Campos dos Goytacazes, 29/06/2018
Vôo tucano da oposição à situação em Campos
O governo Rosinha (PR) tem pontos a melhorar, mas demonstra vontade de fazê-lo, é sensivelmente melhor em relação aos anteriores e conta com maciço apoio popular, que hoje seria suficiente para assegurar a reeleição da prefeita ainda no primeiro turno. A avaliação é do presidente municipal do PSDB (também da regional da Firjan e do sindicato das usinas de açúcar) Gel Goutinho. Foi baseado nela que seu partido, após costura nacional e estadual, migrou da oposição à situação em Campos, selando a aliança pela campanha de Rosinha para 2012, com contrapartida governista no apoio à nominata tucana à Câmara de Campos, em coligação com o PTB de Edson Batista, além da esperança de apoio do deputado federal Anthony Garotinho (PR) à candidatura do PSDB à presidência, em 2014, provavelmente do senador mineiro Aécio Neves. Na mesa de conversa para se chegar ao acordo, Gel admitiu ter sido convidado para integrar a adminitração municipal, convite que teria declinado por motivo de agenda.
Folha da Manhã – Em entrevista à Folha (aqui) na mesma semana da composição entre PSDB e PR às eleições municipais de 2012, Geraldo Pudim foi indagado sobre a possível contradição no apoio de um partido presidido por você, à frente da Usina Paraíso, ao grupo do deputado Anthony Garotinho, que se elegeu prefeito de Campos pela primeira vez, em 1989, atacando frontalmente o setor sucroalcooleiro. Pudim respondeu que “muita coisa mudou de lá para cá”. Afinal, em que os dois lados mudaram nestes 22 anos?
Gel Coutinho – Um homem sensato tem o dever de mudar de opinião sempre que muda a realidade em seu entorno. Um homem que pensa, pode mudar sua opinião a partir do instante em que muda sua compreensão da realidade que se apresenta. Tenho a convicção que a percepção do deputado Garotinho a respeito do setor sucroalcooleiro é, hoje, bem diferente daquela que tinha quando foi candidato, pela primeira vez, a prefeito de Campos. O tempo gera conhecimento, o conhecimento desfaz falsos estigmas e possibilita uma visão mais apurada de uma realidade. Portanto eu diria que quem mudou, de fato, foi o calendário, que distanciou em duas décadas os momentos trazidos por você na análise.
Folha – Deixando para trás a década de 80 e avançando até a entrevista que fizemos em fevereiro deste ano de 2011, sobre o governo Rosinha, você disse aqui: “não havia e não há qualquer identidade minha com a orientação política do grupo do Garotinho, como também não há nenhuma coincidência quanto ao modelo de administração utilizado pela atual administração e aquele que eu julgo mais adequado”. Não parece ser muita diferença para uma mudança completa em tão pouco tempo?
Gel – Primeiro, é preciso ficar claro que continuo com as mesmas convicções de sempre. Sigo acreditando nas bandeiras do PSDB e obediente à orientação maior do meu partido. O PSDB tem, neste momento, uma leitura do quadro local que recomenda uma politica de aliança e esta aliança foi concretizada tendo como ponto central a reeleição da prefeita Rosinha. Alianças se fazem sem que se perca a identidade das partes, não significa incorporação de um partido por outro, nem mesmo de um ideário por outro. Quanto ao modelo de gestão, acho que existe sim, forma bem mais eficaz de gerenciar o futuro do município. Não podemos, porém, deixar de reconhecer que progressos foram contabilizados neste atual governo e muita coisa que seguia sem direção, hoje tem rumo certo.
Folha – Consta que o acordo começou a ser costurado por Garotinho primeiro na esfera nacional, com o deputado federal Sérgio Guerra (PE), e depois na estadual, com o deputado estadual Luiz Paulo Corrêa da Rocha, respectivamente presidentes nacional e regional do PSDB. Foi isso mesmo? Em caso afirmativo, seria correto entender que esse foi um acordo imposto de cima para baixo?
