Advogado, empresário, produtor rural e comentarista político, Edmar Ptak é o convidado do Folha no Ar nesta terça (23), ao vivo, a partir das 7h da manhã, na Folha FM 98,3.
Ele falará sobre as definições para 2026 do presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (União), e do prefeito de Campos, Wladimir Garotinho (PP), como das pré-candidaturas da região (confira aqui) a deputado federal e estadual.
Com base nas pesquisas mais recentes, Edmar também tentará projetar as eleições a presidente (confira aqui e aqui), governador (confira aqui, aqui e aqui) e senador (confira aqui e aqui) em 4 de outubro de 2026, daqui a pouco mais de um ano.
Por fim, ele analisará a questão entre direita e esquerda no Brasil após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por (confira aqui) tentativa de golpe de Estado em 11 de setembro. E após as manifestações nacionais bolsonarista do 7 de setembro e a realizada ontem (21) contra (confira aqui) o PL da anistia e a PEC da Blindagem.
Quem quiser participar do Folha no Ar desta terça poderá fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, nos domínios da Folha FM 98,3 no Facebook e no YouTube.
Em fase de recuperação desde 9 de julho, quando foi anunciada a taxação dos EUA de Donald Trump sobre o Brasil por conta do julgamento de Jair Bolsonaro (PL) no STF, o Lula 3 bateu teto na aprovação de governo ou continua a recuperá-la? Hoje, a pouco mais de um ano da urna, Lula (PT) é favorito ou não à reeleição? E quem seria seu adversário mais competitivo?
Contradição na aprovação de governo (I)
Nas duas últimas pesquisas nacionais de setembro, a recuperação na aprovação de governo é contraditória. Na série Quaest, o Lula 3 patinou de agosto a setembro: tinha e manteve tanto a maioria de 51% de desaprovação quanto a minoria próxima de 46% de aprovação.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Contradição na aprovação de governo (II)
Na série Atlas, no entanto, o Lula 3 melhorou: dos 47,9% de aprovação em julho aos 50,8% de setembro, com a desaprovação caindo no mesmo período de 51% aos atuais 48,3%.
Lula liderou todos os cenários Quaest
A situação de Lula pareceu melhor nas consultas eleitorais das duas pesquisas. Na Quaest de setembro, o atual presidente liderou, fora da margem de erro de 2 pontos para mais ou menos, todos os oito cenários ao 1º turno e todos os nove ao 2º turno.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Lula liderou todos os cenários Atlas
Na Atlas de setembro, o líder petista também liderou, também fora da margem de erro de 1 ponto para mais ou menos, todos os três cenários ao 1º turno e os sete ao 2º turno.
Tarcísio é o adversário mais competitivo?
Nas duas pesquisas, o adversário mais competitivo contra Lula a presidente, em um eventual 2º turno, hoje seria o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (REP). Na Quaest, Lula teve 43% contra 35% de Tarcísio na simulação de 2º turno, diferença de 8 pontos. Na Atlas, Lula teve 50,6% contra 45,2% de Tarcísio na simulação de 2º turno, diferença de 5,4 pontos.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Ciro Gomes x Lula?
Nas simulações de 2º turno da Quaest, só Ciro Gomes (PDT) teve desvantagem numérica menor que a de Tarcísio contra Lula: 40% deste contra 33% do ex-governador do Ceará, diferença de 7 pontos. Mas Ciro não é considerado de direita nem e é, até aqui, cogitado como candidato a presidente em 2026.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Ratinho Jr. x Lula?
Ainda nas simulações de 2º turno da Quaest, abaixo de Ciro e Tarcísio, o melhor desempenho contra Lula foi do governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD): 32% contra 44% do atual presidente, diferença de 12 pontos.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Lula x Bolsonaro, Zema e Michelle na Quaest
Contra Bolsonaro, hoje inelegível até 2060, Lula venceria o 2º turno na Quaest por 47% a 34%, diferença de 13 pontos. Foi mesma diferença do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), em um 2º turno contra o líder petista: 45% deste a 32%. Contra a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), Lula a bateria no 2º turno por 47% a 32%, diferença de 15 pontos.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Lula x Bolsonaro, Michelle, Zema e Ratinho Jr. na Atlas
Já na Atlas de setembro, abaixo de Tarcísio, os melhores desempenhos contra Lula em um eventual 2º turno foram de Bolsonaro (7 pontos atrás: 44,8% contra os 51,8% do petista), de Michelle (7,3 pontos atrás: 44,6% contra 51,9%), Zema (14,7 pontos atrás: 36,7% contra 51,4%), Ratinho Jr. (16,7 pontos atrás: 34,9% a 51,6% do atual presidente).
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Rejeição é calcanhar de Aquiles de Lula
Apesar da vantagem presente de Lula em todas as simulações Quaest e Atlas aos 1º e 2º turnos de 2026, há índices favoráveis à oposição. Na Quaest, entre conhecimento e rejeição, Lula só é desconhecido por 2% dos brasileiros, enquanto 46% conhecem e votariam nele. A maioria de 52%, porém, conhece e não votaria, rejeição proibitiva à eleição em um 2º turno.
Bolsonaro é campeão de rejeição
Lula só foi superado na medição de rejeição da Quaest por Bolsonaro, desconhecido por apenas 4% dos brasileiros, em quem outros 32% conhecem e votariam, mas intransponíveis 64% conhecem e não votariam.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
O espaço de Tarcísio
Já em Tarcísio, 26% conhecem e votariam, enquanto outros 40% conhecem e não votariam. Mas o governador paulista ainda é desconhecido para relevantes 34% dos brasileiros, espaço para crescer que Lula e Bolsonaro não têm.
