Campos dos Goytacazes, 29/06/2018
De quando a antiguidade é posto na ágora da Folha — Fernandinho por Soffiati
Fernandinho Gomes
Por Aristides Soffiati
Antes mesmo que a Folha da Manhã começasse a circular, em 8 de janeiro de 1978, eu já conhecia Fernandinho Gomes. Ele cursou Comunicação Social e foi meu aluno numa disciplina. Ela integrou uma turma muito crítica que, confesso, me causou receio como professor. Pensei que eu seria duramente questionado e não resistiria. Mas, logo de início, ficamos amigos, e eu me tornei uma espécie de troféu da turma. Poucas turmas foram questionadoras como a de Fernandinho Gomes, turma que chegou, inclusive a promover uma greve por seus direitos em pleno regime militar.
Depois, com o fim do ano, Fernandinho tomou seu rumo e nos afastamos. Voltamos a nos encontrar sob a batuta de Aluysio Barbosa e Diva Abreu, que fundaram a Folha da Manhã e convidaram a mim e a Fernandinho para escrever. Não sou jornalista com formação. Fui convidado a ser colunista do jornal. Fernandinho passou a assinar a coluna social Mistura Fina. Trabalhávamos em áreas muito distintas, mas procurávamos executar nosso trabalho com competência e muita integridade.
Escrevendo semanalmente no jornal desde seu primeiro número, Fernandinho foi mais constante do que eu. Houve duas interrupções na minha colaboração. Fernandinho nunca interrompeu a sua. Jornalistas entraram e saíram. Nós, Aluysio Barbosa, Fernandinho e eu, fomos os mais longevos.
Embora em áreas muito distintas, Fernandinho e eu sempre nos respeitamos. Nossos encontros eram eventuais. A última vez em que nos encontramos foi na gravação de seu programa de televisão em que eu dava doze pequenas recomendações sobre meio ambiente para doze programas.
O tempo já havia passado. Trabalhamos no mesmo espaço durante 37 anos e não sentimos o tempo passar. Agora, ele vai ao encontro de Aluysio Barbosa. Um dia, espero me encontrar com os dois.
Publicado hoje na capa da Folha da Manhã