Gel – É correto dizer que, para se chegar a este acordo, as estruturas hierárquicas do partido foram ouvidas e participaram ativamente, avaliando oportunidades e perspectivas imediatas do PSDB em Campos. A sequência das conversas, de fato, se iniciou na presidência nacional, passou pelo comando estadual, chegando, por fim, ao diretório local. Não houve imposição e sim uma articulação que envolveu toda a cadeia decisória do partido.
Folha – Mesmo que a aliança tenha sido fechada por cima, a você restaria a opção de se desligar do partido, ou deixar sua presidência em Campos, onde o acordo será de fato cumprido. Chegou a cogitar isso? De qualquer maneira, por que decidiu aceitar?
Gel – A única opção que não considerei, em momento algum, foi a de me afastar do encargo que assumi ao aceitar a presidência do diretório regional. Jamais me utilizei da alternativa de resolver qualquer tipo de problema contornando-os. Para o certo ou para o errado, sempre encarei de frente as questões que me são colocadas, por mais difíceis ou polêmicas que possam ser. Preferia ter um nome do PSDB que fosse competitivo para este pleito. Não tendo, concordei com a aliança proposta por entender que esta é a melhor alternativa para a nossa cidade e possibilita a revitalização PSDB em Campos, ajudando o projeto do partido no plano nacional.
Folha – Até pela já exposta inversão de 180º em relação ao grupo de Garotinho, muito já se especulou sobre os termos desse acordo. Politicamente, a composição com Rosinha teria a contrapartida do apoio deles à nominata tucana, suficiente para eleger ao menos um vereador. Ademais, Garotinho se comprometeria a apoiar o candidato tucano à presidência em 2014, provavelmente o senador Aécio Neves (MG), ligado ao Sérgio Guerra. É isso mesmo? Nada além?
Gel – Desconheço qualquer acordo que possa ser feito que garanta a eleição à vaga de vereador e que independa da performance do candidato. O que define a eleição do candidato é o seu trabalho, é a junção de bons nomes que assegure um bom desempenho da legenda. Na composição que fizemos está contemplado um arranjo extremamente promissor para a nossa nominata, mas, garantia ninguém pode dar. Evidente que a questão de 2014 foi colocada e, hoje, tudo aponta para o apoio do deputado Garotinho ao candidato do PSDB. São expectativas que se colocam de parte a parte, não tem nenhum contrato obrigando a isso, mesmo porque a boa politica sempre se fará quando houver coincidências de interesses, caso contrário deixa de fazer sentido.
Folha – Por falar em nominata do PSDB à Câmara de Campos, como ela está? Vocês conseguiram filiar em tempo hábil algum puxador de voto? Quem? Você mesmo, que era pré-candidato a prefeito, até fechar com a reeleição de Rosinha, não pensa nessa possibilidade?
Gel – Conversamos muito com o nosso diretório e também com a base de filiados postulantes à vaga em nossa nominata. Ao fim deliberamos por não tentar atrair nenhum candidato com mandato, consagrado ou que tivesse perfil de puxador de votos. Nossa legenda virá composta por bons nomes, vários deles estreantes na disputa eleitoral e todos com chances de chegarem à Câmara. Acredito que o PSDB irá fazer dois vereadores, talvez três. Esta próxima eleição é uma incógnita em termos de cálculo de legenda. Teremos poucas coligações, o que aumenta em muito o número de candidatos e também as sobras de legenda. Só se conhecerá os eleitos depois de conhecidos os boletins das urnas. Uma candidatura minha à Câmara de Vereadores está descartada. Isto é definitivo, é irreversível.
Folha – Há chance da coligação tucana com o PR, além da majoritária, se dar também na proporcional?
Gel – Não. Não há a menor chance. Primeiro porque isto não seria bom nem para o PSDB nem para o PR. Segundo por que fechamos um acordo com o Dr. Edson Batista para que o PSDB coligue com o PTB. As nominatas dos dois partidos são complementares e concorrem em igualdade de condições. O único nome consagrado e que já temos como eleito é o do próprio Dr. Edson, politico sério e que merece todo o nosso respeito. Como a coligação promete fazer três, talvez quatro vereadores, existem duas ou três vagas para disputa interna.
