“Ele não ganhou para senador nem na casa dele, em Nova Iguaçu, município no qual foi prefeito e deixou uma série de denúncias sendo investigadas, e ficou só em segundo lugar, em 2010, atrás de Crivella. Como vai querer ganhar de Garotinho em Campos, em São João da Barra e no Norte Fluminense, em 2014?” Foi o que indagou, em tom irônico, o presidente municipal do PR Wladimir Matheus, sobre a declaração recente do senador Lindbergh Farias (PT), feita aqui, dando conta de que seu objetivo eleitoral, no pleito que vai definir o governado do Estado do Rio, no próximo ano, é fazer ter mais votos na região do que o deputado federal Anthony Matheus (PR), na disputa à sucessão do governador Sérgio Cabral (PMDB).
Além de lembrar que, em Nova Iguaçu, o petista teve uma votação inferior à de Marcelo Crivella (PRB) na última eleição ao Senado (0 primeiro teve 187.148 votos, contra os 198.984 do segundo), Wladimir inverteu o desafio, apostando que seu pai conquistará mais eleitores no próximo pleito, dentro daquele mesmo município, do que Lindbergh:
— O senador parece ter se esquecido que Garotinho foi o deputado federal mais votado não só em Campos (66.448 votos), em São João da Barra (3.177), no Norte Fluminense e em todo o Estado do Rio (694.862), mas também em Nova Iguaçu (61.242). Qualquer pesquisa séria, de qualquer instituto, na disputa agora para governador, que seja feita em Nova Iguaçu, na disputa contra Lindbergh, vai colocar meu pai na frente dele, como estaremos nas urnas de 2014, não só naquele município, como em todo o Estado do Rio.
Apesar de devolver a provocação, o presidente do PR em Campos acha que a feita por Lindbergh faz parte do jogo. Wladimir concordou, inclusive, que a chapa local com Makhoul Moussallem, para deputado federal, e Carla Machado, para estadual, na qual o pré-candidato a governador petista aposta para ganhar votos no Norte Fluminense, tem grande potencial eleitoral:
— O que Lindbergh quer é palanque. Por isso ele lança essa provocação. Não há como negar que a chapa com Makhoul e Carla é mesmo forte. Mas nós também temos pré-candidatos locais de força igual ou até maior, tanto à Câmara Federal, quanto à Assembleia Legislativa, não só no PR, como nos partidos aliados. Além do que, resta saber se Carla poderá mesmo ser candidata, já que o julgamento da “Operação Machadada”, na qual ela chegou a ser presa pela Polícia Federal, pode deixá-la impossibilitada de se candidatar, com base na Lei da Ficha Limpa. Falar agora, nem que seja para lançar bravatas, faz parte do jogo.
Confesso, não sem algum constrangimento, que não li a edição dominical de O Diário de ontem (29/09), nem em versão online, nem impressa. Só hoje, lendo aqui o blog “Eu penso que”, do jornalista Ricardo André Vasconcelos, fui saber da existência da entrevista concedida pela presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL), Patrícia Cordeiro, ao jornalista Paulo Renato Porto, também assessor de imprensa da mesma Câmara Municipal que negou a audiência pública para debater a cultura do município (relembre aqui e aqui). Patrícia abriu a entrevista dizendo que não a estava dando com o objetivo de se defender das muitas críticas que a cultura goitacá vem sofrendo. E o fato é que nem precisou, pois não foi confrontada com nenhum desses questionamentos por quem se propôs a entrevistá-la. Pelo contrário, entrevistador e entrevistada parecerem bem ensaiados ao não perguntar e não responder sobre qualquer questão mais delicada para a segunda, na tentativa parcial, que deveria ter sido evitada pelo primeiro, de desqualificar as muitas críticas à política cultural do município, simplesmente creditando-as a uma suposta “minoria”.
