Antes e após o velório do Bicho André — Sob os três acordes do blues

 

 

Morto na manhã de hoje por complicações pulmonares, aos 59 anos, André Luiz Pinto da Silva, o Bicho André, tem seu velório acontecendo, desde o final da tarde de hoje (30), na Capela F do Campo da Paz. Onde será sepultado às 10h da manhã desta terça (1º).

Conheci o Bicho André, bar e dono homônimo, nos anos 1990. Jovem, fui a algumas apresentações de rock e no espaço da rua Lacerda Sobrinho, mesmo local que manteria nas três décadas seguintes. Antes, era em área bem maior que a atual, com espaço para shows e mesas de sinuca, que cederia lugar a um estacionamento.

Na segunda metade daquela década marcada pelos meteoros na música do Nirvana e de Cássia Eller, como pelo surgimento de Quentin Tarantino no cinema, namorava a jornalista Dora Paula Paes. A quem levei a um show de cover do Legião Urbana no Bicho André, já após a morte de Renato Russo em 1996.

Não lembro bem o ano, mas nossa presença naquele show parece ter marcado o André. Com quem perderia contato nos anos seguintes. Até que meu filho único, Ícaro, após sair da casa da mãe para morar comigo na pandemia da Covid-19 em 2020, foi depois morar sozinho em um flat no Soho, na Conselheiro Otaviano. E, por questão de proximidade física e identificação musical, passou a frequentar o Bicho André.

A partir do convívio entre os dois, que derivou numa grande amizade, apesar da diferença de idade, foi André quem contou a Ícaro que eu frequentava o mesmo bar quando jovem. Inclusive quando, antes do meu filho nascer e eu namorava a sua mãe, sobre aquele cover do Legião Urbana que fomos juntos. Como na música de Belchior: “Ainda somos os mesmos e vivemos/ Como os nossos pais”.

Entre janeiro e fevereiro de 2023, quando Ícaro e eu viajamos pelos três continentes do Velho Mundo, entre Holanda, Egito, Israel, Palestina e França, no convívio mais estreito do mesmo quarto durante quase dois meses, percebi o quão íntima era a relação do meu filho com o André. Como com aqueles que compunham o multifacetado universo do Bicho André.

Aluysio e André ao lado da fato de Ícaro no Bicho André, em 27 de maio de maio de 2023

Diferenças de fuso horário à parte, a comunicação virtual de Ícaro com André e os amigos do Bicho André era tão constante quanto com a sua própria família. Depois que meu filho morreu precocemente, em 13 de maio de 2023, André me procurou e chamou para conversar. Falou que inauguraria no Bicho André uma foto de Ícaro, homenagem que colocou na parede entre duas placas de Amsterdã que meu filho trouxe da viagem para ele.

Cerca de um mês e meio após a morte de Ícaro, na fase mais difícil da minha vida, como penso ser para qualquer ser humano, a homenagem de André foi marcada para o sábado de 27 de maio de 2023. Pediu que eu chegasse antes dos demais, para que pudéssemos conversar a sós em sua casa, anexa ao bar. Quando me contou da sua relação com meu filho e as histórias dele no bar. E repetiu várias vezes: “Você era o grande ídolo, o herói de Ícaro”.

André reforçaria esse testemunho mais particular no Folha no Ar que gravamos em 6 de junho do ano passado, com seis entrevistados, entre fontes, colegas de trabalho e amigos de Ícaro, para falar dele como homem e jornalista. Como sempre teve as mesmas palavras de carinho para com Dora, mãe do meu único filho. Dedicou a pais dilacerados de luto, de certa maneira atenuando-o, uma generosidade e um carinho ainda maiores que os seus 1,87m e 110 kg.

Da importância de André para o cenário do rock e blues de Campos, uso o testemunho do músico e cientista político e George Gomes Coutinho, professor da UFF-Campos:

André e George no aniversário de 24 anos da vida de Ícaro, em 15 de julho de 2023

“André foi uma peça crucial na história do rock e do blues em Campos dos Goytacazes. Seu bar, justamente o Bar Bicho André, foi palco de diferentes manifestações culturais e subestilos do rock, indo do metal extremo até experimentos de blues em jam sessions intermináveis.