Folha – Em nossa última entrevista, você negou que tivesse sido convidado, na formação do governo, para assumir qualquer cargo na administração Rosinha. E agora, na composição com o PR, também não houve nenhuma sondagem nesse sentido, nem na conversa pessoal entre você, Garotinho e o também deputado Paulo Feijó, que selou a aliança?
Gel – Desta vez, de fato, houve uma consulta e o registro de que eu seria bem recebido dentro da estrutura administrativa municipal. Mas, tive que responder à sondagem de forma negativa. Tenho uma agenda muito congestionada e que me obriga a deslocamentos constantes, não teria como dar a atenção necessária para bem cumprir uma nova missão que me fosse atribuída. Não obstante a isto, sempre estive à disposição deste governo e de todos os outros que passaram para cooperar com o desenvolvimento de nossa cidade nos temas que me julgarem competente, que entendam que eu possa somar.
Folha – Logo após a última cassação de Rosinha, você disse que o acordo com o PR para 2012 só valerá sendo ela a candidata. Caso contrário, novas conversas seriam necessárias. Como o PSDB trabalha com as possibilidades jurídicas sempre abertas, em se tratando da política de Campos?
Gel – Em momento algum consideramos a hipótese de que Rosinha viesse a ser afastada da Prefeitura. Aliás, acho um absurdo esta tendência de judicialização da administração pública, opinião que sustento, não de agora, mas desde sempre. Quem mais sofre com isto é o município, é a população. Quando declarei que o acordo passava necessariamente pela candidatura da prefeita Rosinha, eu apenas externava uma condição que foi premissa para que o acordo acontecesse. A primeira questão que tivemos que responder na elaboração do prognóstico para as eleições do próximo ano é se teríamos candidatura própria competitiva. A resposta foi bem clara e objetiva: não acontecendo nenhum fato novo muito relevante, todas as pesquisas indicam a eleição de Rosinha no primeiro turno. Se, por qualquer motivo pessoal, a Rosinha não desejar concorrer, nós precisaríamos conhecer o nome a substituí-la para fazermos uma avaliação, inclusive do novo equilíbrio de forças que esta novidade iria produzir no quadro politico. Nesta eventualidade, que não é considerada por nós, um novo arranjo seria necessário.
Folha – No cenário de hoje, os nomes da oposição para disputar a Prefeitura em 2012 parecem ser Odete Rocha (PCdoB), Makhoul Moussallém (PT), Arnaldo Vianna (PDT), Roberto Henriques (PSD) e Graciete Santana (PCB), além de João Peixoto (PSDC) e Andral Tavares Filho (PV), que podem vir tanto como cabeças, quanto na composição de chapa. Para você, que já esteve na oposição, a união desses votos no primeiro turno, seria capaz de forçar o segundo, mesmo diante do franco-favoritismo de Rosinha?
Gel – São todos nomes que merecem respeito. Não sei se todos teriam legitimidade ou, ainda, se teriam competência para ocupar cargo tão importante e com atribuições tão distintas daquelas que habitualmente desempenham. O certo é que alguns destes nomes merecem e, cada um a seu tempo, terá sua chance de contribuir com o futuro da cidade. Neste próximo pleito, por tudo o que indicam as mais diversas pesquisas, é difícil imaginar que mesmo a soma das forças que você cita seja suficiente para reverter a tendência de vitória da Rosinha já no primeiro turno.
Folha – Em relação ao esvaziamento da Frente Democrática de Oposição, sobretudo após o recente abandono do PMDB, você sempre se mostrou crítico ao caráter de ações que julgava mais denuncistas que propositivas. Independente da posição do PSDB em 2012, falta discurso à oposição de Campos?
Gel – Não diria que falta discurso, mas é fato óbvio que falta estrutura e articulação. Bom que se diga que esta carência não é exclusividade de Campos, é uma realidade de todo Brasil. Fruto de um sistema político perverso que privilegia o poder constituído e sufoca as organizações oposicionistas. Mais impactante do que o sistema politico é o posicionamento distanciado do cidadão. Todos gostam muito de professar arranjos e receitas que solucionariam a administração pública. Infelizmente estas mesmas pessoas tem preconceito com a prática política ou preferem se manter no conforto da imparcialidade. São cidadãos do bem, mas são ingênuos ao permitir que seus inconscientes sigam acreditando que surgirá um salvador da pátria montado em um cavalo branco para realizar as transformações que eles desejam ver acontecer. Os “Williams Wallaces” da vida ficaram na história remota e as soluções de hoje dependem da reunião e do esforço de cada um dos “corações valentes” que sonham com um mundo melhor. Falando no popular: é preciso chegar pra perto, é preciso por a mão na massa, caso contrário nada se constrói.