E o que é pior, como a endossar as dificuldades para se falar claramente dos números (e cifras) nos quais se traduzem atual cultura pública de Campos, não souberam nem contabilizar direito o que tentaram menosprezar como “minoria”, resumida por Patrícia em “seis pessoas”, quando só aqueles que se manifestaram em entrevistas neste blog e na Folha Dois, todas trazendo apontamentos críticos ao setor por ela comandado, já foram nove. A conferir:
Antes de republicar a entrevista amiga (da entrevistada), Ricardo André enumerou alguns dos assuntos nela solenemente sonegados, mesmo em se tratando de despesas questionáveis e bancadas com dinheiro público, que este “Opiniões” pede licença para transcrever abaixo:
— a contratação de R$ 2 milhões em shows no verão 2013
— o pagamento à Working Empreendimentos de R$ 501 mil para aluguel de palcos (reveja aqui), sendo R$ 347 mil só para a Festa de São Salvador (aqui).
— o show de Maria Bethânia por R$ 233.750,00, enquanto a arrecadação da bilhetaria do Trianon não passou dos R$ 50 mil (aqui).
— Por que pagou R$ 100 mil de cachê para apresentação de alguns passistas da Vila Izabel enquanto cada Escola de Samba do Grupo Especial só recebeu R$ 80 mil para colocar a agremiação inteira na avenida (aqui)?
A estes questionamentos, o blog adiciona outro, feito aqui pelo blogueiro Cláudio Andrade, que até agora permanece sem nenhuma resposta, seja da presidente da FCJOL, ou de quem seja do poder público municipal:
— E as denúncias, já formalizadas no Ministério Público, sobre favorecimento nas contratações municipais da banda A Massa, cujo percussionista, Lucas “Cebola”, é marido da presidente da mesma FCJOL encarregada dos contratos?
Antes da entrevista, uma necessária ressalva ao seu contraditório lead: “Se a democracia é o princípio filosófico que consagra e expressa a vontade da maioria”, quando qualquer debate, audiência pública ou entrevista é concebida para que só uma das partes tenha voz, visando falar apenas do que e como lhe convier, pretendendo resumir toda a discussão à exibição de um vídeo com “realizações”, seja para atender aos interesses da maioria ou de qualquer minoria, a democracia é personagem jazida logo à primeira cena, do primeiro ato. Afinal, como bem sabiam os antigos helenos ao inventarem a democracia e o teatro, fora dos palcos o monólogo só consagra e expressa uma única coisa: a oligarquia, ou “governo” (do grego “archein”) “de poucos” (do grego “oligos”). Em bom português: “fala quem pode, obedece quem tem juízo!”
Abaixo, confira apenas as respostas que quis dar a presidente da FCJOL, elevada a poder central de todo a cultura pública do município de Campos na última reforma administrativa da prefeita Rosinha Matheus (PR)…
Desafios da cultura em Campos
Publicado em 28/09/2013
(Foto de Phillipe Moacyr/O Diário)
Paulo Renato Pinto Porto
Se a democracia é o principio filosófico que consagra e expressa a vontade da maioria, a presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, Patrícia Cordeiro, se acha em posição confortável ao enumerar o conjunto de ações na área da Cultura em Campos, além do reco-nhecimento da maioria dos agentes culturais. Diante dos ataques de uma minoria que a acusa de preconceituosa, além de suspeita, por jamais ter encaminhado projetos à Fundação ou acenos em direção a propostas de entendimento, Patrícia argumenta que a política cultural do município tem avançado inclusive além do programa de governo apresentado pela prefeita Rosinha Garotinho (PR) para o setor. Nesta entrevista, ela rompe o silêncio ao argumentar que não falou antes porque seu trabalho não é pautado pelo que pensa uma minoria que se autodenomina a elite do pensamento cultural de Campos. “O que me deixa tranquila, mais estimulada a vencer novos desafios é que o programa de governo da prefeita para a área cultural tem sido implementado, rigorosamente. E nós temos buscado ir além em nossas ações, à medida que surjam ideias ou propostas interessantes, o que não tem ocorrido em relação a esse grupo de pessoas que busca apenas ataques sistemáticos ao governo. Sugiro que conversem com o conjunto dos agentes culturais que atuam em Campos sobre a nossa política cultural… À sociedade, devemos satisfação, não a um pequeno grupo que só tem por finalidade desgastar o governo, sendo que algumas delas se envolveram em desmandos da área cultural. Não vou me pautar por eles ou por quem usa a imprensa para me atacar ou ao próprio governo”, disparou.
O Diário (OD) – Como você se defende das críticas?
