Da mesma forma que não há pessoa que torça pela ignorância, imagino que não deva ter ninguém que se manifeste a favor do eventual fechamento da Uenf. Ao longo das ultimas duas semanas já se manifestaram em este espaço, com talento e eloquência, todos os colaboradores do blog. A opinião foi unânime: a Uenf não pode morrer.
É claro que me uno ao protesto. Tenho até motivos pessoais e afetivos para isso. Trabalhei um tempo como bolsista na instituição, num projeto audiovisual; dei umas singelas palestras sobre cinema para um grupo de alunos, e também fiz grandes amigos.
Causa-me tristeza comprovar, mais uma vez, como são negligentes (além de bandidos) os nossos governantes, e como é feroz e implacável o ajuste quando os recursos se esgotam, produto da inconsciência daqueles que estão encarregados de administrá-los com competência e parcimônia.
Projeta-se a nível estadual o mesmo desperdício de recursos provenientes do petróleo que aconteceu no município; a mesma falta de previsão para entender o seu valor oscilante, e a mesma noção equivocada de que o estado deve abranger todas as necessidades da sociedade, quando resulta obvio que deveria limitar-se a seus pontos essenciais — e a educação é um deles.
Entretanto, me parece necessário abrir os olhos diante da realidade que se apresenta à instituição: não se vislumbra no curto prazo uma recomposição dos recursos. A crise do estado está longe de acabar, e o seu fim não virá sem outros ajustes.
Recentemente, o Supremo Tribunal Federal aprovou a possibilidade de cobrança de mensalidade para cursos de especialização lato-sensu em universidades públicas. Isto é, aqueles que não são de graduação, mestrado ou doutorado. Abre-se aí uma opção a considerar por parte da direção da universidade, apesar do eterno rechaço docente sobre a questão.
Outras opções que deveriam ser analisadas poderiam ser parcerias entre a Uenf e o setor privado, onde a instituição seja a fornecedora a de ideias e conhecimento científico, capaz de fornecer soluções concretas a problemas específicos do mercado.
Um exemplo palpável poderia ser o desenvolvimento de unidades de geração de energia eólica e solar, destinadas a produzir eletricidade na nossa região (que tem sol e vento em abundância). No setor agropecuário, então, as possibilidades se multiplicam.
Sim, estou falando de lucrar, e de que a universidade possa fazer negócios com terceiros, no seu proveito. Sei que isto pode soar a sacrilégio. Imagino também que devam existir alguns entraves burocráticos, que sempre são utilizados como desculpas convenientes. Mas, uma vez superados os preconceitos, se chegaria a uma conclusão respaldada pela história: o conhecimento é que nem água, ele se movimenta (e não para) quando encontra um canal de escoamento.
O fim da Idade Média foi determinado pelo fim do isolacionismo das abadias e dos feudos. O comércio entre as novas cidades (burgos) permitiu assim a troca de mercadorias, mas também do saber, que até então era ‘preservado’ nos mosteiros. A combinação de ambos, conhecimento e comércio, permitiu o Renascimento.
A luta da Uenf deve continuar, através dos protestos e das reivindicações às autoridades. Mas não estaria mal começar uma outra frente de luta, composta de imaginação e de pragmatismo.
Acompanho a UENF desde a sua fundação .Porque fui casada com o advogado que fez toda a sua estrutura desde da sua fundação .!Além da admiração imensa por teu fundador :Darcy Ribeiro .Em homenagem à este Grande brasileiro Ela não pode morrer…