Por Ricardo Mendonça
Quase dois terços dos brasileiros (63%) afirmam que, considerando tudo o que se sabe até agora a respeito da Operação Lava Jato, deveria ser aberto um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
O desconhecimento a respeito do que aconteceria depois disso, porém, é grande.
No grupo dos que defendem a abertura de um processo que, no fim, poderia resultar na cassação da petista, só 37% sabem que o cargo de presidente ficaria com o vice. Quando instados a mencionar o nome do vice, metade desse subgrupo erra.
Conclusão: só 12% dos eleitores brasileiros são a favor de um processo de impeachment contra Dilma, estão conscientes de que o vice assumiria o cargo e sabem que o vice é Michel Temer (PMDB).
As conclusões são de pesquisa Datafolha finalizada na sexta-feira (10), dois dias antes das manifestações programadas contra a presidente para este domingo. O instituto ouviu 2.834 pessoas. A margem de erro é de dois pontos.
Dilma não é investigada pela Operação Lava Jato, que descobriu a existência de um vasto esquema de corrupção na Petrobras, mas o Ministério Público Federal afirma que parte da propina paga pelas empresas que participaram do esquema foi repassada na forma de doações ao PT.
Embora o maior grupo da população apoie a abertura do processo de impeachment –posição que nenhum partido relevante defende explicitamente até agora–, a maioria (64%) não acredita no afastamento de Dilma. Menos de um terço (29%) acham que a presidente seria afastada.
O apoio aos protestos contra a presidente é alto (75%), assim como a taxa de eleitores que associam Dilma ao escândalo de corrupção na Petrobras, objeto da investigação da Operação Lava Jato.
Para 57%, Dilma sabia da corrupção na estatal e deixou acontecer. Outros 26% opinam que ela sabia, mas nada poderia fazer para impedir.
A pesquisa mostra também que a Lava Jato pode estar alterando a percepção dos brasileiros a respeito dos problemas do país. Pela primeira vez, o tema corrupção aparece empatado com saúde na liderança do ranking de maiores preocupações. Para 23%, o maior problema é a saúde. Para 22%, corrupção.
O instituto apurou um empate também — este no limite da margem de erro — ao simular uma nova eleição presidencial. Se Dilma fosse cassada e novas eleições fossem convocadas hoje, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) alcançaria 33% das intenções de voto contra 29% do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Repercussão
Em visita à Cidade do Panamá, onde está sendo realizada a Cúpula das Américas, Dilma foi indagada, na noite deste sábado (11), sobre os resultados da pesquisa Datafolha.
“Querida, eu não vou falar [sobre o tema]. Posso falar amanhã, depois de amanhã, quando chegarmos lá [no Brasil], sem problema nenhum. Mas, aqui, vou falar do que estou fazendo aqui”, disse a presidente.
Publicado aqui, na folhadesaopaulo.com
O editorial da Gazeta do Povo está quase bom. Ainda falta a coragem de dar nome aos bois, de falar em comunismo e Foro de SP. Mas principalmente ainda falta a coragem de fazer a limpa na redação cheia de petistas.
O Brasil de volta às ruas
Dilma e sua equipe não entenderam o recado de 15 de março, ou o entenderam muito bem e o desprezaram?
12/04/2015 00h01 Gazeta do Povo
Texto publicado na edição impressa de 12 de abril de 2015
A população deve voltar às ruas neste domingo, em nova manifestação contra a presidente Dilma Rousseff e as políticas petistas. O protesto anterior, de 15 de março, superou as expectativas até mesmo dos organizadores mais otimistas, com números avassaladores, como o de 1 milhão de manifestantes em São Paulo e os 80 mil de Curitiba. Isso transforma em mero chute qualquer previsão a respeito da dimensão da mobilização deste domingo. Os responsáveis prometem, nas mídias sociais, que “vai ser maior”; o petismo e seus aliados torcem por uma presença menor e, se isso realmente acontecer, não surpreenderia que viessem a público cantar vitória, ignorando que jamais conseguiram colocar na rua um contingente semelhante – basta observar as duas passeatas pró-governo organizadas em 13 de março e 7 de abril.
