Para tentar justificar homofobia, Garotinho põe palavras na boca de Jesus

“Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não pregamos nós em vosso nome e não foi em vosso nome que expulsamos demônios e fizemos muitos milagres?/ E no entanto eu lhes direi: Nunca vos conheci. Retirai-vos de mim, operários maus!”

(Mat 7:22-23)

Depois de questionadas aqui, aqui e aqui, respectivamente nos blogs do Gustavo Matheus, do vereador Marcos Bacellar (PDT) e neste “Opiniões”, as declarações homofóbicas, na mistura sempre temerária entre religião e política laica, feitas pelo deputado federal Anthony Garotinho (PR), mereceram resposta do próprio, conforme observou atentamente, aqui, o jornalista Alexandre Bastos. Não sem antes se declarar impressionado com “a capacidade de manipular a verdade de algumas pessoas e de setores da mídia”, Garotinho disse aqui: “Como cristão que conhece a palavra de Deus não posso assistir ao teatro do absurdo de mudarem o que disse Jesus. Amo o pecador, não o pecado”.

Homofobia à parte, e sem duvidar da fé do deputado pela qual ele garante ter sido motivado, não é sem algum constrangimento que o blog se vê obrigado a lembrar, no entanto, que o rabi galileu Yeshua Ben Youssef (Iesous em grego, Jesus em latim), entre outras algumas outras flagrantes diferenças com Garotinho, nunca disse: “Amo o pecador, não o pecado”. Bem, pelo menos não nos relatos da vida e pregação do messias cristão (considerado ainda como profeta pelos islâmicos, que o chamam Isa) registrados por Mateus, Marcos, Lucas e João. Comos são estes os quatro evangelistas aceitos pela cristandade, portanto alicerces do Novo Testamento às denominações católicas e às várias protestantes, recomenda-se a Garotinho que leia melhor a Bíblia, antes de pretender citá-la. Sobretudo, quando for para justificar declarações infelizes, tentando usar um fundamento religioso mal lido e interpretado de maneira ainda pior, visando angariar preconceitos e votos contra aquilo que no mundo laico, pouco sucetível a milagres, parece uma certeza: a chapa Rodrigo Maia/Clarissa Garotinho caminha para ser um dos maiores fiascos eleitorais na disputa à Prefeitura do Rio de Janeiro.

Quanto à utilização da Bíblia para tentar justificar a homofobia, em pleno séc. 21, num paralelo pertinente com o que faziam no séc. 19 os defensores da escravidão (regulamentada por Deus no Velho Testamento), transcrevo abaixo um texto que publiquei em debate com um leitor, aqui, neste mesmo blog, há mais de dois anos, acerca de outra manifestação homofóbica de Garotinho:

Sou radicalmente a favor da união de vida entre duas pessoas que assim desejam, sejam ou não do mesmo sexo. Não vejo como a coletividade, aprovando por princípios pessoais ou não esta união, tenha direito a arbitrar sobre isso. O que vc diria se o Estado (ou seu vizinho) se negasse a reconhecer, por exemplo, a sua união, ou considerá-la, digamos, de segunda classe em relação ao Direito Civil, mesmo sendo montada no respeito aos direitos alheios e, sobretudo, em desejo e sentimento recíprocos? A liberdade de expressão só é um direito intocável enquanto respeita limites como este. Não é onipotente, como não deve ser, por exemplo, para um nazista, um racista, ou qualquer outro preconceituoso, incluindo seu vizinho e o Estado, independente da ideologia ou fé. Tanto pior quando o preconceituoso pretende usar como base a vida e pregação libertárias de certo rabi da Galiléia, que desfez os preconceitos do seu tempo diante de uma prostituta, de um coletor de impostos, de um homem de outra fé, de todos os doentes, dos miseráveis, da face de César estampada numa moeda e dos dois ladrões que o acompanharam em sua morte.
E a coisa ainda é muito pior quando, como os homens do Templo de ontem e hoje, o uso do divino é feito com desavexado objetivo de política terrena. Há dois mil anos, por exemplo, foi o que gerou a crucificação daqueles mesmo rabi.
Da teologia ao estado laico, como é o nosso, a união entre duas pessoas, independente de sexo, já é uma conquista de vários tribunais brasileiros. Nosso Judiciário, graças a Deus, não tem esperado a morosidade do Legislativo nessa questão, impondo a regulação social da jurisprudência à omissão da lei. Seja por decisão judicial ou humanidade de base, é um direito que precisa ser preservardo. E quem se coloca contra ele, é, sim, um preconceituoso; pois tem, sim, preconceito. Moralmente, está próximo de quem se nega a dar uma vida digna aos aposentados ou o direito de acesso à medicina a todos, sonegado em vários lugares do Brasil, como têm sido caso destacado, por exemplo, da saúde pública de Campos.

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Este post tem 7 comentários

  1. Alexsandro

    Um covarde, hipocrita e desesperado Garotinho da um tiro no proprio pe ( qye resvala e quase acerta seu coracao)… Vendo a chapa de sua filha naufragar parte pro tudo ou nada, imaginando que suas palavras sao a verdade… Quando na verdade o QUADRILHEIRO condenado profera grandes mentiras num preconceito asqueroso e rasteiro como e sua pratica comum perseguindo a tudo e a todos !!!

    FORA FICHA SUJA !!!

  2. Kaua

    Queria deixar um questionamento: Será que o povo campista é cego? ou são ingênuos demais? ACORDA ELEITORES! ACORDA APOSENTADOS! ACORDA FUNCIONARIOS PUBLICOS! ACORDA POPULAÇÃO CAMPISTA!!! Diga NÃO a essa Corja que só quer manipular o povo… Se depender de mim, de meus amigos, minha familia, meus conhecidos etc… ESSE POVO não ganha 1 voto, mas sem que a população menos favorecida que se contenta com qualquer coisa vai acabar votando, mas Creio em um verdadeiro Deus e Tenho Fé que tudo irá mudar. Pelo Bem de TODOS!