André organizou, sediou, bancou, com sua cultura pessoal anti-manager e maluco beleza, nada menos que até mesmo mini-festivais em seu bar, animando uma cultura underground com tão poucos espaços cativos para se manter pulsante na planície. Portanto, jovem rocker que me lê, se você tem lugares a frequentar e curtir hoje em Campos, é por conta de malucos como o André que seguraram a marimba permitindo a transmissão desta cultura rebelde contra diferentes modismos que sempre se impuseram sobre a cidade.

Andrezão, Rest In Power, meu querido! Podes crer, dentre outras tantas coisas, sua canja de galinha, feita com um tempero maluco com alfavaca, sal, pimenta, alho, tudo batido no liquidificador, segue incomparável! Obrigado por tudo!”

Nessas coincidências que não há, soube do estado de saúde grave de André no domingo, pouco antes de voltar do Rio, onde tinha ido assistir na quinta (26) ao show de Eric Clapton. O quarto dele no Brasil. Que já tinha testemunhado em 1990 e 2001, no palco do samba da Apoteose. E, em 2011 e em 2024, na mesma casa de espetáculos de Jacarepaguá, HSBC Arena 13 anos atrás e hoje rebatizada Farmasi Arena. Onde, como tínhamos planejado ir juntos, pensei várias vezes em Ícaro.

Escrevi até a linha de cima, quando parei para ir ao velório de André, no final da tarde de hoje. Fui o primeiro a chegar e ajudei um funcionário da funerária e outro do Campo da Paz a trasladar seu caixão do rabecão ao carrinho do cemitério. Que, após eu falar algumas breves palavras, o conduziu à mesma Capela F em que meu filho foi velado. Depois de mim, chegou o Márcio Merreca, baterista de rock e amigo há 40 anos de André.

Márcio me disse que conheceu Ícaro no Bicho André. Informei a ele para onde o corpo tinha sido levado, para ser velado, e que visitaria meu filho. Caminhei sozinho até o seu túmulo, em trajeto já bem decorado, onde contei o que havia acontecido com André e do show de Clapton. Que, se não pudemos ir juntos, fui com sua camisa que compramos num dos bazares em que judeus, árabes e cristãos convivem na Cidade Velha de Jerusalém.

 

 

Só após verbalizar os dois acontecidos a Ícaro, lembrei que tinha gravado vídeos de cortes do show de Clapton. E, como tinha postado na noite anterior no Instagram, com André ainda vivo, coloquei para rolar no celular trechos da execução dos blues “Hoochie Coochie Man”, de Willie Dixon para Muddy Waters, e de dois outros do mestre Robert Johnson: “Kind Hearted Woman”, onde Clapton trocou a Fender Stratocaster pela viola, e “Crossroads”.

 

 

Despedi-me para retornar, entre encruzilhadas de humanos mortos, azaleias e anuns galegos vivos, ao velório de André. Mais do que grande amigo, ele foi um “pai adotado” por Ícaro. O que faz dele meu irmão. Se algo depois daqui houver, e espero sinceramente que haja, arrefece a tristeza pensar em Carô recebendo o Bicho André para colocarem o papo em dia e comungar uma gelada. Que Deus guarde a ambos. Sob os três acordes do blues.

 

Jefferson fecha série com prefeitáveis no Folha no Ar desta 3ª

 

(Arte: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Ex-reitor do IFF e candidato a prefeito de Campos, Professor Jefferson (PT) é o convidado do Folha no Ar desta terça (1º), ao vivo, a partir das 7h da manhã, na Folha FM 98,3. Na semana da eleição do domingo de 6 de outubro, ele fechará a série de entrevistas do Grupo Folha com todos os candidatos a prefeito Campos, com ordem estabelecida em sorteio (confira aqui) no último dia 22, diante da presença dos representantes de todas as candidaturas.