O muro de Tarcísio
A Atlas, no entanto, revelou a maior dificuldade de Tarcísio numa eleição presidencial. Se a sua postura for a que adotou no discurso do último 7 de setembro — “Ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como Moraes (…) Vamos para a vitória, vamos para a anistia” — proibitivos 54% dos brasileiros, com certeza, não votariam nele.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
João Paulo Granja, advogado
Lula surfa Trump
“Passados dois meses da taxação de produtos brasileiros, além de outras sanções impostas pelos EUA, todas de caráter político, para tentar constranger o STF a absolver o ex-presidente do Brasil, parece que os louros colhidos pelo presidente Lula chegaram ao seu ápice. O que se extrai das pesquisas realizadas de julho a setembro”, resumiu o advogado João Paulo Granja.
Condenado (confira aqui) a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado no último dia 11, por 4 votos a 1, na 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Bolsonaro deveria ou não ser anistiado? A pauta parece ter avançado com a aprovação do caráter de urgência do Projeto de Lei (PL) da Anistia, junto à aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Blindagem, apelidada “da Bandidagem” pela população, para parlamentares e presidente de partido, pela Câmara dos Deputados na quarta (17).
Caminhos do PL da Anistia — A aprovação da PEC da Blindagem e do caráter de urgência ao PL da Anistia, na Câmara presidida pelo enfraquecido deputado Hugo Motta (REP/PB), provocou indignação na sociedade. O PL que propõe a anistia para atos golpistas a partir de 2022 não deve ter caminho fácil no Senado presidido pelo empoderado Davi Alcolumbre (União/AP), antes de eventualmente ser submetido ao veto do presidente Lula (PT) ou de ser considerado inconstitucional pelo STF. A briga real dos deputados bolsonaristas, hoje, parece ser tentar negociar a redução da dosimetria das penas aos golpistas.
Maioria contra a anistia — Aparentemente, os 344 deputados federais que votaram a favor da PEC da Blindagem e, sobretudo, os 331 deles que também aprovaram o caráter de urgência ao PL da Anistia, ignoraram a opinião popular expressa nas pesquisas. Segundo a Datafolha e a Quaest de setembro, a maioria dos brasileiros é contra a anistia. Na Datafolha, 61% são contra a anistia aos responsáveis pela invasão à Praça do Três Poderes em 8 de janeiro de 2023, com 33% a favor. Na Quaest, 41% são contra a anistia ao ex-presidente, com 36% a favor.
Entre as pesquisas que mais acertaram em 2022 — A nova pesquisa Datafolha foi feita de 8 a 9 de setembro, com 2.005 eleitores e margem de erro de 2 pontos para mais ou menos. A nova pesquisa Quaest foi feita de 12 a 14 de setembro, com 2.004 eleitores e a mesma margem de erro de 2 pontos. Com metodologias diferentes, os dois institutos estiveram (confira aqui) entre os quatro do país que mais acertaram o resultado do apertado 2º turno presidencial de 2022.
Análise pela antropologia — “O 2º turno das eleições presidenciais de 2022 foi decidido no detalhe: 50,90% para Lula e 49,10% para Bolsonaro. Esse quase empate, que reflete uma divisão social, tem marcado o Brasil ao longo dos últimos anos. Ao comparar os dados da eleição de 2022 com as recentes pesquisas, podemos pensar algumas coisas. Na Datafolha, 61% das pessoas foram contra a anistia dos responsáveis pela invasão da Praça dos Três Poderes; já na Quaest, 41% se disseram contra a anistia. Dado que a anistia foi um tema incorporado às fissuras que atravessam o país, podemos perceber que o alinhamento à direita não se reflete de modo perfeito na adesão à anistia. Os crimes ali cometidos não foram ignorados por parte da população que, em 2022, votou em Bolsonaro. Isso pode ser resultado de muitos fatores, mas acredito que existe uma reprovação moral da destruição do patrimônio público, ainda mais quando esse patrimônio compõe parte material e simbólica da nossa República. As cenas daquele 8 de janeiro foram chocantes e causaram repulsa mesmo em parte das pessoas insatisfeitas com o resultado das eleições. Por isso a reprovação”, explicou o antropólogo Carlos Abraão Moura Valpassos, professor da UFF-Campos.
Análise do promotor de Justiça — “O que chama mais a atenção, quanto ao tema da anistia, é que, a depender da pergunta, o apoio popular aumenta ou diminui. Quando a pergunta envolve expressamente o nome do ex-presidente da República, como na Quaest, o apoio à anistia parece ser maior. E quando a pergunta sobre o mesmo tema é genérica, como na Datafolha, o apoio é menor. Como parece ocorrer com a resposta contrária à anistia: quanto o questionamento é genérico, a desaprovação da anistia é maior, mas quando o questionamento envolve o nome do ex-presidente, a desaprovação é menor. Ou seja: parece que a opinião pública, para desaprovar o resultado do julgamento do STF, se impressiona mais com o julgamento de um político do que com o julgamento de um cidadão comum. Seja como for, as decisões judiciais devem ser cumpridas, ainda que com elas possa legitimamente não concordar parcela da opinião pública”, frisou o promotor de Justiça Victor Queiroz.