Folha – Agora na situação, como avalia a gestão Rosinha? Em seu entender, quais seus pontos administrativos fortes e fracos? Em relação aos últimos, o PSDB estará disposto a apontar sugestões de melhora e correção de rumo, na formação do novo programa e de um eventual novo governo? Quais seriam?
Gel – Por qualquer indicador que você desejar observar, iremos constatar progressos no governo Rosinha. Se compararmos aos dois últimos governos veremos que, em alguns aspectos, houve um salto de qualidade. Haverá quem diga que qualquer governo será sempre melhor quando comparado à uma experiência catastrófica que o antecedeu. Isto é verdade, mas não é justo encerrarmos a análise nesta afirmativa. Vemos hoje um governo que vem acertando em varias iniciativas e naquelas que entendemos necessitar de correções e ajustes, percebemos uma vontade de acertar. Esta é a regra geral, claro que tem pontos onde ainda somos críticos, mas o que importa é saber que estamos buscando um rumo, importante é tratar o futuro da cidade com preocupação e relevância, cuidar da infraestrutura, estarmos atentos aos desafios que se apresentam no nosso caminho, mantermos o foco em busca da construção da melhor cidade possível. Nos alegra e estimula vermos deixado no passado a farra dos shows, as obras de varejo, sem qualidade e sem propósito, contratações em massa sem critério algum. Enfim, identificamos progresso no atual governo e entendemos haver espaço para evoluir. O PSDB tem seu jeito próprio de governar, eu tenho uma experiência acumulada muito diversificada, acredito que podemos sim contribuir para que tenhamos uma gestão mais eficaz e que os resultados possam ser percebidos e apropriados pela população. No que diz respeito à gestão pública municipal a única coisa que me move é o sonho de ver fincada as bases para a construção da melhor cidade que sejamos capazes de erguer.
Folha – A não composição com o PT nas eleições de 2004 e 2006, o papel de Feijó como candidatura de apoio a Rosinha em 2008, a posterior migração dele para o grupo de Garotinho, Robson Colla já integrando o atual governo municipal e ainda presidente local do PSDB, as doações das suas empresas à campanha vitoriosa da prefeita, o não alinhamento crítico com a Frente Democrática, não formam um caminho claro, apesar do discurso contrário, rumo à aliança com o grupo de Garotinho que só agora foi externado?
Gel – Não. Nem sequer existe relação entre a maioria dos eventos que você cita. Posso comentar cada um em profundidade no momento que desejar. Mas, para melhor aproveitar o espaço sem fugir do foco da entrevista, permita-me dizer o seguinte: é fato que temos um governo que precisa melhorar e o PSDB está se disponibilizando a contribuir para esta melhora; é fato também que este governo avançou muito em relação ao padrão que vínhamos experimentando; há uma constatação inequívoca que a aprovação popular é maciça; percebe-se um sinal claro da vontade acertar por parte da prefeita Rosinha. Estes são ingredientes que só agora estão reunidos e que acabam por criar alguma identidade entre aqueles que querem ver o desenvolvimento responsável desta cidade. Volto a dizer, precisa melhorar muito, mas como se melhora uma equipe se todos os que são bons fogem da responsabilidade? Este é o ponto central. O PSDB tem modelo de gestão, tem bons quadros e não se omitirá na missão de bem contribuir com uma gestão que mostra vontade de acertar e que se põe receptiva às sugestões e argumentos de quem queira contribuir.