Jefferson avaliará os erros e acertos da gestão Wladimir, o cenário apontado pelas pesquisas eleitorais (confira aqui e aqui), sua nominata de vereadores e do apoio da deputada estadual petista Carla Machado (confira aqui e aqui) à candidatura de Delegada Madeleine (União) à prefeita. Também falará das suas propostas para saúde, educação, transporte público e segurança. Como à revitalização do Centro, à retomada da agropecuária, à geração de empregos e à construção do futuro de Campos para além dos royalties do petróleo.

Quem quiser participar ao vivo do Folha no Ar desta terça pode fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, nos domínios da Folha FM 98,3 no Facebook e no YouTube.

 

Edmundo Siqueira — Campos e reeleição entre passado e futuro

 

(Foto; Rodrigo Silveira/Folha da Manhã)

 

Edmundo Siqueira, jornalista da Folha FM 98,3 e servidor federal

Campos e a Arte da Reeleição: entre o passado e o futuro

Por Edmundo Siqueira

 

Se há algo que a política municipal ensina com precisão é que prefeitos, quando tentam a reeleição, jogam com a máquina a seu favor. E se bem utilizados, os benefícios do poder incumbente transformam-se em vantagens eleitorais que os oponentes dificilmente conseguem superar. As estatísticas não mentem: incumbentes, ou seja, aqueles que já estão no cargo, têm altas probabilidades de sucesso quando decidem concorrer novamente. Mas, como disse o cientista político Vitor Peixoto, não são os números que definem as eleições — é a forma como interpretamos esses números.

Em Campos dos Goytacazes, no coração do Norte Fluminense, o cenário não é diferente. A cidade, que viveu momentos de profunda crise financeira nos últimos anos, especialmente com o colapso das receitas do petróleo, agora assiste à tentativa de reeleição de Wladimir Garotinho, herdeiro de uma dinastia política local. Em meio a um contexto econômico mais favorável e com o rescaldo das dificuldades do governo Rafael Diniz ainda frescas na memória dos eleitores, a campanha de Wladimir ganha fôlego. Não se trata apenas de números ou obras visíveis. É sobre como os eleitores enxergam o progresso em relação ao caos pré-existente.

Esse mesmo cenário se repete em outros municípios da região, como São João da Barra, onde a prefeita Carla Caputi também busca um novo mandato. Em ambos os casos, a pergunta-chave é: o que eles fizeram com o que tinham em mãos? E, mais importante, será que essa gestão convenceu o eleitorado?

Foi justamente sobre esses temas tratados com o cientista político Vitor Peixoto, cientista político e professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), em uma entrevista na Folha FM 98,3 nesta quinta (26), que navegou pelas intricadas águas das eleições municipais de 2024.

A seguir, um trecho dessa conversa:

 

Reeleição do incumbente

Vitor Peixoto — “Prefeitos que tentam a reeleição, eles têm uma nova chance de se reeleger, certo? Os dados dizem isso [incumbentes que tentam a reeleição têm alta probabilidade de reeleição], mas a forma de interpretar é que muda.Trazendo para Campos, e para os municípios da região, que tem prefeitos e prefeitos que estão tentando a reeleição, como é o caso de São João da Barra, por exemplo, onde uma prefeita [Carla Caputi] que tenta a reeleição, eles têm mais chance que seus oponentes, isso é claro. Até pelo fato de manterem a máquina e, obviamente, por estarem no governo, em um contexto econômico muito propício, para a realização de obras, prestação de serviço público, quando a gente é quando faz sobre um município específico, a gente tende a iniciar comparando o que aquela gestão fez diante daquilo que ela pegou”.

“Se você for analisar Campos, você tem que se perguntar: como Vladimir pegou a Prefeitura e como ele entregou exatamente. Eu acho que a primeira avaliação que as pessoas fazem é avaliar com aquilo que o prefeito encontrou quando começou a governar. Wladimir em Campos tem uma vantagem eleitoral muito grande, devido a penumbra que se encontrou no governo Rafael Diniz e aquilo que ele fez no município nos últimos anos”.