Contra ou a favor da anistia? — Na Quaest, além dos 41% contra a anistia e dos 36% a favor para todos, incluindo Bolsonaro, houve outros 10% favoráveis à anistia apenas aos invasores do 8 de janeiro, com outros 13% que não souberam responder. Na Datafolha, além dos 61% contra a anistia aos responsáveis pela invasão e dos 33% favoráveis, outros 5% não souberam responder, com 1% indiferente.
Cresce a opinião contra anistia — Mas, diferente da Quaest, que só trouxe os resultados de setembro, a Datafolha comparou a opinião contra e a favor à anistia colhida em pesquisas anteriores. De julho a setembro, os brasileiros contrários à anistia cresceram 6 pontos: de 55% aos atuais 61%. Enquanto, no mesmo período, os favoráveis à anistia oscilaram 2 pontos para baixo: dos 35% de julho aos 33% de setembro.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Metade dos brasileiros acha que Bolsonaro deveria ser preso — A Datafolha trouxe também outras perguntas sobre a condenação de Bolsonaro. São 50% (2 pontos a mais que os 48% de julho) os que acham que o ex-presidente deveria ser preso, “considerando o que foi revelado pelas investigações sobre a tentativa de golpe”. Embora minoria, relevantes 43% (queda de 3 pontos em relação aos 46% de julho) acham que Bolsonaro não deveria ser preso, com 7% que não souberam opinar.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Cresce a opinião pela prisão de Bolsonaro — A Datafolha também perguntou diretamente: “E na sua opinião, Jair Bolsonaro vai ou não ser preso?” Ao que 50% (10 pontos a mais que os 40% de julho) responderam em setembro: “Sim, vai ser preso”. Outros 40% responderam: “Não vai ser preso”. Ainda é uma parcela relevante, mas são igualmente relevantes 11 pontos a menos do que os 51% que não acreditavam na prisão do ex-presidente em julho. Em setembro, outros 10% não souberam responder.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Direito e sociologia — “À medida que a narrativa bolsonarista foi se mostrando incoerente, vide as ações antipatrióticas de Eduardo Bolsonaro, a população em geral, até a que se identifica com a direita, se dá conta de que talvez exista só uma instrumentalização do discurso para obtenção de vantagens pessoais. A ampla cobertura do julgamento do STF também serviu para mostrar que não se tratavam de acusações infundadas ou de perseguição por parte do ministro Alexandre de Moraes. A própria defesa reconheceu, ao menos, o planejamento de um golpe de Estado. A recente articulação dos parlamentares alinhados ao bolsonarismo para aprovação da PEC da blindagem e da própria anistia me parecem ser medidas que também trarão repercussões favoráveis ao crescimento de Lula nas pesquisas”, correlacionou a advogada e socióloga Sana Gimenes, professora de Direito do Uniflu.
Página 2 da edição de hoje da Folha da Manhã
Antropólogo Carlos Abraão Moura Vapassos, promotor de Justiça Victor Queiroz, advogada e socióloga Sana Gimenes, advogado criminalista Felipe Drumond, advogado criminalista Roberto Corrêa, sociólogo Roberto Dutra, defensor público Tiago Abud e geógrafo e estatístico William Passos (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Visão do criminalista — “É importante destacar que a população brasileira tende a ter uma cultura punitivista. Mas esse ímpeto punitivo não se mostra uniforme diante de qualquer fato criminoso. E, menos ainda, em face de qualquer acusado. Há uma seletividade de condutas e pessoas que são, de acordo com as identidades de cada grupo, consideradas socialmente danosas e merecedoras de punição. Essa característica parece se reafirmar no resultado das pesquisas. Não creio que, de modo geral, reflitam opiniões desvinculadas de preferências ou repulsas políticas, nem, tampouco, uma análise do Direito. Especialmente se considerado o desgaste político do grupo de Bolsonaro após a tentativa de ingerência dos EUA com o tarifaço ao Brasil, o resultado me parece sugerir uma certa correlação entre a preferência dos eleitores mais fiéis a Bolsonaro e o desejo de anistia”, ponderou Felipe Drumond, advogado criminalista e professor do Instituto de Direito da PUC-Rio.
Houve tentativa de golpe para 55% — Feita após Bolsonaro ser condenado em 11 de setembro, a Quaest fez outros levantamentos pertinentes. A maioria de 55% dos brasileiros acha que houve tentativa de golpe no país, crescimento de 5 pontos sobre os 50% de dezembro de 2024. Os que acham que não houve eram e se mantiveram em 38% no mesmo período, enquanto os que não souberam responder caíram 5 pontos dos 12% de dezembro de 2024 aos 7% em setembro de 2025.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Para 54%, Bolsonaro participou — Num período mais curto, entre agosto e setembro na série Quaest, os que acham que Bolsonaro participou da tentativa de golpe oscilaram 2 pontos para cima, de 52% aos atuais 54% dos brasileiros. Os que acham que Bolsonaro não participou oscilaram 2 pontos para baixo: dos 36% de agosto aos 34% de setembro. No mesmo período, eram e se mantiveram em 10% os que não souberam responder.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Perseguição do STF contra Bolsonaro para 47% — Também entre agosto e setembro, a Quaest perguntou “O processo judicial contra Bolsonaro foi imparcial ou teve perseguição política?” Os que responderam que “teve perseguição” ainda são a maioria, mas caíram 5 pontos no último mês: de 52% aos atuais 47%. Em contrapartida, os que acham que o julgamento do STF foi imparcial cresceram 6 pontos: dos 36% de agosto aos 42% de setembro. Os que não souberam responder passaram de 12% aos atuais 11%.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Pena de 27 anos e 3 meses é exagerada para 49% — Sobre a questão da dosimetria, a maioria de 49% dos brasileiros acha exagerada a pena a Bolsonaro de prisão por 27 anos e 3 meses. Outros 35% acham que a pena é adequada, com 12% que acham insuficiente e 4% que não souberam responder.
