Cara a cara e à vera, porque votar em Aécio Neves

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Escritora Rosiska Darcy de Oliveira
Escritora Rosiska Darcy de Oliveira

Cara a cara

Por Rosiska Darcy de Oliveira

 

Foi cara a cara, longe do país das maravilhas com que o PT bombardeou o Brasil na propaganda eleitoral, que Aécio Neves enfrentou Dilma Rousseff. É possível que esses poucos minutos do último debate na Globo tenham mudado a história do Brasil. A inesperada votação de Aécio não é alheia à maneira como ele quebrou o gesso dos marqueteiros e, descontraído, desestabilizou Dilma, que sobraçava um calhamaço de colas e procurava respostas nos manuais de João Santana.

Foi também no cara a cara que Luciana Genro pôde explicar a Levy Fidelix que a homofobia deveria ser crime pois, se já fosse, ele sairia dali algemado. O contraste entre a intensidade do debate e a propaganda pré-fabricada mostrou o quanto, sendo enganosa, ela distorce a democracia. Moral da história, quanto menos marqueteiro mais verdade, quanto mais verdade mais democracia. O debate cara a cara decidirá a eleição.

Marina não estará lá. Apesar de derrotada, é uma presença incontornável. Se não conseguiu, literalmente do dia para a noite, improvisar uma candidatura à Presidência, se teve que gastar seus parcos minutos na televisão apenas para se defender de ataques, nem por isso deixou de ter plantado suas sementes. Dilma não contará com o seu apoio. Está colhendo os frutos do veneno que sua campanha destilou.

Se Marina apoiar Aécio, levará consigo um pacote de compromissos que, metabolizados, trarão frescor e audácia à sua plataforma, a exemplo da escola de tempo integral e da diversificação das fontes energéticas. O voto de 22 milhões de brasileiros já inscreveu o ideário da sustentabilidade na agenda do país.

Aécio e Dilma estão, agora, cara a cara. A candidata do PT não poderá continuar a se referir a vagos malfeitos quando questionada sobre crimes como o assalto à Petrobras. Os depoimentos de Paulo Roberto Costa e do doleiro Youssef puxam o fio de uma meada que enreda e vai estrangular o projeto do PT de se eternizar no poder. A corrupção desvelou a face perversa de um partido que, infiltrado no Estado até a medula, confundiu-se com ele e instaurou a comunhão de bens. A candidatura petista continuará a ser assombrada pelo que sussurram os delatores, diretores de empresas e doleiros, nos gabinetes do Ministério Público.

Um partido que se quis exemplar jogou na roleta da corrupção seu capital ético, do qual nada sobrou. Vive dos dividendos de suas políticas sociais de transferência de renda, um capital político investido, muito justamente, nos mais pobres, que ainda são tantos e precisam do governo para progredir.

Há um contraste no país entre os polos mais avançados e escolarizados e aqueles mais dependentes de políticas assistenciais. Esses, concentrados nas regiões Norte e Nordeste, ou espalhados pelo país em bolsões de pobreza, graças às políticas que lhes trouxeram alento, deram um respeitável lastro de votos a Dilma. Os outros, com maior autonomia, exigem mais serviços e de melhor qualidade. São os 60% que votaram pela mudança. O mapa eleitoral conta a história desses Brasis diversos que, ambos, movem-se, felizmente, numa trajetória constante de melhoria que vem de duas décadas e que só tende a se acelerar.

É cara a cara que o PT deverá ouvir que mente quando só fala dos seus sucessos, não aceita críticas e desqualifica os adversários. A mentira está inscrita no autoritarismo dos que falam em nome do povo, arvoram-se em seus defensores enquanto se autoabsolvem de crimes comuns como o desvio de dinheiro público. A mentira foi, desde que o PT assumiu o poder, um instrumento de governo.

O PT mente quando quer controlar a mídia porque a teme — e a teme porque ela diz que ele mente — mas diz que o faz porque ela é “parcial” ou “vendida”. Parcial é o jornalista que discorda do seu modo de governar ou investiga suas transações.

Quer controlar a sociedade, porque a teme — e a teme porque ela aprendeu, por si mesma, a cobrar direitos — mas diz que quer “incentivá-la” a participar em conselhos que seu governo nomearia. Sabe o que é bom para a sociedade e quem deve representá-la. Não admite que a sociedade é múltipla, dinâmica e, exatamente porque mais informada, rebelde aos controles e censuras. Já é participativa, não precisa de “incentivos”, como mostraram as manifestações de rua e como mostra, nas esquinas virtuais, o efervescente interesse pelas eleições.

Escolher entre Dilma e Aécio não é uma escolha entre pessoas. É uma escolha da sociedade em que queremos viver. Ao autoritarismo retrógrado do PT, prefiro os desafios e o ar fresco de uma sociedade aberta.

 

Publicado aqui, na globo.com

 

 

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Este post tem 9 comentários

  1. Paulo Henrique

    Foi cara a cara também que Luciana Genro deixou Aécio Neves sem resposta, discriminando cada momento da (trecho excluído pela moderação), falou sobre o aeroporto na fazenda do titio e etc.