Independentemente dos números, no entanto, as atitudes do governo após o 15 de março mostraram que o Planalto não deu importância a nada daquilo que levou milhões às ruas. Desde a reação inicial, com entrevista dos ministros José Eduardo Cardozo e Miguel Rossetto, a estratégia foi a do avestruz. Tentou-se passar a versão de que a indignação da população se voltava genericamente contra “a corrupção”. De fato, os escândalos foram uma espécie de gota d’água, especialmente quando se considera que petistas graúdos colocaram a corrupção a serviço do partido, como vem ocorrendo desde o mensalão; mas resumir o clamor popular à revolta contra a corrupção, ainda que apenas a “corrupção do PT”, é deixar de fora outros elementos importantes.
Resumir o clamor popular à revolta contra a corrupção, ainda que apenas a “corrupção do PT”, é deixar de fora outros elementos importantes
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Fora de sintonia (editorial de 15 de março de 2015)
O que o povo realmente quer (editorial de 19 de março de 2015)
As promessas de diálogo feitas logo após o dia 15 não se concretizaram, o que não surpreende. Em junho de 2013, Dilma só chamou para conversar os grupos que já lhe eram simpáticos, e não haveria por que ser diferente agora. A presidente direcionou seus afagos ao MST, o “exército de Stédile”, prestigiando um evento da organização poucos dias depois de os sem-terra terem organizado uma série de invasões e bloqueios, com destruição de pesquisas. A cumplicidade com entidades que desrespeitam direitos básicos foi um componente importante da pauta das manifestações do dia 15 de março, que o Planalto também fez questão de ignorar.
As passeatas ainda criticaram o alinhamento brasileiro ao que há de pior na América Latina em termos de desrespeito aos valores democráticos. Dilma também não mudou sua postura nesse aspecto. Vieram as denúncias de que o Mais Médicos, na verdade, era uma operação com o objetivo primário de fornecer dinheiro à ditadura cubana, com seus profissionais sujeitos a medidas restritivas que forçam a permanência deles ou de suas famílias em Cuba. O governo preferiu calar sobre as denúncias.
Na Venezuela, a ditadura de Nicolás Maduro prende opositores arbitrariamente, sob o silêncio do Planalto e do Itamaraty. A presidente Dilma disse a representantes da Frente Nacional de Prefeitos, na quarta-feira passada (às vésperas da Cúpula das Américas, portanto), que recebeu um telefonema de Maduro sobre as rusgas entre Venezuela e Estados Unidos, e que integrava a “turma do deixa disso”. Uma nota oficial do governo ainda informou que Dilma pretendia “fortalecer o diálogo entre o governo e as oposições venezuelanas nos marcos do Estado Democrático de Direito daquele país”, como se ainda houvesse democracia na Venezuela, e como se Maduro realmente estivesse disposto a dialogar. Em entrevista à CNN antes da Cúpula das Américas, Dilma até deixou escapar um “que os presos sejam soltos”, mas, quando indagada sobre os casos de Leopoldo López e Antonio Ledezma, voltou ao padrão e disse que devia “respeitar a autodeterminação” venezuelana. Ser do “deixa disso” quando opositores são encarcerados só por serem opositores é se tornar cúmplice das arbitrariedades.
Apesar disso tudo, o governo segue julgando que seu comportamento é acertado, como mostrou um documento da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, vazado para a imprensa. O tom do texto, escrito já depois da passeata, era o de que os problemas não estavam na maneira como o PT e Dilma conduzem o país, mas na comunicação destas ações. A imprensa quase ignorou a confissão escancarada do uso de uma rede de blogs alinhados com o petismo para fazer o jogo sujo, atirando com munição proporcionada pelo governo.
Um dos grupos organizadores da manifestação deste domingo adotou o slogan “eles não entenderam nada”, em referência justamente a esse descolamento entre as reivindicações das ruas e a resposta do governo. Mas é de se questionar se realmente Dilma e seus auxiliares não entenderam o recado passado pelos protestos, ou se o entenderam muito bem e o desprezaram por ser diametralmente contrário a seus próprios planos. Em qualquer um dos casos, os brasileiros têm muitas razões para voltar a ocupar as ruas neste domingo.
http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/editoriais/obrasil-de-volta-as-ruas-01t4ih7xdykh69a9nuj5nhtqr
Eu quero a cabeça do líder.O começo.Quero ver quem tem coragem.
A constituição diz , que o poder emana do povo, já passou da hora de Dilma e Rosinha sairem.