Outra visão criminalista — “Datafolha e Quaest revelam que entre 61% e 41% da população é contrária à anistia aos responsáveis pelos atos de 8 de janeiro e ao ex-presidente Jair Bolsonaro. A Datafolha apontou, ainda, que 50% dos brasileiros entendem que Bolsonaro ‘deveria ser preso’ e que cresceu de 40% para 50% a percepção de que ele ‘vai ser preso’. Esses números indicam que a sociedade brasileira espera responsabilização, considerando o perdão um descompasso com a igualdade perante a lei. Ademais, embora 49% dos entrevistados considerem a pena de 27 anos e 3 meses ‘exagerada’, há um núcleo consistente de 35% que a julga adequada, o que demonstra que a crítica popular não é uníssona. Mesmo em processos de forte repercussão e carga ideológica, é imperativo que a técnica jurídica prevaleça. O posicionamento majoritário da população contra a anistia reforça a necessidade de que a responsabilização siga os parâmetros constitucionais e penais, evitando tanto a impunidade quanto o punitivismo”, equilibrou Roberto Corrêa, advogado criminalista.
Análise pela sociologia — “As pesquisas Quaest e Datafolha sobre o julgamento da tentativa de golpe de Estado e da proposta de anistia aos condenados mostram claro crescimento de percepção de que houve uma tentativa de golpe liderada por Bolsonaro. E também de que os condenados não devem ser anistiados. Mesmo assim, ainda é maior a parcela dos que acham que o julgamento foi enviesado contra Bolsonaro e de que sua pena foi exagerada. Há uma grande polarização nessas pesquisas, apesar do aumento do apoio ao desfecho do julgamento. A tese do cientista político Felipe Nunes (CEO do instituto Quaest) é que vivemos hoje em uma sociedade ‘polarizada e calcificada’, com identidades, visões de mundo e opiniões radicalmente divergentes. Acho essa tese exagerada e unilateral, pois descreve a sociedade de uma perspectiva centrada na política, desconsiderando outras esferas sociais sem esse nível de ‘polarização e calcificação’. Mas ela tem validade parcial, pois há uma convergência muito forte entre a divisão das opiniões políticas e a percepção de justiça e injustiça com relação ao julgamento”, interpretou o sociólogo Roberto Dutra, professor da Uenf.
Maioria pela tornozeleira, inelegibilidade e prisão domiciliar — Há também maioria nos 48% dos brasileiros que acham adequado o uso de tornozeleira eletrônica por Bolsonaro (contra 35% que acham exagerado). Como nos 47% que acham adequada a condenação à inelegibilidade em 2026 (contra 35% que acham exagerada) e nos 51% que acham a prisão domiciliar adequada (contra 28% que acham exagerada).
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Despenca apoio ao impeachment de Moraes — Considerado o principal inimigo do bolsonarismo, Alexandre de Moraes também esteve nas consultas Quaest. Há maioria nos 52% dos brasileiros contrários ao impeachment do ministro do STF em setembro, crescimento considerável de 9 pontos sobre os 43% que eram contrários em agosto. No mesmo período de apenas um mês, os favoráveis ao impeachment de Moraes despencaram 10 pontos: de 46% aos atuais 36%. Os que não souberam responder passaram de 11% a 12% no mesmo período.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Análise do defensor público — “Os resultados das pesquisas demonstram que os fatos comprovados pelo julgamento fizeram as pessoas compreenderem, majoritariamente, pela responsabilização dos seus autores, rechaçando a ideia de anistia. Como consequência, ainda, houve a perda do capital político do ex-presidente Bolsonaro, que ficou restrito àqueles que o apoiam incondicionalmente, faça ele o que fizer. As pessoas ouvidas sinalizaram também que, além do julgamento do caso criminal, houve um julgamento político dos mentores da trama golpista. O que é natural para um órgão jurisdicional que julga a política, quando ordinariamente faz o controle das leis editadas por ela, e cujos membros são nomeados pela mesma política”, sintetizou o defensor público Tiago Abud, professor de Direito do Isecensa.
Análise do especialista em pesquisas — “Quaest e Datafolha avaliaram a opinião pública sobre a possibilidade de anistia. Ambas as pesquisas têm margem de 2 pontos para mais ou menos, mas as pesquisas têm formas de fazer perguntas diferentes, o que exige cautela na comparação dos resultados. Para a Quaest, 41% dos brasileiros são contra a anistia, 36% são a favor da anistia para todos os envolvidos, incluindo Bolsonaro, e 10% são a favor da anistia apenas para os manifestantes do 8 de janeiro. Por outro lado, a Datafolha fez apenas uma pergunta generalizada, indagando a população se ela é a favor ou contra uma anistia que livre de punição os responsáveis pela invasão e depredação dos prédios do STF, do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro de 2023. E 61% dos entrevistados, em setembro de 2025, se posicionaram contra”, ressalvou William Passos, geógrafo com especialização doutoral em estatística no IBGE.
Bolo e banda de música da PM para marcar a comemoração dos 104 anos do Mercado Municipal de Campos na última segunda-feira, dia 15 (Foto: Rodrigo Silveira/Folha da Manhã)
104 anos do Mercado Municipal: entre o descaso, memória e resistência à mudança
Por Edmundo Siqueira
O Mercado Municipal de Campos dos Goytacazes completou na última segunda-feira (15), 104 anos de existência. Pelo menos esse que os campistas conhecem hoje, ao lado do Parque Alberto Sampaio — a cidade já possuía outras praças de mercado antes da inauguração do atual, em 1921.
