Da interatividade com você, leitor

Certamente, o mais prazeroso na lida blogueira, pelo menos para aqueles que não a exercem apenas para bradar o “eu existo, eu existo” de Roberto Carlos, é a interatividade com você, leitor. De fato, algumas discussões nos comentários, acabam sendo tão ou mais interessantes do que as postagens que os geraram. Não por outro motivo, segue abaixo a transcrição, com a relevância maior de post, de um pequeno, mas instigante debate gerado aqui, em cima da reprodução virtual de artigo publicado na edição impressa da Folha do último domingo…

  • Boa Tarde, Caro Aluysio!

    Eu li o seu texto do início ao fim várias vezes e, percebo que o texto escrito carece de algumas análises mais detalhadas.Ele começa como uma temporalidade, ou seja, infere que se a oposição tivesse começado antes as coisas seriam bem diferentes. Mas é aí, que está, diante do conhecido caminho assistencialista, populista e até por chantagem do tipo “se votar na oposição, perderão o vale alimentação ou perderão a passagem a 1 real ou que os contratados serão mandados embora”, que saída ou qual iniciativa a oposição teria de ter para furar os tais bloqueios? Muitos falam com idéias, mas que idéias?

    O fato é que, se nós observarmos o cenário da América Latina, principalmente em Cuba, na Venezuela, na Argentina, na Bolivia, no Brasil e, mais recentemente no Equador, como as lideranças conseguem se perpetuar no poder: aparelhando o legislativo, os tribunais de justiça, outros órgãos públicos, a situação consegue eleger a maioria dos deputados federais e senadores, conseguem oferecimento de cargos comissionados, alguns de forma ilegal, etc.
    Voltando a Campos, a Câmara há anos tem deixado de cumprir o que manda a Lei Orgânica que é “fiscalizar as ações do executivo”. O legislativo em Campos é uma simbiose do Executivo, vimos isso no início do ano passado com a questão do REDA e vimos no que deu, né?
    Por isso, quando se fala que em Campos a oposição dorme é preciso que se diga, qual é a opção que ela tem, diante dessas questões, para conseguir vencer. É um discurso que até eu posso cair, se não mergulhar em águas ideológicas mais profundas. Dizer por dizer, fica fácil.

    Um abraço e parabéns pela coluna!

  • Aluysio

    Caro Leniéverson,

    Ninguém pode dizer que se a oposição tivesse começado a disputar a eleição de 2012, logo após perder a de 2008, as coisas seriam diferentes nas urnas de outubro último. Assim como ninguém pode afirmar que suas chances, se fosse quatro anos mais ágil, não teriam sido no mínimo melhores.

    Concordo que a política assistencialista, assim como o nefasto aparelhamento do Estado em seus vários níveis, praticada pelos Garotinho sempre que possível, guardam semelhança genética com as mesmas práticas pelos governos federais de Cuba, Venezuela, Argentina, Bolívia, Equador e no Brasil de uma década sob comando do PT. Na dúvida do DNA comum, basta ler o grande ideólogo marxista Antonio Gramsci e seu conceito de revolução passiva, estabelecido em sua obra prima, “Cadernos do cárcere”, brilhantemente traduzido ao português pelo filósofo brasileiro Carlos Eduardo Coutinho, um dos poucos que tiveram coerência ética e coragem política de sair do PT ao PSOL depois que o rei ficou nu, assim que veio a furo o Mensalão.

    E não é nem preciso saber ler para concordar novamente contigo, quando afirma que o Legislativo de Campos, em seu todo, há muito perdeu sua função fim: fiscalizar os atos do executivo.

    Quanto às opções que Campos teria, mais do que nomeá-las, o aprofundamento nas possíveis razões, nas certas demandas, em todas suas muitas complexidades, ocuparia o espaço não de um artigo, mas talvez de uma tese. De qualquer maneira, o modo para se chegar lá, me parece bem simples: trabalhar!

    Ficar no “dizer por dizer”, na crítica pela crítica em que se basta generosa parte da oposição, nessa Câmara Municipal e na anterior, na blogosfera local e em todos os demais setores da sociedade real, certamente é mais fácil.

    Abç e grato pela colaboração!

    Aluysio

Prefeitura que ontem pagou, hoje não pagou pela vigilância na Saúde

Noticiado aqui, em primeira mão, pela Folha Online, a manifestação da manhã de hoje, em frente à sede da Prefeitura, feita por cerca de 50 dos 300 vigilantes da empresa Dinâmica Segurança Patrimonial, que prestam serviço em todas as unidades da Fundação Municipal de Saúde, mais do que ecoar a justiça do pleito de quem até agora  não recebeu pelo mês trabalhado de janeiro, revelou a contradição nas informações prestadas por parte do governo Rosinha Garotinho. Ontem, em e-mail enviado às 18h58, a secretaria municipal de Comunicação (Secom) informou à reportagem da Folha que a Prefeitura de Campos tinha, sim, efetuado o pagamento à empresa. Na manhã de hoje, no entanto, durante o protesto, o secretário de Governo Suledil Bernadino mudou a versão oficial, dizendo que a Prefeitura, na verdade, não efetuou o pagamento à Dinâmica, alegando que a empresa estaria devendo documentação relativa à Receita Federal.

