Folha 40 anos — Thiago Freitas

 

Jornalista e escritor Thiago Freitas

Um impresso em minha história

Por Thiago Freitas(*)

 

Em 15 anos de jornalismo, tem um aprendizado que me foi fácil absorver. Tem jornais pelos quais a gente passa, mas tem aquele que nos acompanha pra onde quer que a gente siga. Na minha história, a Folha da Manhã, diário onde iniciei minha carreira como jornalista, tem esse papel de destaque.

Era outubro de 2002 quando pela primeira vez pisei na redação por onde também já havia passado meu pai, Paulo Freitas, que fez parte dos primeiros times de repórteres do jornal fundado por Aluysio Cardoso Barbosa, em 1978. A porta se abriu pelas mãos do próprio Barbosa, que me apresentava para o cargo de revisor ao editor chefe, à época Antunis Clayton. Fiquei três meses.

Agosto de 2003, com meu primeiro filho recém-nascido, retornei à Folha, mas desta vez para, ousadamente, pedir a Aluysio Abreu Barbosa, diretor de redação, uma vaga de repórter no suplemento de cultura, a Folha Dois. Eu não tinha sequer o ensino médio completo e me lembro dele me perguntar: “Você sabe o que é um lead?”. Disse que sim e acertei na resposta. A convivência com meu pai tinha me ensinado alguma coisa, mas o que eu viria aprender nos anos seguintes…

A primeira lição de Aluysio foi: “Você pode escrever como Machado de Assis, mas isso não te faz um jornalista”. Deu-me como oportunidade um teste de três meses como estagiário. E, fato, vi que ele estava certo. Era preciso muito mais que escrever.

De lá pra cá, muitas histórias eu pude registrar, em tinta e suor, nas páginas não só da Folha da Manhã, mas de tantos outros veículos de comunicação pelos quais passei, entre os eles o Extra e O Globo. Contudo, não teria chegado a nenhum desses se não fosse o primeiro passo, a primeira oportunidade e aquela primeira lição.

Nesta celebração dos 40 anos da Folha, acho justo tornar público o sentimento que tenho ao ver o jornal atingir essa marca, ainda mais na atual conjuntura do mercado de comunicação do país, com redações despejando na rua funcionários por todos os cantos. O fato é que a história da Folha está de certa forma na história também de minha família, pois lá, como disse, também trabalhou meu pai, e da mesma geração dele, Ângela Bastos, que viria a ser tia do meu primo Alexandre Bastos. Anos e anos mais tarde, as portas e as páginas do jornal se abriram para mim e, posteriormente, para Alexandre.

Resumindo, a Folha da Manhã foi um sonho sonhado pelo saudoso Aluysio Barbosa, mas que se tornou, ao longo dos anos, o sonho de muitas gerações de jornalistas que ali se formaram, entre os quais tenho orgulho de estar inserido. Carrego e carregarei para sempre a gratidão pela oportunidade que me foi dada pelas mãos de ambos os Aluysios, dos quais carrego lições que me norteiam até os dias de hoje.

Não há outra forma de ser grato senão deixando registrado: parabéns, Folha, e meu muito obrigado. Vocês me permitiram ser quem sou, pois ser jornalista, para mim, mais que uma profissão é um conduta, uma missão de vida. E enquanto viver o jornalismo, que com ele viva a Folha… por muitos anos a mais.

 

(*) Jornalista e escritor, ex-editor de Folha Dois e Geral na Folha da Manhã, com passagens em Extra e O Globo

 

Publicado hoje (10) na Folha da Manhã

 

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