Salvo uma surpresa, Hulk não deve jogar hoje, contra o México, a partir das 16h, na Arena Castelão, em Fortaleza (CE), pela liderança do Grupo A. Salvo outra surpresa, seu substituto não será Ramires. Apesar de ter feito uma ressonância magnética na manhã de ontem, já com a Seleção em Fortaleza, sem detectar nenhuma lesão, o atacante titular ainda sente o incômodo na parte posterior da coxa esquerda, que no último domingo (15/06) o tirou do coletivo na Granja Comary, em Teresópolis (relembre aqui). Por seu temperamento, se Felipão perguntá-lo, Hulk provavelmente escolherá jogar, mas escalá-lo seria correr o risco de perder um jogador fundamental no esquema tático do treinador. E priorizar uma partida de primeira fase que poderá causar desfalque para os jogos eliminatórios a partir das oitavas de final, não faz parte da cartilha pragmática de Felipão.
Mas por que Ramires, que é volante de origem, e não os meia ofensivos Willian, que se cogitava para o lugar de Oscar, ou Bernard, que entrou bem no lugar de Hulk, na vitória brasileira de 3 a 1 sobre a Croácia? Além da força física, da velocidade e do chute perigoso, a maior virtude de Hulk é reunir todas essas características ofensivas sem deixar de cumprir eficazmente seu papel na marcação, dando combate desde o campo adversário a subida do lateral-esquerdo. Por isso, o escolhido deve ser mesmo Ramires, que além de volante, atua também no seu clube, o inglês Chelsea, como meia direita. Foi nesta posição que Felipão lhe entregou o colete de titular dos dois últimos treinos da Seleção.
Se o gaúcho sempre foi um treinador preocupado com a marcação, o poder de pegada dos seus times, as precauções talvez não sejam desnecessárias contra uma seleção que, nos últimos anos, tem se tornado uma pedra na chuteira brasileira, tão chata quanto uma banda de mariachis. Contabilizados só os jogos oficiais neste século 21, foram 10 confrontos, com quatro vitórias para cada lado e dois empates. Isso sem contar a final das Olimpíadas de Londres em 2012, em Wembley, quando o México derrotou o Brasil por 2 a 1, com dois gols do atacante Peralta, que estará em campo hoje. Por sua vez, aquela Seleção Brasileira, ainda treinada por Mano Menezes, já tinha Neymar, Thiago Silva, Marcelo e Hulk, que marcou o gol de honra brasileiro, mas dificilmente irá a jogo hoje.
Nosso último carrasco olímpico, Peralta também marcou o gol da vitória de 1 a 0 contra Camarões, na boa estreia do México na Copa. Único porque o juiz colombiano Wilmar Róldan anulou os outros dois gols absolutamente legais marcados pelo grande nome da partida, o meia atacante Giovanni dos Santos, filho do ex-jogador brasileiro Zizinho (apenas homônimo do grande craque do Flamengo, Bangu e São Paulo, além de craque da Seleção Brasileira de 1950), o que reforçou as suspeitas das arbitragens estarem favorecendo o Brasil, já que a disputa pelas duas vagas às oitavas, em caso de empate no número de pontos, será definido pelo saldo de gols. Por esse motivo, os olhos mexicanos e de toda a mídia mundial estarão bem atentos a qualquer eventual equívoco do árbitro turco Çüneyt Çakir.
Se o Brasil quiser vencer, necessário também estar atento, não só aos homens da frete, como também a quem inicia quase todas as jogadas do time, na passagem da defesa ao ataque: o veterano zagueiro Rafa Máquez, cuja habilidade e visão de jogo já o fizeram jogar como meia. Hoje, atua como líbero do México, ficando na sobra na hora do combate e armando o jogo desde o seu campo de defesa. Além disso, não faria nenhum mal se nossos laterais Daniel Alves e Marcelo se incomodasse com as cobranças de Maradona (aqui), Paulinho reencontrasse seu melhor futebol, Oscar mantivesse o mesmo nível da bela atuação contra a Croácia, Neymar elevasse o seu um pouco mais e Fred finalmente entrasse em campo nesta Copa para fazer algo além de se jogar para cavar pênaltis.
De qualquer maneira, se o retrospecto recente contra o México projeta um confronto sem favoritos, relevante por outro lado constatar que a Seleção Brasileira venceu todas as três partidas em que os dois se cruzaram em Copa do Mundo — a primeira, por 4 a 0, também dentro de casa, foi em 1950.