Com Armando, Cabral e Dilma, Fátima quer Prefeitura de Quissamã
Escolhida pré-candidata governista à Prefeitura de Quissamã a partir de uma pesquisa de uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social (IBPS), feita em julho deste ano (e divulgada parcialmente aqui), a vereadora petista Fátima Pacheco, além do prefeito Armando Carneiro (PSC), também contará na disputa de 2012 com apoio federal do seu PT (e da presidente Dilma Rousseff) e do PMDB do governador Sérgio Cabral. Para que esta última legenda de fato a apóie em âmbito local, a vereadora claramente se esforça para tentar curar as feridas do secretário de Educação quissamaense, o ex-preito Arnaldo Matoso, que pertence ao partido de Cabral e foi preterido na escolha de Armando, por conta dos índices de rejeição da pesquisa. Embora sem os percentuais revelados, quem a liderou na espontânea e na estimulada foi outro ex-prefeito, hoje pré-candidato da oposição, Octávio Carneiro (PP), de quem Fátima foi secretária de Ação Social no passado e trabalha no presente para construir um futuro de discordância respeitosa. O mesmo cuidado a governista não demonstra com o outro pré-candidato oposicionista, o vereador Juninho Selem (PR), apoiado pelo deputado federal Antohny Garotinho e contra quem Fátima conquistou uma importante vitória prévia, a partir de decisão jucicial, pelo controle da mesa diretora da Câmara.
Folha da Manhã – Na pesquisa do IBPS que a definiu como pré-candidata governista à Prefeitura de Quissamã, feita nos dias 18 e 19 de julho, seu concorrente interno, o secretário de Educação Arnaldo Matoso (PMDB), ficou à sua frente na consulta espontânea (14% contra 13,2%). Você, no entanto, teve melhor desempenho na estimulada (20,8% contra 18,2%), além de uma rejeição bem menor (16,1%, contra os 26,2% de Arnaldo). O cruzamento dos índices não aponta, no entanto, para o equilíbrio entre você e ele?
Fátima Pacheco – O grupo político do qual faço parte e que tem o prefeito Armando como líder se orgulha de possuir bons nomes capazes de vencer as eleições. O secretário Arnaldo Mattoso, meu amigo de longa data, é um desses nomes de relevância eleitoral e política. No entanto, ainda que tenha havido relativo equilíbrio entre os postulantes, sabemos que uma eleição muitas vezes é definida pelos detalhes e identificamos que o meu nome possui indicadores mais favoráveis para vencer essa disputa. O que importa considerar, no entanto, é que estamos consolidando uma pré-candidatura desenhada a partir de uma consulta popular, na qual 39% dos entrevistados (soma de Fátima e Arnaldo na estimulada) se identificaram com os nomes relacionados ao grupo que governa a cidade, o que é extraordinário. Além disso, essa escolha passou por um amplo entendimento partidário, onde o PT e o PMDB, que são os maiores partidos do Brasil, firmaram o compromisso de respeitar o resultado e manter a unidade. Temos hoje 14 partidos convergindo para essa aliança, além de dois terços dos vereadores e da maioria das lideranças religiosas e comunitárias.
Folha – O prefeito de Quissamã, Armando Carneiro (PSC), disse que foi sua menor rejeição que definiu sua pré-candidata como a de maior potencial de crescimento. Concorda com essa análise?
Fátima – Uma pesquisa de opinião mede muitos indicadores e, certamente, a rejeição é um deles. O mais importante para mim, porém, é saber que mais de um quinto da população aprova a minha trajetória e confia no meu trabalho como credencial para ocupar novos espaços. Sempre procurei fazer o melhor e sinto que os quissamaenses aprovam o meu trabalho de assistente social e vereadora. Quando fui secretária municipal, pude implantar a maioria dos programas sociais que fazem de Quissamã uma referência na aplicação dos recursos dos royalties, como os programas de transferência de renda e habitação popular para as famílias em vulnerabilidade social. Também criei os programas de erradicação do trabalho juvenil e de atendimento ao idoso, através dos quais os adolescentes e idosos foram retirados de condições degradantes de trabalho e inseridos na rede de serviços públicos. Como vereadora, apresentei centenas de projetos em benefício da população.
