Por Mariana Sanches
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) fez duras críticas à presidente Dilma Rousseff e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na noite desta segunda-feira, em São Paulo. Para o tucano, o ajuste fiscal proposto pelo governo equivale a uma cirurgia sem anestesia, já que, segundo ele, tanto Dilma como Lula “sumiram” dos holofotes e não têm dado explicações à população. Segundo o ex-presidente, Dilma perdeu a credibilidade e “acabou” com os recursos nacionais como o petróleo.
— Estão operando sem anestesia— disse Fernando Henrique, para quem há poucas chances de o ajuste fiscal funcionar.
As declarações foram feitas em uma palestra voltada para empresários e Fernando Henrique ironizou o desempenho da presidente, afirmando que ela deveria ganhar um prêmio Nobel porque “acabou com o petróleo, com o etanol e com a energia elétrica”.
Fernando Henrique comparou a crise econômica atual à vivida por seu governo em 1999 e disse que, na época, ia à televisão e ao Congresso para dar explicações. Mas que, hoje, Dilma não aparece para tratar do tema. Ele também criticou o ex-presidente Lula:
— Os maiores responsáveis têm que assumir. Outro dia eu perguntei ao presidente Lula por que ele sumiu. Como sumiu? A filha é sua — disse ele, referindo-se a Dilma.
Para Fernando Henrique, Lula e Dilma pensaram ter encontrado para a economia do país uma “fórmula mágica”, a qual seguiram sem se preocupar com investimentos e contas públicas.
Segundo o ex-presidente, os políticos que quiserem se colocar como interlocutores das manifestações que têm ocorrido nas ruas “vão quebrar a cara”.
A audiência da palestra foi formada por centenas de empresários, que aplaudiram ao tucano por duas vezes, de pé. O evento foi organizado por um escritório de arquitetura.
Impeachment
O ex-presidente Fernando Henrique falou ainda sobre o movimento que pede o impeachment da presidente Dilma. Ele disse que, na época do ex-presidente Fernando Collor, foi um dos últimos políticos a aceitar essa solução porque temia até a volta dos militares. Na situação atual, disse não ser contra, mas ponderou que é preciso ver como o caso evolui. Segundo ele, não há ainda relato de nenhum delito cometido pela petista que a ligue às ilegalidades do escândalo da Petrobras.
Publicado aqui, no globo.com