Folha não é “casa de louças”
“O Darcy Ribeiro sempre dizia que o homem é o único ser vivo que cora. E você percebe que Garotinho não cora. Ele fica sempre com a mesma cara macilenta. Ele não se altera, porque ele é frio nesses objetivos, e é por isso que ele mente, tem tão pouco amor pela verdade”. Foi o que afirmou em entrevista exclusiva à Folha, publicada em 3 de dezembro de 2000, o saudoso ex-governador Leonel Brizola.
Sem abandonar sua obsessão patológica pela mentira, tão bem definida há quase 13 anos por quem tão bem o conheceu, o deputado federal Anthony Matheus, o Garotinho (PR), que também é (ou se diz) evangélico, continua insistindo em quebrar o mandamento bíblico que veda o falso testemunho (Êxodo, 20:16). No descumprimento da lei de Deus, e dos homens, uma de suas vítimas mais recentes foi o diretor da Folha e blogueiro Christiano Abreu Barbosa, que passou a ser levianamente caluniado como falsificador de documento público, desde que denunciou na sexta retrasada, dia 22, a cobrança do IPTU de Campos com dois valores para um mesmo imóvel.
Numa sequência de notas em seu próprio blog, iniciada desde o dia 25, Anthony Matheus, o Garotinho, não só se negou a se retratar e dizer a verdade, como aumentou a leviandade das suas agressões, chegando a ilustrar uma das postagens para caluniar Christiano, com uma foto deste com a esposa, que nada tem com a história, num desrespeito à família alheia que talvez só possa ser concebido por quem é mal quisto na sua própria. Ou, depois do que fez (e continua a fazer, sempre por debaixo dos panos), com o próprio irmão, o ex-vereador Nelson Nahim (PPL), alguém acha que Anthony hoje se elegeria a qualquer coisa entre os Matheus, pelo menos aqueles que prezam mais seu nome de família do que o apelido criado pelo radialista José Carlos Araújo?
O fato é que, considerada “falsa” por Anthony Matheus, o Garotinho, a guia do IPTU retirada através de um link no Portal da Prefeitura, misteriosamente retirado do ar desde o dia 17, com preço maior do que o registrado no carnê depois recebido pelo mesmo imóvel, foi paga desde o dia 26, na Caixa Econômica Federal. Ou seja, como Christiano e a Folha noticiaram, o dinheiro entrou devidamente nas contas bilionárias do governo Rosinha (PR), exercido de fato, mas não de direito, pelo marido.
Deveria servir de ponto final a qualquer um que pautasse sua discussão pela lógica. Todavia, como este nunca foi o caso de Anthony Matheus, o Garotinho, ele preferiu usar seu blog para ilustrar seu grande conhecimento em fraudar documentos públicos, só para depois creditá-los a Christiano. Ademais, tentando se fazer de vítima, papel a que costumeiramente recorre quando não tem como se contrapor aos fatos — alguém se lembra da sua greve de fome, mal sucedida, quando estourou o escândalo das Greds? —, Anthony Matheus, o Garotinho, usou do seu poder de deputado para representar no dia 27, na Procuradoria da Câmara Federal, contra Christiano e aparentemente contra o blog “Opiniões”, assinado por este articulista.
O motivo? Caluniado como falsificador de documento por quem ensinou mais de uma vez como fazê-lo, classificado como “mentiroso” e comunicador incapaz, tendo exposta a imagem física da sua própria família, vendo ser evocado em vão o nome do seu pai recentemente falecido, que em vida não se livrou de também sofrer ataques da mesma fonte vil, Christiano disse que tais explosões “são características de personalidades borderline”.
Em outras palavras, Christiano é acusado deliberadamente como falsificador de documentos, por ter cumprido a função de utilidade pública sobre um erro de cobrança no IPTU, é por isso vilipendiado em sua honra, e se torna alvo de uma representação proposta por quem teve sua virulência posta em analogia de característica, sem pretensão de diagnóstico, com uma patologia psiquiátrica — que, aliás, tem tratamento.
Christiano não é médico. E nem é preciso sê-lo para saber que qualquer diagnóstico clínico raro se dá pela manifestação de apenas um aparente sintoma. Assim como, de maneira mais genérica, afirmou há 23 séculos o filho de um médico, um tal de Aristóteles: “Um ato não constitui um ser”.
Da medicina e da filosofia à política, por certo, não foi apenas por uma mentira que Brizola afirmou se tratar Anthony Matheus, o Garotinho, de um mentiroso contumaz.