Patrícia Cordeiro (PC) – Eu não estou aqui para me defender, não preciso disso e nem o governo. Temos muitas ações e pouco tempo para nos preocuparmos. A resposta da população tem sido muito maior do que as provocações. Assumi esta responsabilidade e tenho plena consciência do que temos feito. A política cultural de Campos contempla um amplo espectro de produção em diferentes e múltiplas áreas.
OD – Você observa algum ranço elitista ou preconceituoso quando se trata dessas críticas?
PC – Muito, extremamente preconceituoso e tão estranho que a gente não espera de pessoas que se dizem modernas ou contemporâneas. As críticas partem de um grupo de pessoas inseridas num segmento localizado que nunca encaminharam propostas, que representa uma minoria. Até hoje nunca recebi um aceno qualquer para um entendimento que levasse ao encaminhamento de propostas na área cultural. Só recebo críticas que não são destinadas a mim, mas basicamente para atingir sistematicamente o governo.
OD – Como avalia a tal audiência pública que seria realizada na Câmara?
PC – A audiência, da forma como foi concebida, descobriu-se logo, tinha viés nitidamente político por se tratar de um debate que interessava às mesmas seis pessoas que têm criticado sistematicamente o governo na área da cultura. Não me interessa polemizar neste sentido com pessoas que têm ocupado sistematicamente espaço em certa mídia para criticar a política cultural do atual governo. A sensação é a de que esse mesmo grupo e essa mídia se comportam como se fossem um partido político.
OD – A sua postura não significa que esteja fugindo do debate?
PC – Pelo contrário, estou preparando um material em vídeo, com imagens e textos, que ainda não está concluído, para apresentar à sociedade, através da Câmara, que é a instância de representação legítima do povo. Não preciso ser pautada por eles… Quando ficar pronto (o vídeo), o dia que o presidente da Câmara me convidar, estarei pronta.
OD – Neste vídeo, se busca então mostrar a abrangência do trabalho na cultura, em todo o município e em seus diferentes polos e realidades…
PC – Sim, será mostrado todo um trabalho que estamos realizando em todas as vertentes. O que essas pessoas não entendem ou fingem não entender é que uma política cultural tem que contemplar as diferentes áreas. Será que eles sabem quantas pessoas estão sendo alcançadas? Nós temos produzido uma política cultural moderna e humanizada, sim. Uma política que busca despertar a sensibilidade das pessoas pela arte e pela cultura para buscarmos um mundo melhor. Sobretudo para as pessoas que mais precisam ter acesso a essas manifestações e a noção de nossa real importância como povo.
OD – Como tem buscado a formação de novas plateias?
PC – A Bienal hoje é um evento consolidado, quando homenageamos José Candido de Carvalho. E buscamos atrair o gosto pela leitura nos estudantes. O Departamento Literatura trabalha o desenvolvimento de conhecimento das crianças e professores da rede na temática de José Cândido. Hoje, seis crianças são treinadas para contar histórias de José Cândido, e a quantidade de público só tem aumentado. Nas artes cênicas, o curso livre de teatro já conta com alunos que montam espetáculos e já garantem uma plateia nova. Eles escolhem roteiro, figurino, cenário e direção, orientados por Neuzinha da Hora e a Maria Helena Gomes. Temos o plano de trabalho para o desenvolvimento Orquestra Municipal… Tanto a escola de teatro como a orquestra, pelo fato de serem grupos de jovens e adolescentes, já proporcionam a formação de novas plateias. Não houve uma apresentação da Orquestra que o teatro não estivesse totalmente cheio.
OD – A preservação do Patrimônio tem agora uma figura do porte do professor Orávio de Campos… Como avalia essa mudança?
PC – As obras do Centro Histórico são outras ações importantes com a preservação dos nossos casarões. Nesta área, como você disse, temos uma pessoa do peso de Orávio de Campos para implementar uma política sólida na questão do Patrimônio Histórico. São espaços de referência histórica que estavam se perdendo – como é o caso do Museu, que é um desafio nosso, mas já muito gratificante. A cada dia de visitação, quando você conversa com as pessoas, a gente sai de lá com o ego inflado do orgulho de ter nascido nesta cidade… Saímos de lá mais campistas, sem dúvida alguma.
