Sem tempo para escrever algo novo, mas devedor dominical deste “Poema do domingo”, busco versos e sua prosa de apresentação numa postagem anterior do blog, de agosto de 2011, tempo de outro batismo. Antes tarde do que nunca, confira aqui e na transcrição abaixo:
Tornado poeta a partir de um conhecimento profundo de poesia, o carioca Antônio Carlos Secchin (12/06/1952) é doutor em Letras pela UFRJ, onde leciona Literatura Brasileira. Ocupa também a cadeira 19 da Academia Brasileira de Letras. Travei contato com ele a partir de um toque do professor de História e amigo Gustavo Soffiati, que identificou semelhanças de fraseado entre os versos dele e os meus, em analogia superestimada da minha lavra.
Considerado por João Cabral de Melo Neto (1920/99) como seu melhor crítico, Secchin exibe em sua própria poética a face bem delineada do ávido leitor. E foi nesta condição que devorei seu “Todos os Ventos” (Nova Fronteira, 2002), livro com o qual gentilmente me presenteou, chegando depois a lhe confessar que “silêncio de âncora” é um dos versos mais belos que conheço escritos em língua portuguesa, ou em outra qualquer.
Abaixo, para semear um “intervalo do azul” neste domingo, segue o poema completo:
Palavra
Palavra,
nave da navalha,
invente em mim
o avesso do neutro.
Preparo para o dia
a fala, curva do finito
num silêncio de âncora.
Atalho onde me calo
e colho, como a um galo,
o intervalo do azul.
Sempre me surpreendo. Não conhecia esse Poeta, e me encantei Aluysinho… “o avesso do neutro”… Tomar partido, não ser morno, encarar a vida, encarar os fatos, comprometer-se. Sim compromisso, compromisso que assumiste em nos brindar sempre com essas pérolas dominicais. Poesia colore nossas, às vezes, cinzentas e opacas existências. Com a Poesia podemos nos sentir vivos, o coração pulsa mais forte, o sangue circula mais quente e aí vivemos. Antônio Carlos Secchin, vou guardar esse nome, pois vale cada palavra, cada verso, cada imagem e metáfora. Valeu meu amigo!