FHC diz que trocar Dilma não muda nada. E se fosse Lula falando de Aécio presidente?

Ontem, durante uma palestra para executivos em São Paulo, ao defender mudanças no sistema político brasileiro,  o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse que “mudar a pessoa, não resolve”, em relação ao impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).

O bordão “perguntar, não ofende” já virou lugar comum de outro blog, o “Ponto de Vista”, do Christiano Abreu Barbosa, mas já imaginou se fosse o ex-presidente Lula (PT) falando sobre a possibilidade concreta de impeachment presidencial, num eventual governo federal Aécio Neves (PSDB), no qual este tivesse apenas um dígito de aprovação popular, com o Brasil desmoronando pela crise econômica sem precedentes, desde a implantação do Plano Real, em 1994, pelo próprio Fernando Henrique?

Respondendo com outro bordão, muito usado pelo colunista Ancelmo Gois: Pois é…

Confira abaixo a íntegra da matéria com FHC, da coleguinha Silvia Amorim, publicada aqui, em O Globo:

 

Movimento “Fora FHC”, encabeçado em 1999 pelo PT, pelo impeachment do então presidente Fernando Henrique Cardoso
Movimento “Fora FHC”, encabeçado em 1999 pelo PT, pelo impeachment do então presidente Fernando Henrique Cardoso

 

No dia (ontem) em que um novo pedido de impeachment foi apresentado na Câmara, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que substituir a presidente Dilma Rousseff não é a solução para a crise política brasileira. FH fez a declaração durante uma palestra em São Paulo para executivos do setor de tecnologia.

— Quando o Executivo não tem apoio da sociedade também não tem do Congresso. No caso atual, nem quero personalizar muito, a estrutura do nosso sistema político é tão antiquada que ela precisa mudar. Se você não mudar essa estrutura não há líder que aguente. Tem que haver mudança da estrutura de comando no Brasil. Não estou falando de impeachment, nada disso. Porque também mudar a pessoa não resolve. Tem que mudar mais coisas do que a pessoa — afirmou o tucano nesta quinta-feira.

O ex-presidente voltou a defender que a solução da crise passa por mudanças no funcionamento dos partidos e na interação entre as instituições e a sociedade. Ele também reiterou que o país passa por uma crise de lideranças.

— Todo mundo sabe que a partir da crise fiscal medidas precisam ser tomadas. Mas não há legitimidade para tomar. Não é uma questão técnica. Mesmo que um ministro da Fazenda tenha competência, o Congresso não faz porque sente que não há um consenso nacional nessa direção. Como se sai desse impasse? Sem liderança não sai.

Nesta quarta-feira, líderes da oposição entregaram ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha, um novo pedido de impeachment contra a presidente Dilma. O documento, elaborado pelos juristas Helio Bicudo e Miguel Reale Jr., com apoio de movimentos anti-Dilma, pedem o afastamento da presidente por causa das pedaladas fiscais em 2014 e 2015.

FH também defendeu que não há “golpe” em curso no país e que o Brasil tem que comemorar a superação de um período em que, a qualquer sinal de dificuldades, se discutiam nomes de generais passa assumir o comando.

— Hoje estamos discutindo nomes de juízes. Não vamos dar golpe em ninguém. A decisão vai ser dos juízes.

Sobre a crise fiscal, Fernando Henrique disse que o déficit é um “buraco” cujo tamanho é desconhecido.

— Não sabemos hoje o tamanho do déficit, do buraco que vamos ter que saltar para ir adiante.

 

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