O Mercado que faz parte da paisagem campista, há mais de um século, nasceu em uma perspectiva higienista, sendo construído em dois pavimentos iguais divididos por uma torre (a “torre do relógio”), com forte inspiração europeia e servindo como símbolo de progresso e urbanização da cidade, no início dos anos 1920.
Mas o que era para se manter como um orgulho acabou se convertendo em um problema. Que pouco tem relação com os permissionários da feira livre (boxes instalados na frente do mercado e abaixo de uma estrutura metálica), do camelódromo (boxes instalados na outra face do prédio, também abaixo de um galpão) e do próprio mercado. Mas tem, sim, estreita ligação com uma série de decisões equivocadas por parte do poder público.
Embora seu interior ainda mantenha a alma — com cheiro, voz, caldo de cana e a sociabilidade popular —, o entorno e o próprio prédio histórico foram totalmente descaracterizados.
A obra do camelódromo nunca deveria ter sido liberada naquele local, pois vai contra todas as recomendações das instituições de proteção ao patrimônio histórico. A estrutura metálica da feira e da peixaria, construída nos anos 1980 para ser provisória, esconde as potencialidades do Mercado e mantém os permissionários em condições inadequadas.
O que comemorar?
Celebrar a longevidade de um centro comercial, com o valor afetivo daquele espaço, é necessário. Mas perceber que as condições dos feirantes são ruins e que o prédio está em estado de abandono é ainda mais.
Há quem diga que a construção de inspiração francesa, com sua torre do relógio, é um patrimônio histórico, e que a cidade não pode abrir mão dele. E de fato não pode — mas patrimônio se conserva e se deixa exposto, acessível, possível de contemplação e cumprindo um papel memorialístico.
O descaso atual do Mercado não se confunde com quem trabalha no local e luta diariamente para manter tudo o mais saudável e limpo possível. Gente que começa na madrugada a preparação para a venda de peixe, farinha, hortaliça, biscoitos, doces e outros tantos produtos que poderiam ser comercializados para turistas e campistas de forma muito mais confortável.
Soluções possíveis
Para um problema complexo, soluções complexas devem ser empreendidas. Não há caminho fácil ou resolução possível sem realocar pessoas, fazer intervenções através de obras e alterações logísticas, modificar a paisagem e ressignificar vivências e espaços. Porém, são ações necessárias e urgentes, uma vez que as omissões se arrastam por décadas.
Existe a proposta de construir um novo mercado (nova feira), moderno, higienizado, arejado, na Praça da República, atrás da rodoviária do centro, a Roberto Silveira. Local que está a menos de 300 metros da atual feira, e encontra-se subutilizado. Embora o projeto necessite de ajustes e maiores discussões, inclusive com os feirantes, é uma solução bastante crível e que a prefeitura já sinalizou interesse em realizar.
Não se trata de demolir o antigo, mas de criar o novo. O atual mercado pode — e deve — ser preservado como espaço cultural, centro gastronômico e polo turístico. Pode e deve se integrar com o Parque Alberto Sampaio e com centros populares de comércio, desde que respeitem as especificidades do patrimônio histórico.
O novo mercado, por sua vez, deve ser construído para cumprir o papel de abastecimento, com dignidade e condições sanitárias adequadas. Mas em Campos, quase tudo vira disputa binária: ou se mantém o cadáver em pé ou se apaga a história. Enquanto isso, a cidade definha seu patrimônio e potencial no meio-termo, incapaz de se mover.
Aos 104 anos, o Mercado Municipal é mais testemunha de abandono do que motivo de orgulho. Talvez seja esse um retrato fiel de Campos: uma cidade que carrega o passado como peso, mas não consegue transformá-lo em futuro.
Em fase de recuperação desde 9 de julho, quando foi anunciada a taxação dos EUA de Donald Trump sobre o Brasil por conta do julgamento de Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF), o governo Lula (PT) bateu teto na aprovação de governo ou continua a recuperá-la neste setembro de 2025? Hoje, a pouco mais de um ano da urna de 4 de outubro de 2026, o presidente Lula é favorito ou não à reeleição? E quem seria seu adversário mais competitivo?
