Não é da atual legislatura goitacá que eu e Alexandre Bastos debatemos sobre os limites entre a tragédia e a comédia, bem como entre a vida e a arte, nas sessões da Câmara Municipal de Campos dos Goytacazes. De fato, devo admitir que o colega mais jovem, embora mais experiente no teatro e nas coxias do Legislativo local, me revelou uma nova faceta sobre os papéis que os nobres edis, sejam governistas ou de oposição, desempenham ao longo dos anos, dos processos eleitorais e das eventuais trocas entre protagonistas e coadjuvantes.
Se Bastos é um dos camaradas em armas que mais admiro nessa estiva das letras que é o jornalismo, foi da lida mais refinada da poesia que outro colega, o Adriano Moura, também professor, dramaturgo e romancista, deu uma visão distinta, mas igualmente válida, sobre o papel canastrão que os vereadores governistas e seu coro de “focas amestradas” se prestaram a encenar na conturbada sessão da última terça, dia 24, na qual foi aprovada a gratificação de 10% proposta pela prefeita Rosinha Matheus (PR) ao magistério municipal, percentual sensivelmente inferior ao pleiteado pela categoria.
Para quem quiser saber o que foi a sessão sob o ponto de vista do jornalista, basta conferir seu relato aqui, no Blog do Bastos. Já pela visão do poeta, dramaturgo e fã do Bob Esponja, vale muito a pena conferir seu testemunho, postado aqui na democracia irrefreável das redes sociais, que este blog pede licença para reproduzir abaixo…
Foca de político
Ontem, na Câmara de Vereadores, depois de aprovados os ridículos 10% de gratificação, uma Foca chamou os professores de vagabundos. Foca de político é aquela pessoa que fica sentada assistindo à sessão, e bate palma para tudo que seu adestrador preferido fala. Pensei em dizer que vagabundo é quem se presta a esse papel. Mas só pensei, não disse, porque não discuto com focas. Ao sair da sessão e ver a cidade mais uma vez alagada por conta da chuva, foi reforçada em mim a sensação de parque aquático ou de habitar a “Fenda do biquíni”, aquele mundo fictício do Bob Esponja. Quer conhecer uma foca? Vá a comícios, inaugurações, plenárias; pois elas estão sempre lá, com bandeirinhas, adesivos, camisetas,sempre batendo palmas para qualquer migalha que lhes for lançada, se não perdem a “boquinha”. Queria saber quanto ganham. Certamente, deve ser mais que os dez por cento que os vereadores aprovaram para os professores, que se retiraram da sessão, justamente irritados com o teatro a que assistiram. Aos vereadores campistas, entregaria o Oscar de melhor interpretação na categoria “Comédia dramática” pelo filme: “A incrível batalha da Educação contra O Imperador da Fenda do Biquíni”.
Tragicômico.E pensar que eu já tinha visto tudo.
Esse ponto de vista caiu como uma luva sobre todos os setores de Campos dos Goytacazes, que ganha quinze milhões a mais que Macaé.Só faltou falar de alguns palhaços do picadeiro.
É por esta e outras que eu tenho nojo de bajuladores. Realmente lembram as “focas” e se assemelham as macacas-chitas, dos circos. Estes pobres animais adestrados, quando terminam suas apresentações, pedem ‘palmas’ da platéia.
Mas, quando vemos ‘pessoas’ que deveriam ser “racionais” batendo palmas feito idiotas, é duro de aguentar, não importa que seja “ao vivo” nas macaquices dos vereadores, seja nos “blogs”, são medíocres do mesmo jeito.