“Não é nada absolutamente extraordinário, mas diante de um cenário, que era de completo caos econômico e administrativo como o que Campos viveu com a crise do petróleo em 2016, etc. e o que foi o governo Rafael. Mas o fato é, Wladimir pegou a Prefeitura em completo caos econômico e administrativo e ele colocou aquilo para rodar. Então são esses dados, de 70% de aprovação, [refletem] esse quadro de avaliação que o eleitor faz da da administração Wladimir”.

 

O teto de Wladimir e as campanhas de oposição?

Vitor Peixoto — “Eu não gosto de falar de teto, o teto nos remete muito a uma questão fixa, que normalmente é a aprovação [de governo]. Então qual o teto, os 74% da aprovação? Isso pode aumentar e pode diminuir. Então você qual é o teto? O capital eleitoral dele é o teto da aprovação, obviamente, mas a aprovação pode aumentar ou diminuir de acordo com a avaliação das campanhas. As campanhas existem por isso. Ou vocês acham mesmo que os oponentes, Madeleine, Jefferson, Buchaul [completam o cenário Fabrício Lírio, Fabrício Lírio e Thuin], estão saindo de casa todos os dias acreditando, eles têm que acreditar que podem mudar. Para o candidato à reeleição, é hora de defender o governo, defender seus feitos e prometer novos feitos para frente”.

“Então você tem uma avaliação retrospectiva, que avalia o passado e tem, obviamente, as promessas, que é aquilo que o eleitor vai avaliar, como prospectivo. No caso das campanhas [de oposição], é tentar mudar isso, dizer que não foi tão bom assim que Wladimir pegou o governo que não é, que não fez o que deveria fazer com as condições que tiveram”.

 

Publicado hoje na Folha da Manhã.

 

Por que a pesquisa Paraná a prefeito de Campos desapareceu?

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

 

Por que a pesquisa Paraná desapareceu?

Encomendada pelo jornal carioca o Dia, com registro no TSE e divulgação prevista para ontem (27), por que a nova pesquisa Paraná a prefeito de Campos desapareceu? Desde quarta (25), circulava nos bastidores que a Alerj pressionava, como grande cliente do jornal carioca, para que a pesquisa de Campos não fosse divulgada. Se é impossível afirmar, fato é que a pesquisa simplesmente desapareceu. Após a ducha de água fria na oposição com a Real Time Big Data de segunda (23), ter outro instituto de renome nacional projetando a reeleição do prefeito Wladimir Garotinho (PP) no 1º turno, a um dígito de dias da urna, seria visto como pá de cal.

 

“Sumiu, escafedeu-se”

Principais grupos políticos de Campos, Garotinhos e Bacellar só trabalham com pesquisas. Sobretudo de orientação interna, como a Quaest a prefeito de Campos feita pela oposição na terça (24). Como não foi registrada no TSE, seus números não podem ser divulgados. Mas não ter sido registrada e divulgada por quem a encomendou evidencia que o cenário encontrado foi bem próximo ao revelado pela Big Data de segunda, com 65% de intenção a Wladimir na consulta estimulada. Como, mais que provavelmente, foi pela Paraná de sexta. Que, por isso mesmo, como na letra da música “A dois passos do paraíso”, da Blitz: “sumiu, escafedeu-se”.

 

Multiplicação das intenções de voto?

Paraná, Big Data e Quaest são conceituados nacionalmente. Conceito que não tem a Prefab Future, com pesquisa a prefeito de Campos registrada no TSE para divulgação na segunda (30). Tampouco a Iguape, contratada em movimento coordenado ou estranha coincidência com o desaparecimento da nova pesquisa Paraná, registrada no TSE para divulgação na terça (1º). Seria para achar à 2ª colocada, Delegada Madeleine (União), algo próximo aos 30% de intenção de voto, cerca do dobro do que ela de fato tem em todas as pesquisas. Como o ex-prefeito Sérgio Mendes (Cidadania), aliado de Madeleine, projetou no Folha no Ar do dia 19.