Aprovação de governo — Nas duas últimas pesquisas nacionais de setembro, a recuperação na aprovação de governo é contraditória. Na série Quaest, o Lula 3 patinou de agosto a setembro: tinha e manteve tanto a maioria de 51% de desaprovação quanto a minoria próxima de 46% de aprovação. Na série Atlas, no entanto, o Lula 3 melhorou: dos 47,9% de aprovação em julho aos 50,8% de setembro, com a desaprovação caindo no mesmo período de 51% aos atuais 48,3%.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Lula lidera todos os cenários de 1º e 2º turno — A situação de Lula pareceu melhor nas consultas eleitorais das duas pesquisas. Na Quaest de setembro, o atual presidente liderou, fora da margem de erro de 2 pontos para mais ou menos, todos os oito cenários ao 1º turno e todos os nove ao 2º turno. Na Atlas de setembro, o líder petista também liderou, também fora da margem de erro de 1 ponto para mais ou menos, todos os três cenários ao 1º turno e os sete ao 2º turno.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Tarcísio é o mais competitivo contra Lula? — Nas duas pesquisas, o adversário da direita mais competitivo contra Lula a presidente, em um eventual 2º turno, hoje seria o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (REP). Na Quaest, Lula teve 43% de intenção de voto contra 35% de Tarcísio na simulação de 2º turno, diferença de 8 pontos. Na Atlas, Lula teve 50,6% de intenção contra 45,2% de Tarcísio na simulação de 2º turno, diferença de 5,4 pontos.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Ciro no 2º turno Quaest — Nas simulações de 2º turno da Quaest, só Ciro Gomes (PDT) teve desvantagem numérica menor que a de Tarcísio contra Lula: 40% deste contra 33% do ex-governador do Ceará, diferença de 7 pontos. Mas Ciro não é considerado de direita nem e é, até aqui, cogitado como candidato a presidente em 2026.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Ratinho Júnior no 2º turno — Ainda nas simulações de 2º turno da Quaest, abaixo de Ciro e Tarcísio, o melhor desempenho contra Lula foi do governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD): 32% contra 44% do atual presidente, diferença de 12 pontos.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Bolsonaro, Zema e Michelle contra Lula na Quaest — Contra Bolsonaro, hoje inelegível até 2060, Lula venceria o 2º turno na Quaest por 47% a 34%, diferença de 13 pontos. Foi mesma diferença do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), em um 2º turno contra o líder petista: 45% deste a 32%. Contra a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), Lula a bateria no 2º turno por 47% a 32%, diferença de 15 pontos.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Bolsonaro, Michelle, Zema e Ratinho Jr. contra Lula na Atlas — Já na Atlas de setembro, abaixo de Tarcísio, os melhores desempenhos contra Lula em um eventual 2º turno foram de Bolsonaro (7 pontos atrás: 44,8% contra os 51,8% do petista), de Michelle (7,3 pontos atrás: 44,6% contra 51,9%), Zema (14,7 pontos atrás: 36,7% contra 51,4%), Ratinho Jr. (16,7 pontos atrás: 34,9% a 51,6% do atual presidente).
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Rejeição proibitiva de Lula — Apesar da vantagem presente de Lula em todas as simulações Quaest e Atlas aos 1º e 2º turnos presidenciais a 2026, há índices favoráveis à oposição. Na Quaest, entre conhecimento e rejeição, Lula só é desconhecido por apenas 2% dos brasileiros, enquanto 46% conhecem e votariam nele. No entanto, a maioria de 52% conhece e não votaria, rejeição matematicamente proibitiva à eleição em um 2º turno.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Com Bolsonaro campeão de rejeição, conhecimento é a chance de Tarcísio — Lula só foi superado na medição de rejeição da Quaest por Bolsonaro, desconhecido por apenas 4% dos brasileiros, em quem outros 32% conhecem e votariam, mas intransponíveis 64% conhecem e não votariam. Já em Tarcísio, 26% conhecem e votariam, enquanto outros 40% conhecem e não votariam. Mas o governador paulista ainda é desconhecido para relevantes 34% dos brasileiros, espaço para crescer que Lula e Bolsonaro não têm.
Anistia a Bolsonaro é o dilema de Tarcísio — A Atlas, no entanto, revelou a maior dificuldade de Tarcísio numa eleição presidencial. Se a sua postura for a que adotou no discurso do último 7 de setembro — “Ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como Moraes (…) Vamos para a vitória, vamos para a anistia” — proibitivos 54,5% dos brasileiros, com certeza, não votariam nele. Uma minoria de 31,8% votaria com certeza, com 11,5% dizendo que há uma chance de votar nele.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Dados das pesquisas — A Quaest ouviu 2.004 eleitores entre 12 e 14 de setembro, enquanto a Atlas consultou 7.291 brasileiros entre 10 e 14 de setembro.
William Passos, geógrafo com especialização doutoral em estatística no IBGE
Análise do especialista — “Na avaliação de governo, Quaest e AtlasIntel apresentam leve divergência. Enquanto na Quaest de setembro de 2025, o Lula 3 é aprovado por 46%, o mesmo de agosto, na AtlasIntel a aprovação subiu de 47,9% de agosto a 50,8% de setembro. No que diz respeito ao cenário eleitoral, Lula liderou fora da margem de erro todos os quatro cenários de 1º turno e sete de 2º turno da Atlas, como todos os oito cenários de 1º turno e os nove de 2º turno da Quaest. Além de Bolsonaro, atualmente inelegível, seu adversário mais competitivo nas pesquisas é Tarcísio de Freitas”, resumiu William Passos, geógrafo com especialização doutoral em estatística no IBGE.
Presidente da Companhia de Desenvolvimento do Município de Campos (Codemca), ex-vereador e pré-candidato a deputado estadual, Thiago Virgílio (Podemos) é o convidado para encerrar a semana do Folha no Ar nesta sexta (19), ao vivo, a partir das 7h da manhã, na Folha FM 98,3.
Ele fará um balanço dos seus 100 dias à frente da Codemca, assim como dos primeiros 8 meses e meio do governo Wladimir 2. Da perspectiva de personagem, Thiago também analisará o tabuleiro político de Campos e região nas pré-candidaturas (confira aqui) a deputado federal e estadual em 2026.
Por fim, com base nas pesquisas mais recentes, Thiago tentará projetar as eleições a presidente (confira aqui e aqui), governador (confira aqui, aqui e aqui) e senador (confira aqui e aqui) em 4 de outubro de 2026, daqui a pouco mais de um ano.
Quem quiser participar do Folha no Ar desta sexta poderá fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, nos domínios da Folha FM 98,3 no Facebook e no YouTube.