OD – O que se ouve desses setores minoritários é que o governo não tem projetos de cultura, mas de shows, entretenimento…
PC – Uma mentira absurda. É óbvio que precisamos contemplar as pessoas que veem na arte um complemento, como um entretenimento. Mas há ações como um todo no município, com a integração dos distritos pela apresentação de shows onde valorizamos a “prata da casa” da forma mais ampla. Nas artes plásticas, o Trianon tem sua diretoria que ainda há pouco tempo realizou uma mostra na qual vários artistas foram premiados, além de uma agenda que contempla outras exposições. Outros três festivais literários estão em andamento, inclusive este ano superou todas as expectativas, com 501 inscrições de quase todos os estados. Tivemos uma semana em homenagem ao centenário de Vinicius (de Moraes), como faremos uma grandiosa homenagem ao centenário de Wilson Batista, no Dia Nacional da Cultural, em parceria com a Câmara, além de vários outros eventos. Há também o festival de teatro infantil, e muita coisa tem sido feita.
OD – Muito além dos shows e entretenimento…
PC – Política cultural feita com seriedade, com gestores na parte técnica e administrativa, mas dentro de uma política que comporta múltiplas manifestações na qual há pessoas que têm autonomia em suas áreas e estreita vinculação com as artes e a cultura, como é o caso de Maria Helena Gomes, Orávio de Campos Soares, João Vicente Alvarenga, que chegou agora… Então, são pessoas de diferentes áreas da cultura que têm uma folha de serviços e uma trajetória na área cultural de Campos. Agora, é fundamental que haja pessoas que atuem também na área técnica e administrativa, como tenho minha equipe, que é excelente e composta de pessoas responsáveis. Até porque é conveniente lembrar que a Casa que presido foi palco de desmandos que trouxeram para Campos e os campistas sérios constrangimentos.
OD – Que, inclusive, não levaram Campos naquele momento às páginas dos segundos cadernos, mas às páginas policiais…
PC – O que essas pessoas deviam fazer é entrevistar empresas e agentes culturais que hoje trabalham com a Prefeitura de Campos que conheciam a realidade anterior e são testemunhas da diferença entre este governo e as realidades anteriores, de outros governos.
OD – Voltando à questão dos shows e eventos, não fosse essa programação que já está consolidada, porque caiu no gosto popular, Farol não é só eventos, mas esportes, turismo…
PC – Da forma como a gente concebeu a programação do Farol, a política ali é bem abrangente, porque envolve a praia no seu vigor econômico ou no turismo, uma política de integração entre as secretarias de Limpeza e Serviços Públicos, de Desenvolvimento e Turismo, de Agricultura, de Esportes, que fazem o conjunto da programação tornar o Farol essa realidade de hoje.
OD – Você acredita que muitas dessas pessoas falam sem conhecer a realidade do Farol?
PC – Quando dizem que no Farol só tem shows, não tenho dúvida que essas pessoas não conhecem o Farol. Não conhecem o projeto “Aquele Braço” , o encontro de feras da MPB com artistas locais. Não ouvem as pessoas que se sentem gratificadas, nem sabem o que significam os eventos no Farol para toda Baixada e a população de Campos em sua grande maioria… Aliado aos shows, nós temos a Tenda Cultural, com eventos diários para as crianças, atividades circenses, oficinas de arte e ofício, de contação de histórias. Temos programação para os idosos e, o mais importante: não há um só evento que não supere expectativa de publico. E isso é imensamente importante para nós. A programação do Farol envolve educação, desenvolvimento econômico, ações que têm uma abrangência muito maior do que o olhar maldoso de quem fica lá de Búzios querendo dar opinião aqui…
OD – A propósito, o carnaval de Campos passa por uma transformação em termos e organização, uma ruptura com um passado, quando pessoas recebiam subvenções sem prestar contas… Eles têm uma grande responsabilidade em produzir um espetáculo à altura do Cepop, que é uma obra conceitual, moderna e abrangente.
