Anunciado pelo presidente da Câmara de Campos, Edson Batista (PTB), na última sexta, em reunião na sede da Prefeitura, com os demais edis da base, o encontro do deputado federal Anthony Garotinho (PR) com seu irmão, ex-aliado e ex-vereador, Nelson Nahim (PPL), na verdade não ocorreu. Foi o que garantiu ontem ao blog “Opiniões”, hospedado na Folha Online, o presidente municipal do PR, Wladimir Garotinho, de Brasília, onde acompanha o trabalho político e legislativo do pai.
Segundo revelou Wladimir, o que de fato ocorreu foi um telefonema de Nahim para Garotinho, cerca de 10 dias antes do carnaval. Apelidado na infância de “Bolinha”, como a prefeita Rosinha (PR) ainda o chama na intimidade, o deputado estava num spa em Guarapari, para perder peso. Seu irmão mais velho teria se queixado na ligação da perseguição que julga estar sofrendo, que os colunistas da Folha Murilo Dieguez e Gustavo Matheus revelaram existir sob o nome de “Plano Nahim”.
Garotinho, ainda segundo Wladimir, respondeu que as investigações sobre a gestão passada na presidência da Câmara são uma iniciativa dos vereadores da bancada governista, não dele. No telefonema, que teria durado cerca de 20 minutos, o deputado convidou o irmão para continuarem a conversa pessoalmente. Nahim teria dito estar com viagem marcada para Maceió, onde possui uma casa e se encontraria desde 4 de fevereiro, e não aceitou, pelo menos até agora, o convite do irmão mais novo.
Tudo poderia ter ficado na intimidade até natural entre dois irmãos, não fosse a revelação de Edson, dias depois, de um encontro que não houve, atrelado à orientação, que creditou a Garotinho, de se dar uma “trégua” a Nahim. As aspas se fazem necessárias, sobretudo porque, se foi recomendado aos governistas que não alimentassem mais o assunto na mídia, foi também determinado que as investigações sobre o ex-presidente da Câmara deveriam prosseguir.
Até como seria de se esperar, alguns vereadores da situação vazaram o dito por Edson, no “Blog do Bastos”, no “Blog do Cláudio Andrade” e no “Opiniões”, que por fim chegou à negação do encontro no dito por Wladimir. Pelo menos, este teve atitude mais corajosa do que a adotada por qualquer um da parte de Nahim, de onde ninguém até agora se pronunciou fora da garantia ética e constitucional do sigilo de fonte.
Quem também não teve medo de se pronunciar foi o vereador Thiago Virgílio (PTC). Apoiado na campanha de 2012 por Garotinho, assim como Miguelito (PP), no sentido de prejudicar Nahim, já que os três têm reduto eleitoral no Parque Aurora, Virgílio aparentemente não respeitou a orientação passada em nome do líder maior. No domingo, dois dias depois do “recado” passado por Edson, o edil partiu para o ataque contra Nahim, no Facebook e no programa de Cláudio Andrade na Rádio Continental.
Enquanto na Continental, do Grupo Folha, Virgílio chegou a marcar para 11 de março a apresentação à imprensa de um relatório com as investigações sobre Nahim, no Facebook escreveu em referência à continuidade das suas ações contra o ex-presidente do Legislativo: “Quem refresca o do pato é lagoa”.
Se a falta de elegância do vereador debutante é uma certeza, dúvida também fica sobre sua coragem, tão suposta quanto o encontro de Nahim com Garotinho, a quem na mesma mensagem do Facebook reconheceu como “líder”, e de quem disse ter herdado seu “compromisso com a verdade”. A não ser, pela lógica, que se acredite que Virgílio ou Edson fariam qualquer coisa, seja propor trégua ou rompê-la ruidosamente, sem o aval de Garotinho. Sobremaneira quando o objeto é o próprio irmão deste.
Publicado hoje, na coluna Ponto Final, da Folha da Manhã.