Condenado a 27 anos e 3 meses de prisão (confira aqui) por tentativa de golpe de Estado no último dia 11, por 4 votos a 1, na 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deveria ou não ser anistiado? Segundo duas pesquisas nacionais de setembro, a maioria dos brasileiros é contra. Na Datafolha, 61% são contra a anistia aos responsáveis pela invasão à Praça do Três Poderes em 8 de janeiro de 2023 (com 33% a favor). Na Quaest, 41% são contra a anistia ao ex-presidente (com 36% a favor).
Entre as pesquisas que mais acertaram em 2022 — A nova pesquisa Datafolha foi feita de 8 a 9 de setembro, com 2.005 eleitores e margem de erro de 2 pontos para mais ou menos. A nova pesquisa Quaest foi feita de 12 a 14 de setembro, com 2.004 eleitores e a mesma margem de erro de 2 pontos. Com metodologias diferentes, os dois institutos estiveram (confira aqui) entre os quatro do país que mais acertaram o resultado do apertado 2º turno presidencial de 2022.
Contra ou a favor da anistia? — Na Quaest, além dos 41% contra a anistia e dos 36% a favor para todos, incluindo Bolsonaro, houve outros 10% favoráveis à anistia apenas aos invasores do 8 de janeiro, com outros 13% que não souberam responder. Na Datafolha, além dos 61% contra a anistia aos responsáveis pela invasão e dos 33% favoráveis, outros 5% não souberam responder, com 1% indiferente.
Cresce a opinião contra anistia — Mas, diferente da Quaest, que só trouxe os resultados de setembro, a Datafolha comparou a opinião contra e a favor à anistia colhida em pesquisas anteriores. De julho a setembro, os brasileiros contrários à anistia cresceram 6 pontos: de 55% aos atuais 61%. Enquanto, no mesmo período, os favoráveis à anistia oscilaram 2 pontos para baixo: dos 35% de julho aos 33% de setembro.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Metade dos brasileiros acha que Bolsonaro deveria ser preso — A Datafolha trouxe também outras perguntas sobre a condenação de Bolsonaro. São 50% (2 pontos a mais que os 48% de julho) os que acham que o ex-presidente deveria ser preso, “considerando o que foi revelado pelas investigações sobre a tentativa de golpe”. Embora minoria, relevantes 43% (queda de 3 pontos em relação aos 46% de julho) acham que Bolsonaro não deveria ser preso, com 7% que não souberam opinar.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Cresce a opinião pela prisão de Bolsonaro — A Datafolha também perguntou diretamente: “E na sua opinião, Jair Bolsonaro vai ou não ser preso?” Ao que 50% (10 pontos a mais que os 40% de julho) responderam em setembro: “Sim, vai ser preso”. Outros 40% responderam: “Não vai ser preso”. Ainda é uma parcela relevante, mas são igualmente relevantes 11 pontos a menos do que os 51% que não acreditavam na prisão do ex-presidente em julho. Em setembro, outros 10% não souberam responder.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Houve tentativa de golpe para 55% — Feita após Bolsonaro ser condenado em 11 de setembro, a Quaest fez outros levantamentos pertinentes. A maioria de 55% dos brasileiros acha que houve tentativa de golpe no país, crescimento de 5 pontos sobre os 50% de dezembro de 2024. Os que acham que não houve eram e se mantiveram em 38% no mesmo período, enquanto os que não souberam responder caíram 5 pontos dos 12% de dezembro de 2024 aos 7% em setembro de 2025.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Para 54%, Bolsonaro participou — Num período mais curto, entre agosto e setembro na série Quaest, os que acham que Bolsonaro participou da tentativa de golpe oscilaram 2 pontos para cima, de 52% aos atuais 54% dos brasileiros. Os que acham que Bolsonaro não participou oscilaram 2 pontos para baixo: dos 36% de agosto aos 34% de setembro. No mesmo período, eram e se mantiveram em 10% os que não souberam responder.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Perseguição do STF contra Bolsonaro para 47% — Também entre agosto e setembro, a Quaest perguntou “O processo judicial contra Bolsonaro foi imparcial ou teve perseguição política?” Os que responderam que “teve perseguição” ainda são a maioria, mas caíram 5 pontos no último mês: de 52% aos atuais 47%. Em contrapartida, os que acham que o julgamento do STF foi imparcial cresceram 6 pontos: dos 36% de agosto aos 42% de setembro. Os que não souberam responder passaram de 12% aos atuais 11%.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Pena de 27 anos e 3 meses é exagerada para 49% — Sobre a questão da dosimetria, a maioria de 49% dos brasileiros acha exagerada a pena a Bolsonaro de prisão por 27 anos e 3 meses. Outros 35% acham que a pena é adequada, com 12% que acham insuficiente e 4% que não souberam responder.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Maioria pela tornozeleira, inelegibilidade e prisão domiciliar — Há, contudo, também maioria nos 48% dos brasileiros que acham adequado o uso de tornozeleira eletrônica por Bolsonaro (contra 35% que acham exagerado). Como nos 47% que acham adequada a condenação à inelegibilidade em 2026 (contra 35% que acham exagerada) e nos 51% que acham a prisão domiciliar adequada (contra 28% que acham exagerada).