PC – O Cepop é hoje um espaço multiuso, conhecido nacionalmente, onde alguns artistas já requisitam como cenário para gravação de DVDs, um espaço privilegiado, que marca por sua grandiosidade, sua arquitetura… Temos realizado o Festival do Folclore, que tirou o boi pintadinho de um gueto no carnaval. Hoje é uma manifestação cultural que ocupa o seu espaço dentro de processo de discussão que está aberto a outras manifestações, como o jongo e a mana chica… Além de tudo, o Cepop contempla outras atividades no projeto, como as festas cívicas e populares, as outras manifestações, além de oficinas de carnaval escola de artes, cenários e figurinos. Neste desafio contamos com a presença do Milton Cunha, uma figura extraordinária, conhecida nacionalmente. O que deixa a gente triste é que nosso trabalho tem sido mais reconhecido fora de Campos, mais do que entre certas cabeças daqui…
OD – E o carnaval?
PC – Antes, não era uma pessoa de representatividade no carnaval, mas a partir do momento em que assumi essa minha responsabilidade na fundação, foi de forma tamanha a profundidade do meu envolvimento. Não preciso de corrente nenhuma ou de bravata para explicar esse meu envolvimento, em tudo que faço é assim, não foi diferente. Nos governos passados, faltaram gestão e sensibilidade com o carnaval. Hoje o espetáculo tem tudo para deslanchar com outro nível de organização, com um novo olhar para essa expressão do nosso povo, onde estão as pessoas mais criativas. Tenho aprendido muito com eles, com as críticas, a paixão, o poder de superação e o envolvimento das comunidades. O traço de negritude dessa gente, essas potencialidades, nos leva a crer que o carnaval é uma atividade da maior importância.
“Meu objetivo não é só ganhar o governo do Estado em 2014; é ganhar do Garotinho dentro da sua própria casa, é fazer mais votos que ele em Campos, em São João da Barra e todo o Norte Fluminense”. Foi o que declarou esta sema-na o senador e pré-candidato petista a governador do PT Lindbergh Farias, ao estender seus comentaráios sobre a pesquisa do Iguape sobre as intenções de voto dos sanjoanenses (confira aqui). Na consulta estimulada, que ouviu 550 eleitores entre 18 e 19 de agosto, o deputado federal Anthony Matheus (PR) lidera a corrida a governador em São João da Barra, com 34,2%, seguido do senador Marcello Crivella (PRB), com 17,8%. Surgindo em terceiro lugar, com 8,7%, e à frente do vice-governador peemebista Luiz Fernando Pezão (4,7%), Lindbergh relativizou a pesquisa:
— Garotinho é conhecido por 100% da população de São João da Barra, assim como de Campos e toda a região. Certamente, este ainda não é o meu caso. Esse número da pesquisa, para começar, está muito bom. E tem outra coisa, não só em São João da Barra, mas em todo o Estado, todos sabemos que Anthony Garotinho tem índices de rejeição muito grandes, o que é fundamental para medir o crescimento dos candidatos, sobretudo numa eleição em dois turnos, como certamente será o pleito para governador do Rio em 2014.
Entre os sanjoanenses, Anthony lidera também a rejeição, com 26,2%, acompanhado com razoável distância pelo próprio Lindbergh, com 12,2%, e de Pezão, com 9,5%. Para conquistar a simpatia de mais eleitores em São João da Barra, Campos e na região, Lindbergh comemorou o fecha-mento da filiação da ex-prefeita Carla Machado, ao PT, pelo qual concorrerá no ano que vem a deputada estadual.
Além da filiação de Carla Machado no PT para concorrer como deputada estadual, Lindbergh aposta na dobrada da ex-prefeita sanjoanense com Makhoul Moussallem, ex-candidato a prefeito de Campos do partido e pré-candidato a deputado federal em 2014, para alavancar regionalmente a sua própria pré-candidatura a governador:
— Todos sabem da liderança de Carla e de Makhoul, não só respectivamente em São João da Barra e Campos, mas em toda a região. É uma chapa muito forte, na qual minha candidatura a governador vai se beneficiar bastante. Carla e Makhoul me abrirão as portas do eleitor na região.
