Que a derrota por 7 a 1 da Seleção Brasileira para a Alemanha, nas semifinais de uma Copa do Mundo dentro do Brasil, na última terça (08/07) deixou marcas tão profundas quanto precisam ser as mudanças necessárias à reformulação do futebol brasileiro, ninguém duvida. Mas se alguma incerteza ainda havia sobre intenção do atual governo Dilma Rousseff (PT) em intervir diretamente no futebol da Seleção e dos clubes, numa estatização real do conceito “pátria de chuteiras”, criado pelo jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues (1912/80), o ministro dos Esportes Aldo Rebelo (PC do B) esclareceu as coisas na manhã desta quinta-feira, no briefing diário organizado pela Fifa durante a Copa, no Rio de Janeiro. Comparando a derrota por 7 a 1 em 2014 com o vice-campeonato mundial em 1950, mas ignorando qualquer utilização da Copa e da Seleção para fins políticos neste ano de eleição presidencial, o ministro de Dilma defendeu uma presença maior do governo na gestão do esporte:
— Já manifestei mais de uma vez a minha opinião e volto a repeti-la: o futebol brasileiro precisa de mudanças. A derrota para a Alemanha evidencia ainda mais essa necessidade. Depois da redemocratização do país, surgiu um clamor contra a presença do Estado dentro do mundo do esporte e principalmente do futebol. Era coisa do regime militar, que promovia intervenção na antiga CBD. E surgiu uma legislação que tirou completamente o Estado e entregou o futebol praticamente ao mercado, aos grandes empresários e aos dirigentes, que passaram a gerir o futebol sem qualquer interferência do Estado. Na época, fui contra por considerar que o esporte é matéria de interesse público e nacional e hoje estamos promovendo um esforço para rediscutir esse tema e retomar o protagonismo do esporte brasileiro. Temos pouca ingerência na regulamentação principalmente da gestão do clubes e acho que precisamos ter alguma presença. Não para nomear dirigente, interventor, mas para que em determinadas situações o Estado possa preservar o interesse nacional e público.
— Não sou a pessoa mais indicada a promover um clima de caça às bruxas em um momento de dificuldade. Para todo grande problema geralmente aparece uma solução óbvia, fácil e geralmente errada. Então creio que é preciso ter a consciência de que as mudanças no futebol brasileiro precisam ser feitas, mas é preciso encontrar a eficiência em promovê-las. E que isso não se faça somente pela dor da derrota sofrida para a Alemanha. É preciso que as mudanças tenham sentido de continuidade e erradiquem as causas mais profundas daquilo que conduziu a esse vexame. Nosso futebol tem problemas que precisam ser enfrentados.
Na Nigéria
Enquanto isso, ontem (09/07), a Fifa suspendeu a Federação Nigeriana de Futebol (NFF, em inglês) por causa de ingerências governamentais na entidade. Conforme o Artigo 13, do Estatuto da Fifa, os membros associados estão obrigados a administrar os assuntos de forma independente e sem interferência de terceiros. Antes de aplicar a punição, a entidade havia encaminhado uma carta à federação, no dia 4 de julho, em que expressava preocupação com o processo judicial contra a federação e a ordem judicial do Alto Tribunal da República Federal da Nigéria, que impedia o presidente, os membros do comitê executivo e o congresso da NFF de administrar o futebol do país africano.
Com a suspensão, nem as seleções e nem clubes nigerianos podem participar de torneios regionais, continentais ou internacionais. A punição inclui as partidas amistosas e determina que nenhum membro ou integrante da NFF participe de programas de desenvolvimento ou cursos promovidos pela Fifa e a CAF durante o período de vigência da suspensão. Se a medida permanecer até o dia 15 de julho, a Nigéria ficará fora da próxima Copa Mundial Feminina Sub-20 da Fifa, que será disputada entre 5 e 24 de agosto.
Com informações da Globo.com e Agência Brasil
Por princípio sou contra qualquer intervenção estatal, onde o estado mete o bedelho só gera mais corrupção e ineficiência !!!