 

Iguape ontem e hoje

Esse número entre 20% e 30% de intenção a Madeleine teria sido achado numa pesquisa interna, sem registro, de um instituto de pouca credibilidade. Escalado de última hora para tentar bisá-lo e criar uma guerra de narrativas na semana da eleição, o Iguape, ironicamente, é considerado o instituto que sepultou, em julho do ano passado, a pré-candidatura a prefeito até então cogitada do presidente da Câmara Municipal, vereador Marquinho Bacellar (União). Que teve 3,1% de intenção de voto na consulta estimulada a prefeito. Atrás dos 8,6% de Caio Vianna (hoje, MDB) e dos 55% de intenção que Wladimir já tinha há 14 meses.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

 

Aprovação de gestão = intenção de voto

Naquela Iguape de julho de 2023, outra consulta determinou a decisão de terceirizar a candidatura a prefeito dos Bacellar em 2024. Há 14 meses, na pesquisa encomendada por seu principal grupo opositor, a gestão Wladimir já aparecia aprovada por 74,7% dos campistas, com 22% de reprovação. Ao passo que a Câmara Municipal, já presidida por Marquinho na maior vitória da oposição nos últimos 3 anos e 9 meses, foi reprovada pela maioria de 38,6% dos campistas, aprovada por 35,5%, com 26% que não souberam opinar. Ou seja, a aprovação popular do Legislativo com Marquinho foi menos da metade do Executivo com Wladimir.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Nova Brasmarket?

Paraná, Big Data e Quaest têm nome a zelar. Não se prestariam, nem a pedido do contratante, a achar um número de intenção de voto artificial a um candidato, muito além da margem de erro, do que de fato tem em todas as demais pesquisas. O que, se acontecer na Iguape de terça, fará com que o instituto cumpra o papel que a Brasmarket tentou fazer pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2022. Provavelmente, com o mesmo resultado prático: ser desmascarado pela decisão soberana da urna. Mesmo com a derrama de “aspectos menos metodológicos”, na reta final da eleição, em subversão ao cientista político Renato Dolci.

 

Cego em tiroteio

Em 2023, desde a pesquisa GPP de março, passando pela Iguape de julho e a Prefab de agosto, Wladimir tinha intenção de voto para projetar a reeleição em 1º turno. Essa tendência foi confirmada pela Prefab de abril, as Big Data de agosto e setembro e a Paraná de agosto de 2024, antes da de setembro desaparecer. Enquanto a coordenação da oposição parece mais perdida que cego em tiroteio. No terraplanismo da negação das pesquisas e no malabarismo com a Paraná de agosto, antes do desaparecimento da pesquisa de setembro. Ou quando omitiu as Big Data de agosto e setembro, para lembrar que as duas existiram só… quatro dias depois da última.

 

Orlando Thomé Cordeiro, estrategista político carioca

Eleição de Campos sem paixão

Quem nega e sonega pesquisas, no compromisso político e doloso com a desinformação, agora pode ter achado uma Iguape para chamar de sua. Depois que a pesquisa Paraná de setembro “sumiu, escafedeu-se”. Como a urna é só daqui a oito dias, o suspense é como laticínio: tem validade curta. A ver. Mas como enxergar é sempre mais difícil pelos antolhos da paixão e/ou do interesse, vale a visão impessoal e de fora de um estrategista político experiente, como o carioca Orlando Thomé Cordeiro. Que ontem disse ao Folha no Ar: “a não ser uma hecatombe nessa última semana, o que não se vislumbra, não há hipótese de haver 2º turno em Campos”.

 

 

Publicado hoje na Folha da Manhã.