Colocado como possibilidade, aqui, no blog do jornalista Alexandre Bastos, este “Opiniões” soube de fonte segura: após ouvir muitas “cantadas” e flertar com o PR de Anthony Matheus, o Garotinho (PR), o também deputado federal Romário vai mesmo voltar ao PSB, legenda da qual chegou a se desfiliar. O articulador do retorno socialista do ex-craque e parlamentar de presença constante na área acabou de ser costurado pessoalmente, através do telefone, por Lindbergh Farias, senador e pré-candidato do PT a governador do Rio. Como o PSB trabalha com a hipótese de lançar o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, para concorrer contra Dilma Rousseff (PT) à presidência da República, não é certo de que Lindbergh terá o apoio de Romário, pelo menos declarado, nos planos do petista de conquistar o Palácio Guanabara. Mas pelo simples fato de ter barrado o reforço do “Peixe” no time de Anthony, “Lindinho” sai ganhando de qualquer maneira.
Em São João da Barra, Carla Machado (ainda oficialmente sem partido) lidera a corrida a deputada estadual; Arnaldo Vianna (PDT), para deputado federal; e Anthony Matheus, o Garotinho (PR), para governador. Na estimulada, a ex-prefeita apareceu com 52,7% das intenções de voto dos sanjoanenses à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj); ficando o ex-prefeito de Campos com 24,5% à Câmara Federal, enquanto o deputado federal e presidente regional do PR registrou 34,2% em sua tentativa de voltar ao Palácio Guanabara. A pesquisa do instituto Iguape ouviu 550 eleitores de São João da Barra, nos dias 18 e 19 de agosto, quarta e quinta da semana passada.
Estimulada — Na estimulada à Alerj, atrás de Carla vieram Bruno Dauaire (PR), com 12,4%; Wladimir Garotinho (PR), com 5,1%; João Peixoto (PSDC), com 3,6%; Geraldo Pudim (PR), com 2,5%; Roberto Henriques (PSD), com 0,7%; e Paulo Melo, com 0,5%. Para deputado federal, após Arnaldo, apareceram Clarissa Garotinho (PR), com 19,1%, Paulo Feijó (PR), com 11,3%; Makhoul Moussallem (PT), com 5,1%; Nelson Nahim (ainda no PPL), com 2,2%; e Nildo Cardoso (PMDB), com 1,8%. Para governador, depois de Anthony, vieram Marcelo Crivella (PRB), com 17,8%; Lindbergh Farias (PT), com 8,7%; e Luiz Fernando Pezão (PMDB), com 4,7%.
Espontânea — Carla e Anthony lideram suas respectivas corridas em São João da Barra também na pesquisa espontânea. Nesta, a primeira aparece com 5,6% para deputada estadual, enquanto o segundo surge com 3,3% para governador. Em relação à disputa à Câmara Federal, surge uma mudança em relação à consulta estimulada, com Clarissa liderando na espontânea (0,7%), no lugar de Arnaldo.
Rejeição — Na avaliação estimulada da rejeição, fundamental para avaliar a capacidade de crescimento dos pré-candidatos, 26,2% dos sanjoanenses não votariam em Anthony para governador, num índice negativo seguido de Lindbergh, com 12,2% e Pezão, com 9,5%. Para deputado federal, a maior rejeição ficou com Clarissa, com 15,1%; acompanhada de Feijó, com 10,9%; e de Arnaldo, com 9,5%. Já na corrida à Alerj, a maior rejeição em São João da Barra foi de Bruno Dauaire, com 13,1%; Pudim, com 12,2% e Carla, com 11,3%.
Avaliação dos governos — No julgamento do sanjoanense em relação aos governos em suas três esferas, o municipal do prefeito Neco (PMDB) é o de melhor aprovação, com 72,18% entre bom e ótimo (34,2%) e regular (38%). Aprovado por 50,9% (20% de bom e ótimo, com 30,9% de regular) do eleitorado de São João, a administração do governador Sérgio Cabral (PMDB) é que teve, no entanto, os índices mais fracos no município, já que o governo federal da presidente Dilma Rousseff (PT) teve aprovação de 66,2%, sendo 33,1% de bom e ótimo, com 33,1% de regular.