Tanto Suledil, quanto a Dinâmica, por meio de uma funcionária que se se identificou apenas como “Celeste”, na sede da empresa no Rio, que atendeu à ligação do repórter da Folha Mário Sérgio, garantiram solução nas próximas 24 horas para o problema que se arrasta desde a última quinta, dia 14, quando os vigilantes abandonaram a segurança dos hospitais Ferreira Machado (HFM), Geral de Guarus (HGG) e São José (HSJ), além dos 105 Postos de Urgência (PU’s) do município. À dúvida do cumprimento da promessa, soma-se outra, tão ou mais grave: a Prefeitura de Campos não sabe se pagou ou não pagou, com dinheiro público, por um serviço público prestado por profissionais que ainda não receberam?

Abaixo, para que dúvida não haja sobre a aparente dúvida da administração Rosinha, o e-mail enviado ontem pela Secom…

Secom

Trégua?

Anunciado pelo presidente da Câmara de Campos, Edson Batista (PTB), na última sexta, em reunião na sede da Prefeitura, com os demais edis da base, o encontro do deputado federal Anthony Garotinho (PR) com seu irmão, ex-aliado e ex-vereador, Nelson Nahim (PPL), na verdade não ocorreu. Foi o que garantiu ontem ao blog “Opiniões”, hospedado na Folha Online, o presidente municipal do PR, Wladimir Garotinho, de Brasília, onde acompanha o trabalho político e legislativo do pai.

Segundo revelou Wladimir, o que de fato ocorreu foi um telefonema de Nahim para Garotinho, cerca de 10 dias antes do carnaval. Apelidado na infância de “Bolinha”, como a prefeita Rosinha (PR) ainda o chama na intimidade, o deputado estava num spa em Guarapari, para perder peso. Seu irmão mais velho teria se queixado na ligação da perseguição que julga estar sofrendo, que os colunistas da Folha Murilo Dieguez e Gustavo Matheus revelaram existir sob o nome de “Plano Nahim”.

Garotinho, ainda segundo Wladimir, respondeu que as investigações sobre a gestão passada na presidência da Câmara são uma iniciativa dos vereadores da bancada governista, não dele. No telefonema, que teria durado cerca de 20 minutos, o deputado convidou o irmão para continuarem a conversa pessoalmente. Nahim teria dito estar com viagem marcada para Maceió, onde possui uma casa e se encontraria desde 4 de fevereiro, e não aceitou, pelo menos até agora, o convite do irmão mais novo.

Tudo poderia ter ficado na intimidade até natural entre dois irmãos, não fosse a revelação de Edson, dias depois, de um encontro que não houve, atrelado à orientação, que creditou a Garotinho, de se dar uma “trégua” a Nahim. As aspas se fazem necessárias, sobretudo porque, se foi recomendado aos governistas que não alimentassem mais o assunto na mídia, foi também determinado que as investigações sobre o ex-presidente da Câmara deveriam prosseguir.

Até como seria de se esperar, alguns vereadores da situação vazaram o dito por Edson, no “Blog do Bastos”, no “Blog do Cláudio Andrade” e no “Opiniões”, que por fim chegou à negação do encontro no dito por Wladimir. Pelo menos, este teve atitude mais corajosa do que a adotada por qualquer um da parte de Nahim, de onde ninguém até agora se pronunciou fora da garantia ética e constitucional do sigilo de fonte.

Quem também não teve medo de se pronunciar foi o vereador Thiago Virgílio (PTC). Apoiado na campanha de 2012 por Garotinho, assim como Miguelito (PP), no sentido de prejudicar Nahim, já que os três têm reduto eleitoral no Parque Aurora, Virgílio aparentemente não respeitou a orientação passada em nome do líder maior. No domingo, dois dias depois do “recado” passado por Edson, o edil partiu para o ataque contra Nahim, no Facebook e no programa de Cláudio Andrade na Rádio Continental.

Enquanto na Continental, do Grupo Folha, Virgílio chegou a marcar para 11 de março a apresentação à imprensa de um relatório com as investigações sobre Nahim, no Facebook escreveu em referência à continuidade das suas ações contra o ex-presidente do Legislativo: “Quem refresca o do pato é lagoa”.

Se a falta de elegância do vereador debutante é uma certeza, dúvida também fica sobre sua coragem, tão suposta quanto o encontro de Nahim com Garotinho, a quem na mesma mensagem do Facebook reconheceu como “líder”, e de quem disse ter herdado seu “compromisso com a verdade”. A não ser, pela lógica, que se acredite que Virgílio ou Edson fariam qualquer coisa, seja propor trégua ou rompê-la ruidosamente, sem o aval de Garotinho. Sobremaneira quando o objeto é o próprio irmão deste.

Publicado hoje, na coluna Ponto Final, da Folha da Manhã.