 

Botafogo e prefeito de São Paulo, Rio e Campos no Folha no Ar desta 6ª

 

(Arte: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Estrategista político carioca, articulista do Correio Braziliense e torcedor fanático do Botafogo, Orlando Thomé Cordeiro é o convidado para encerrar esta semana do Folha no Ar, ao vivo, a partir das 7h da manhã, na Folha FM 98,3. Ele analisará a decadência do futebol brasileiro e falará das chances do Botafogo do empresário estadunidense John Textor na Libertadores e no Brasileirão de 2024, após o trauma do time em 2023.

Orlando também falará da conjuntura política nacional e do pleito pelas Prefeituras de São Paulo e do Rio de Janeiro. Por fim, com base nas pesquisas (confira aqui, aqui e aqui), ele tentará projetar as eleições a prefeito de Campos e municípios do Norte e Noroeste Fluminense e Região dos Lagos em 6 de outubro, daqui a apenas 10 dias.

Quem quiser participar ao vivo do Folha no Ar desta sexta pode fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, nos domínios da Folha FM 98,3 no Facebook e no YouTube.

 

Big Data é ducha de água fria na oposição, enquanto Paraná não vem

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Big Data é ducha de água fria

Uma ducha de água fria. Foi o que a pesquisa Real Time Big Data a prefeito de Campos significou à oposição goitacá. Encomendada pela Record e divulgada na segunda (23), foi feita com 800 eleitores nos dias 20 e 21. E, apesar da prisão do vereador governista Bruno Pezão (PP) no dia 18 e do apoio da deputada estadual Carla Machado (PT) à candidatura à prefeita da Delegada Madeleine (União) no dia 20, o prefeito Wladimir Garotinho (PP) ampliou as intenções de voto nas consultas estimulada e espontânea, como a aprovação de governo. E reforçou a perspectiva de reeleição em turno único em 6 de outubro, daqui a apenas 11 dias.

 

Omissão e oscilações para cima e para baixo

O impacto foi tanto que os veículos ligados à oposição sequer noticiaram a nova pesquisa. No compromisso político com a omissão dolosa de informação. Como já tinham ignorado a Big Data anterior a prefeito de Campos, feita entre 23 e 24 de agosto. Comparadas essas duas últimas pesquisas a prefeito de Campos, na série histórica de um instituto de renome nacional, Wladimir oscilou 2 pontos para cima na consulta estimulada. Nela, em um mês, passou de 63% a 65% das intenções de voto. Na direção oposta, Madeleine oscilou 1 ponto para baixo, de 15% aos 14% de hoje. Assim como o Professor Jefferson (PT), que caiu de 4% a 3% de intenção.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Tendências de teto

Todas essas oscilações, para cima ou para baixo, estão dentro da margem de erro de 3 pontos para mais ou menos da pesquisa Big Data. Pesquisas não são feitas para adivinhar o resultado da eleição. Mas, sobretudo tão perto dela, revelam tendências. E a tendência indicada pela nova pesquisa é que, com 51 pontos de intenção de voto a mais do que Madeleine (vantagem que, por si só, já bastaria à reeleição no 1º turno) e 62 pontos a mais que Jefferson, Wladimir pode ainda não ter alcançado seu teto; sua máxima votação potencial. Enquanto a oscilação negativa de Madeleine e Jefferson pode indicar a proximidade com o teto de cada um.

 

A 1 ponto e 1 voto da reeleição na espontânea

Outras consultas da pesquisa Big Data reforçaram o favoritismo do prefeito. Na espontânea, em que o eleitor fala da própria cabeça em quem votará, Wladimir cresceu 4 pontos: dos 45% de agosto aos 49% de setembro. A espontânea não é usada para aferição de indecisos, como foi tentado com a pesquisa Paraná de agosto, em desengonçado malabarismo estatístico. Sobretudo tão perto da urna, a espontânea tem como principal função medir a intenção de voto cristalizada, com pouca chance de mudança. E, entre esse eleitor já convencido consigo mesmo, o prefeito hoje só precisaria de mais 1 ponto e 1 voto para se reeleger no 1º turno.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Falta de espaço matemático