Folha – Até que ponto a análise com que Armando justificou sua escolha, exposta na pergunta acima, se reforça pelo fato de Octávio Carneiro (PP), embora sem os percentuais revelados, ter ficado à frente de você e Arnaldo, na espontânea e na estimulada da mesma pesquisa? Sabe de quanto é esta diferença favorável a Octávio? Como tem trabalhado para tirá-la até outubro de 2012?
Fátima – Todos nós temos imenso respeito por Octávio Carneiro, que foi um bom prefeito para a sua época. Tendo sido prefeito três vezes, é natural que apareça bem nas pesquisas. Todavia, mesmo com sua popularidade e carisma, Octávio ficou em segundo lugar nas últimas eleições e teve os seus votos anulados por um problema judicial que não sabemos se já está resolvido. Acredito que a população quissamaense esteja buscando um modelo de gestão mais dinâmico e descentralizado, onde o governante tenha condições de defender a cidade em todos os níveis de governo, seja no Rio de Janeiro ou em Brasília, nos parlamentos ou nas sedes de governo, o que requer disposição e capacidade de articulação. Ademais, temos o desafio da defesa dos royalties e do Complexo de Barra do Furado, que exigem que o próximo prefeito reúna conhecimento técnico, força política e capacidade de articulação, inclusive com os setores empresariais. Sem desmerecer ninguém, vamos apresentar as nossas qualidades pessoais e as virtudes do imenso grupo político que nos apoia.
Folha – Você participou do governo de Octávio como secretária de Ação Social e apoiou sua reeleição. Qual o discurso pretende adotar para enfrentar quem estimulou sua entrada na vida pública?
Fátima – Respeito e estimo o ex-prefeito, com o qual sempre tive boa convivência por ter sido uma profissional que correspondeu à confiança do cargo. Mas vou me dedicar a apresentar o nosso projeto e o nosso grupo para que a população possa comparar e escolher. Junto aos partidos que nos acompanham, vamos convidar a população a elaborar um plano de governo que reflita os seus anseios e necessidades. Somos um município organizado, que se desenvolveu a partir da contribuição de todos os quissamaenses, inclusive do ex-prefeito. Mas também somos uma cidade que quer olhar o futuro, pois está na hora de falar de projetos, pensando no século 21. E, nesse ponto, estamos preparados para apresentar boas propostas e oferecer um programa que acelere o desenvolvimento de Quissamã, com uma rede de serviços mais dinâmica, geração de empregos e lazer para a juventude.
Folha – Independente dos seus resultados, não acha que uma pesquisa feita há 15 meses do pleito não foi precoce demais para definir o pré-candidato governista?
Fátima – O nosso grupo político, que reúne a maioria dos partidos e das principais lideranças do município, concordou com o formato proposto, que demonstra a sensibilidade política e o espírito público de nosso prefeito, e aceitou o seu resultado.
Folha – Na reunião que definiu seu nome, além de Armando, participaram também o vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) e o ministro da Pesca, Luiz Sérgio (PT). Pelo fato do primeiro ser prefeito, e os dois últimos representantes do primeiro escalão, respectivamente, dos governos estadual e federal, isso endossa o apoio dos três níveis executivos à sua pré-candidatura?
Fátima – Temos absoluta certeza de que o formato que o prefeito Armando escolheu para disputar a eleição nos permitiu agrupar forças políticas em todas as esferas. Todavia, mais importante do que o apoio da presidente Dilma, do governador Sérgio Cabral ou mesmo do prefeito Armando é termos consolidado a unidade na base de sustentação ao governo municipal. Sou muito grata a cada personalidade política que tem buscado entendimento conosco e, principalmente, a cada cidadão ou cidadã que nos abraça na rua com palavras de incentivo. Porque não queremos uma pré-candidatura de governos, mas um movimento de pessoas identificadas com a proposta de que é possível seguir mudando, reciclando ideias e reformulando algumas práticas.
Folha – E as versões que dão conta de que não foi a pesquisa, nem Pezão, nem Luiz Sérgio, nem o próprio Armando que determinaram sua escolha, mas a opção pessoal da primeira dama e secretária de Saúde de Quissamã, Alexandra Moreira?
Fátima – Essa versão foi disseminada por pessoas que desejam desqualificar um processo legítimo e democrático.
