Aqui, escrevi ainda entorpecido pelo espetáculo que Leo Messi proporcionara minutos antes, na última quarta (06/05), na vitória do Barcelona sobre o Bayer de Munique pela semifinal da Liga dos Campeões da Europa. No dia seguinte, ontem foi a vez de mestre Fernando Calazans fazer o mesmo, pelo mesmo motivo, em sua crônica esportiva publicada hoje na Folha Da Manhã. Como o futebol de Messi, vale a pena conferir:
Messi e ninguém mais
Por Fernando Calazans
Minha dúvida é se o placar que melhor exprime o grande jogo é Barcelona 3 x 0 Bayern de Munique ou Messi 2 x 0 Bayern de Munique. Fiquemos com o 3 a 0 do Barça, para não anular o gol do nosso Neymar, muito bem feito, e não por acaso em passe de Messi, mais um. Mas foi Messi, o melhor jogador do mundo, que destruiu o Bayern de Pep Guardiola, na primeira partida da semifinal da Liga dos Campeões.
Messi, e ninguém mais. Quanto a essa última afirmação, não tenho dúvida alguma. Era um jogo equilibrado, de marcação implacável inclusive na frente, posse de bola em igualdade, bem jogado, bem disputado e, vejam só que graça, sem chutões pra lá e pra cá.
Apesar de tão interessante, sem gol. Porque Barcelona e Bayern souberam dificultar a vida, um do outro. É bem verdade que o primeiro tempo só terminou sem gol, porque o goleiro do time alemão é Neuer, o Muro de Munique. É goleiro e é líbero, excepcional em qualquer das funções. Apesar do equilíbrio, e da pouca produtividade de Suárez e Neymar, as jogadas mais perigosas eram do Barcelona, que entretanto paravam nas mãos — e nos pés — de Neuer.
Assim prosseguiu pelo segundo tempo adentro, até até que o Bayern se sentiu na obrigação de procurar mais o gol, e o Barcelona começou a explorar o contra-ataque. E prosseguiu até o momento em que Messi se conscientizou da necessidade de decidir a parada, em sua casa e diante de sua torcida em festa, no Camp Nou.
Aos 32 minutos, Daniel Alves brilhou pela direita e deu o passe para Messi, que teve tempo para ajeitar a bola e desferir o chute que nem Neuer conseguiu pegar.
E, não mais do que três minutos depois, Messi enriqueceu sua obra de artilheiro, entre outros atributos. Partiu com a bola na direção do gol, com um drible deixou o Boateng da seleção alemã estatelado na sua área e com uma cavadinha encobriu Neuer, da mesma seleção, numa jogada de genialidade. Teria sido então Messi 2 x 0 Seleção alemã?
Como se tornou público, até aquele ponto Pep Guardiola estava conformado, com esperança de reação no segundo jogo, semana que vem, em Munique. Pois nem isso Messi se dispôs a conceder a seu ex-treinador. Nos acréscimos, com um passe vertical, fez Neymar, seu parceiro, correr livre até a área e tocar fora do alcance de Neuer: 3 a 0.
O futebol, quando quer, sabe ser impiedoso: o maior nome do jogo no primeiro tempo — Neuer — levou três gols no segundo. A Guardiola resta agora não mais do que um tênue fio de esperança. Os dois, e mais o Bayern de Munique, estão pagando o preço de desafiar Messi.
Melhor do mundo
Não entendia bem quando a mídia se referia a Cristiano Ronaldo como “melhor jogador do mundo”. É certo que ele tinha recebido por dois anos seguidos, 2013 e 2014, a Bola de Ouro da Fifa. Não é pouco. Mas acho que quem escrevia ou dizia “o melhor jogador do mundo” devia especificar que era naquele ano, ou naqueles anos, através do prêmio da Fifa. E não dizer simplesmente que ele era (ou é) “o melhor do mundo”.
Por quê? Porque quem sabe alguma coisa de futebol sabe também que o melhor jogador do mundo NÃO é Cristiano Ronaldo.
Cristiano Ronaldo é muito bom, é ótimo, é craque. Mas ser craque, ser ótimo, ser muito bom — tudo isso é pouco perto de Lionel Messi.
Publicado hoje na Folha da Manhã
É verdad, quem sabe ver futebol, sabe que messi é actualmente unico, sabe carinhar a bola, joga muita, faz milagres