos avião sem piloto. Não entenderam essas mudanças, não entenderam a queda do Muro de Berlim (em 1989) plenamente. Houve o acomodamento dos intelectuais, especialmente nas universidades.

 

Ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, em almoço no último dia 12m promovido pelo ex-ministro Nelson Jobim (Foto: Handout/AFP)

 

Apesar das críticas, Cristovam viu com bons olhos o encontro entre os ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Lula, em almoço promovido no dia 12 por Nelson Jobim, ex-ministro dos governos de ambos, mas cujo registro só foi revelado no dia 21. Ele também revelou um episódio parecido do passado, que testemunhou. E advertiu que o encontro mas recente precisa ter mais convidados à mesa:

— Vi com muita satisfação essa aproximação. Porque explicita ao Brasil que existem hoje dois temas: os que querem continuar a tragédia do Bolsonaro e os que querem um novo tempo. Nele, tem que estar o PT e têm que estar os outros também; temos que estar juntos. Eu até estava lembrando esses dias de um encontro em que eu fui testemunha, entre os dois. Era novembro de 1998, Lula tinha acabado de perder a eleição (presidencial, ainda no primeiro turno) e Fernando Henrique (reeleito) o chamou ao Palácio da Alvorada, e pediu que eu intermediasse. E fomos eu e Lula, ficamos umas duas ou três horas, em um apartamento dentro do Alvorada. Fernando Henrique abriu a porta e disse: “Lula, venha conhecer o lugar em que um dia você vai morar”. Mas o que saiu daquele encontro? Nada! Porque não houve um acordo. Ali tinha que ter um acordo pelas reformas que o Brasil precisa. Não só a trabalhista e a previdenciária, mas a educacional e a bancária. Eu temo que esse almoço não se transforme em um grande acordo, e aí vai ficar só gastronômico, não histórico. Eles tinham que convidar os outros (pré-)candidatos, Ciro Gomes (PDT), (João) Doria (PSDB). E definir alguns compromissos. Nessa conversa, tem que ficar definido que o candidato pode, sim, ser Lula; mas pode ser outro também. Não pode ser já o Lula, nem todos menos o Lula. Tem que incorporar os outros atores. Tem que ser considerando, sim, o PT e o Lula, nesse grande bloco; mas o PT e Lula têm que entender que talvez seja melhor outro, por conta da grande rejeição que ainda há ao PT. Mas o PT tem uma grande rejeição, mas tem voto. Os outros não têm tanta rejeição, mas não têm voto.

 

Confira abaixo, em três blocos, os vídeos com a íntegra da entrevista de Cristovam Buarque ao Folha no Ar de ontem:

 

 

 

 

Governo desliga DAS de vereadores que saíram da base

 

Wladimir Garotinho, Rodrigo Bacellar, Igor Pereira, Helinho Nahim, Rogério Matoso, Marcione da Farmácia, Thiago Rangel e Anderson de Matos (Montagem: Joseli Mathias)

Vários governistas vinham insistindo na tese de que era preciso fazer uma depuração na base de apoio do prefeito Wladimir Garotinho (PSD) na Câmara Municipal. Com a formação de um novo bloco “independente” de vereadores (confira aqui e aqui), que contabiliza entre sete a 10 vereadores contrários ao pacote de 13 projetos do Executivo, que deve ser votado e aprovado (confira aqui) hoje (25) ou amanhã (26) no Legislativo, as posições geraram reações por parte do governo.

No Diário Oficial (DO) de ontem (24) DAS ligados politicamente aos edis Igor Pereira (SD), Helinho Nahim (PTC) e Rogério Matoso (DEM) foram exonerados. Hoje, DAS indicados ao governo pelos edis Marcione da Farmárica (DEM), Thiago Rangel (Pros) e Anderson de Matos (Republicanos) devem ter o mesmo fim. Uma “limpa” do governo nos RPAs ligados a esses parlamentares também está no radar.

Considerado pelo governo Wladimir como principal articulador da oposição (confira aqui e aqui), o deputado estadual Rodrigo Bacellar (SD) poderá ser cobrado pelos vereadores a abrigar esses cabos eleitorais agora desempregados. Para atender à demanda, facilitaria se Rodrigo assumisse a secretaria de Governo do governador Cláudio Castro (PSC), cargo ao qual está cotado (confira aqui) e que disputa com seu colega de Alej Márcio Pacheco (PSC).

Especificamente em relação a Helinho Nahim, queimar pontes pode não ser a tática mais inteligente dos garotistas, quando a Câmara for votar as contas de 2016 da ex-prefeita Rosinha Garotinho (Pros), cuja rejeição na Legislatura passada foi anulada na atual. Como o parecer do Tribunal de Contas do Estado (TCE) foi pela rejeição, seriam necessários 17 vereadores para tentar aprovar retroativamente. E apesar de contrário ao pacote do primo Wladimir, Helinho já declarou que votaria pela aprovação das contas da tia Rosinha.

— Só tenho a dizer que estamos sofrendo retaliações por nos manter ao lado da população. O meu lado é o povo. Até pelo fato de ter explicado ao governo que não éramos oposição, ele que está nos colocando. Por temos posicionamentos divergências, acho que devemos respeitar a democracia — comentou o vereador Thiago Rangel.

— Tomei a decisão com as minhas convicções. Na realidade, o que aconteceu foi uma convergência de pensamento entre os colegas. Rodrigo (Bacellar) não participou de nada, nunca me ligou para falar sobre isso, nunca me pediu nada. O meu voto (contra o pacote) está fechado. E acredito que eles nem tentem me dissuadir disso, porque tenho a minha convicção — afirmou Rogério Matoso.

— É mais um equívoco por parte do governo. Não houve articulação nenhuma do deputado Rodrigo Bacellar quanto à reprovação desse pacote. O que houve foi a união de pensamento de vereadores que discordam desse absurdo, que era muito maior e que hoje chegou à Casa de Leis menor. Mas que continua com coisas erradas, principalmente o aumento de alíquota do ITBI. E outras coisas horríveis, que não deveriam ser pautadas neste momento de pandemia. Mas cada assunto tem que ser tratado de maneira separada. O que mais me assusta é o ato covarde do governo, de exonerar pessoas sem sequer avisá-las — condenou Helinho Nahim.

 

Atualizado às 14h08: Além de Thiago Rangel, Rogério Matoso e Helinho Nahim, demandas foram geradas aos edis Igor Pereira, Marcione da Farmácia e Anderson de Mattos. Assim como à assessoria do deputado Rodrigo Bacellar.