Garotinho onipresente

Flagrantes do evento pró-Garotinho realizado pelo PR, na noite de ontem, no Rio (fotos de Gerson Gomes e Aline Rodrigues)
Flagrantes do evento pró-Garotinho realizado pelo PR, na noite de ontem, no Rio (fotos de Gerson Gomes e Aline Rodrigues)

Anunciado aqui, em primeira mão na blogosfera, pela jornalista e blogueira da Folha Suzy Monteiro, o lançamento da candidatura do deputado federal Anthony Garotinho (PR) ao governo do estado, ontem à noite, no Rio de Janeiro, teve a fonte original devidamente creditada ao vereador Mauro Silva (PT do B), que primeiro divulgou a informação aqui, em seu mural no Facebook. Aqui, em sua postagem seguinte nas redes sociais, Mauro informou que Garotinho abreviou a cerimônia de lançamento, no Rio, e ainda ontem pegar o avião de retorno a Brasília, “para participar de reunião, ainda hoje à noite, como líder da bancada do PR, juntamente com líderes de outras bancadas parlamentares. Está havendo manobra neste momento no Congresso Nacional, para colocar em votação amanhã, a derrubada do veto da Presidenta Dilma, para tirar os royalties do petróleo dos municípios e estados produtores”.

Enquanto Nahim não rompe o silêncio do seu retiro em Maceió, nem para dizer se de fato procurou ou não o irmão, e os quatro vereadores de oposição (três deles, debutantes) se preparam para dizer a que vieram, a partir de hoje, com a abertura do trabalho legislativo, Garotinho está em Brasília, para levantar sua bandeira em cenário nacional na luta pelos royalties, na mesma noite em que antes esteve no Rio, para se lançar à sucessão do governador Sérgio Cabral (PMDB), mesmo que depois tenha abusado aqui da inteligência alheia, ao garantir que o PR continua aberto a outros pré-candidatos na majoritária fluminense de 2014. Independente de análise de intenções e métodos entre a situação e a oposição de Campos, ninguém pode negar que, em se tratando de virtudes como empenho e trabalho, há uma abissal diferença dos dois lados.

Arma caída em frente a hospital sem vigilância

Depois que os vigilantes da empresa Dinâmica Vigilância e Segurança Patrimonial, com sede no Rio, resolveram comparecer ao serviço, mas não prestá-lo, em todas as unidades da Fundação Municipal de Saúde, incluindo o Hospital Ferreira Machado (HFM), o Hospital Geral de Guarus (HGG) e os Postos de Urgência (PU’s), a situação tem colocado em risco a segurança de todos os usuários e servidores da saúde pública do município. Pelo não pagamento dos salários de janeiro, desde quinta, os vigilantes promovem uma greve branca, sem cumprir de fato seu trabalho. Por sua vez, a secretaria de Comunicação garantiu que o governo Rosinha garante está em dia nos pagamentos devidos à Dinâmica, cujos contratados em Campos prometem uma manifestação de protesto às 10h de amanhã, diante à sede da Prefeitura.

Na falta de uma explicação mais conclusiva sobre o destino do dinheiro público, a única certeza é de que ele, por enquanto, não chegou aos bolsos de quem trabalhou. Enquanto isso, na noite de domingo, funcionários do HGG que foram socorrer um acidentado de moto, depois recolhido pela ambulância do Corpo de Bombeiros, notaram que junto com a vítima, caíra uma arma no asfalto da av. José Carlos Pereira Pinto, bem em frente ao hospital sem vigilância.

Nahim ligou para Garotinho, que o convidou para encontro

Não houve encontro de trégua entre o deputado federal Anthony Garotinho (PR) e o ex-vereador Nelson Nahim (PPL). O que existiu, na verdade, foi uma ligação do segundo ao irmão mais novo, enquanto este estava num spa em Guarapari, para perder peso, cerca de 10 dias antes do carnaval. No telefonema, de cerca de 20 minutos, Nahim teria se queixado por se sentir vítima de perseguição, cuja iniciativa Garotinho atribuiu aos vereadores governistas, não a ele. O deputado realmente chegou a convidar seu irmão para uma conversa pessoal, mas Nahim alegou estar de partida para Maceió, onde se encontra desde o dia 4 de fevereiro, segundo fontes próximas a ele, e não apareceu. Todas essas informações foram passadas agora ao blogueiro pelo presidente do PR em Campos, Wladimir Garotinho, que está em Brasília, em companhia do pai.

Assim sendo, não procede a informação passada pelo presidente da Câmara de Campos, Edson Batista (PTB), na reunião com os demais vereadores da base, na última sexta, no Cesec, do encontro entre os irmãos. O que coloca em xeque outra informação, passada na sequência por Edson aos colegas governistas, como se fosse determinação de Garotinho: a trégua. Wladimir garantiu que seu pai, assim como não determinou a perseguição, naquilo que os colunistas da Folha Murilo Dieguez e Gustavo Matheus batizaram de “Plano Nahim”, tampouco pediu nenhuma trégua:

— Se tiver algo, que se apure. Se não tiver, que não se invente. Essa é a única diretriz do meu pai em relação a isso, bem como em qualquer outro caso — frisou Wladimir.