Confuso entre oprimido e opressor, Garotinho atribui a Aluysio texto de Bastos

Não sem algum constrangimento, confesso: não ouço a rádio de propriedade do ex-governador, ex-prefeito, ex-deputado, ex-candidato à presidência da República e atual secretário de Governo de Campos, Anthony Garotinho (PR). Mas um amigo, militante na cultura e educação da cidade, me ligou há pouco para dizer que fui honrado pela menção do meu nome por Garotinho, em seu programa de rádio aos sábados. Todavia, parece que o secretário o fez para me atribuir o texto do “Ponto final” da última quinta-feira, dia 12.

Agradeço a Garotinho pela leitura da coluna de opinião da Folha, mas sou forçado a uma pequena retificação: embora tivesse orgulho se fosse, o texto não é meu, mas do jornalista Alexandre Bastos. Não por outro motivo, ele o reproduziu aqui, no seu blog, em assinatura velada. Para quem ainda não leu ou queira reler, no eco do marido e secretário da prefeita Rosinha Garotinho (PR) em suas confusões entre oprimido e opressor, segue abaixo a análise do papel estrelado por este na ocupação do Teatro de Bolso Procópio Ferreira (aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, e aqui) pelos artistas de Campos:

 

Ponto final

 

Papéis invertidos (I)

Mais de 30 anos após ocupar o Teatro de Bolso como vice-presidente da Associação Regional de Teatro Amador (Arta), o secretário de Governo Anthony Garotinho (PR) viu os papéis se inverterem. Se na década de 80 ele estava ao lado dos oprimidos, dessa vez ele é apontado como o opressor. Ciente da repercussão da ocupação por parte dos artistas locais, com apoio de nomes nacionais como o ator Tonico Pereira (aqui), Garotinho chamou para si a responsabilidade e foi ao espaço dialogar (aqui e aqui) em nome da prefeita Rosinha.

 

Papéis invertidos (II)

Como a Folha Dois informa em sua capa desta quinta-feira (aqui), o vereador Mauro Silva (PSDB) esteve ontem no Teatro de Bolso e dialogou com o grupo que ocupa o espaço. Líder do governo na Câmara de Campos, Mauro tentou (aqui) levar os artistas ao encontro de Garotinho, mas eles disseram (aqui) que esperavam pelo secretário no Teatro. Horas depois, Mauro chegou (aqui) ao teatro ao lado de Garotinho e do vice-prefeito Chicão Oliveira (PR).

 

Alma desarmada

Alegando estar com a “alma desarmada”, Garotinho contou histórias sobre o seu início no teatro e falou sobre o seu encontro com Rosinha, quando os dois frequentavam grupos teatrais diferentes. Ao ouvir alguém dizer que ele “foi ator”, Garotinho rebateu, com bom humor: “Não fui, ainda sou ator”. Ciente das deficiências da política cultural do município, ele deixou de lado o seu personagem agressivo e entrou em cena como o Garotinho Paz e Amor.

 

Qual será a solução?

Após dizer que acha o “movimento bonito”, Anthony Garotinho afirmou que o seu objetivo não era estimular o fim da ocupação, mas a busca por uma solução. Ele prometeu manter o diálogo e solicitou uma pauta de ação, com a possibilidade do grupo assumir a administração do teatro em uma gestão compartilhada. Hoje, às 22h, haverá mais uma reunião no teatro para avaliar a pauta de reivindicações.

 

Dividir para reinar

Mesmo com o seu personagem mais tranquilo, Garotinho não abandonou os seus instintos primitivos. Ao detectar artistas com personalidades fortes, ele passou a tentar dividir o grupo. “Tem gente que quer solucionar, outros pretendem apenas confrontar”. É a velha tática: dividir para reinar.

 

Patrícia na mira

A presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL), Patrícia Cordeiro, foi alvo de diversas críticas dos artistas que ocupam o Teatro de Bolso. Alegam falta de diálogo, desinteresse por ações culturais e foco apenas no entretenimento e gastança com shows. Muitos artistas chegaram a cobrar a exoneração de Patrícia. Neste momento, Garotinho afirmou que não gostaria de “falar sobre pessoas” e deixou essa pauta para a noite de hoje.

 

“Você é o nosso exemplo”

Um dos atores disse que o jovem Garotinho de 1982, que lutou contra os poderosos e liderou a ocupação do Teatro de Bolso, serve como um exemplo para os artistas locais que cobram mais dignidade. No mesmo palco em que encenou e dirigiu muitas peças, o Garotinho de 2016, já grisalho, parecia refletir sobre a grande ironia do destino, como na dramaturgia dos antigos gregos que deu origem ao teatro. Resta saber se como comédia, ou tragédia.

 

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Este post tem 2 comentários

  1. HUGO ALMEIDA

    Releve, Aluysio, releve! São reflexos da idade, os ‘indícios” estão só se acentuando a cada dia, tenhamos paciência e não devemos dar “crédito”, mas, não precisamos ser desrespeitosos, como você foi no seu texto.

  2. HUGO ALMEIDA

    ADENDO.

    O meu texto ficou confuso. “…mas, não precisamos ser desrespeitosos, e de fato, você não foi, no seu texto.

    Assim ficou melhor e evita dupla interpretação, principalmente para aqueles que vivem na defensiva ou já estão, naturalmente, confusos!

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