Folha – Embora tenha demonstrado publicamente conformismo com a definição, não é segredo que Arnaldo saiu insatisfeito com os critérios e o tempo que a definiram. Como tem trabalhado para cicatrizar as feridas de quem foi preterido?
Fátima – Arnaldo é um político experiente e um homem de palavra. As regras foram aceitas por todo o grupo político e nós dois aceitamos o resultado. Tanto Arnaldo quanto eu fazemos da vida pública uma arena de realizações coletivas e não de projetos pessoais. A minha relação com Arnaldo está melhor agora do que antes.
Folha – No mesmo dia em que Armando revelou alguns números da pesquisa, Arnaldo garantiu aqui que não seria candidato a vice, nem a vereador. Isso não foi uma maneira sutil de externar que ele não irá trabalhar pela sua eleição?
Fátima – Essa pergunta já foi respondida pelo próprio Arnaldo em outras oportunidades, quando declarou publicamente total compromisso com o projeto de sucessão apresentado pelo prefeito Armando. Com sua experiência, tem ajudado os diversos partidos na formação das nominatas que disputarão a Câmara e tem colaborado nos contatos com diversas lideranças municipais. Arnaldo tem sido um parceiro elegante nas palavras e generoso na convivência. Ele sabe de sua importância e também a de seu partido, o PMDB. Ademais, tem feito um excelente trabalho na secretaria de Educação, conduzindo uma equipe comprometida e qualificada na obtenção de excelentes resultados pedagógicos e de gestão.
Folha – Caso Arnaldo volte atrás, estaria aberta a compor chapa com ele? Deseja ou tem atuado neste sentido?
Fátima – Como já foi dito, participamos de um processo transparente, de regras claras. Eu e Arnaldo vamos continuar trabalhando juntos.
Folha – Antes de disputar a Prefeitura, seu grupo político teve êxito no embate jurídico que definiu a mesa diretora da Câmara, agora composta apenas de governistas: Marcinho Pessanha (PSD) na presidência, Chiquinho Arué (PHS) na vice, você mantida na primeira secretaria e Luiz Carlos Fonseca Lopes (PSC) como segundo secretário. Essa unidade será mantida na sua campanha à Prefeitura, uma vez que Arué apoiava a pré-candidatura de Arnaldo?
Fátima – Todo o grupo político do prefeito Armando está comprometido com o processo. Recentemente, reunimos centenas de pessoas, dentre os quais seis vereadores e representantes de 14 partidos, para reafirmar esse compromisso.
Folha – Até que ponto a decisão jurídica na Câmara, favorável à realização da eleição que deu a mesa diretora ao governo, enfraqueceu as pretensões do vereador Juninho Selem (PR), pré-candidato a prefeito que conta com o apoio do deputado federal Anthony Garotinho?
Fátima – Quissamã e região assistiram com tristeza a esse golpe que tomou a mesa diretora e paralisou a cidade por quase um ano. Existem aqueles que apostam no “quanto pior, melhor”, mas eu acredito no “quanto melhor, melhor”. Por isso, não me detenho em agendas negativas, não falo mal de meus adversários e procuro fazer de meu mandato um celeiro de realizações. Como trabalho em inúmeros projetos e estou cercada de pessoas qualificadas e bem intencionadas, tenho boas notícias para contar e não perco o meu tempo desejando o mal, planejando formas de tomar o poder à força ou propagando desgraças.
Folha – Ainda em relação à Câmara, no ano passado, quando o prefeito Armando Carneiro enviou a proposta orçamentária para 2011, com possibilidade de suplementar até 30% sem autorização do Legislativo, você foi contra e propôs teto de 3%. Este ano, já pré-candidata à Prefeitura, você foi favorável aos 30%. O que mudou, de fato, neste período?
Fátima – A constatação de que a experiência não foi positiva, pois tivemos que apreciar vários projetos de remanejamento de verbas ao longo do ano, sob pena de prejudicar o município.
Folha – Em relação à partilha dos royalties aprovada no Senado, enquanto vereadora e candidata a prefeita de um município produtor, mas também petista, como vê a atuação da presidente Dilma, criticada por aliados importantes como o governador Sérgio Cabral (PMDB) e até dentro do mesmo partido, como é o caso do senador Lidenbergh Farias, a quem você é ligada?