Despenca apoio ao impeachment de Moraes — Considerado o principal inimigo do bolsonarismo, Alexandre de Moraes também esteve nas consultas Quaest. Há maioria nos 52% dos brasileiros contrários ao impeachment do ministro do STF em setembro, crescimento considerável de 9 pontos sobre os 43% que eram contrários em agosto. No mesmo período de apenas um mês, os favoráveis ao impeachment de Moraes despencaram 10 pontos: de 46% aos atuais 36%. Os que não souberam responder passaram de 11% a 12% no mesmo período.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
William Passos, geógrafo com especialização doutoral em estatística no IBGE
Análise do especialista — “Quaest e Datafolha avaliaram a opinião pública sobre a possibilidade de anistia. Ambas têm margem de erro de 2 pontos, mas as pesquisas têm formas diferentes de fazer perguntas, o que exige cautela na comparação dos resultados. Para a Quaest, 41% dos brasileiros são contra a anistia, 36% são a favor da anistia para todos os envolvidos, incluindo Bolsonaro, e 10% são a favor da anistia apenas para os manifestantes do 8 de janeiro. Já a Datafolha fez apenas uma pergunta generalizada, indagando a população se ela é a favor ou contra uma anistia que livre de punição os responsáveis pela invasão e depredação dos prédios do STF, do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro de 2023. Em setembro, 61% dos entrevistados se posicionaram contra”, resumiu William Passos, geógrafo com especialização doutoral em estatística no IBGE.
Presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, e Wladimir Garotinho, Welberth Rezende e Yara Cinthia, prefeitos, respectivamente, de Campos, Macaé e São Francisco de Itabapoana (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Grupos esperam Rodrigo e Wladimir
Em Campos, os dois maiores nomes atuais da política — o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (União), e o prefeito Wladimir Garotinho (PP) — ainda não definiram seus destinos à urna de 4 de outubro de 2026, daqui a pouco mais de um ano. E das decisões deles, até de 4 abril, derivarão as decisões dos seus grupos políticos a deputado federal e estadual.
Com Bacellar a governador
Se Rodrigo vier a governador, terá que naturalmente espraiar seu apoio entre as candidaturas à Alerj. Não só a nomes locais, como os já deputados Carla Machado (PT) e Thiago Rangel (Avante), além da Delegada Madeleine (União), ex-candidata a prefeita de Campos em 2024, mas também entre candidaturas do Grande Rio e de outras regiões fluminenses.
Com Bacellar no TCE
Se Rodrigo decidir ser conselheiro de Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), os nomes preferenciais do seu grupo a deputado estadual seriam seu irmão, o vereador Marquinho Bacellar (União); e o campista Márcio Bruno (União), chefe de gabinete do presidente da Alerj. Só se este viesse a governador, Marquinho não se candidataria em 2026.
Com Wladimir a vice
Já Wladimir, se vier a vice-governador em chapa encabeçada pelo prefeito carioca Eduardo Paes (PSD) ou pelo ex-prefeito de Duque de Caxias Washington Reis (MDB), deve ter a esposa, Tassiana (PL), como candidata a deputada federal. E apoiará à Alerj a reeleição de Bruno Dauiare (União), Caio Vianna (PSD) e o presidente da Codemca, Thiago Virgílio (Podemos).
Com Wladimir a federal
Mesmo se Wladimir não compuser chapa ao Palácio Guanabara, deve sair da Prefeitura até 4 de abril para vir a deputado federal. O que não mudaria seus apoios a deputado estadual. Embora os vereadores governistas Kassiano Tavares, o mais votado em Campos em 2024, e Marquinho do Transporte, ambos do PP, também tentem se viabilizar a deputado estadual.
Welberth também com força no jogo
Também sondado por Paes como candidato a vice na sua chapa a governador, o prefeito reeleito de Macaé, Welberth Rezende (Cidadania), chegou a pensar em também renunciar para ser candidato a deputado federal. Mas decidiu ficar na Prefeitura da cidade que mais cresce na região e optar por seu irmão, Márcio Rezende (Cidadania), à Câmara dos Deputados.
Os quatro do prefeito de Macaé à Alerj
À Alerj, Welberth deve apoiar quatro pré-candidatos: o presidente da Câmara Municipal, Alan Mansur (Cidadania); o também vereador Cesinha (Cidadania), o secretário municipal de Saúde Dr. Lucas (Cidadania) e a secretária de Ensino Superior de Macaé, a ex-vereadora Iza Vicente (Rede). Alan, além de si próprio, tem o apoio de 14 dos 17 vereadores a deputado estadual.
Demais nomes de Macaé
Macaé já tem o deputado estadual Chico Machado (SD), candidato natural à reeleição. Que terá o apoio do irmão e vereador Filipe Machado (Cidanania). Como o ex-deputado federal Felício Laterça (PP) pode tentar voltar ao cargo. Para ampliar o apoio ao seu irmão a deputado federal na região, o prefeito Welberth tem conversado com políticos de outros municípios.
Em SJB, novidade é Danilo a federal
Candidata natural à reeleição na Alerj, a deputada Carla Machado, com ou sem Bacellar, terá o apoio da prefeita Carla Caputi (União) em São João da Barra. Além dela e de Bruno Dauaire a estadual, Danilo Barreto (Novo), ex-candidato a prefeito em 2024, deve tentar uma vaga a deputado federal em 2026. Numa possível dobrada com Thiago Rangel a estadual em SJB.
Yara libera base a Thiago, Bruno e Carla
Já em São Francisco de Itabapoana, a prefeita Yara Cinthia (SD) deve dividir sua base de 12 dos 13 vereadores entre três pré-candidatos à Alerj: oito com Thiago Rangel, três com Bruno Dauaire e um com Carla Machado. Também pré-candidata a deputada estadual, a ex-prefeita Francimara Barbosa Lemos (SD), hoje, teria o apoio de apenas um edil.