Na espontânea, Madeleine oscilou 1 ponto para cima na série Big Data. Ao passar de 5% a 6%, ficou 43 pontos atrás de Wladimir. Mesmo que o número de indecisos não fosse aferido pela consulta estimulada, em regra universal de análise, os que não souberam responder em quem votarão na espontânea caíram de 30% a 29% na última pesquisa a prefeito de Campos. O que isso quer dizer? Mesmo se todos esses indecisos decidissem votar na 2ª colocada em todas as pesquisas, sem que outro candidato ganhasse nenhum voto, Madeleine ainda ficaria 14 pontos atrás de Wladimir. O que revela falta de espaço matemático à reversão do quadro atual.

 

Pastor Fernando

Na espontânea, Jefferson se juntou anonimamente a “outros”, com 4% de intenção dividida entre todos os demais candidatos. Já na consulta estimulada, talvez fragilizado pelo apoio da petista Carla à conservadora Madeleine, o ex-reitor do IFF ficou empatado tecnicamente, na margem de erro, com todo o pelotão de baixo. No qual Dr. Buchaul (Novo), Thuin (PRD) e Fabrício Lírio (Rede) tinham e mantiveram, cada um, 1% de intenção. Além de Wladimir, só o Pastor Fernando (PRTB) também oscilou para cima na estimulada. Entre agosto e setembro, ele passou de 1% para 2% de intenção de voto, apenas 1 ponto atrás de Jefferson.

 

Aprovação de governo = intenção de voto

O favoritismo de Wladimir à reeleição nas consultas estimulada e espontânea, como é de outros oito prefeitos de municípios do Norte e Noroeste Fluminense, e Região dos Lagos, advém da avaliação popular ao seu governo. Na série Big Data, entre agosto e setembro, ela oscilou 1 ponto para cima: de 73% a 74% dos campistas que aprovam a atual gestão municipal. Tentar desconstruir essa esmagadora maioria em um pleito que tende a ser plebiscitário, a 11 dias da urna, é o trabalho de Hércules da oposição. Que, com seis candidatos somados, tem 22 pontos de intenção de voto na estimulada. É quase três vezes a menos do que tem Wladimir.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Voto a voto em Quissamã, Paraná e Quaest em Campos

Quem quer eleição disputada deve encontrá-la em Quissamã. Onde pesquisas Ágora e Prefab Future na segunda e ontem revelaram o revezamento na liderança numérica, com empate técnico na margem de erro, entre o governista Marcelo Batista (PP) e o ex-prefeito Armando Carneiro (PL). Na consulta estimulada, espontânea e rejeição. A disputa lá, tudo leva a crer, será voto a voto. Em Campos, enquanto não chega na sexta (27) a nova pesquisa Paraná, o chavão “a eleição acontece nas urnas”, por quem fingiu ignorar a Big Data na segunda e preferiu não registrar a Quaest fechada ontem, parece só choro de perdedor antes da hora.

 

Publicado hoje na Folha da Manhã.

 

Cientista político e Observatório no Folha no Ar desta 4ª

 

(Arte: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Cientista político e pesquisador do Observatório de Metrópoles do Núcleo Norte Fluminense, que reúne várias universidades, Humberto Meza é o convidado do Folha no Ar desta quarta (25), ao vivo, a partir das 7h da manhã, na Folha FM 98,3. Ele falará sobre as propostas do Observatório (confira aqui) para este ano eleitoral de 2024.

Humberto também analisará a evolução do pensamento político de Campos a partir da consolidação da sua condição de polo universitário. E, por fim, com base nas pesquisas (confira aqui, aqui e aqui) tentará projetar as eleições a prefeito e vereador de 6 de outubro, daqui a exatos 12 dias.

Quem quiser participar ao vivo do Folha no Ar desta quarta pode fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, nos domínios da Folha FM 98,3 no Facebook e no YouTube.