  2. Leo

    Porque aécio sendo governador de Minas Gerais 2 vezes perdeu para Dilma no primeiro turno lá em Minas Gerais? Será que ele é um bom governante?

    Se Campos tem o petróleo, é de minas que sai o minério para o país e para o mundo…porque aécio não venceu Dilma em Minas Gerais no primeiro turno? Seria ele um bom governante?

    Porque um músico que vive na comunidade carente de Minas Gerais se recusou a dar a mão à aécio em sua passeata no primeiro turno? Seria ele um bom governante?

    E quando ele se transformou ao ouvir Luciana Genro falar para que ele não apontasse o dedo para ela no debate da globo? Era qual aécio que estava ali…o candidato ou o verdadeiro?

  3. Lenieverson

    Leo e Paulo Henrique,vcs militantes petistas não tem jeito. Disparam a mentira.

  4. laila

    Perfeito! Voto em Aécio que deve derrubar o decreto-lei bolivariano 8.243/14! Voto em Aécio que não vai controlar a imprensa! Voto na democracia e na liberdade individual! Voto para que a Constituição Brasileira seja mantida e cumprida! Chega de “nós” e “eles”! O Brasil é uno e assim deve permanecer!

  5. Edi Cardoso

    bom. por enquanto, sem o poder total nas mãos, AÉCIO É UM SANTO.

    Veremos…
    (Trecho excluído pela moderação)

  6. Herval Guimarães

    Funcionário dos Correios faz panfletagem para Dilma Rousseff
    http://www.youtube.com/watch?v=eJ_X2SnBC1Q
    JORNAL NACIONAL: PT USA CORREIOS EM FAVOR DE DILMA E PIMENTEL!
    http://www.youtube.com/watch?v=W015iT0xdZw
    “Cartas podem ser atrasadas, panfletagem da Dilma, não”, afirma carteiro
    https://www.youtube.com/watch?v=ISLazFEuaNY
    CORREIOS E DILMA: PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO
    https://www.youtube.com/watch?v=6nxI83z9OYk

    http://epocanegocios.globo.com/Informacao/Dilemas/noticia/2014/09/correios-entregam-panfletos-de-dilma-em-sao-paulo.html

    50 mil carteiros repudiam aparelhamento dos Correios pelo PT.
    http://coturnonoturno.blogspot.com.br/2014/10/500-mil-carteiros-repudiam.html

    NOTA PÚBLICA

    A Associação dos Profissionais dos Correios – ADCAP, entidade sem fins lucrativos fundada em 20/12/1986, sem vinculação a qualquer partido político, em virtude das últimas notícias divulgadas acerca do aparelhamento político da ECT, vem a público manifestar o que se segue:

    a) Nos últimos anos o aparelhamento político da ECT se acentuou com as mudanças introduzidas no Manual de Pessoal em 2011, que permitiram o acesso às funções técnicas e gerenciais por empregados e pessoas estranhas aos quadros de pessoal da Empresa sem a observância dos imperativos de competência técnica e capacidade gerencial;

    b) Em decorrência dessas alterações, 18 (dezoito) dos 27 (vinte e sete) Diretores Regionais da ECT são filiados ao Partido dos Trabalhadores;

    c) Além disso, muitas outras funções são ocupadas por critérios políticos nas Diretorias Regionais e na Administração Central da Empresa;

    d) Como exemplos desse aparelhamento, registre-se que enquanto mais de 50.000 mil Carteiros labutam diariamente em condições muitas vezes desfavoráveis por uma remuneração mensal de cerca de R$ 1.500 (hum mil e quinhentos reais), outros Carteiros ligados à burocracia sindical e partidária ocupam elevadas funções em Brasília e nos diversos estados, alguns deles com remunerações superiores a R$ 20.000 (vinte mil reais);

    e) O citado aparelhamento afeta também o Fundo de Pensão dos empregados dos Correios, o Postalis, frequentemente citado em notícias veiculadas pela imprensa contendo suspeitas de investimentos duvidosos e de operações fraudulentas;

    f) O Postalis já acumula um déficit atuarial superior a R$ 2,2 bilhões em 2013/214, levando em breve a uma drástica redução dos salários e benefícios dos empregados e aposentados dos Correios e atingindo cerca de 500 mil pessoal, o que levou a ADCAP a solicitar à PREVIC, junto com outras entidades representativas de empregados, a intervenção no Postalis;

    Diante do exposto, a ADCAP comunica que está avaliando as medidas judiciais cabíveis e que oportunamente se manifestará novamente sobre o assunto.

    Atenciosamente,

    Diretoria Executiva da ADCAP Nacional.

  7. Izaias

    Publiquem o meu comentário! Mêdo de que !

  8. Izaias

    (Trecho excluído pela moderação) so sabem malhar o PT !

  9. Izaias

    (Trecho excluído pela moderação). Vocês querem é mesmo que os pobres (trecho excluído pela moderação) voltem a explorá-los novamente ! Porque o povo com fome e sem estudo ficam (trecho excluído pela moderação)

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