  3. Junior

    Está certo o Garotinho, ou você é Cristão segue a Biblía, ou você a rasga, não temos como agradr dois senhores…
    Agora que matéria mais tendênciosa, o que ele disse foi a verdade, Católicos e evangélicos concordam, não tem como apoiar tais práticas e depois entrar em um igreja e dizer aleluia, fique apenas de um lado.
    Parabéns ao Garotinho.

  4. Valmir

    Realmente o Garotinho foi infeliz dizendo que tal colocação é da Bíblia, ou pior, da parte de Jesus. Porém, ao examinarmos a palavra vemos embasamento para o que ele diz. Consulte a 1ª epístola de Paulo aos Coríntios capítulo 6, versículo 10 e verás o que diz a Palavra da Verdade.

  5. Leo

    Pelo jeito ele considera mais votos vindos dos evangélicos do que dos GLBTs visto que o mesmo não deve ter participado do ato público na orla de Guarus.

    Pelo menos ele está condizente com seu preconceito.

  6. Paulo Cassiano Jr.

    A pregação contra a homossexualidade tem pleno respaldo bíblico. Portanto, todos os discípulos de Jesus devem rejeitar o pecado, inclusive o da homossexualidade, por constituir grave ofensa ao caráter de Cristo e ao propósito de Deus para a família. Isto não é preconceito. É conceito!
    Pretender calar a voz dos cristãos contra o pecado da homossexualidade sob o argumento de ser homofobia é patrulhamento cristofóbico. Os discípulos de Jesus devem respeitar e amar os homossexuais, mas não devem ser tolerantes com o pecado da homossexualidade.
    Qualquer pessoa- cristã ou não, homossexual ou não- deve ter o direito de expressar as suas opiniões livre e legitimamente a respeito de qualquer assunto. Se é garantido aos homossexuais o direito de fazer uma parada gay em via pública, por que um cristão não pode manifestar a sua opinião contrária a esse movimento em um blog, ou outro veículo qualquer, sem que por isto seja taxado de “homofóbico” ou “preconceituoso”?
    Atenciosamente, e na paz do Senhor Jesus Cristo,
    Paulo Cassiano Jr.

  7. Leniéverson Azeredo

    Caríssimos, Aluysio e José Renato,

    Bom Dia, como eu disse, em um post anterior, não sou da turma do Garotinho e desejo que ele e seus asseclas, sofram todo o rigor da lei e sejam banidos da vida pública. No entanto, a fala de Garotinho sobre o homossexualismo, comunga com o pensamento da grande maioria dos cristãos no Brasil e em todo mundo. A questão é que vários integrantes da chamada Imprensa Secular vive querendo induzir os leitores ao erro.É muito habitual, entre eles, dizerem que Jesus era e é amor e, por isso, não tinha acepção de ninguém e acolhia a todos. De fato, Jesus não fazia distinção de pessoas e acolhia a todos, mas também repreendia, corrigia e, sobretudo, formava as pessoas. Cristo repreendeu aqueles que queria fazer do seu templo um comércio; questionava seus discípulos quando perdiam a fé, brigou até com o diabo quando este O queria tentá-lo, dentre outras coisas. Outra curiosidade em seu texto, caro Aluysio é restringir a Bíblia, como só existisse o Novo Testamento, mais exatamente os 4 evangelhos, mas não é por aí.Á Bíblia é formada por 73 livros que vão do Gênesis ao Apocalipse. Logo de cara, no Livro do Genesis 1, 27, diz que “Deus criou o HOMEM e a MULHER”, não dois HOMENS ou duas MULHERES ou algo diferente disso.E os criou a Sua imagem e semelhança.Depois tem os textos de Genesis 19,1-29, Rm 1,24-27 que consideram uma depravação grave. Sou jornalista e milito há quase 10 anos, na chamada imprensa religiosa aqui em Campos, e como tal, sou obrigado a estudar doutrina, ler, ser autodidata em alguns momentos, ou seja, tenho que ter base. Na imprensa secular tem-se de quase tudo, gente que fala de esporte, economia, política, análise de conjuntura internacional, questões agrárias, mas quando se chega a temática da religiosidade cristã, é uma tristeza. Mas tem exceções, como o Carlos Ramalhete, do Correio do Povo, em Curitiba e o Blog Ancoradouro, do Jornal “O Povo”, de Fortaleza. Eu li sua resposta ao leitor, mas a ela mostra que infelizmente, tem aqueles que querem propagar um formato herético de cristianismo “light” que adapte ao mundo moderno ou como você mesmo diz “no século XXI”. Mas é preciso que se aprenda que o verdadeiro cristianismo é o da contradição desse mundo, da perseguição, de muitas vezes serem assassinados, ser ultrajado em nome da palavra. O sermão da Montanha ou do monte mesmo disse isso em Mateus 5,11.Sim, Aluysio, Jesus é o mesmo ontem, hoje e sempre. Ela é atemporal, não muda, queiram ou não. Quanto a vitória nos tribunais, é só assim, que eles sabem ganhar, no tapetão, sem debate com a sociedade (onde a maioria não quer), ou seja, não foi democrático. Dá mesma forma, a questão do aborto de anencéfalos, das células tronco embrionárias, da liberação das marchas da maconha, etc.
    Podem até me chamar de conservador, retrógrado, da idade das trevas, mas o artigo 5º da CF garante a liberdade de crença, de culto e de expressão, o que quer dizer que o Estado não tem uma religião oficial, mas tem um povo religioso.

    Que Deus abençoe você e sua família.

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