Há mais tempo do que gostaria de lembrar, uma mulher me ensinou muitas coisas, entre elas, a poeta portuguesa Florbela Espanca (1894/1930). Neo-romântica e alheia ao modernismo dos seus contemporâneos e conterrâneos Fernando Pessoa (1888/1935) e Mário de Sá-Carneiro (1890/1916), Florbela se notabilizou por versejar em soneto, numa herança do realista Antero de Quental (1842/91) e do épico Luís de Camões (1524/80), pedra fundamental da língua portuguesa. Sua poesia confessional, com seu inaugural eu poético a sangrar todo mês e desejar todo dia, reflexo de uma vida sentimental atribulada e finda pelas próprias mãos, marcou muito o jovem que fui.
Abaixo, na forma de quartetos, a tradução em flor e verso da alma que um dia reconheci semelhante:
Poetas
Ai as almas dos poetas
Não as entende ninguém;
São almas de violetas
Que são poetas também.
Andam perdidas na vida,
Como as estrelas no ar;
Sentem o vento gemer
Ouvem as rosas chorar!
Só quem embala no peito
Dores amargas e secretas
É que em noites de luar
Pode entender os poetas
E eu que arrasto amarguras
Que nunca arrastou ninguém
Tenho alma pra sentir
A dos poetas também!
__Maravilha, Aluysio! A ponto de me conter e não enviar o meu verso, modesto demais.
Entrou nos “rituais de domingo”, buscar o mistério do texto, da poesia, obrigado!
Caro Savio,
Obrigado a vc, por mais essa troca!
Abç e ótima semana!
Aluysio
P.S. Por favor, não se contenha mais para enviar versos.
Eu adoro Poesia, disso, os que eventualmente me lêem sabem. Sempre digo, que sem Poesia, a Vida não seria Vida. Florbela para este simplório ser, para este vivente, é essencial. Eu simplesmente sou dela um fã incontestável, eu amo Florbela, antes mesmo de eu existir enquanto pessoa e digo que meu domingo, este domingo específico do tempo, domingo 8 de novembro, do ano da graça de 2015, foi encantado, Aluysinho com esta Poesia de Florbela, que resgatastes…
Caro Provisano,
Repito aqui o que lhe respondi lá, na democracia irrefreável das redes sociais: “É Florbela Espanca que nos resgata a todos, amigo. Abç fraterno!”
Ótima semana de novembro, do ano da Graça de 2015!
Aluysio
A flor que espanca belamente.
Caro Nino,
Flor que espanca com a própria alma.
Abç e grato pela participação!
Aluysio
Meu carro Aluysio, são teus o mérito e a coragem de ilustrar com Poesia o caderno de cultura deste vespertino, sempre aos domingos, enquanto outros, na luta sangrenta pelo mercado, fazem coro com os que proclamam o velório da Poesia.
Pobres de alma, nada sabem de Florbela, de sua dor exposta, resignadamente, e menos ainda que o Mundo nasceu de um verso de Deus.
Bela semana pra nós!!
Fernando
Caro Fernando,
Nossa civilização nasceu da poesia, com Homero véio de guerra, e mais que provavelmente terá seu próprio velório sem a chance de chorar quem lhe pariu. Neste sentido, mercado às favas, não saber de Florbela e sua dor é desconhecer a nós mesmos, no melhor que podemos ser.
Abç fraterno e ótima semana!
Aluysio
P.S. Fiat lux!
corrigindo … caro…