Mas e o blog “Opiniões”, no qual até o momento da representação na Câmara Federal, não havia sido feita nenhuma analogia das mentiras levianas e reiteradas de Anthony Matheus, o Garotinho, com nenhuma patologia psiquiátrica? Por que também ser alvo dos desvarios do representante?
Poderia ser porque o blog tem boa memória e reproduziu parte de uma entrevista com Brizola, onde este disse o que de fato pensava sobre quem criou politicamente, para depois traí-lo. Mas como não se pode processar por uma entrevista que de fato existiu, o “Opiniões” entraria também como pólo passivo da representação apenas por ter feito o link ao blog “Ponto de vista”, do Christiano, no post em que este fez menção ao transtorno de personalidade limítrofe.
Todavia, o mais provável, é que tenha sido um mero erro da representação, onde se misturou alhos com bugalhos, da mesma maneira que deve ter acontecido com a secretaria municipal de Finanças de Campos, ao emitir dois valores de IPTU para um mesmo imóvel, lesando o contribuinte e gerando toda a polêmica.
De qualquer maneira, em outros blogs, como no “Estou procurando o que fazer…”, o jornalista e ex-prefeito Sérgio Mendes (PPS), que também não é psiquiatra, foi muito mais enfático na associação do transtorno borderline ao comportamento pessoal e político de Antonhy Matheus, o Garotinho. Por sua vez, no “Eu penso que…”, o jornalista Ricardo André Vasconcelos, “para mim o melhor da cidade, em seu conjunto de qualidade de texto, equilíbrio, integridade e caráter”, nas palavras do Christiano aqui endossadas, resumiu todo o caso: “falso é o deputado, não o carnê do IPTU”.
Se Sérgio e Ricardo foram poupados da representação na Câmara, não foi porque Christiano escreva melhor, seja mais contundente ou tenha melhores argumentos, mas apenas por ser diretor da Folha da Manhã — alvo em que mira Anthony Matheus, o Garotinho, na tentativa torpe de denegrir um grupo de comunicação que não pode controlar. Ademais, empresário competente e respeitado, pode ser que sobre Christiano seja alimentado um certo recalque por quem, nas palavras daquele, é também um frustrado por ver “suas reiteradas investidas em meios de comunicação sempre gerarem empresas deficitárias”.
Quaisquer que sejam os motivos, o fato é que desde o dia 27, antes mesmo de Anthony Matheus, o Garotinho, anunciar sua representação, Christiano divulgou em seu blog o documento que atesta o primeiro passo dado na ação cível contra quem vai pagar, goste ou não, por suas deslavadas mentiras. Na sequência, entrar-se-á também com uma queixa-crime no Supremo Tribunal Federal, foro privilegiado de que goza criminalmente o deputado já condenado como chefe de quadrilha armada.
De tudo, fica uma ressalva, que se espera não ser confundida com as bravatas de outros: enquanto forem vivos Diva, Christiano, este articulista e, sobretudo, o legado jornalístico de Aluysio Cardoso Barbosa, só um insano de verdade poderá crer que a Folha algum dia se deixará intimidar ou pautar pelos delírios de quem quer que seja.
Afinal, se nas palavras de Brizola, ecoadas há 13 anos como alerta, Anthony Matheus, o Garotinho, foi comparado a um “macaco”, quer se creia ou não na evolução humana, ou pelo menos na de certos homens, cumpre saber que este jornal não é uma “casa de louças”.
Publicado hoje, na edição impressa da Folha da Manhã.
Espero que vcs não esmoreçam nessa batalha! Quantos foram os campistas defenestrados por esse ditador disfarçado desde a sua incursão pela política municipal? Seu primeiro vice, lembram-se? A partir daí, todos os que ousaram ir de encontro às suas idéias ou determinações foram achincalhados! Sinto uma esperança, de alguma forma, com essa luta que iniciam, de que essa cidade pode mudar e se ver livre desse doente ditador. Vcs se lembram quando o Brizola pediu desculpas por ter ” criado” essa figura? Pena que só se pede desculpas depois que fazemos o errado, ou não, né? Há em mim também a esperança de que, com a diminuição dos royaties no município, os inhos partam para outra freguesia mais rentável como gostam e um campista, que ame essa terra verdadeiramente, tenha a coragem suficiente de tentar colocar a ex “intrépida e formosa” cidade, num lugar decente, que não nos envergonhe como agora! Acredito q a justiça será feita e que comemoraremos brevemente, afinal, “não há mal que nunca acabe”.
Ótimo artigo, como sempre.Parbéns
“Os cães ladram e a caravana passa”