Presidência da República — Fruto da boa avaliação da sua administração, Dilma lidera à corrida em sucessão entre os sanjoanenses. Se na espontânea, ela lidera com 3,1%, suas intenções de voto pulam para 42,2%, seguida de Marina Silva (Rede), com 20%; e de Aécio Neves (PSDB), com 7,5%. Todavia, a presidente também lidera na rejeição em São João da Barra, com 14,5%; seguida por Marina (20%) e Aécio (7,5%).
Atualização às 19h09: Nas consultas espontâneas, Anthony foi apresentado com o apelido “Garotinho” depois agregado em cartório, não com seu nome de batismo.
Muita gente boa considera “2001 — Uma Odisseia no Espaço” não só o melhor filme do estadunidense Stanley Kubrick (1928/1999), como entre os melhores já produzidos na tal da sétima arte, aquela que nasceu na invenção dos irmãos franceses Auguste (1862/1954) e Louis Lumière (1864/1948) para reunir as outras seis. Arte, assim como a religião, existe para nos ligar ao Mistério, na tentativa de responder aquelas perguntas inerentes a tudo que vive, com consciência de si e do que o cerca: “Quem sou?”, “De onde vim?”, “Para onde vou?”, “Quanto tempo tenho?”, “Que diabos estou fazendo aqui?”…
Metafísica extraída em garimpagem de pirita, o “ouro dos tolos”, à vista dos céticos, o fato mais positivista é que foi a partir dessas indagações, ecoadas dos recônditos da mente (ou da alma?) desde quando ainda lascávamos pedras numa caverna qualquer, que mais tarde seria fundamentada na Grécia Antiga a filosofia, a busca da verdade, compartimentada a partir de Aristóteles (384 a.C./322 a.C.) em todas as ciências humanas. Sem se deixar cegar pelo reflexo das suas luzes no Iluminismo, como ressalvaria séculos depois o escritor alemão Johann Goethe (1749/1832), criador do Romantismo e talvez a prever o que seria o nazismo em sua própria pátria: “Toda vez que o homem quis acabar com o Mistério, caiu na barbárie”. Não por outro motivo, endossou nosso pantaneiro contemporâneo Manoel de Barros, reinventor da língua de Luís de Camões (1524/1580) e maior poeta brasileiro vivo: “Eu preciso de Mistério”.
Mistério é tudo que ronda qualquer conclusão objetiva sobre “2001 — Uma Odisseia no Espaço” e seu mais enigmático “personagem”. Presente no filme desde a gênese da nossa espécie nas savanas da África, até as imensidões do cosmos, na qual homens e máquina (o computador HAL) se lançam numa nave espacial em busca de respostas e da própria sobrevivência, o que seria, afinal, o tal Monolito Negro? Nossa origem mais primeva? O DNA do próprio universo preservado em pedra? Seria Deus?
De tudo que já li sobre a obra-prima de Kubrick, a tentativa de explicação que mais me satisfez foi feita numa crítica de cinema assinada pelo mestre José Cunha Filho, jornalista e escritor, numa hoje distante década de 1990. Também imortal da Academia Campista de Letras (ACL), ele concluía seu texto: “É preciso morrer para renascer”.
No oximoro encerrado nessa própria sentença, como no frio primaveril desta tarde de sexta-feira, refletindo sobre a morte rondando próxima, tantas vezes, em tão pouco tempo, inevitável pensar em Aluysio Cardoso Barbosa, em Pedro Otávio Enes, em Flávia Alexim, em André e Gisela Coutinho, em Johil Coelho, em Suany Abreu, ao receber recentemente a notícia de mais três amigos em momentos superlativos nesta luta perene de tudo que vive, desde que, sabe-se lá por quais desígnios, fomos um dia dados à luz. “Luz! Mais luz!”, suplicaria Goethe ao morrer.
Por todos eles (e por todos nós), segue abaixo um poema dedicado ao amigo e também poeta Antonio Roberto Kapi, guerreiro goitacá da têmpera do craquelê, escrito há quase 16 anos, em diálogo com a crítica de Zé Cunha sobre o filme de Kubrick, orbitando pela vastidão do universo no brinquedo de peão sobre nós mesmos e sobre o sol, na vertigem de existência a nos reunir neste mesmo planetinha azul e girante, neste exato segundo no qual eu escrevo ou nesse em que você me lê, sem nenhuma garantia de vingarmos ao próximo.