 

Voto a voto entre Marcelo e Armando a prefeito de Quissamã

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Marcelo Batista (PP) ou Armando Carneiro (PL) a prefeito de Quissamã em 6 de outubro, daqui a exatos 12 dias? Na pesquisa Ágora, divulgada ontem (23), o governista Marcelo lidera numericamente a consulta estimulada, com 48% de intenção de voto. Mas ele está em empate técnico, na margem de erro de 4,85 pontos para mais ou menos, com o ex-prefeito Armando, com 40%. Segundo a pesquisa Prefab Future, divulgada hoje (24), quem lidera numericamente a estimulada é Armando, com 45,7% de intenção. Mas também em empate técnico, na margem de erro de 4 pontos, com Marcelo, que teve 45%.

Dados das duas pesquisas — A pesquisa Ágora foi feita com 400 eleitores quissamaenses entre os dias 21 e 22, com registro RJ-02100/2024 no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A pesquisa Prefab foi feita com 600 quissamaenses no dia 20, com registro RJ 06364/2024 no TSE. Com margem de erro menor, por ter sido feita com mais eleitores entrevistados, a segunda pesquisa foi feita, no entanto, um dia antes.

Simone Flores isolada em 3º — Na 3ª posição na consulta estimulada das duas pesquisas apareceu Simone Flores (REP). Na Ágora, ela teve 2% de intenção de voto, com 6% de branco ou nulo, sem informar o número de indecisos. Na estimulada Prefab, Simone teve 1,1% de intenção, com 5,5% de indecisos e 2,7% de branco/nulo.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Sem espontânea — Encomendada pelo jornal carioca O Dia, a pesquisa Ágora também não divulgou os resultados da consulta espontânea, onde o eleitor fala da própria cabeça em quem vai votar, revelando a intenção de voto cristalizada, com pouca chance de mudança até a urna. Mas a Prefab fez e divulgou.

Com espontânea e inversão da estimulada — Na inversão de posições da estimulada, foi Marcelo quem liderou numericamente na espontânea Prefab, com 44,2% de intenção. Ele ficou em outro empate técnico com Armando, que teve 43,2%. Simone ficou com 0,5%, com 10,3% de indecisos, 1,5% de branco/nulo e 0,3% de outros (embora os candidatos a prefeito de Quissamã só sejam três, o eleitor pode citar quem quiser na espontânea).

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Rejeição na Ágora e outro empate técnico — Numa disputa tão apertada, a rejeição ganha ainda mais importância. Na pesquisa Ágora, quem liderou o índice negativo foi Simone, com 39%. Ela foi seguida por Marcelo, com 15%, e Armando, com 12% de rejeição, em outro empate técnico entre os dois. Outros 34% disseram estar ainda indecisos ou que não votariam em nenhum dos candidatos.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Rejeição na Prefab e outro empate técnico — Na pesquisa Prefab, Simone também liderou com folga a rejeição, com 41,2%. Ela também veio seguida no índice negativo por Marcelo, com 19,8%; e por Armando, com 17,7%, em mais um empate técnico entre os dois. Outros 15,3% disseram estar indecisos sobre quem não votar, 6% não rejeitam nenhum dos candidatos.

William Passos, geógrafo com especialização doutoral em estatística pelo IBGE

Análise do especialista — “Com 20.097 eleitores habilitados a votar em 6 de outubro, Quissamã tem duas pesquisas divulgadas: do instituto Ágora, com 400 entrevistados e margem de erro de 4,85 pontos; e a Prefab Future, com 600 entrevistados e margem de erro de 4 pontos. As duas mostram empate técnico entre os dois principais candidatos. Nas consultas estimuladas, Marcelo Batista lidera numericamente na Ágora e Armando Carneiro fica numericamente à frente na Prefab. Que, pela maior amostragem e menor margem de erro, tem mais qualidade técnica. Se as eleições fossem hoje, de acordo com o retrato apresentado pelas duas projeções, não seria possível afirmar quem exatamente venceria o pleito. Ágora e Prefab projetam emoção e disputa voto a voto até o final”, concluiu William Passos, geógrafo com especialização doutoral em estatística no IBGE.