Fátima – Como quissamaense, não posso concordar com nenhuma medida que altere a legislação dos royalties, sobretudo em relação ao pós-sal e contratos em andamento. E tenho duas fortes razões para isso. Primeiro, porque Quissamã é uma cidade na qual os royalties são transformados em qualidade de vida, com uma completa rede de assistência social, educação e saúde. Segundo, porque sempre atuei em defesa dos royalties: desde 2004, venho mobilizando outros vereadores e desenvolvendo inúmeras ações com esse objetivo. Visitamos câmaras municipais, a Assembleia Legislativa e a Câmara dos Deputados, articulando aliados e dando força ao movimento. Estivemos com prefeitos, secretários de Estado, deputados, senadores e ministros, defendendo Quissamã e o estado do Rio de Janeiro. Chamamos a atenção para um problema que parecia distante e que hoje nos toma como uma dura realidade.
Folha – Pretende engrossar o ato público, no Rio, contra a partilha, que o governador e o senador marcaram para o próximo dia 10? Em sua visão, Armando errou ao não integrar iniciativa semelhante, que a prefeita Rosinha e Garotinho promoveram, também no Rio, no último dia 17? Por quê?
Fátima – Na minha avaliação, o nosso prefeito acertou, pois aquele era um momento mais apropriado ao diálogo e à negociação. Esgotada essa etapa, estamos prontos para apoiar as manifestações que ajudem a impedir este ato de covardia contra estados e municípios produtores, sem a partidarização da causa.
Folha – Programada para daqui a 18 meses, a entrada em operação do Complexo Logístico de Barra do Furado será na próxima administração. Caso se eleja, como pretende trabalhar para que as consequências econômicas do investimento sejam otimizadas e seus inevitáveis impactos sociais negativos sejam atenuados?
Fátima – Na verdade, sob minha indicação, já existe um estudo de impacto social sendo implementado no Complexo de Barra do Furado, no qual estão previstos os investimentos sociais necessários ao desenvolvimento da localidade. Esse estudo foi realizado pela UFF, sob a coordenação do professor José Luiz Viana, que foi meu professor no mestrado de Planejamento Regional e Gestão de Cidades. Desde o primeiro momento, atuei ativamente para a liberação das licenças que tornaram possível o empreendimento. Agora, em 2011, levei a Barra do Furado o secretário estadual de Pesca Felipe Peixoto e o ministro da Pesca Luiz Sérgio para discutirmos diretamente com os pescadores as suas necessidades. Estamos trabalhando para que o entreposto pesqueiro seja uma realidade consumada com recursos privados oriundos da contrapartida ambiental das empresas. Acredito em Barra do Furado como a porta de entrada para a qualificação e o emprego e a porta de saída para a dependência dos royalties. Eu sou do time que está trabalhando ao lado de homens e mulheres de bem que desejam o melhor para Quissamã.
Suplentes vão à Justiça por mandatos de Dante, Dona Penha e Gil Vianna
Os mandatos dos vereadores Dante Pinto Lucas (ex-PDT e atual PSC), Dona Penha (ex-PPS e atual DEM) e Gil Viana (ex-PSDC e atual PR) serão requisitados na Justiça pelos suplentes Jorginho Santa Clara (PDT), Jô de Ururaí (PPS) e Adão Faria, do PT, que se coligou com o PSDC na eleição proporcional de 2008. Quem revelou a informação, ontem à noite, em comentário aqui, no blog, foi o presidente municipal do PRP, Fabrício Lírio.
Especialista em direito eleitoral pela PUC-MG, o professor Paulo Vizella tem trabalhado na pesquisa de jurisprudência para robustecer a ação do advogado Vítor Almeida, que tem prazo até a próxima quinta, dia 3, para dar entrada na 100ª Zona Eleitoral de Campos, subindo depois ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), onde será julgada. Segundo Vizella informou ao blogueiro, pela resolução 22.610 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a decisão do TRE terá que será tomada, no máximo, 60 dias após o ingresso da ação.
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